Os Estados Unidos e os conflitos com o Vietnã, Afeganistão e Iraque: uma perspectiva comparada

de

Prof. Dr. Ricardo Pereira Cabral 

Introdução

A possibilidade de se comparar guerras distantes no espaço e no tempo e possível a partir de um problema, região onde ocorreu a campanha militar, causa ou consequência comum entre estes os conflitos a serem comparados. Nesta perspectiva vamos apresentar algumas ideias sobre como os EUA se envolveram nos três conflitos e principalmente como e de que maneira de retirou. O objetivo principal deste pequeno ensaio é apresentar questões que podem se tornar objeto de pesquisas mais amplas e profundas sobre o tema.

Vamos apresentar uma visão sobre três guerras Vietnã, Afeganistão e Iraque apontando semelhanças, divergências e as transformações que estão ocorrendo no sistema internacional e no campo militar, impactado pela rápida ascensão da China e seu desafio a posição hegemônica norte-americana.

Um aspecto que deve ser ressaltado é a dificuldade de se produzir um artigo sobre um assunto que ainda está se desenvolvendo na conjuntura, ou seja, aquilo que nós historiadores chamamos de Tempo Presente. O uso de fontes jornalísticas, cujas notícias são atualizadas a todo momento e a escolha de obras que ainda tenham análises válidas, torna-se um desafio. Outro ponto a ser ressaltado e a dinâmica das relações internacionais e as questões de segurança, principalmente, no que se refere ao Terrorismo, onde existe Estados, grupos étnicos, econômicos e sociais que o patrocinam na sua luta contra outros Estados ou grupos políticos e sociais e que ainda não temos uma definição de consenso entre os especialistas, políticos e organizações internacionais.

Desenvolvimento

A Guerra do Vietnã

Durante o governo de Harry S Truman (1945-1953), Wiston Churchill (1946) fez o famoso discurso da Cortina de Ferro alertando que a URSS estava impondo o regime socialista nos países ocupados pelo Exército Vermelho, na Europa e promovendo movimentos revolucionários em vários países pelo mundo. A reação norte-americana veio por intermédio do National Security Act (1947) e da Doutrina de Contenção (1948), que resultaram em uma posição de ativa confrontação aos soviéticos e comunistas.

No governo Dwight Eisenhower (1953-1961), diante do avanço das guerrilhas comunistas,  John Foster Dulles, Secretário de Estado (1953-1959), elaborou a Teoria do Dominó¹, e a Política de Contenção² cujo objetivo central era o combate direto e o apoio aos Estados que estavam sendo ameaçados pelos comunistas. Nos próximos trinta anos nos vamos assistir um dualismo estratégico: a necessidade de intervir em conflitos internacionais com uma força irresistível (com tudo que isso significa) ou com uma força limitada em conflitos regionais também limitados.

Em 1954, os norte-americanos deram início ao envolvimento no Vietnã, apoiando as forças francesas que lutavam contra o Viet Minh, fornecendo armas e apoio financeiro. Apesar disso os franceses são derrotados na Batalha de Dien Bien Phu (de 13/3 a 7/5 de 1954). Neste mesmo ano, na Conferência de Genebra a França reconhece a independência do Laos, Camboja e do Vietnã. Os EUA reagiram e conseguiram que o Vietnã fosse dividido, em dois, o Norte comunista e o Sul capitalista.

Entre 1956 e 1960, os comunistas do Sul, apoiados pelo governo norte-vietnamita deram início a insurgência contra o governo de Ngo Dinh Diem (1855-1963) atacando os governos locais, e depois policiais, professores, médicos e outros profissionais da área de saúde, proprietários agrícolas visando minar os instrumentos e a autoridade de governo.

Em 1960, foi formada a Frente Nacional de Libertação (Viet Cong) congregando todas as forças políticas contrárias ao governo de Diem, contando com apoio dos norte-vietnamitas. Entre 1959-1961, os comunistas vietnamitas se infiltram no Laos e no Camboja a fim de criar rotas (a Trilha Ho Chi Minh) para apoiar com homens, armas, treinamento e local de refúgio seus aliados sul-vietnamitas.

Entre 1961-1963, John Kennedy resolveu escalar o conflito com o envio de conselheiros militares (12 mil, em 1962) que tinham por objetivo de treinar as tropas sul-vietnamitas. Outra inciativa estratégica foi um programa de assistência as comunidades rurais, fortalecendo suas capacidades de autodefesa e ao mesmo tempo oferecendo saúde, educação, insumos e aperfeiçoamento técnico das lavouras. Os EUA recomendaram a implementação reforma agrária e reduzir as taxas pagas pelos proprietários rurais. No entanto, o governo sul-vietnamita era violento com a própria população, corrupto e ineficiente, o que levou o programa ao fracasso.

