Parte II
Francisco Eduardo Alves de Almeida[1]
Os Primeiros Tempos de Nelson:
Horatio Nelson nasceu em Burham Thorpe no condado de Norfolk, no leste da Inglaterra em 29 de setembro de 1758, no segundo ano da Guerra dos Sete Anos que envolveu a Grã-Bretanha (GB) de Jorge II em um grande embate com a França de Luiz XV. Foi o quinto filho de um pároco anglicano chamado Edmund Nelson e de Catherine Suckling. Seu pai provinha de uma família de párocos ligados a Igreja da Inglaterra, enquanto sua mãe era proveniente de uma família de maiores posses e conexões. Ela foi sobrinha neta de Sir Robert Walpole, primeiro-ministro por 20 anos nos períodos de reinado de Jorge I e II. Seu nome de batismo Horatio proveio provavelmente do irmão de Sir Robert, Horatio Walpole ou do filho de Sir Robert, Horace. Para Laughton esse nome deve ter se estabelecido na família a partir de Sir Horatio Vere, Lord Vere de Tilbury, declarado cavaleiro em 1596.[2] O irmão de Catherine, Maurice Suckling era oficial de marinha e se distinguira como comandante do HMS Dreadnought durante a Guerra dos Sete Anos.[3] A conexão da família Nelson com o mar parece ter vindo do período de reinado de Elizabeth I.[4] Houve uma maior preocupação de Laughton com os antecedentes familiares dos Nelsons e Sucklings, remontando-os até o século XVI, fato que para Mahan não teve tanta importância, possivelmente por provir de outra sociedade menos preocupada com as ligações familiares comunitárias pretéritas.
Pouco se conhece da infância de Horatio Nelson, contudo sabe-se que estudou em Norwich e em North Walsham. Nelson possuía uma compleição frágil, tendo Mahan apontado que, em diversos períodos de sua vida, essa fragilidade se mostrou em toda a sua força, com alusões a doenças, infecções e suscetibilidade a sofrer com baixas e altas temperaturas[5]. Aos nove anos de idade Nelson perdeu sua mãe e seu pai se viu às voltas sozinho com a educação de um grande número de filhos[6]. Maurice Suckling era na ocasião comandante do navio de 3a classe HMS Raisonnable de 64 canhões e vendo a situação de seu cunhado, ofereceu-se para introduzir um de seus filhos na RN. O escolhido foi Horatio, o que causou surpresa no próprio Maurice, pois era o mais frágil de todos os filhos de Edmund. Perguntou ele, então, a seu cunhado “o que fez o pobre Horatio tão frágil em relação aos outros para ser enviado para o mar? No entanto, deixe-o vir e se um tiro de canhão arrancar sua cabeça, pelo menos ele estará acolhido”.[7] No entanto Horatio era determinado e aceitou o desafio, o que ocorreu em 1771, quando ele contava com 12 anos de idade. Naquela oportunidade cada comandante de navio podia escolher quem quisesse para tornar-se midshipman.[8]
Em seguida, Maurice foi transferido para outro navio como comandante, o HMS Triumph e levou Nelson consigo como seu servente, o que em verdade equivalia a ser um pupilo sob sua orientação. Logo depois de embarcá-lo no Triumph, Maurice ofereceu Nelson a um conhecido mestre de um navio mercante que se destinava às Índias Ocidentais de modo a que ele obtivesse maior “tempo de mar”. Nesse navio Nelson permaneceu por cerca de um ano aprendendo, como um simples marinheiro, a arte de navegação e marinharia. Laughton criticou severamente Maurice, não por ter “oferecido” seu sobrinho para outro navio, mas por ter mantido registro de sua permanência no Triumph e assim continuando a receber pagamentos e gratificações por tê-lo em seus livros de portaló[9]. Disse ele que esse procedimento era comum na época, “mas moral e legalmente errado,… claramente contrário ao espírito e a letra da lei”[10]. Mahan, por outro lado, não considerou errado esse procedimento de Maurice. Para ele o tio “continuou com inteligência e solicitude a promessa de cuidar de Nelson”[11]. Para Mahan, Maurice quis preparar seu sobrinho para a vida no mar de modo mais expedito, uma vez que existiam na ocasião, 1771, poucos navios de combate em comissão e seus conveses estavam sobrecarregados com midshipmen, o que dificultaria o aprendizado de seu protegido, dessa maneira “Nelson foi enviado por seu cuidadoso guardião a um navio mercante para as Índias Ocidentais de modo a aprender…os elementos de sua profissão…e desenvolver seu potencial mais rapidamente”[12], segundo palavras do autor norte-americano.
Em julho de 1772 Nelson regressou para o Triumph com o posto de midshipman sob o olhar cuidadoso de seu tio. No ano seguinte, a seu pedido, com a concordância de Suckling, Nelson foi transferido para o HMS Carcass em viagem ao Ártico e em seguida para o HMS Seahorse, uma fragata de 24 canhões sob o comando do capitão George Farmer[13] que viria depois, em 1779, durante a Guerra de Independência dos EUA, a falecer em combate no comando do HMS Quebec. Por sua bravura, seu filho mais velho foi elevado por Jorge III a barão e sua viúva recebeu uma pensão do estado de 200 libras anuais[14]. Esse foi o oficial responsável perante Maurice a ensinar Nelson a arte de combater no mar[15]. Essa fragata viajou por sua vez às Índias Orientais e ao Golfo Pérsico. Em março de 1776 Nelson foi transferido, em razão de um problema de saúde, por ordem do comodoro do esquadrão, Sir Edward Hugues para o HMS Dolphin sob o comando do capitão Pigot[16] que se encontrava de regresso à GB. Em setembro daquele ano, o Dolphin chegou à Inglaterra. Nesse ínterim, Maurice foi promovido ao cargo de Controller of the Navy o responsável pelos arsenais navais e membro do Navy Board[17] e assim dotado de maior influência e poder. Por seu pedido especial, Nelson foi aceito como midshipman a bordo do HMS Worcester que se encontrava sob o comando do capitão Mark Robinson[18]. Suckling enviara a ele uma carta especial de recomendação, solicitando uma atenção especial com seu jovem sobrinho, o que foi plenamente atendido, sendo considerado um “tenente em potencial” por Robinson[19].
