Jorge Souza
O Bismarck foi um navio couraçado alemão, primeiro da Classe Bismarck, operado pela Kriegsmarine. Batizado em homenagem ao chanceler Otto von Bismarck, um dos grandes responsáveis pela unificação da Alemanha em 1871, teve sua construção iniciada nos estaleiros da Blohm & Voss em 1º de julho de 1936, sendo lançado ao mar dois anos e meio depois, em 14 de fevereiro de 1939. Foi finalizado e comissionado para a frota alemã em 24 de agosto de 1940. O Bismarck e o seu irmão Tirpitz foram os maiores navios de guerra construídos pela Alemanha Nazista e dois dos maiores navios construídos por uma potência europeia.
Durante a sua carreira de oito meses sob o comando de seu único capitão, Ernst Lindemann, o Bismarck participou em apenas uma operação ofensiva, a “Operação Rheinübung”, em maio de 1941. O navio, juntamente com o cruzador pesado Prinz Eugen, deveria seguir para o Atlântico Norte e atacar navios mercantes aliados que se dirigiam para o Reino Unido. As duas embarcações foram detectadas várias vezes perto da Escandinávia, com unidades navais britânicas sendo enviadas para bloqueá-las. O Bismarck enfrentou e atingiu em cheio o HMS Hood, o grande orgulho da Marinha Real Britânica, e forçou a retirada do HMS Prince of Wales, em 24 de maio de 1941, durante a Batalha do Estreito da Dinamarca. Entretanto, o Bismarck foi atingido três vezes e sofreu uma avaria na proa, perfurando um dos tanques de combustível.
A destruição do Hood iniciou uma perseguição implacável pela Marinha Real, que envolveu dúzias de navios. Dois dias depois, enquanto navegava para um porto na França ocupada, o Bismarck foi atacado por aviões torpedeiros Fairey Swordfish, que decolaram do porta-aviões HMS Ark Royal; um dos torpedos atingiu a popa do navio, destruindo um dos lemes e seu mecanismo, tornando-o inoperável. O Bismarck foi destruído na manhã seguinte por navios britânicos. A causa do seu naufrágio é controversa. Por muitos anos a Marinha Real afirmou que os torpedos disparados pelo HMS Dorsetshire foram fatais, enquanto os sobreviventes alemães afirmam terem recebido ordens para afundá-lo. Robert Ballard descobriu os destroços em junho de 1989, sendo seguido por várias outras expedições que pesquisaram os restos do navio para documentar sua condição e determinar a verdadeira causa de seu naufrágio.
Construção e características
O Bismarck foi encomendado com o nome de Ersatz Hannover, um substituto do pré-couraçado SMS Hannover. O contrato de construção foi vencido pelo estaleiro Blohm & Voss, em Hamburgo, com sua quilha sendo batida em 1 de julho de 1936. O navio foi lançado em 14 de fevereiro de 1939, durante uma elaborada cerimônia, sendo batizada por Dorothee von Löwenfeld, bisneta do chanceler Otto von Bismarck. O processo de equipagem teve início logo após o lançamento e sua proa original foi substituída por uma similar a da Classe Scharnhorst. O Bismarck foi comissionado na frota em 24 de agosto de 1940 para testes marítimos no Mar Báltico. O capitão Ernst Lindemann assumiu o comando do navio.
O Bismarck tinha um deslocamento padrão de 41 700 toneladas e um deslocamento carregado de 50 300 toneladas, com 251 metros de comprimento, boca de 36 metros e calado de 9,9 metros. Era o maior navio de guerra da Alemanha e tinha um deslocamento maior que qualquer outro navio europeu, com a exceção do HMS Vanguard. Sua propulsão consistia em três turbinas a vapor Blohm & Voss e doze caldeiras Wagner, que geravam 111 980 watts de potência e ajudavam o navio a chegar a 30,01 nós (55,58 quilômetros por hora). Sua autonomia era de 8 870 milhas náuticas (16 430 quilômetros) a 19 nós (35 quilômetros por hora). Tinha três radares FuMO 23 instalados nos telêmetros da proa e popa e no topo do navio.