O governo norte-americano resolveu então apoiar um golpe militar contra Ngo Dinh Diem que foi executado nas ruas de Saigon. O resultado foi mais instabilidade política, situação que o Viet Cong se aproveitou para ampliar o seu controle sobre as áreas rurais. Outra medida de Kennedy foi ampliar o número de “consultores” militares, introduziu as primeiras unidades aeromóveis e de forças especiais para conter o avanço da guerrilha comunista, em combate direto contra os comunistas vietnamitas

Em 22 de novembro de 1963, John Kennedy foi assassinado e substituído pelo vice-presidente Lyndon Johnson (1963-1969), que reafirmou o apoio norte-americano ao Vietnã do Sul. Neste sentido, aumentou a ajuda militar ao país para US$ 500 milhões no fim do ano. Após uma série de incidentes com navios norte-americanos, o Congresso aprovou a Resolução do Golfo de Tonkin (10/8/1963) autorizou o governo a conduzir operações militares no Sudeste Asiático sem declaração formal de guerra.  A partir dessa resolução os norte-americanos lançam uma ofensiva aérea bombardeando a infraestrutura norte-vietnamita e a Trilha Ho Chi Minh. Também teve início o envio de mais tropas do Exército e dos Fuzileiros Navais para combaterem diretamente o Viet Cong (VC), já que as forças sul-vietnamitas, apesar de todo o treinamento e do melhor armamento disponível, se mostraram incapazes de derrotar os guerrilheiros. Até este momento a opinião pública norte-americana apoiou o envolvimento maior do país na guerra com o objetivo de derrotar a expansão comunista. A resposta de Ho Chi Minh foi

se os americanos querem fazer a guerra por vinte anos, então nós a faremos por vinte anos; se eles querem fazer a paz, nós faremos a paz e os convidaremos para um chá à tarde“.

Os EUA investiram grandes somas treinando e equipando o Exército sul-vietnamita, mas o seu desempenho nas batalhas era pífio, tanto no combate regular, quanto nas ações contra-guerrilha, o que levou a intervenções cada vez maiores das tropas norte-americanas. É impossível vencer uma guerrilha ou uma insurreição quando o exército nacional não tem vontade de combater ou eficiência em combate. Esse ponto chama a atenção, as tropas norte-americanas vão vencer a maior parte das batalhas, mas vão perdendo o apoio da população, devido ao seu comportamento violento e sua associação aos corruptos governos locais.

Em 1968, os VCs junto com o Exército norte-vietnamita lançaram a “Ofensiva do Tet” quando atacaram mais de cem alvos surpreendendo os norte-americanos em locais considerados seguros como a embaixada e o QG do Exército norte-americano. Um grande feito militar e ao mesmo tempo uma grande falha da inteligência norte-americana.  A ofensiva militar foi uma grande derrota para os comunistas, principalmente em Khe Sahn e Huê, quando sofreram um grande número de baixas, mas por outro lado uma grande vitória psicológica e moral, pois mostrou para a opinião pública norte-americana que a guerra estava longe de ser vencida, diferente do que dizia o governo.

Neste momento haviam dois caminhos possíveis, o primeiro era enviar mais tropas e escalar a guerra, a segunda seria abrir negociações e se retirar com o gosto amargo da derrota. Lyndon Johnson fez as duas, sem se comprometer com nenhuma delas, abriu negociações e ao mesmo tempo iniciou um bombardeio aéreo no Vietnã do Norte, no Laos e no Camboja desestabilizando toda a região, mas não se empenhou nas negociações, nem enviou mais tropas.

Em 1969, Richard Nixon assumiu a presidência dos EUA e com ele uma nova abordagem a “vietnamização da guerra”, conjugado com pesados bombardeios aos santuários dos guerrilheiros fora do território do Vietnã do Norte e do Sul, além da destruição da infraestrutura econômica e de transporte do Vietnã do Norte. Outras medidas foram no sentido de engajar as forças dos vizinhos, como o Camboja e o Laos, e intensificar a utilização de forças especiais. No entanto, apesar de todo o apoio norte-americano (armas, treinamento, Inteligência e apoio de fogo) as forças sul-vietnamitas fracassaram repetidas vezes em obter sucesso no campo de batalha. Esta situação tornava evidente que sem o apoio de Washington os sul-vietnamitas seriam derrotados e a situação se deteriorava continuamente, o que exigia maior empenho de Washington em completo desacordo com a diretriz política estabelecida.

Em 1971, a Austrália e a Nova Zelândia decidiram se retirar do conflito. A imprensa norte-americana aumente a pressão sobre o governo, divulgando documentos oficiais comprometedores sobre o resultado real dos combates, das operações clandestinas e das informações mentirosas divulgas pelo governo. A situação política interna ficou insustentável e só restou como alternativa negociar a paz e retirar as tropas norte-americanas (que teve início em 1972).

Em 1973, foi assinado o Acordo de Paris que previa um cessar fogo, troca de prisioneiros e retirada das forças norte-americanas. Entre 1973 e 1975, os EUA continuaram a fornecer armas e munições aos sul-vietnamitas. Já os comunistas utilizaram esse tempo para restabelecer suas linhas logísticas e treinar suas tropas, mas a Crise do Petróleo (1973) levou o Congresso a cortar a ajuda militar aos sul-vietnamitas no ano seguinte. Em 1974, aproveitando-se da fragilidade dos sul-vietnamitas, os comunistas lançam uma nova ofensiva que culminaria com a queda de Saigon (1975).