Ao chegar de uma viagem a Gibraltar, Nelson recebeu autorização para realizar o exame para tenente, embora faltassem ainda dezoito meses para completar a idade mínima para o concurso, isto é 19 anos. Mahan supõe, com razão, que Suckling tenha contribuído com sua influência na obtenção dessa autorização para que o sobrinho se submetesse ao exame[20]. Em 10 de abril de 1777, com ainda 18 anos de idade, Nelson foi aprovado e promovido a tenente da Royal Navy (RN). Um fato mencionado por Mahan e omitido por Laughton foi que na comissão de exame composta por três capitães, um deles foi o próprio Suckling. Ora, sabe-se que dificilmente Nelson seria reprovado no exame, pois seu tio lá se encontrava para protegê-lo, no entanto Mahan afirmou que “[Maurice] escondeu o fato de seu parentesco até que os outros membros [da comissão] estivessem satisfeitos”.[21] Será que os outros dois oficiais não tinham conhecimento desse parentesco? Dificilmente, ainda mais em um serviço no qual todos tinham conhecimento das relações sociais mútuas. Possivelmente por isso Laughton tenha omitido tal aspecto. Seu herói estava acima de conchavos para promoção e proteções desse tipo, embora explícitas para Laughton, não deviam ser comentadas. Sua próxima comissão foi na fragata de 5a classe com 32 canhões, o HMS Lowestoft sob o comando de um capitão que viria a ser um de seus grandes mentores e amigos, William Locker.[22]
Locker fora ferido gravemente na perna durante a Guerra dos Sete Anos quando era primeiro tenente a bordo do HMS Experiment ao abordar o corsário francês Telemaque. Apesar do grave ferimento, Locker prosseguiu na carreira e foi um dos tenentes a bordo do HMS Royal George, capitânea do almirante Hawke, vencedor da batalha da Baía Quiberon. Hawke, ao perceber o valor daquele jovem oficial, o trouxe para o seu círculo íntimo, passando Locker a ser um de seus protegidos, fato importante em uma carreira que dependia de conexões sociais.
Locker sempre que podia se referia a Lord Hawke em termos entusiásticos, em razão de sua grandeza, bondade, educação, gentileza e cavalheirismo.[23] O que Locker aprendeu com Hawke, ele passou para o jovem tenente Nelson, segundo Laughton[24]. Mahan disse que Nelson encontrou em Locker não somente um oficial admirável e gentleman, mas principalmente um amigo, com o qual manteve uma longa relação que só foi terminar com a morte de Locker em 1800.[25] Das 67 cartas de Nelson ainda existentes hoje em dia entre 1777 e 1783, 30 as são da correspondência com Locker.[26]
O HMS Lowestoft foi designado em julho de 1777 para as Índias Ocidentais, uma vez que de lá saíam vários navios que atacavam o tráfego marítimo dos rebeldes norte-americanos em guerra de independência contra a GB. No início de 1778 o comandante-em-chefe da Esquadra das Índias Ocidentais na Jamaica, o almirante Sir Peter Parker, transferiu Nelson para o seu capitânea o HMS Bristol, o que pode ser considerado uma promoção, uma vez que ficava o jovem oficial sob a proteção de um almirante comandante de força. Laughton supõe, não sem razão, que Sir Peter o chamou em razão de sua relação familiar com Suckling[27]. Isso não significou dizer que Nelson não merecesse a transferência, muito pelo contrário, no entanto, para Laughton, esse fato foi influenciado com certeza por interesse social. Disse ele que:
Em um serviço em que as relações sociais faziam toda a diferença, Laughton parece estar com a razão. Mahan, no entanto, acreditou que essa transferência pode ser sido influenciada pelas boas referências que Locker fêz de Nelson a Sir Peter[29]. Acredita-se que ambas razões parecem ser pertinentes. Sir Peter precisava de um tenente em seu navio e a indicação de Nelson por Locker veio a calhar, pois essa indicação se referia a um parente do importante Controller of the Navy. Essa nomeação atendeu aos dois propósitos, o social e o profissional. O certo é que imediatamente surgiu uma forte ligação entre Sir Peter e sua esposa com o jovem tenente de 20 anos de idade[30]. Lady Parker chegaria em carta a afirmar a Nelson que “Sir Peter e eu [Lady Parker] sempre o consideramos como a um filho”[31], traduzindo-se essa afeição na indicação de Horatio a promoção a mestre e comandante[32] em dezembro de 1778 e o comando do brigue HMS Badger[33]. Seis meses depois, Nelson era promovido novamente a capitão (post captain)[34] por Sir Peter e nomeado comandante de uma fragata de 6a classe com 24 canhões HMS Hinchinbroke. Outro promovido a mestre e comandante e depois a capitão por Sir Peter foi Cuthbert Collingwood, que estaria com Nelson como segundo comandante em Trafalgar em 1805. Tornaram-se, naquela estação naval, grandes amigos e sempre que Nelson era designado para nova comissão, Collingwood o substituía. Seria assim no Lowestoft, Badger e Hinchinbroke.