Sua tripulação era composta por 103 oficiais e 1 962 marinheiros, dispostos em doze divisões de 180 a 220 homens. As primeiras seis divisões cuidavam dos armamentos do navio; divisões um a quatro para as baterias primárias e secundárias, e divisões cinco e seis para a defesa antiaérea. A sétima divisão era formada por especialistas, incluindo cozinheiros e carpinteiros, e a oitava divisão cuidava do manejo das munições. Os operadores de rádio, sinaleiros e quartel-mestres formavam a nona divisão. As três últimas divisões eram compostas pelo pessoal da sala das máquinas. Quando o Bismarck deixou o porto de Hamburgo, oficiais da frota e correspondentes de guerra aumentaram sua tripulação total para 2 200 homens. A tripulação publicava um jornal chamado Die Schiffsglocke (O Sino do Navio).
O Bismarck era armado com oito canhões SK C/34 de 380 milímetros, instalados em quatro torres de artilharia: duas dianterias – Anton e Bruno – e duas traseiras – Caesar e Dora. Sua bateria secundária consistia em doze canhões SK C/28 de 150 milímetros, dezesseis metralhadoras FlaK 38 de 105 milímetros, dezesseis SK C/30 de 37 milímetros e doze Flak 30 de vinte milímetros antiaéreas. A blindagem do navio tinha 320 milímetros de espessura e era coberta por conveses de cinquenta milímetros até 120 milímetros de espessura. Os canhões de 380 milímetros eram protegidos por uma blindagem de 220 milímetros até 360 milímetros.
Destroços
Os destroços do Bismarck foram descobertos em 8 de junho de 1989 pelo dr. Robert Ballard, o oceanógrafo responsável por encontrar o RMS Titanic. Ele foi encontrado a aproximadamente 4 791 metros de profundidade, por volta de 650 quilômetros ao oeste de Brest. O navio atingiu um vulcão submarino adormecido, que se elevava um quilômetros em relação a planície abissal, desencadeando um deslizamento de terra de dois quilômetros, tendo escorregado pela montanha, parando dois terços abaixo.
A pesquisa de Ballard não encontrou penetrações submarinas na cidadela blindada da embarcação. Oito buracos foram descobertos no casco, um no lado estibordo e sete no lado bombordo, todos acima da linha d’água. Um dos buracos está no convés no lado estibordo da proa. O ângulo e a forma indicam que a bala foi disparada do lado bombordo do Bismarck e acertou a corrente da âncora do lado estibordo. A corrente desapareceu dentro do buraco. Seis buracos estão à meia-nau, três fragmentos de balas perfuraram o cinturão superior e outro abriu um buraco no cinturão principal de blindagem. Mais atrás um enorme buraco é visível no convés, paralelo a catapulta do navio. Não fica claro se esse estrago foi causado pela explosão interna da munição devido a penetração da bala na blindagem. Os submarinos não gravaram nenhum sinal de penetração no cinturão de blindagem principal e lateral que poderiam ter ocasionado isso; é provável que a bala penetrou apenas a blindagem do convés. Vários amassados mostram que muitas das balas de 356 milímetros disparadas pelo King George V ricochetearam na blindagem alemã.
Ballard afirmou que não encontrou nenhuma evidência de implosões internas, que ocorrem quando um casco que não está totalmente inundado, afunda. A água ao redor, que possui mais pressão que o ar interno, esmagaria o navio. Ao invés disso, ele disse que o casco está relativamente em boas condições; Ballard afirma simplesmente que o “Bismarck não implodiu”. Isso sugere que os compartimentos da embarcação já estavam inundados quando ela naufragou, apoiando a teoria de que os alemães afundaram seu próprio navio. Ele completou, “encontramos um casco que aparenta estar completo e relativamente intacto pela descida e impacto”. Concluiu-se que a causa direta do naufrágio foi a ação de sua própria tripulação: sabotagem das válvulas da sala da engenharia como sobreviventes alemães afirmaram. Ballard manteve em segredo a localização exata dos destroços para impedir que outros mergulhadores retirassem artefatos do navio, uma prática que ele considera uma espécie de roubo de túmulos.
A popa não está junto com o casco principal e até hoje nunca foi encontrada. Presume-se que isso não ocorreu no impacto com o fundo oceânico. A parte faltante soltou-se mais ou menos no local de um impacto de torpedo, levantando questões sobre uma possível falha estrutural. A área da popa também foi atingida várias vezes, aumentando o dano do torpedo. Isso, aliado ao fato do navio ter afundado “pela popa” e não tinha nenhum ponto estrutural para segurá-la, sugere que essa seção separou-se ainda na superfície. Em 1942, o Prinz Eugen também foi torpedeado na popa, que acabou desmoronando. Isso levou a construção de um reforço em todos os navios alemães.
