Os Alemães-Soviéticos que lutaram contra o seu País na Segunda Guerra Mundial

de

Pedro Silva Drummond

Durante a década de 1930, o Partido Nazista chegou ao poder na Alemanha, e durante toda essa década, que culminou com o início da Segunda Guerra Mundial, os Nazistas cometeram atos, que provocaram a insatisfação de grupos da sociedade alemã, que não aceitavam tais atitudes.  Com o início da Guerra Mundial, alguns alemães que viviam em outras Nações, assim como, aqueles que eram oposição ao Partido e posteriormente, com o início da Guerra, saíram do País, acabaram lutando por outros Países.

A URSS foi um desses Países que tiveram alemães lutando pelas suas Forças Armadas, desde o período do Império Russo, existia um grande número de cidadãos que tinham sua origem no que ficou conhecido como a Alemanha, como explica, Serguêi Volkenstein, Viatcheslav Meyer, Nikolai Gagen: “No início da Segunda Guerra Mundial, quase 1,5 milhão de alemães étnicos viviam na URSS. A maioria deles era descendente de colonos que receberam, na segunda metade do século 18, permissão da imperatriz Catarina, a Grande para se estabelecerem no território do Império Russo. Quase todos esses alemães viviam na região do rio Volga, onde, em 1923, ganharam uma república autônoma.” (Volkenstein, Meyer, Gagen)

Após a Operação Barbarossa e o início dos conflitos entre Alemanha e URSS, “mais de 33 mil alemães étnicos serviam no Exército Vermelho quando a Wehrmacht invadiu o país. Nos primeiros meses de guerra, a propaganda soviética enfatizava a diferença entre nazistas e aquilo que chamava de “nossos alemães”, publicando numerosos artigos sobre as ações heroicas dos últimos.” (Volkenstein, Meyer, Gagen)

Com o aumento das conquistas territoriais alemães na URSS, a atitude do governo soviético em relação às pessoas de origem alemã acabaram mudando. “Os alemães soviéticos começaram a ser vistos como uma quinta coluna, ou seja, como verdadeiros ou potenciais colaboradores nazistas. Como resultado, Stálin escreveu ao Comissário do Povo (ministro) Lavrênti Béria a instrução de que os alemães étnicos deveriam ser deportados. Seguindo o decreto “Sobre o reassentamento dos alemães”, a República Soviética Socialista Autônoma dos Alemães do Volga foi abolida. Rapidamente, milhares de pessoas foram enviadas à Sibéria, à região de Altai e ao Cazaquistão. Nos meses seguintes, foram realizadas deportações de outros territórios ocidentais da URSS não ocupados pelo inimigo. No novo local, a maioria dos colonos foi mobilizada para os “exércitos de trabalho”, que eram utilizados em mineração, extração de madeira e construção.” (Volkenstein, Meyer, Gagen)

Quanto aos alemães soviéticos, que já tinham se integrado as Forças Armadas da URSS, a visão não era muito diferente, “os alemães étnicos começaram a ser retirados da linha da frente. Em 8 de setembro de 1941, foi emitida a diretiva nº 35105 do Comissariado da Defesa. Nela, lia-se: “todos os militares e oficiais de nacionalidade alemã devem ser retirados das unidades do Exército Vermelho, das academias militares e instituições educacionais, tanto na linha de frente, como na retaguarda, e enviados para distritos internos, para unidades de construção”. Para muitos alemães, a decisão foi totalmente inesperada.” (Volkenstein, Meyer, Gagen).

Alguns dos militares alemães-soviéticos
https://www.rbth.com/history/333384-how-germans-fought-for-ussr

Porém, existiram algumas exceções, aqueles que tinham a confiança dos seus comandantes, foram autorizados a permanecerem nos seus postos, outros “participaram de destacamentos partidários e de grupos de resistência. Com seus conhecimentos do idioma alemão, eles eram frequentemente utilizados em operações de reconhecimento e sabotagem. Um dos comandantes guerrilheiros mais eficazes durante a guerra foi o Herói da União Soviética Aleksandr Herman, morto em 1943. Sua brigada eliminou 17 guarnições alemãs, 70 administrações de regiões, 31 pontes ferroviárias e cerca de 10 mil soldados inimigos.” (Volkenstein, Meyer, Gagen)

Havia também, aqueles que durante a Guerra, como integrantes da Wehrmacht, acabaram mudando de lado, e lutando pela URSS.

Conclusão

Cidadãos de determinados Países que em momentos de guerra, lutaram por outras Nações, não é algo incomum, e na Segunda Guerra Mundial, isso não foi diferente, muitas pessoas participaram da Guerra por Países que não são o seu de origem, como foi o caso de alemães que lutaram pela URSS, principalmente, aqueles que já viviam no território soviético ou que eram comunistas.

Bibliografia

– VOLKENSTEI; MEYER, Viatcheslav; GAGEN, Nikolai. Os alemães que lutaram pela URSS na Segunda Guerra Mundial. Disponível em: <https://br.rbth.com/historia/85086-alemaes-lutaram-pela-urss-na-segunda-guerra>. Acessado em: 25/11/2023

– KALANDAROV, Artur. Alemães Soviéticos e Soviéticos Vivendo na Alemanha durante a Segunda Guerra Mundial. Armstrong Undergraduate Journal of History: Vol. 9 : Iss. 1 , Article 5.Disponível em: <https://digitalcommons.georgiasouthern.edu/cgi/viewcontent.cgi?article=1039&context=aujh>. Acessado em: 25/11/2023

Especialização em História Militar pela Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL), Graduação em História (Bacharel e Licenciatura) pela Universidade Gama Filho (UGF), autor de Artigos em História Militar.

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