Mahan procurou justificar a rápida promoção de Nelson de tenente a capitão em somente dois anos. Normalmente o oficial que seguia um padrão normal de carreira na RN era promovido a tenente com cerca de 19 ou 20 anos de idade, comandante entre 35 e 40 anos e capitão entre 40 e 50, podendo chegar ao almirantado com 50 anos, se tivesse sorte. Alguns afortunados podiam chegar ao almirantado com menores idades, tais como Boscawen que chegou ao almirantado com 37 anos de idade, Hawke com 42 anos e Howe 44 anos, sendo esses casos especiais. Nelson chegaria com 38 anos de idade, tendo levado 18 anos para atingir o posto de contra-almirante em razão da promoção a esse posto ser exclusivamente por antiguidade. Mahan justificou sua promoção rápida a capitão por ser uma escolha pessoal de Sir Peter, uma vez que “esse resultado [a promoção] foi motivada principalmente pela natureza da estação [naval] no qual doenças provocaram vagas [para a promoção] mais rápidas que em combate.”[35] Seja como for, a escolha de Sir Peter tinha que recair sobre Nelson, pois ele possuía “esse poder de obter confiança e inspirar uma forte ligação” como um dos maiores “elementos do sucesso de Nelson, tanto como subordinado como comandante”.[36] Para a sua tristeza o seu grande protetor, mentor e tio Maurice Suckling morreu nesse período.
Quando no comando do Hinchinbroke, em janeiro de 1780, Nelson participou de um ataque ao Lago Nicarágua sob controle espanhol. A guerra entre Espanha e GB fora declarada oito meses antes e um ataque ao Forte de San Juan tinha um duplo objetivo. O primeiro, comercial, ao se dominar a linha de comércio entre o Pacífico e Atlântico no istmo nas mãos espanholas e o segundo, militar, para impedir, por meio da conquista dessa posição de defesa, a junção entre forças navais espanholas no Caribe, ocupando-se uma posição central vital.
Houve um atraso indesejado na condução da operação e esse atraso se estendeu até abril, período de chuvas na região e de exposição ao mosquito da malária. Segundo Mahan, Nelson não quis perder tempo e propôs logo atacar, no entanto a decisão final do ataque não estava em suas mãos e as autoridades envolvidas na preparação preferiram esperar para reforçar as tropas inglesas e ter a certeza da superioridade sobre os espanhóis. As ações foram, então, conduzidas em situações climáticas extremas e redundou em um grande fracasso. Malária e desinteria atingiram a tripulação de Nelson. Para se ter uma idéia da virulência das doenças enfrentadas pelos marinheiros britânicos, dos 200 homens do Hinchinbroke 145 foram lá enterrados[37]. Desses 55 sobreviventes, Nelson acreditou que 45 viriam a morrer posteriormente.[38] O próprio Nelson, de constituição frágil, ficou gravemente doente, tendo quase morrido, se não fosse a atuação e cuidado de Lady Parker que dele cuidou como a um filho. Estava tão fraco que não pôde continuar nas Índias Ocidentais e o retorno à Inglaterra era a única solução para que não viesse a morrer[39]. Sir Peter, então, determinou que Nelson embarcasse no HMS Lion de 3a classe com 64 canhões sob o comando do capitão Cornwallis[40] e demandasse a Inglaterra. Por pouco Nelson não faleceu em viagem e somente com o cuidado e dedicação de Cornwallis conseguiu sobreviver.[41]
O navio chegou em Porstmouth em novembro de 1780 e imediatamente Nelson foi carregado para Bath, local onde normalmente iam os oficiais de marinha que necessitavam de um período de descanso e reabilitação. Sua recuperação foi, no entanto, lenta e dolorosa. Em maio do ano seguinte, ainda se encontrava em repouso e debilitado. Em carta a seu irmão William Nelson, escreveu o seguinte:
Depois de um longo período de recuperação, Nelson recebeu o comando da fragata de 6a classe com 24 canhões HMS Albermarle. Foi com imensa alegria que assumiu o comando desse pequeno navio, afirmando que “o tombadilho estava repleto de jovens oficiais gentlemen e marinheiros, um exímio mestre e bons suboficiais…tenho uma excepcional[43] tripulação, não gostaria de ver substituído nenhum oficial ou praça”.[44] Laughton levantou dúvidas quanto à eficiência dessa tripulação, pois somente um dos oficiais treinados por Nelson em sua carreira tornou-se excepcional, Sir William Hoste[45]. Mesmo os depois conhecidos, Sir Edward Berry e Sir Thomas Hardy foram considerados por ele bons oficiais, mas não excepcionais. A maior parte dos tripulantes do Albermarle, para Laughton, era comum. Para o historiador inglês qualquer oficial ou tripulante sob o comando de Nelson “se considerava como um de seus grandes amigos e dali em diante mostraria que essa opinião do comandante era verdadeira”.[46] Mahan, por sua vez, também apontou que em seus despachos e cartas Nelson enaltecia os feitos de seus subordinados com louvor, admiração e gentileza, no entanto para com seus superiores Nelson era mais crítico, como foi o caso com os almirantes Hugues, Hotham e Hyde Parker, embora admirasse intensamente Hood e Jervis que granjearam o seu respeito e estima. Para Mahan a grande qualidade do qual Nelson foi investido era apreciar e disseminar os méritos de seus homens, fato que podia explicar a lealdade, atração e entusiasmo com que seus subordinados o seguiam.[47]
Em abril de 1782, o Albermarle foi designado para compor um comboio para o Canadá onde lá deveria permanecer. A Guerra de Independência dos EUA entrava em sua fase derradeira e para Nelson era uma das últimas chances de entrar em combate. Sua chance ocorreu em agosto, quando o seu navio foi surpreendido por quatro navios de linha e uma fragata franceses. A desvantagem estava para Nelson que, não podendo lutar contra cinco navios poderosos, inverteu o rumo e se dirigiu para um local raso e de difícil navegação para os inimigos. Essa perseguição levou de nove a dez horas e ao final os franceses desistiram da perseguição.[48] Esse fato não pode ser considerado desabonador para Nelson, uma vez que na tradição do mar uma fragata não engajava um navio de linha, quanto mais três.