Algumas características das operações militares no Vietnã

No início da guerra, as forças norte-americanas estavam bem treinadas e equipadas para a guerra convencional regular e toda uma nova doutrina teve que ser elaborada para lutar a guerra de guerrilha, onde o apoio da população local é fundamental para o êxito da contra-guerrilha. Os norte-americanos já tinham combatido esse tipo de guerra contra os índios (1836-1891) e nas Filipinas (1899-1902), mas em contextos completamente diferentes e demoraram a se adaptar a guerrilha urbana e rural promovida pelos vietnamitas, No período final da guerra elaboraram doutrinas para guerra irregular no perímetro urbano, na selva, nas montanhas e em operações ribeirinhas.

Os norte-americanos utilizavam sua superioridade aérea, do poder de fogo e da mobilidade oferecida por veículos blindados (limitados pelo ambiente de selva), barcos blindados e helicópteros. Um outro aspecto da guerra foram as ações psicológicas a fim de conquistar “corações e mentes” a favor do governo sul-vietnamita e dos EUA, que não teve sucesso.

Vários Aliados norte-americano contribuíram com tropas como Austrália, Nova Zelândia, Coreia do Sul, Tailândia e Filipinas. Um fato curioso é que os Estados Unidos, em pelo menos três oportunidades, solicitaram ao Brasil o envio de tropas, mas o país só contribuiu com ajuda médica por intermédio da Cruz Vermelha do Brasil.

No front interno, a desinformação promovida pelo governo norte-americano, as reportagens na televisão mostrando a violência dos combates e o crescente número de baixas vai minar o apoio da opinião pública a continuidade do envolvimento dos EUA na guerra.

Os seus adversários, o VC e o Exército Norte-Vietnamita, eram bem treinados, tinha a moral elevada e recebiam equipamento e outros recursos dos seus aliados comunistas. A resposta ao ataques norte-americanos foi intensificar a guerra de guerrilhas no campo e nas cidades, não permitindo a criação de áreas seguras ou inatingíveis, evitando longos engajamento com as forças norte-americanas, a fim de impedir/limitar o uso da sua superioridade aérea e de fogo.

Considerações parciais

Cabe aqui ressaltar que os Estados Unidos entrarem na guerra sem profundos estudos sobre o contexto local, ou seja, sem conhecer a história, os usos e costumes, as estruturas políticas, sociais e econômicas, nem tinha estudos de estado-maior sobre guerra que iriam travar. A Inteligência muitas das vezes foi falha. Não tinha um objetivo político e militar claramente definido, a partir daí não conseguiram traçar uma estratégia completa para a guerra, as medidas foram mais reativas. Mesmo com seguidas vitórias no campo de batalha, não tinham confiança de que estavam vencendo o conflito. Já a guerrilha contava com o apoio de amplas camadas da população. O governo sul-vietnamita falhou inteiramente em todos os sentidos e contribuiu decisivamente para a vitória dos comunistas.

A intervenção fracassou no seu principal objetivo estratégico, que era conter a expansão comunista no Sudeste Asiático, que obrigou os Estados Unidos a promover uma ampla reorganização organizacional e reformulação de vários aspectos da sua doutrina operacional. O impacto político levou quase que há uma paralisia da iniciativa estratégica, com os EUA evitando intervir diretamente nos conflitos, que seria superada somente na administração Ronald Reagan que estabeleceu uma diretriz, os EUA só deveriam intervir quando seus interesses vitais estivessem em jogo. Vinte anos depois as lições aprendidas no Vietnã foram esquecidas.

As guerras intermináveis do início do Século XXI

No início deste século, os Estados Unidos se envolveram em duas guerras que pareciam intermináveis e cujo desfecho foi desfavorável aos objetivos políticos estabelecidos. Novamente, a superioridade econômica e militar, além do apoio de Aliados, não conseguiu alterar o quadro político, social e econômico de um Estado, em um processo conhecido como “state building”, de modo a dar-lhe estabilidade política, uma sociedade próspera e democrática, segundo o modelo político, econômico e social ocidental.

A Guerra ao Terror foi usada por diversos países para reprimir de forma violenta não só grupos terroristas, mas também opositores locais, já que não existe um consenso em relação a definição de terrorismo. 

O fracasso no Afeganistão e no Iraque mais do que reafirmar os limites de poder de uma superpotência, demonstram a incapacidade do Ocidente em lidar com sociedades cujas as estruturas culturais não estão próximas ao seu padrão civilizacional.

Afeganistão

Em 14 de abril de 1979, tropas da União soviética, atendendo ao pedido do governo socialista da República Democrática do Afeganistão, ingressaram no país para auxiliar no combate à insurgência liderada por guerrilheiros islâmicos, que eram treinados e armados pelo Paquistão (aliado dos EUA). Este fato levou que Estados Unidos, Reino Unido, China Egito e Arábia Saudita entre outros países, financiassem o envio de armas e instrutores aos guerrilheiros étnicos e/ou religiosos opositores ao regime socialista afegão com o objetivo de desgastar a União Soviética.

A invasão soviética estimulou um sentimento nacionalista entre os afegãos e os extremistas religiosos promoveram a jihad contra os soviéticos. Estes respondiam com grandes ofensivas (extremamente violentas) e operações secretas contra bases dos insurgentes no Irã e no Paquistão. O exército afegão era corrupto e ineficiente, então os soviéticos realizavam suas operações, normalmente, contando com o precário apoio de milícias governamentais e operadores do serviço de inteligência afegã. O KGB estava amplamente disseminado no país e fornecia as informações para as ofensivas, além de realizar operações com suas forças especiais. No entanto, a insurgência mujahidins estava profundamente infiltrada no governo afegão, além de contar com constante fluxo de combatentes islâmicos estrangeiros.