Outras expedições
Em junho de 2001, a Deep Ocean Expeditions, em parceria com o Instituto Oceanográfico de Woods Hole, conduziu outra investigação nos destroços usando minisubmarinos russos. William N. Lange, especialista da Woods Hole, afirmou, “Pode-se ver vários buracos de balas na superestrutura e no convés, porém não muitos no casco, e nenhum abaixo da linha d’água”. A expedição não encontrou penetrações no cinturão principal de blindagem, acima ou abaixo da linha d’água. Os especialistas encontraram vários rasgos no casco, porém atribuíram isso ao impacto com o chão oceânico.
Um canal de televisão britânico patrocinou uma expedição anglo-americana em julho de 2001. A equipe usou o vulcão, o único da área, para encontrar os destroços. Utilizando veículos submarinos operados remotamente, eles concluíram que o navio afundou devido a danos de combate. David Mearns, o líder da expedição, afirmou que os rasgos no casco “provavelmente cresceram pelo deslizamento [no vulcão], porém foram criados por torpedos”.
O documentário Expedition: Bismarck, dirigido por James Cameron e filmado entre maio e junho de 2002 com submarinos Mir, menores e mais ágeis, restaurou os eventos do naufrágio. Essa expedição trouxe as primeiras imagens do interior da embarcação. As descobertas apontam que não houve danos suficientes abaixo da linha d’água para confirmar que o Bismarck afundou pelos danos infligidos pelos britânicos. Inspeções mais cuidadosas dos destroços confirmaram que nenhum dos torpedos penetraram a segunda camada do casco interior. Usando pequenos robôs para examinar o interior, Cameron descobriu que as explosões dos torpedos não avariaram as anteparas.
Apesar de seus pontos de vista diferentes, eles concordam que o Bismarck eventualmente naufragaria se os alemães não tivessem agido. Ballard estima que o navio ainda flutuaria por pelo menos mais um dia após as embarcações britânicas terem cessado fogo, e poderia ter sido facilmente capturado pela Marinha Real, uma opinião apoiada pelo historiador Ludovic Kennedy. Kennedy afirma, “Não há dúvidas de que ele eventualmente teria naufragado; porém a ação alemã assegurou que isso ocorresse cedo ao invés de tarde”. Ao ser perguntado se o Bismarck teria afundado caso os alemães não tivessem tentando naufragá-lo antes, Cameron respondeu “Claro. Mas poderia ter demorado meio dia”. Em seu livro Hood and Bismarck, Mearns reconheceu que a tentativa alemã de afundar seu próprio navio “pode ter acelerado o inevitável, porém apenas em uma questão de minutos”. Ballard concluiu que “Do meu ponto de vista, os britânicos afundaram a embarcação independentemente de quem deu o golpe final”.
Histórico de produção
Operador | Kriegsmarine |
Fabricante | Blohm & Voss, Hamburgo |
Homônimo | Otto von Bismarck |
Batimento de quilha | 1 de julho de 1936 |
Lançamento | 14 de fevereiro 1939 |
Batismo | 14 de fevereiro de 1939 por Dorothee von Löwenfeld |
Comissionamento | 24 de agosto 1940 |
Comandante(s) | Ernst Lindemann |
Estado | Naufragado |
Destino | Afundou em batalha em 27 de maio de 1941 |
Características gerais
Tipo de navio | Encouraçado |
Classe | Bismarck |
Deslocamento | 41 700 t (padrão) 50 300 t (carregado) |
Maquinário | 12 caldeiras Wagner 3 turbinas a vapor |
Comprimento | 251 m |
Boca | 36 m |
Calado | 9,3 m |
Propulsão | 3 hélices triplas |
Velocidade | 30.01 nós (55.58 km/h) |
Autonomia | 8 870 milhas náuticas a 19 nós (16 430 km à 35 km/h) |
Armamento | 8 canhões SK C/34 de 380 mm 12 canhões SK C/28 de 150 mm 16 FlaK 38 antiaéreas de 105 mm 16 SK C/30 antiaéreas de 37 mm 12 Flak 30 antiaéreas de 20 mm |
Blindagem | Cinturão de 320 mm Torre de artilharia de 360 mm Conveses de 50 a 120 mm |
Aeronaves | 4 hidroaviões Arado Ar 196 |
Tripulação | 2 200 |
Imagem de Destaque: https://allthatsinteresting.com/bismarck-battleship
Bibliografia
https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Bismarck_(coura%C3%A7ado)
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