Nelson apreciou demasiado o clima do Canadá, afirmando que “saúde, a maior das bênçãos, isso foi o que nunca aproveitei até que cheguei no agradável Canadá. A mudança que isso provocou, estou convencido, é deliciosa”.[49] Não era somente o clima que agradava Nelson. Ele apaixonou-se perdidamente por uma mulher local, do qual não se sabe o nome e quase que lhe provocou um constrangimento, pois Nelson queria lhe pedir em casamento, embora não a conhecesse bem. Foi impedido por um colega que o trouxe à razão. Mahan fêz uma alusão a essa paixão alucinada, ao correlacioná-la com o sentimento distante que Nelson teria de sua futura esposa Frances Nisbet. Disse Mahan que a ardente imaginação de Nelson provocava aquele “glamour de exagero” no qual via em todas que foram caras a ele, exceto em sua futura esposa. A ela Frances, ele se aproximou com afeição, porém sem o arrebatamento e ilusão[50].
Nelson conduziu seu navio em novembro de 1782 a New York, onde se apresentou ao almirante comandante da estação, Lorde Hood, que fora o subcomandante de Rodney na vitória contra De Grasse na batalha dos Santos em abril daquele ano. Samuel Hood era um oficial excepcional. Comandou uma fragata na Guerra dos Sete Anos e capturou a fragata francesa Bellona naquele conflito. Samuel casara com a filha do prefeito de Portsmouth, Edward Linzee, e assim se aproximou dos círculos políticos ingleses, embora proviesse, como Nelson, de uma família de clérigos sem conexões sociais de Dorsetshire. Fora superintendente do Arsenal de Porstmouth, depois como almirante foi designado como subcomandante do almirante Rodney quando se distinguiu nos Santos.
Hood imediatamente gostou do modo como Nelson conduzia seu navio e solicitou ao almirante Digby, comandante-em-chefe do esquadrão da América do Norte e chefe imediato de Nelson que este fosse transferido para o seu comando nas Índias Ocidentais. Digby concordou relutantemente, tentando convencer Nelson a permanecer na América do Norte, em razão das maiores chances de obter butins dos franceses. Nelson celeremente comentou que sim o almirante Digby tinha razão, “mas as Índias Ocidentais eram a estação para a honra”.[51] Esse era um ponto que Mahan procurou repetidamente apontar na personalidade de Nelson, a busca frenética pela honra. Nenhuma consideração material, nem perigo, nem ganho financeiro pessoal, tiveram qualquer importância para Nelson. O que importava para ele era garantir a honra de oficial e sua relação leal com o estado britânico. Todo o resto pouco importava. Mahan afirmou que sua mente estava fixada na glória e na honra, uma “palavra que ele [Nelson] mais usava e que expressava mais acuradamente seu desejo de fama; honra que estava para a glória, como o caráter estava para a reputação”.[52]
Data desse período sua ligação estreita com o então midshipman a bordo do HMS Barfleur o Príncipe William Henry, depois Duque de Clarence e Rei William IV. A impressão que Nelson provocou no jovem príncipe foi marcante. William, rememorando anos depois o encontro, disse que “havia algo agradável e irresistível em seu modo de ser e conversar e um entusiasmo quando falava de assuntos profissionais, demonstrando que ele [Nelson] não era uma pessoa comum”[53]. Essa ligação teria conseqüências importantes e fundamentais em sua futura carreira como será visto[54].
Nas Índias Ocidentais Nelson passou a ser o preferido de Hood. Em carta a seu grande amigo Locker escreveu o seguinte:
Nelson, posteriormente, viria a dizer que Hood era o maior oficial de marinha que conhecia e igualmente grande em situações nos quais um almirante estivesse envolvido.[56] Para Mahan, esse encontro entre Nelson e Hood foi o início de sua grande carreira naval e ele foi levado “pela corrente da fama e pela tendência irresistível de sua própria consciência e o desejado propósito; a oportunidade apareceu, estava pronto e ele a agarrou”[57].
Com a Guerra da Independência dos EUA terminando, o Albermarle foi enviado para a GB e em junho de 1783 Nelson chegou a Spithead, sendo colocado a meio soldo, um dos métodos de deixar o oficial na reserva quando não existissem navios ou comissões disponíveis. Ao término da guerra, Nelson escreveu que não fizera fortuna, mas tinha certeza “da atenção que lhe havia sido dada [por Hood]”, inexistindo qualquer ‘mácula’[58] em seu caráter. Completou dizendo que “verdadeira honra e desejo predominam em minha mente acima de riqueza”. Logo depois de sua chegada na GB, Hood o levou à corte e o apresentou ao rei Jorge III, uma deferência que muito agradou Nelson.
Por estar a meio soldo, Nelson solicitou autorização para visitar à França, de modo a aprender a língua francesa, fixando-se em Saint Omer. Lá conheceu Miss Andrews uma jovem filha do clérigo inglês lá estabelecido, “a mulher mais talentosa que seus olhos focalizaram”[59], conforme diria. Era o segundo amor arrebatador de Nelson. Em janeiro de 1784 escreveu a seu tio William Suckling, solicitando auxílio financeiro para um provável compromisso com aquela beldade, no entanto foi rejeitado pela jovem e desgostoso regressou à GB. Sua estada na França não foi das melhores, pois além da rejeição de Miss Andrews, ficou muito mal impressionado com os franceses, afirmando detestar o país “e suas maneiras [dos franceses]”[60]. Mahan novamente mencionou o forte sentimento de Nelson em relação a Miss Andrews e sua quase indiferença com sua futura esposa Frances. Disse Mahan que:
Mahan ficou incomodado com esses relacionamentos ardentes de Nelson e de sua quase indiferença em relação a sua futura esposa. Laughton, por outro lado, até aquele momento, nada comentou sobre essa diferença de comportamento entre as paixões anteriores de Nelson e a que viria a sentir por Frances. Até esse momento a vida privada de Nelson não interessou a Laughton.