A partir de 1985, após anos de combate, sem muito sucesso, os soviéticos começaram a retirar suas forças e passaram aos militares afegãos a incumbência de combater os mujahidins. Em 1989, com a remoção total das tropas soviéticas como era de se esperar, teve início uma nova fase da guerra civil afegã, que se estendeu até 1996, quando os Talibãs tomaram o governo.

Após a derrubada do governo comunista, os Talibãs assumem o controle da maior parte do país e impõe um regime político fundamentalista islâmico. Os Talibãs eram associados à rede terrorista al-Qaeda e a autorizou a instalar no país uma série de campos de treinamento de terroristas, e o país servia de santuário, além de dar cobertura diplomática a várias lideranças de organizações terroristas islâmicas. O papel da al-Qaeda em vários atentados contra os Estados Unidos e em especial os realizados em 11 de setembro de 2001, tornou o país alvo prioritário dos norte-americanos. Cumpre ressaltar que sob o governo dos Talibãs se tornou um grande produtor de papoula e um centro do tráfico internacional de drogas.

Guerra do Afeganistão (2001-2021)

Em 7 de outubro de 2001, uma força de doze comandos do 595º Destacamento Operacional Alfa dos Boinas Verdes do Exército dos Estados Unidos e infiltrou no Afeganistão para apoiar Abdul Rashid Dostun, líder da Aliança do Norte, com o objetivo de derrubar o governo Talibã. Longo em seguida partiram tropas de outros países e da OTAN com a mesma finalidade. Tais operações foram feitas sem aprovação do Conselho de Segurança da ONU.

A derrubada do governo fundamentalista não significou a destruição do Talibã. Este conseguiu se manter nas áreas tribais na fronteira com o Paquistão e em vários pontos mais isolados do território como nas montanhas, o que exigiu uma série de operações para “limpar” estas regiões, sem muito sucesso, diga-se de passagem, pois depois que as forças dos Estados Unidos, da OTAN em conjunto com tropas do novo governo afegão saiam da área ou diminuíam a sua presença os fundamentalistas voltavam com força.

A partir de 2003, os Talibãs promoveram uma série de ações de guerrilhas no interior e promover atentados nas principais cidades, nas estradas e, eventualmente, impedindo o comércio e deslocamento de pessoas, o que gerou um clima de insegurança. A invasão do Iraque fez com que os esforços da Coalizão fossem divididos em duas frentes e no meu entendimento tirou o foco da principal missão que era erradicar o Talibã.

 Entre 2006 e 2007 os norte-americanos e seus aliados aumentam, paulatinamente, o efetivo de tropas e de meios a fim de recuperar o território perdido. Em 2007, lançam mais uma grande ofensiva para finalmente derrotar a insurgência liderada pelos Talibãs. Estes adotaram a tática de se refugiarem nas áreas tribais existente nas regiões de fronteira, onde as lealdades pessoais e os laços étnicos eram muito forte. Normalmente, os mujahidins talibãs contavam com a tolerância de governos, como por exemplo no Irã ou até mesmo com apoio velado de membros do governo, como no Paquistão.

As táticas adotadas pela coligação Ocidental foram as mais diversas, ampla utilização de Forças Especiais em incursões, emprego de tropas regulares se movimentando em blindados e helicópteros, ataque com drones e de snipers para abater lideranças extremistas, ações de apoio humanitário a população entre outras medidas. A violência diminui, o Talibã recuou, mas os fundamentalistas estavam longe de serem derrotados.

Entre 2008 e 2009, os Talibãs retomam a iniciativa e realizaram uma série de ofensivas, obrigando os Estados Unidos a, mais uma vez, reforçarem suas tropas para conterem os radicais islâmicos. A partir de 2010, além das ofensivas militares o governo afegão, os Estados Unidos e representantes da OTAN iniciam conversações com os Talibãs para pacificar o país.

Desde a queda do governo do Talibã, os Estados Unidos, seus aliados e a ONU desenvolveram esforços para organizar um Exército Nacional afegão e uma estrutura de governo funcional, bilhões de dólares foram gastos, mas a venalidade, a corrupção, as rivalidades étnicas e tribais dos afegãos não permitiam avanços significativos. Nesta altura dos acontecimentos, verificamos que o Ocidente e a ONU se movem na direção da “afeganização” da guerra e do estabelecimento de algum tipo de acordo com os Talibãs que promovesse a estabilidade no país.

Barak Obama deu início a uma série de operações de forças especiais, ao mesmo tempo que anunciava a retirada de tropas. Com a morte de Osama Bin Laden (1/5/2011) e de outras lideranças talibãs, Washington imaginou que haveria uma redução da violência e da atividade do Talibãs, não foi o que ocorreu. De novo foi necessário aumentar os efetivos militares e lançar uma ampla ofensiva, como uma estratégia do governo Barack Obama para assegurar melhores termos de negociações. Neste mesmo ano teve início a retirada unilateral de parte das tropas norte-americanas e de aliados (que na verdade começou em 2010), com as forças afegãs assumindo maiores encargos na defesa contra os extremistas religiosos.

