A Batalha de Messines: a maior explosão da História até a bomba atômica

de

Prof. Dr. Ricardo Pereira Cabral

Em 1917, os Aliados tinham planos para romper o impasse em Ypres. A primeira parte do plano era tomar uma parte das elevações controlada pelos alemães perto da cidade de Messines.

A batalha ocorreu entre os dias 7 e 14 de junho de 1917. O objetivo da ofensiva do II Exército Britânico na região da colina de Messines era capturar as posições defensivas alemãs localizadas no cume de uma série de colinas, que iam de Ploegsteert Wood, no sul, através de Messines e Wytschaete até o Monte Sorrel, despojando IV Exército Alemão do terreno elevado. A linha de crista dessas elevações permitiam observar as defesas britânicas e as áreas da retaguarda de Ypres ao norte. Deste ponto, os britânicos pretendiam lançar uma nova ofensiva, a Operação Norte, que consistia um avanço para a colina de Passchendaele e depois a captura da costa belga até a fronteira holandesa. As forças aliadas esperavam avançar até a costa do Mar do Norte e destruir as bases dos submarinos alemães. Plano ousado, devido a excelência das posições defensivas alemães.

As forças em luta

O II Exército, comandado pelo General (último posto antes de antingir o Macharalato) Herbert Plumer, era composto por cinco Corpos de Exército, com 12 divisões autralianas, neozelandesas, irlandesas, galesas e inglesas. Destes três Corpos participariam do ataque, o  II Corpo ANZAC, IX (irlandês) e o X Corpo (inglês); dois Corpos (o XXX e divisões do II e VIII Corpo, compostos por ingleses e galeses) guardariam o flanco norte, sem participar da operação. O XIV Corpo estava na reserva.

O IV Exército alemão, Grupo Wijtschate, guarnecia as fortificações e foram, posteriormente, reforçados por uma divisão do Grupo Ypres. Haviam duas divisões na reserva prontas para o contra-ataque e a 11ª Divisão, na reserva do Gruppe Ypern, estava na reserva geral.

Antecedentes

Entre 16 de abril e 9 de maio de 1917, os Aliados lançaram uma grande ofensiva com o objetivo de romper a linha de frente alemã em Aisne. O grande número de baixas (mais de 350 mil) sem obter uma vitória, levou a eclosão de motins em várias unidades francesa e a demissão do comandante do Exército françês, o general Robert Nivelle. Depois dessa ofensiva os franceses estavam desmoralizados e com o moral em baixa.

O comandante

O General Herbert Plumer, comandante do II Segundo Exército em Ypres. Era um oficial considerado “meticuloso” pela forma como planejou, treinou e executou de forma precisa o ataque de artilharia em Messines.

A batalha

A batalha começou às 3h10 do dia 7 de junho de 1917 começou com a detonação dos explosivos colocados sob as posições alemãs na colina. A explosão destruiu a colina e em seu lugar ficaram 19 grandes crateras. Uma barragem de 640 m de profundidade foi formada e protegeu as tropas britânicas enquanto progrediam em direção ao que restou da colina com o apoio de tanques, patrulhas de cavalaria e aeronaves. O efeito da detonação dos explosivos, da barragem e dos bombardeios britânicos foi melhorado pela sicronização e alongamento dos fogos de artilharia, uso de granadaa iluminativas e controle centralizado da artilharia a partir do QG II Exército. O ataque de artilharia envolveu cerca de 2.000 obuseiros de vários calibres.

Antes da ofensiva a aviação e a artilharia antiaérea aliada atuavam de modo a impedir a observação por aeronaves alemãs.

O ataque foi liderado pelo II Corpo Anzac, IX Corpo e o X Corpo, no decorrer dos dias conseguiram romper a primeira e a segunda linha de defesa. Os alemães responderam com uma forte barragem de aritlharia e ataques aéreos, lançaram contra-ataques e preparando uma linha de defesa a alguns quilômetros da linha de 7 de junho. A perda de força do ataque ocorreu devido a resistencia alemã, as dificuldades logísticas e ao número de baixas.

Cumpre ressaltar que apesar de abalados pela explosão e a destruição das suas defesas, as tropas alemãs reagiram com disciplina e agressividade, além de cobram um alto preço pela conquista das posições. Durante toda a companha realizaram contra-ataques para reconquistas as posições em Messines. Apesar do avanço significativo, os britânicos não conseguiram atingir os seus objetivos, mesmo assim foi considerado um sucesso tático e operacional. As baixas foram de 24.562, entre os britânicos e de 26.087 entre os alemães.