Nelson não ficou muito tempo sem comissão e logo se ofereceu para comandar novo navio, o que foi aceito pelo Primeiro Lorde do Mar, Lord Howe, com a ajuda de seu mentor Lord Hood. Foi-lhe oferecido o comando da fragata de 6a classe com 28 canhões HMS Boreas, recebendo ordens do Almirantado para seguir novamente para as Índias Ocidentais.
No trânsito para a sua nova estação, Nelson levou em seu navio, como passageiros, a esposa do comandante-em-chefe da esquadra das Índias Ocidentais, almirante Sir Richard Hugues, sua filha e seu irmão William Nelson que, por não se adaptar ao clima quente da região do Caribe, logo voltou à Inglaterra[62].
Lady Hugues ficou muito bem impressionada com Nelson durante a viagem para o Caribe, principalmente por sua capacidade de ensinar aos jovens midshipmen. Em certa ocasião, Nelson encorajando determinado jovem midshipman temeroso em subir no mastro grande, a ele se dirigiu afirmando “bem Sir eu irei correndo subir o mastro grande, e espero encontrá-lo lá em cima”.[63] Muitas vezes Lady Hugues o viu ensinando navegação a esses jovens com o seu quadrante. Em certa ocasião, quando o navio fundeou em Barbados, os oficiais foram convidados pelo governador britânico para um jantar em sua residência. Então Nelson solicitou educadamente a Lady Hugues se podia levar um de seus midshipman consigo para a recepção. Ao chegar a residência do governador, fez questão de apresentar o jovem oficial a ele dizendo “Sua Excelência deve me perdoar por trazer um de meus midshipmen, no entanto eu sigo a regra de apresentá-los a todas as boas companhias que eu puder, em razão deles terem poucas chances para isso, com exceção de a mim mesmo, durante o tempo em que estão no mar”.[64] Para Lady Hugues essa gentileza é que fazia com que os jovens o adorassem.[65]
Mahan, como forma de demonstrar a capacidade de liderança de Nelson e justificar a impressão que ele causara sobre Lady Hugues, citou o caso do capitão Duff que se agregou a equipe de Nelson pouco antes de Trafalgar em 1805. Em carta a sua esposa, Duff diria que “você me pergunta sobre Lorde Nelson e como gosto dele… ele é tão bom e gentil que todos nós desejamos fazer o que ele quiser, sem mesmo ele pedir. Sempre tive sorte com os almirantes com os quais servi, mas ele [Nelson] foi o mais agradável que encontrei”. Essa foi a impressão que Lady Hugues teve de Nelson.
Apesar de Lady Hugues gostar de Nelson, a recíproca não foi verdadeira. Quando de sua chegada em Antígua ele havia se tomado de implicância com ela, descrevendo-a como tendo uma “eterna voz estridente”.[66] Além disso, por ser mulher de um almirante, certos luxos tiveram que ser atendidos, o que o desagradou. Do almirante Sir Richard Hugues Nelson não guardou boas lembranças tampouco. Embora bravo, amigável e bem humorado, para Nelson ele não era de forma alguma um bom comandante-em-chefe. Ele simplesmente não gostava de Hugues.[67] Diria que Sir Richard “fazia mesuras demais para com ele” e que ele Hugues “morava em uma pensão em Barbados, não muito no estilo de um almirante britânico”.[68] Tempos depois, ainda em relação a Hugues, Nelson disse que ele era um violinista e “enquanto o seu tempo era gasto afinando o seu instrumento musical, a esquadra estava totalmente desafinada”.[69]
Um ponto interessante é que Mahan discutiu com intensidade a opinião favorável que Lady Hugues tivera de Nelson, enquanto Laughton preferiu discutir as posições desfavoráveis de Nelson em relação a ela e a Sir Richard. Uma diferença de abordagem interessante e curiosa, possivelmente resultado do modo emocional como Mahan lidou com o seu herói em relação a visão mais contida de Laughton.
Não há dúvidas de que a relação entre Nelson e Hugues foi tumultuada. O primeiro choque entre os dois ocorreu logo no início de 1785. A Guerra de Independência dos EUA já havia terminado e um novo estado soberano surgira. Os norte-americanos passaram de súditos a estrangeiros com a independência e assim foram retirados do Ato de Navegação britânico que protegia os interesses comerciais da coroa. Os privilégios conferidos aos norte-americanos foram suspensos e assim passaram a ser impedidos de participar do lucrativo comércio que florescia no Caribe. Entretanto os habitantes britânicos locais sentiram a necessidade de manter o comércio com os antigos súditos, pois existiam produtos provenientes dos EUA que lhes interessavam e lhes faziam falta. Ao mesmo tempo, os comerciantes norte-americanos quiseram manter suas fontes de lucro comerciando com os ilhéus britânicos. Para burlarem as regras estabelecidas pelo Ato de Navegação, tanto as autoridades comerciais das ilhas como os agentes norte-americanos solicitaram autorização a diversos governadores da GB como os da Jamaica e St Kitts para continuarem o comércio, apesar da proibição ainda estar em vigor. Imediatamente foi dada a autorização por essas autoridades para que o comércio continuasse, mesmo contra as ordens de Londres. De modo a impedirem o apresamento dos navios mercantes, esses mesmos agentes foram a Hugues e pediram um salvo conduto para continuarem comerciando. Hugues, sempre bem humorado e benevolente, determinou que os navios de guerra britânicos não interferissem nesse comércio, desde que houvesse autorização dos governadores locais.