A partir de 2011, observamos uma redução consistente no número de tropas e meios ocidentais empenhados no Afeganistão. Em paralelo com este desengajamento do Ocidente, lideranças nacionais afegãs que se opõe aos Talibãs buscam acordo para estabilizar o país. Os Estados Unidos e outros países aliados assinam acordos internacionais de amplo espectro com o Afeganistão. Tais acordos previam ajuda militar, econômica, assistência técnica e investimentos a fim de fortalecer as estruturas de defesa e a economia do país. Tais investimentos, chegaram a casa de dezena de bilhões de dólares, mas uma parte considerável desses recursos foi desviada e não chegou a provocar a planejada transformação socioeconômica no país. Um novo fracasso.

Em 2013, os afegãos assumiram as principais operações contra a al-Qaeda e os Talibãs. Apesar da permanência das tropas e da postura reativa, os Estados Unidos continuaram a reduzir suas tropas.

Em 2015, com a deterioração da segurança, os EUA reenviam mais tropas, anualmente, a fim de combater diretamente os talibãs. O que fica patente é que apesar de todo o treinamento e equipamento de primeira qualidade o Exército e a polícia afegã não conseguiam derrotar os talibãs. A inteligência não funcionava, as operações eram vazadas para o inimigo e ocorriam acordos entre as lideranças policiais e militares do governo afegão com os talibãs, como ficou evidenciado com o abandono de posições e equipamento sem combate, sem luta, em diversas ocasiões. A partir de 2016, apesar dos reforços norte-americanos e do Exército afegão, os fundamentalistas retomam a ofensiva e passam a controlar porções cada vez maior do território afegão. As negociações políticas entre os Talibãs, as correntes políticas afegãs e os norte-americanos continuavam, apesar das seguidas evidências de que os extremistas não cumpriam acordos e queriam retomar o controle do país.

Em 2017, Donald Trump repete a mesma estratégia de Obama, aumenta o número de tropas, lança ofensivas que conseguem contem, temporariamente o ímpeto dos Talibãs e depois começa a reduzir efetivos e tentar uma solução negociada, não funcionou. Em 2020, os Talibãs e a Al-Qaeda lançam novas ofensivas e apesar disso, a redução de tropas continua. Durante a campanha eleitoral Trump assume o compromisso de retirada total em maio de 2021.

Em 2021, de forma abrupta, o governo Joe Biden resolveu se retirar do Afeganistão. Bilhões de dólares em equipamentos militares e civis afegãos foram deixados para trás (estes correndo o risco de represálias).

Considerações parciais

A retirada norte-americana do Afeganistão é mais um capítulo da tentativa desastrosa e cara de promover ações do tipo “state building”. A guerra não tinha um objetivo político definido além da derrubada dos Talibãs. O planejamento estratégico foi, no mínimo, muito mal feito.

As foças dos EUA e da OTAN não conseguiram erradicar a presença militar dos talibãs apesar dos grandes recursos e das táticas diversas empregadas. O apoio popular sustentou os talibãs fornecendo combatentes, informações e locais de refúgio. É importante ressaltar que os talibãs receberam, ao longo de toda a luta contra a ocupação do Ocidente, apoio financeiro, inteligência e de meios de entidades públicas e privados de vários governos islâmicos e até de aliados como o Paquistão, Arábia Saudita entre outros.

A desastrada retirada norte-americana do Afeganistão se configura como um desastre geopolítico. Antes mesmo da queda do regime, a China estabeleceu conversações com o Talibã, a fim de financiar a reconstrução do país, por intermédio de projetos de infraestrutura que se encaixam perfeitamente na Rota da Seda e da exploração dos recursos minerais que a violência endêmica impedia a exploração. Um ponto muito importante, é que os chineses pretendem ocupar a estratégica base militar de Bagran, onde os norte-americanos investiram milhões de dólares e que foi abandonada com equipamentos de última geração (a princípio a base seria ocupada pelas forças armadas afegãs). Seguindo nesta linha, bilhões de dólares em equipamento militar abandonado pelos Estados Unidos, agora estão de posse dos fundamentalistas religiosos e não me referindo apenas ao Talibã, mas também a al-Qaeda e ao Estado Islâmico. Ou seja, um desastre estratégico de grandes proporções e de consequências que podem ser trágicas a estabilidade mundial. Sem dúvida a reputação e o status de superpotência dos Estados Unidos saem arranhados, apesar de que considero uma decisão correta.

Rússia e Índia, além dos países vizinhos do Afeganistão (Irã, Uzbequistão, Turcomenistão, Tajiquistão, Paquistão e a China), estão atentos com a possibilidade do aumento da instabilidade regional com o aumento de ataques terroristas e no próprio Afeganistão com a resistência de grupos étnicos/tribais rivais e de outros grupos extremistas ali instalados como o Estado Islâmico. O Irã e o Paquistão, provavelmente, desempenharam um papel importante para a estabilidade interna afegã. Um ponto há se verificar é que os Talibãs farão em relação ao cultivo de papoula e ao tráfico de drogas por seu território.

