O recrutamento para a Guerra do Paraguai: alguns apontamentos

de

Prof. Alessandro Mendonça Reis

O recrutamento para a Guerra do Paraguai (1864-1870) provocou no Exército Brasileiro a inserção de homens de quase todas as regiões do país, numa visão integradora. A formação dos batalhões de Voluntários da Pátria deu conta disto.

É possível verificar também a interferência na ordem privada quanto à convocação da Guarda Nacional, sendo esta prestadora de serviço para o poder local.

A utilização dos escravos na guerra foi também um fator delicado na relação dos grandes proprietários com o poder central, mesmo que os homens livres e pobres fossem a meta principal do governo. A ida do escravo para guerra consiste em um dos motivos de insatisfação por parte das elites escravocratas, pois estava em jogo a interferência do Estado sobre a propriedade privada, proporcionando assim uma ambiguidade no sistema político.

A Guerra do Paraguai mexeu na estrutura social vigente, afinal interferiu nas questões econômicas, privadas, sociais e políticas promovendo também desgaste do governo imperial com os grupos dominantes do país. O recrutamento do contingente para o conflito determinou junto com todo o processo instaurado os rumos sócios econômicos no Império após o seu término, principalmente quando os escravizados entraram na ação. Devemos frisar que o recrutamento dos cativos proporcionou aceitar libertos em lugar dos guardas nacionais, aliciamento dos escravizados sem que o proprietário consentisse, além de admitir os fugidos.

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Professor de História formado pela UGF. Mestrado e Doutorado em História pela UFRJ. Autor de artigos sobre História Militar e Geopolítica.

2 comentários em “O recrutamento para a Guerra do Paraguai: alguns apontamentos”

  1. Quando jovem gostava de conversar com meu avô materno e consegui obter dele informação de que seu avô paterno havia sido escravo e ido à Guerra da Tríplice Aliança.
    Foi alforriado quando equipe de alistamento esteve na fazenda onde trabalhava em troca de seu alistamento.
    Por ser inexperiente nas armas, obviamente não entrou em combate, sobreviveu e ao ser desmobilizado integrou-se a uma colônia de pescadores…
    Relato que mostra uma faceta tanto da escravatura quando das operações militares da época.

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    • A Equipe do História Militar em Debate agradece o comentário. Comentários como esse são importantes, para o conhecimento das experiências vividas no período.

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