Nelson não concordou com a ordem dada pelo almirante Hugues e começou a apresar os navios norte-americanos, alegando que eles burlavam o Ato de Navegação e que não possuíam os privilégios estabelecidos nesse dispositivo legal. Como era de se esperar, Nelson foi questionado pelo governador de St Kitts, um velho general britânico que disse não ter o hábito de receber conselhos de jovens gentlemen, no que foi imediatamente respondido por Nelson que disse “eu tenho a honra Sir de ter a mesma idade do Primeiro Ministro da Inglaterra e me considero tão capaz de comandar um navio da Armada de Sua Majestade como o ministro de governar o estado”.[70] Petulância explícita de Nelson, com certeza, no entanto sua resposta para Hugues foi mais incisiva. Disse que a ordem de Hugues era ilegal e contrária ao Ato do Parlamento que protegia o comércio britânico contra os estrangeiros e agora os norte-americanos eram estranhos ao comércio e continuaria a apresar os navios dos EUA. Complementou dizendo que “enquanto eu tenho a honra de comandar um vaso de guerra inglês, nunca me permitirei ser subserviente ao desejo de qualquer governador nem cooperar com ele para executar atos ilegais”.[71] Hugues ficou furioso e pensou imediatamente em prendê-lo e submetê-lo a uma corte marcial por desobediência, porém ao consultar outros comandantes de navios, percebeu que todos concordavam com Nelson e uma corte marcial poderia ser perigosa para ele mesmo, assim manteve-se em uma posição dúbia. Não cancelou a ordem, não o repreendeu e nem o apoiou[72].
Nelson já apresara cinco navios norte-americanos e os seus mestres foram mantidos a bordo até a resolução final do caso por um tribunal especial de presas em Nevis que, depois de um período de julgamento, condenou esses mestres, provocando um prejuízo de quatro mil libras aos comerciantes britânicos locais. Em seqüência, esses comerciantes enfurecidos entraram em outro tribunal, alegando perdas materiais com o apresamento desses navios, além de assalto e cárcere ilegal dos mestres e demandaram uma indenização do mesmo valor do prejuízo, 4.000 libras, a ser paga pelo próprio Nelson. Sem recursos para a defesa, Nelson solicitou apoio aos advogados locais da coroa para que o defendessem. Sob a orientação desses defensores, Nelson manteve-se a bordo do Boreas, pois se deixasse o navio poderia ser preso pelo tribunal até que o caso fosse julgado por um juiz. Hugues, como sempre, cruzou os braços e deixou seu subordinado a mercê da fúria dos comerciantes locais e da decisão incerta dos juízes que poderia levar Nelson à cadeia. Nelson acabou sendo inocentado desse caso, mas depois de muitos aborrecimentos e contrariedades. No correr dos próximos anos, muitas ações judiciais desses comerciantes contra Nelson foram ajuizadas, o que continuou a lhe trazer contrariedades.
Entretanto o que mais o magoou foram os cumprimentos enviados pela coroa a Sir Richard por seus esforços em proteger o comércio britânico e pouco foi mencionado das ações de Nelson em todo o caso.[73]
Outro fato que o desgastou com Hugues foi o do capitão Moutray, vinte anos mais antigo que Nelson e designado como comissário da Marinha Real, um posto civil conectado com o arsenal naval de Antigua. Moutray comandara o HMS Ramillies cinco anos antes e durante uma escolta de um comboio inglês muito valioso não conseguiu afastar uma força inimiga franco-espanhola e assim toda a carga caiu em poder do inimigo. Moutray foi considerado responsável por essa perda e foi destituído de seu comando, no entanto ficou evidente no Almirantado que a culpa não foi somente dele, pois estivera sozinho em seu navio contra uma força naval inimiga bem mais poderosa e o resultado não poderia ser diferente. Foi perdoado pela coroa e como compensação enviado para ser comissário naval em Antigua.[74]
Por não ter uma comissão embarcada Moutray foi mantido a meio soldo (half pay) e assim pelo regulamento naval sem as prerrogativas de uma função executiva. Hugues, como comandante-em-chefe, de modo a uniformizar procedimentos e submeter os comandantes de navios, a maioria capitães mais modernos, à autoridade de Moutray no porto de Antigua, por um memorando o investiu no posto de comodoro e assim mais antigo que qualquer comandante de navio que chegasse a Antigua. Não haveria nenhum problema se não fosse uma visita de Nelson, sempre cioso de sua antiguidade e prerrogativas. Ao fundear em Antigua, Nelson recusou-se a içar o pavilhão de Moutray como comodoro e manteve a sua flâmula de comando no Boreas. Ao tomar essa decisão Nelson afirmou que não se submeteria às ordens de Moutray, pois o ato de Hugues em nomear um capitão a meio soldo a comodoro era ilegal e contra as ordens do Almirantado. O próprio Moutray reconheceu a correção no ato de Nelson, porém Hugues, mais uma vez, se aborrecia com as atitudes de seu subordinado e refreando-se de puni-lo imediatamente, consultou o Almirantado sobre o caso. Nelson, também, enviou um memorando solicitando a confirmação de sua decisão. Em verdade, Nelson se relacionava muito bem com Moutray e melhor ainda com sua jovem esposa, não chegando a ter um relacionamento amoroso com ela, mas mantendo uma admiração que chegou próximo ao amor. Diria Nelson que “se não fosse por ela, eu me enforcaria nesse buraco infernal”.[75]
A decisão de Londres não demorou a chegar. O Almirantado enviou uma admoestação contra Nelson, afirmando que ele “deveria ter submetido suas dúvidas ao comandante-em-chefe [Hugues], ao invés de tomar uma decisão sobre as prerrogativas das funções exercidas por Moutray”.[76] Uma reprimenda que deixou Nelson magoado, ao mesmo tempo em que alegrou Hugues. Em todo o caso, o Almirantado mudou a partir daquele momento a qualificação dos comissários navais para oficiais convocados a pleno pagamento e não mais a meio soldo, de modo a impedir questionamentos como o realizado por Nelson.