Iraque

Em 20 de março de 2003, uma coalização militar liderada pelos Estados Unidos invadiu o Iraque. A invasão foi baseada em acusações totalmente falsas em relação ao Iraque: a posse de armas de destruição em massa e o apoio a grupo terroristas como Al-Qaeda.

As tropas da coalizão internacional em menos de um mês derrotaram o exército iraquiano e derrubaram o governo liderado pelo Partido Baath. Após a ocupação, começou um movimento de resistência vinda de vários grupos políticos e religiosos. O governo de ocupação, liderado pelo norte-americano Paul Brener, tomou uma série de medidas que desorganizaram completamente o Iraque e jogaram o país na anarquia.

A partir de 2004, teve início a insurgência liderados por grupos políticos e religiosos, com um aumento significativo da violência nos núcleos urbanos. Da insurgência estavam participando grupos terroristas como a Al-Qaeda, liderada por Abu Musab al-Zargawi, grupos político-religiosos como Milícia Mahadi, liderada pelo clérigo xiita Muqtada al-Sadr, grupos étnicos, além de combatentes estrangeiros. Ocorreram violentos combates em vários núcleos urbanos, como em Faluja (2004).

Em 2005, o governo de coalizão promoveu a realização de eleições buscando dar estabilidade ao país. No entanto, o governo eleito, da seita xiita, promoveu medidas discriminatórias contra a população sunita e curda, o que levou há um aumento das tensões sociais que teriam como consequência a eclosão de uma guerra civil que se juntou a insurgência contra a presença de tropas estrangeiras no país. Em paralelo houve retirada de parte das tropas da coalizão, fragilizando a segurança. A esperança era de que com a eleição houvesse uma redução da violência, ocorreu exatamente o oposto, uma explosão de combates entre insurgentes, milícia étnicas-religiosas contra as tropas da coalizão e do governo nacional iraquiano nas cidades, ataques terroristas, emboscadas nas principais vias de comunicação do país.

A violência sectária prosseguiu nos anos de 2005-2007, com participação de grupos terroristas e de milícias étnicas-religiosas, que assumiram o controle de províncias inteiras. As forças armadas iraquianas e as forças da OTAN, lideradas pelos Estados Unidos, estavam com grandes dificuldades de estabilizar o país, em parte devido a política discriminatória contra minorias étnica-religiosas (curdos e sunitas, principalmente) implementada pelo próprio governo iraquiano e a redução dos efetivos militares da Coalizão.

A partir de 2007, os norte-americanos aumentam seus efetivos e iniciam uma grande ofensiva. Este procedimento foi uma constante, durante todo o tempo de ocupação, devido a incapacidade das forças armadas iraquianas lidarem com os extremistas, ou seja, a mesma coisa que ocorria no Afeganistão. Ainda assim, a estratégia de venda de grandes quantidades de armamento e de treinamento das forças armadas e policiais iraquianas prosseguiu.

Em 2009, o novo presidente dos Estados Unidos, Barak Obama, anunciou uma série de acordos para passar, em definitivo, o controle da defesa e da segurança ao governo iraquiano. Pelo acordo uma fração das forças norte-americanas permaneceria para apoiar o combate a insurreição e a violência religiosa. Tem início o processo de retirada de parte das forças norte-americanas e britânicas, que se estendeu até 2011. Tal retirada não significou que as formas remanescentes estavam inativas, muito pelo contrário, o combate a al-Qaeda e ao Estado Islâmico do Iraque e do Levante continuava sendo prioridade e várias lideranças foram mortas em combate.

Em 2011, o senado norte-americano aprovou uma resolução sobre o fim da guerra e em  consequência, em dezembro grande parte das tropas norte-americanas são retiradas, permanecendo cerca de 50 mil “instrutores e consultores” para treinamento dos iraquianos. Neste mesmo ano recomeça a guerra civil.

A Guerra Civil (2011-2017) ocorreu em decorrência de rivalidades entre os grupos políticos religiosos xiitas (com suas milícias), grupos terroristas (como a al-Qaeda, Ansar al-Sunna e o Estado Islâmico), jihadistas estrangeiros e curdos contra o governo central. Resumindo, exceto os curdos, os outros grupos lutavam entre si e contra o governo, controlando porções do território, provocando morte e destruições.  Bagdá para conter a violência entre os xiitas, se aproximou do Teerã e buscou acordos políticos com os líderes das milícias, ao mesmo tempo em que combatia as milícias sunitas e os grupos terroristas.

Entre 2014 e 2017, o Estado Islâmico era a principal força de oposição controlando grande porções do território e áreas ricas em petróleo. É importante ressaltar que neste período, os Estados Unidos reintroduziram várias unidades de forças especiais com o objetivo de combater, especificamente, o Estado islâmico e apoiar os curdos na sua luta contra os extremistas. Contando com o apoio dos Estados Unidos (forças especiais e ataques aéreos) e da OTAN (forças especiais), o governo iraquiano conseguiu derrotar o Estado Islâmico e as milícias religiosas rivais.

A vitória do governo iraquiano na guerra civil diminuiu a violência, mas não trouxe a paz, pois o Estado Islâmico continuava presente nas áreas de fronteira com a Síria e resistia em alguns bolsões isolados, realizava ataques terroristas em Bagdá e em outras cidades. Neste período, o Curdistão iraquiano era, praticamente, uma região autônoma.