Os ataques britânicos proseguiram entre 8 a 14 de junho. Elevando as espectativas em relação Esta batalha foi a primeira fase da 3ª ofensiva contra as forças alemães, a Batalha de Passchendaele (11/7/1917).

A explosão da colina de Messines

Na preparação para a batalha de Messines, Plumer autorizou a colocação de 22 poços de minas sob como linhas alemãs ao longo de todo o cume, com um plano para detonar todos os 22 às 3h10 do dia 7 de junho de 1917. As escavações começaram dois anos antes.

Dave Ross descreve a empreitada

“Em 1915, bem antes de haver qualquer plano para a Batalha de Messines, as operações de construção de túneis estavam em andamento sob a Cordilheira de Messines. As forças aliadas, compostas por divisões britânicas, canadenses, australianas e neozelandesas, incluíam “empresas de construção de túneis” tripuladas com soldados recrutados por suas habilidades de escavação.

“A maioria dos escavadores eram mineiros de carvão ou ouro com muita experiência em escavação”, diz Ian McGibbon, ex-editor geral do Ministério da Cultura e Patrimônio da Nova Zelândia e co-editor da Grande Guerra da Nova Zelândia: Nova Zelândia, os Aliados e A primeira guerra mundial. “A ideia era passar por baixo das linhas do seu oponente e explodir minas. Foi uma experiência muito estressante, especialmente quando você se aproximava de suas linhas e sabia que o inimigo poderia explodir uma mina perto de seu eixo para destruí-la.”

Em Messines, os Aliados cavaram primeiro poços mais perto da superfície para desviar a atenção dos poços mais profundos que realmente seguravam as minas. Os tunelistas alemães morderam a isca e detonaram cargas para derrubar os túneis isca, pensando erroneamente que haviam neutralizado a ameaça vinda de baixo. “Na realidade, as companhias de tunelizadores britânicos, canadenses e australianos cavaram e armaram com sucesso 22 poços de minas separados sob a colina de Messines, cada um contendo dezenas de milhares de libras de amoníaco, uma combinação altamente explosiva de nitrato de amônio e pó de alumínio”. (https://www.history.com/news/battle-messines-world-war-i-tunnels)

Sapadores e mineiros cavando um túnel sob a Colina 60, um ponto alto estrategicamente importante na extremidade sul da saliência de Ypres que havia sido capturada pelos alemães em 1914.  The Print Collector/Getty Images.
https://www.history.com/news/battle-messines-world-war-i-tunnels
https://www.mentalfloss.com/article/501674/wwi-centennial-battle-messines

Livros indicados

Filme

O leitor do História Militar em Debate pode ler um ensaio abordando o filme, que retrata a unidade de escavadores de túneis, chama-se Beneath Hill 60 (Pelotão de elite), filme australiano lançado em 2010, cujo trailer você pode assistir no Youtube: https://www.youtube.com/watch?v=PG_gRJg8voU .

Imagem de Capa: https://br.pinterest.com/pin/737675613936975505/

Quer saber mais sobre a Primeira Guerra Mundial, entre nas categorias do site.

Bibliografia e Sites consultados:

PASSINGHAM, Iam. Pillars of Fire: The Battle of Messines Ridge, June 1917. Chalerston (SC): The History Press, 2012.

ROSS, Dave. WWI’s Battle of Messines: How Allies Used Massive Explosives and Tunneling to Win.The June 1917 Allied attack involved meticulous planning, tunneling and devastating explosives. History Channel. Disponível no sítio eletrônico:  https://www.history.com/news/battle-messines-world-war-i-tunnels. Acessado em 27/10/2021.

SHEA, Neil. A maior explosão da História até a bomba atômica. National Geographic. Disponível no sítio eletrônico: https://www.natgeo.pt/historia/2017/08/maior-explosao-da-historia-ate-bomba-atomica. Acessado em 27/10/2021.

https://veteranssa.sa.gov.au/story/hill-60-and-the-battle-of-messines-1917/

https://en.wikipedia.org/wiki/Battle_of_Messines_(1917)

Professor de História formado pela UGF. Mestrado e Doutorado em História pela UFRJ. Autor de artigos sobre História Militar e Geopolítica.

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