Laughton considerou que Nelson estava, em essência, correto em ambos os casos, tanto no tocante ao Ato de Navegação como o do capitão Moutray. Entretanto, alertou que sua admiração por Nelson não deveria cegar o leitor quanto a conduta irregular dele perante a Armada Real. A primeira obrigação de um oficial era “obedecer ordens”, “submeter suas dúvidas” ao comandante-em-chefe e de modo polido “protestar”[77] contra uma ordem que considerasse imprópria[78]. Um oficial, sem consultar o superior, decidindo “agir em contrário a uma ordem recebida, presumivelmente por conhecer melhor as circunstâncias, é prejudicial aos princípios básicos da disciplina”.[79] Existiam situações em que questões deviam ser decididas de imediato por serem emergenciais e dessa forma justificadas, se ficassem à discrição do oficial, sem consulta superior. Nenhuma das duas situações foi emergencial e a admoestação que Nelson sofreu do Almirantado foi leve, podendo ter sido muito pior. Ela não teve uma conseqüência maior para a posterior carreira de Nelson[80], apesar de provocar um período a meio soldo no final do ano de 1788, no entanto ficou demonstrada uma marca que viria a perpassar toda a sua vida na RN, a sua independência de atitudes.
Mahan, por outro lado, sempre admirador extremo das atitudes profissionais de Nelson, afirmou que, em verdade, Hugues temia Nelson por reconhecer que ele tinha razão em ambos os casos[81]. Acrescentou ainda que nunca fora intenção de Nelson ofender Moutray, muito menos afetar seu relacionamento cordial com a jovem esposa do comissário. Para Mahan a atração de Nelson por essa jovem senhora duraria toda a sua vida e Collingwood, sabendo dessa afeição mútua, iria lhe endereçar uma carta após a morte do herói em Trafalgar, procurando confortá-la.[82] Para o autor norte-americano, Nelson, sob a convicção de que estava correto, durante toda a sua vida na marinha, nunca temeu qualquer responsabilidade e a devida conseqüência de seus atos. Sua independência de ação em ambos os casos se baseou na convicção de que estava correto e que suas ações eram “vitais para o bem estar da marinha e para a GB”.[83] Os motivos indicados por Mahan para as atitudes de Nelson foram “dever, não acomodação; honra, não ganho; o ideal e não o material”.[84] Houve, para Mahan, uma clara percepção do certo a fazer, uma inteira preparação para assumir responsabilidades e acima de tudo um apurado julgamento da melhor forma de fazer algo, de agir com impunidade e de obter sucesso para a sua causa.[85] Mahan, sempre ávido por justificar a conduta militar de seu herói afirmou o seguinte:
Dois modos distintos de perceber o herói. Laughton mais enérgico e pragmático, continuando a admirar seu biografado, porém sem esquecer a questão da obediência ao regulamento e ao serviço, um modo típico vitoriano de ver o “mundo”, enquanto Mahan, bem mais envolvido emocionalmente com seu personagem, justificando as atitudes de Nelson com o seu flagrante sucesso profissional e com a correção de suas atitudes, apesar de ir de encontro ao regulamento militar. Para Mahan o herói devia seguir seu curso, pois a honra e a genialidade militar eram o que contavam[87].
Foi exatamente no meio desses problemas com Hugues em março de 1783 que Nelson se encontrou com a sua futura esposa Frances Woolward, sobrinha do presidente de Nevis, Herbert Woolward que inclusive fora uma das poucas autoridades que o apoiou na questão do Ato de Navegação, apesar da pressão dos comerciantes locais contra Nelson. Um novo capítulo de sua vida começaria com esse relacionamento.
*Imagem em destaque: A young Lord Nelson by Jean Francis Rigaud – https://britishheritage.com/history/lord-nelson-personal-life
[1] Oficial de Marinha graduado em Ciências Navais pela Escola Naval (1978) . Graduado em História (UFRJ), com mestrado e doutorado em História Comparada (UFRJ) e pós-doutorado em Ciência Política pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa. Coordenador e Professor do Programa de Pós-Graduação em Estudos Marítimos da Escola de Guerra Naval.
[2] LAUGHTON, John Knox. Nelson. op.cit. p. 5.
[3] LAUGHTON, John Knox. Nelson. op.cit. p. 4.
[4] Ibidem, p. 6.
[5] MAHAN, Alfred Thayer. The Life of Nelson v1. op.cit. p. 5.
[6] Catherine Suckling gerou no total 11 filhos em seu casamento com Edmund Nelson.
[7] MAHAN, Alfred Thayer. The Life of Nelson v1. op.cit. p. 6.
[8] O mesmo que aspirante na Marinha do Brasil.
[9] Livro de registro de tripulantes em um navio.
[10] LAUGHTON, John Knox. Nelson. op.cit. p. 10.
[11] MAHAN, Alfred Thayer. The Life of Nelson.v1 op.cit. p. 9.
[12] Ibidem, p. 10.
[13] Farmer fora midshipman de Maurice durante a Guerra dos Sete Anos e assim a ele estava ligado. Quando no texto houver a referência a capitão significa “captain” ou capitão-de-mar-e-guerra na Marinha do Brasil
[14] LAUGHTON, John Knox. Nelson. op.cit. p. 12.
[15] Um dos colegas midshipmen de Nelson no Seahorse foi Thomas Troubridge que viria no futuro a ser a ele associado.
[16] Durante a viagem Pigot tudo fez para atender e curar Nelson de sua doença, o que foi posteriormente reconhecido por ele.
[17] FREMONT-BARNES, Gregory. The Royal Navy 1793-1815. London: Osprey, 2007, p.47.
[18] O capitão Mark Robinson viria a perder uma perna durante a Guerra de Independência dos EUA.
[19] LAUGHTON, John Knox. Nelson. op.cit. p. 14.
[20] Suckling teve marcante participação no avanço de Nelson no início de sua carreira, inclusive em sua promoção por exame a tenente.
[21] MAHAN, Alfred Thayer. The Life of Nelson v1. op.cit p. 16.