A partir de 2017, os Estados Unidos reiniciam o processo de retirada gradual de suas tropas mantendo poucas unidades de forças especiais, de inteligência e apoio logístico. A crescente influência de Teerã sobre o regime iraquiano aumentou, consideravelmente, as divergências com Washington. Entre 2017 e 2020, Donald trump deu continuidade com a retirada e um afastamento progressivo do Iraque, mantendo apenas forças especiais e as instalações necessárias para o combate a Al-Qaeda e ao Estado Islâmico.  Em 2021, o governo Biden retirou grande parte das forças que ainda estavam no Iraque e abandonou as bases que ocupava no país, permanecendo no país cerca de 2500 forças especiais no norte, empenhadas no combate ao Estado Islâmico e a Al-Qaeda na Síria e no Curdistão.

Considerações parciais

As táticas de guerrilha utilizadas tanto pela insurgência, quanto por grupos terroristas, provocaram mudanças no treinamento e nas táticas adotadas pelas forças da OTAN. O emprego maciço de satélites e drones, conjugado com forças especiais, dotadas de grande mobilidade e contando com apoio aéreo teve um sucesso parcial, pois quando conseguiam exterminar um foco em uma determinada província, surgia outro logo em seguida, em outra região e às vezes poucos meses depois na mesma província. Na guerra de guerrilhas e no combate a uma insurreição, conquistar corações e mentes é fundamental para a vitória, as forças Ocidentais fracassaram nesse aspecto. Outra grande dificuldade enfrentada pelas forças Ocidentais foi contra a guerrilha urbana e os atentados terroristas, onde tiveram que despender grandes esforços e tiveram que pagar um pesado tributo em sangue, sem grande sucesso.

No Iraque, a atuação dos Estados Unidos provocou mais instabilidade e insegurança, pois a região se tornou área de grande interesse de grupos fundamentalistas religiosos. Consideramos também como um fracasso a tentativa de impor um projeto de state building que não conseguiu angariar apoio da população e das elites locais. Outro ponto foi a falta de um projeto claro e a uma série de política erráticas e contraditórias, explicam outra parte do fracasso da ocupação. A retirada, provavelmente, vai permitir que Irã expanda ainda mais sua influência sobre o Iraque, a Síria e o Líbano. A China, grande aliada de Teerã, deve ocupar o espaço deixado por Washington

Considerações finais

A Guerra ao Terror provocou grandes transformações nas forças militares, em quase todo o mundo. Vou relacionar as que considero as mais relevantes:

– O aumento considerável dos efetivos das forças especiais e em consequência o que levou há várias mudanças doutrinárias devido a generalização do seu emprego em ambientes de Guerra Assimétrica;

– A ênfase nas operações contra-guerrilha, tanto no campo, quanto no ambiente urbano, provocando também mudanças doutrinárias, relevando a um segundo plano a guerra convencional;

– A ampla utilização de drones aéreos de vigilância, reconhecimento, ao amplo emprego em ações ofensivas. A consequência é a sua difusão e a implementação de drones para o emprego em terra e no mar;

– A busca de uma consciência situacional de todo o Teatro de Operações com emprego de todos os meios possíveis, o famoso C4ISR (Command, Control, Communications, Computers, Intelligence, Surveillance and Reconnaissance);

– Ataques cibernéticos como elemento de destaque nas operações militares e de inteligência;

– Aumento do nível de ameaça de grupos terroristas.

Em meu entendimento, o fato das Forças Armadas de vários países terem sido empregadas em ações contra-guerrilha e anti-terrorismo não provocou mudanças muito significativas na atualização dos meios de combate ou na doutrina voltada para a Guerra Convencional ( o qeu pode ser um problema com a implementação de novos meios como os drones, por exemplo). Na atual ocorreu, houve uma adaptação progressiva, modulada pelas necessidades de emprego, que deve evoluir para uma reformulação doutrinária;

– O planejamento de Força leva em consideração vários cenários, que variam de acordo com as hipóteses de guerra e do emprego dos meios de combate, do mais provável ao improvável. Com isso as Forças Armadas, atualmente e no médio prazo, tendem a ter estruturas operativas/organizacionais bastante flexíveis buscando atender as demandas exigidas em engajamentos convencionais e em ambientes de guerrilha e insurreição.

As guerras sobre qual tecemos um abreviado histórico e algumas considerações, demonstram que a análise da problemática regional e o conhecimento profundo do país, exigências básicas para uma intervenção estratégica, que vai além de simplesmente derrotar um grupo político ou um governo hostil. Nos três casos, Washington por intermédio de uma ação militar e de outras de caráter econômico buscou reorganizar as estruturas de um Estado e influenciar o seu entorno, de acordo com seus interesses estratégicos. Tais ações redundaram em fracasso estratégico, desperdício de recursos militares e econômicos, além de um grande desgaste em seu prestígio político. Após a derrota no Vietnã, os Estados Unidos passaram por uma profunda revisão doutrinária e reorganização das suas estruturas militares. No plano político, foram tomadas medidas a fim de evitar novas aventuras militares, sem um planejamento estratégico. Tudo isso foi esquecido nos casos do Afeganistão e do Iraque, talvez pela sede de vingança, ou pelo voluntarismo da equipe de George W Bush e dos governos seguintes. A verdade é que os erros se acumularam e, desta vez, o prejuízo estratégico, parece que será muito maior.