[22] Aparece na trajetória de Nelson o seu segundo protetor, capitão Locker, que teria uma grande importância na vida do herói de Burham Thorpe e com ele manteria profusa correspondência por toda a sua vida.
[23] LAUGHTON, John Knox. The Nelson Memorial. op.cit, p. 9.
[24] LAUGHTON, John Knox. Nelson. op.cit. p. 15.
[25] MAHAN, Alfred Thayer. The Life of Nelson v1. op.cit, p. 17.
[26] Idem.
[27] LAUGHTON, John Knox. Nelson. op.cit. p. 18.
[28] Idem.
[29] MAHAN, Alfred Thayer. The Life of Nelson v1. op.cit, p. 20.
[30] O almirante Sir Peter Parker viveu até 1811 aos 82 anos de idade. Em 1805 quando do falecimento de Nelson foi um dos almirantes mais antigos que carregou o seu caixão.
[31] Idem.
[32] Master and Commander, correspondente a Capitão de Fragata na Marinha do Brasil.
[33] O almirante Sir Peter Parker foi um dos responsáveis por essa nomeação.
[34] Idem.
[35] MAHAN, Alfred Thayer. The Life of Nelson v1. op.cit, p. 24.
[36] Idem.
[37] LAUGHTON, John Knox. Nelson. op.cit, p. 22.
[38] Idem.
[39] Nesse período Nelson recebeu a indicação de um novo comando, um navio de 44 canhões o HMS Janus, mais poderoso que o Hinchinbroke, no entanto em razão de seu estado de saúde, não pôde assumi-lo.
[40] O capitão Cornwallis distinguiu-se na Guerra de Independência dos EUA. Atingiu o almirantado durante as Guerras da Revolução.
[41] MAHAN, Alfred Thayer. The Life of Nelson v1. op.cit, p. 30.
[42] Carta de Horatio Nelson para William Nelson de 7 de maio de 1781 de Londres. Fonte: LAUGHTON, John Knox. Nelson. op.cit, p. 23.
[43] Foi utilizada a palavra em português “excepcional” para as palavras “exceeding good” usadas por Nelson.
[44] LAUGHTON, John Knox. Nelson. op.cit, p. 24.
[45] Sir William Hoste foi um dos protegidos de Nelson, tendo se destacado como um brilhante comandante de fragata. Acompanhou Nelson de 1795 até sua morte em 1805. Em 1814 foi elevado a barão pelo rei. Fonte: WILSON, Alastair; CALLO, Joseph. Who is who in Naval History from 1500 to the present. London: Routledge, 2004. p.149.
[46] LAUGHTON, John Knox. Nelson. op.cit, p. 24.
[47] MAHAN, Alfred Thayer. The Life of Nelson v1. op.cit, p. 32.
[48] Ibidem, p. 35.
[49] LAUGHTON, John Knox. The Nelson Memorial. op.cit, p. 15.
[50] MAHAN, Alfred Thayer. The Life of Nelson v1. op.cit, p. 36.
[51] MAHAN, Alfred Thayer. The Life of Nelson v1. op.cit, p. 37.
[52] Ibidem, p. 25.
[53] LAUGHTON, John Knox. Nelson. op.cit, p. 27.
[54] Essa ligação com o Príncipe William traria inimigos que impediriam, em determinada circunstância, o avanço de Nelson na profissão naval. Será utilizada a palavra William ao invés de Guilherme, de modo a se manter coerência com o original em inglês.
[55] Carta de Horatio Nelson para William Locker das Índias Ocidentais em 25 de fevereiro de 1783. Fonte: LAUGHTON, John Knox. Nelson. op.cit, p. 27.
[56] LAUGHTON, John Knox. The Nelson Memorial. op.cit, p. 18.
[57] MAHAN, Alfred Thayer. The Life of Nelson.v1 op.cit, p. 38. .
[58] A palavra utilizada por Nelson foi “speck” que foi traduzida como “mácula” pela autor.
[59] MAHAN, Alfred Thayer. The Life of Nelson v1. op.cit, p. 42.
[60] Idem.
[61] Ibidem, p. 42.
[62] LAUGHTON, John Knox. Nelson. op.cit, p. 30.
[63] MAHAN, Alfred Thayer. The Life of Nelson v1. op.cit, p. 46. .
[64] Idem.
[65] Ibidem, p. 47.
[66] Nelson utilizou a expressão “eternal clack” que foi traduzida como “eterna voz estridente”.
[67] LAUGHTON, John Knox. Nelson. op.cit, p. 30.
[68] Idem.
[69] Idem.
[70] Ibidem, p. 31.
[71] MAHAN, Alfred Thayer. The Life of Nelson v1. op.cit, p. 57.
[72] Não se pode considerar Hugues um antagonista de Nelson. Hugues tinha uma índole benevolente e em momento algum procurou prender ou repreender seu subordinado. Nelson foi insubordinado e atrevido nesse caso, enfrentando um almirante que era seu comandante e responsável pelas operações navais britânicas na área.
[73] LAUGHTON, John Knox. Nelson. op.cit, p. 32.
[74] Ibidem, p. 33.
[75] LAUGHTON, John Knox. The Nelson Memorial. op.cit, p. 25.
[76] LAUGHTON, John Knox. Nelson. op.cit, p. 34.
[77] Laughton utilizou a palavra em inglês “remonstrate” traduzida pelo autor para “protestar”.
[78] Idem.
[79] Ibidem, p. 35.
[80] Idem.
[81] MAHAN, Alfred Thayer. The Life of Nelson. v1 op.cit, p. 50.
[82] Ibidem, p. 52.
[83] Ibidem, p. 53.
[84] Ibidem, p. 64.
[85] Ibidem, p. 65.
[86] Idem.
[87] Essas eram duas formas diferentes de perceber Nelson nesses casos. Nelson para Mahan espelhava a liderança indicada pelo exemplo, enquanto Laughton não aprovou completamente a atitude de seu herói.