Em junho de 2020, Vietnã e Estados Unidos assinaram um acordo de livre comércio, inaugurando uma nova era no relacionamento entre os dois países. Neste mesmo ano assinaram outro acordo muito importante com a União Europeia, forte apoiado por Washington. A aproximação entre os dois países começou no início deste novo milênio.

Com relação ao Afeganistão, o tabuleiro geopolítico da Ásia Central, com a alteração do equilíbrio de poder na região tende a se alterar em favor de Beijim, a julgar pelas primeiras notícias dos planos em conjunto dos chineses com os afegãos. A retirada militar significa um afastamento dos EUA? Quais serão as reações da Índia e da Rússia? Qual será a postura política dos talibãs com relação ao tráfico de drogas e ao terrorismo? Como será o relacionamento dos Talibãs com o Irã? E com o Paquistão? E a pergunta mais difícil de todas o Talibã conseguirá estabilizar o Afeganistão?

O regime político instalado atualmente no Iraque, vem conseguindo estabilizar a região controlada pelos xiitas e, aparentemente, conseguiram um modus vivendi com curdos e sunitas. No entanto, a instabilidade política permanece no nordeste e na fronteira com a Síria, com a presença do Estado Islâmico, da al-Qaeda e de outros grupo terroristas, sendo combatidos por forças da OTAN e dos Estados Unidos. Washington retirou a maior parte de suas tropas e tem se afastado das questões regionais. Bagdá tem uma aliança informal com o Teerã e tem estreitado laços econômicos, apesar das restrições e bloqueios sobre o Irã. Esta nova conjuntura alterou o equilíbrio regional e afetou os principais aliados norte-americanos (Israel, Arábia Saudita, as monarquias do Golfo…). A China, de novo, tem procurado ocupar esse espaço a partir de seu grande aliado regional, o Irã. Até que ponto o afastamento de Washington vai contribuir ou não para a estabilidade regional? Qual o papel de Beijing no Oriente Médio?

 Muitas perguntas a serem respondidas nos próximos meses e anos.


¹ A teoria do dominó é uma teoria geopolítica que foi proeminente nos Estados Unidos entre os anos 1950 e 1980, que postulava que se um país em uma região ficasse sob a influência do comunismo, então os países vizinhos seguiriam em um efeito dominó. A teoria do dominó foi usada por sucessivas administrações dos Estados Unidos durante a Guerra Fria para justificar a necessidade de intervenção americana em todo o mundo.

² Política de Contenção foi uma série de medidas políticas, econômicas, culturais e militares tomadas por sucessivos governos norte-americanos com o objetivo de conter a expansão do comunismo.


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Bibliografia

  • COCKBURN, Patrick. Chaos and Caliphate. The Jihad struggle for the Middle East. New York: London: OR Books, 2016.
  • DUROSELLE. Jean-Baptista. Todo Império perecerá. Teoria das Relações Internacionais.
  • KEEGAN, John. A Guerra do Iraque. Rio de Janeiro: Bibliex, 2005.
  • KENNEDY, Paul. Ascensão e queda das grandes potências. Transformação econômica e conflito militar de 1500 a 2000. Rio de Janeiro: Campus, 1989. Brasília: Editora UnB; São Paulo: Imprensa Oficial do Estado, 2000.
  • WEISS, Michael; HASSAN, Hassan. Estado islâmico: desvendando o Exército do Terror. São Paulo: Seoman, 2015.
  • WEST, Andrew; McNAH. História da Guerra do Vietnã. São Paulo:  M. Brokks do Brasil Editora Ltda: 2016.
  • WESTON, John Kael. The Mirror Test: America at War in Iraq and Afghanistan. New York: Peguin Random House, 2016.

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Professor de História formado pela UGF. Mestrado e Doutorado em História pela UFRJ. Autor de artigos sobre História Militar e Geopolítica.

1 comentário em “Os Estados Unidos e os conflitos com o Vietnã, Afeganistão e Iraque: uma perspectiva comparada”

  1. Parabéns pelo Hercúleo trabalho. Afora a ”inocência” de não perceber que as tropas estadunidenses não enfrentavam o Estado Islâmico, antes os deixavam ao bel-prazer, na Síria principalmente, uma excelente coletânea e análise dos três momentos, nos quais os Estados Unidos nos mostram que apenas uma guerra foi ganha por eles de verdade (com a ajuda da China e demais países ocupados na Ásia e Oceania; também sabemos quem chegou primeiro a Berlim/45), contra um arquipélago sem petróleo e sem ferro (as sanções estadunidenses quanto à venda desses produtos começou muito antes de Pearl Harbor, que aliás, todos sabemos que foi apenas um chamariz para o início da Guerra do Pacífico). Por favor, nem contemos as disputas com a Espanha escangalhada, o México descadeirado e as nações indígenas (um verdadeiro massacre) norte-americanas. Hercúleo e de se tirar o chapéu é o meu comentário sobre o artigo acima!

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