A Batalha de Inchon. Parte I: a conquista de Inchon e a libertação de Seul

de

Prof. Dr. Ricardo Pereira Cabral

Introdução

No dia de 25 de junho de 1950, as Forças Armadas norte-coreanas invadiram a Coreia do Sul. Após dois meses de operação o Exército sul-coreano e forças norte-americanas recuaram e conseguiram estabelecer uma linha defensiva conhecida como Perímetro de Pusan.

Em 27 de junho de 1950, o Conselho de Segurança da ONU publicou a Resolução 83 recomendando que os Estados membros prestassem assistência militar à República da Coreia. O Conselho de Segurança da ONU autorizou a organização uma coalizão de 16 países para organizar uma Força multinacional para restabelecer a sua soberania sul-coreana.

Harry Truman, presidente dos Estados Unidos, ordenou que as forças armadas norte-americans ajudassem a Coreia do Sul. Um número significativo de tropas norte-americanas estavam estacionadas no Japão.

A Ofensiva norte-americana e aliados

Entre os dias 16 de setembro a 2 de novembro de 1950, após um ataque surpresa da Coreia do Norte, ocorrido em 25 de junho de 1950, o VIII Exército norte-americano comandado pelo tenente-general Walton H. Walker travou uma série de batalhas para deter a invasão do exército norte-coreano antes de finalmente conseguir estabelecer uma linha defensiva para proteger a estratégica cidade de Pusan, na costa sudeste da península coreana.

Em agosto, o perímetro de Pusan estendia-se cerca de cento e sessenta quilômetros ao norte ao longo da margem oeste do rio Naktong, a oeste de Pusan e a leste perto de Naktong-ni, cerca de cento e trinta quilômetros até a costa acima de P’ohang-dong. À medida que a luta prosseguia ao longo do perímetro, mais forças norte-americanas entravam na Coréia para conter o avanço norte-coreano.

Desde os primeiros dias do ataque norte-coreano, o General Douglas MacArthur, Comandante-em-Chefe do Comando das Nações Unidas (ONU), percebeu que quanto mais profundamente o Exército Popular da Coreia do Norte (EPCN) penetrava na Coreia do Sul, mais vulnerável ele se tornava a um envolvimento anfíbio à sua retaguarda.

Na Segunda Guerra Mundial, depois de Bataan, todas as campanhas que MacArthur tinha liderado no Sudoeste do Pacífico começaram com operações anfíbias. Tais operações aproveitaram o controle do mar norte-americano e a fragilidade do inimigo em sua retaguarda.

Cenário Estratégico

No momento em que as primeiras unidades do Exército dos EUA chegaram à Coréia, o Estado-Maior de MacArthur começou a planejar o ataque anfíbio atrás das linhas norte-coreanas. O melhor local era Inchon, um porto do Mar Amarelo na metade da costa oeste da Coreia. A leste ficava a capital Seul, para onde convergiam as principais estradas e ferrovias.

MacArthur planejou a operação de modos que uma força desembarcando em Inchon e se movendo para o interior percorria apenas uma curta distância para cortar as principais rotas de abastecimento do EPCN. Uma consideração secundária, mas significativa, foi a importância psicológica de Seul como a capital tradicional de toda a Coreia e a possibilidade de serem cercados.

MacArthur acreditava que um desembarque em Inchon, combinado com o avanço do VIII Exército para o norte, enfraqueceria a ofensiva inimiga. Como resultado, o inimigo seria isolado ou forçado a fazer uma retirada pelas montanhas mais a leste.

A natureza e a localização do desembarque anfíbio ditavam que fosse dirigido por um QG tático separado do VIII Exército. Para isso no final, MacArthur criou o QG do X Corpo com membros de seu próprio EM e nomeou o major-general Edward M. Almond, seu chefe de EM, como comandante. O X Corpo foi ativado em 26 de agosto de 1950 como um comando diretamente subordinado ao Comando do Extremo Oriente.

Embora pressionado para atender aos requisitos de tropas do VIII Exército, MacArthur conseguiu formar uma força de assalto composta de duas divisões, a 7ª Divisão de Infantaria e a 1ª Divisão de Fuzileiros Navais. No Japão, desempenhando funções de força de ocupação, a 7ª Divisão contribuiu com pessoal para as 24ª e 25ª Divisões de Infantaria e 1ª Divisão de Cavalaria. Enquanto essas tropas embarcavam para a Coréia, MacArthur reconstruiu a divisão extremamente fraca, dando-lhe alta prioridade nas substituições dos Estados Unidos e designando-lhe 8.600 recrutas sul-coreanos, conhecidos como KATUSAs (Korean Augmentation To the United States Army ) como ficou conhecido o Programa para o Aumento coreano para o Exército dos Estados Unidos. A 1ª Divisão de Fuzileiros Navais vinda dos Estados Unidos foi reforçada com a 1ª Brigada Provisória de Fuzileiros Navais do Perímetro de Pusan e por um regimento do Corpo de Fuzileiros Navais da República da Coreia. Com essas duas divisões, junto com artilharia, engenharia e outros elementos de apoio, o X Corpo faria o desembarque em Inchon. Com exceção do 17º Regimento de Infantaria sul-coreano, que foi transferido do VIII Exército para o X Corpo, nenhum reforço estava disponível.

A Marinha considerava que as variações extremas das marés do Mar Amarelo, às vezes de até nove metros, e o canal estreito que se aproxima do porto trazia grandes riscos para a navegação e para o sucesso da operação. O Estado-Maior Conjunto (EMC) via perigo em desembarcar os fuzileiros no meio de uma área construída e em ter que escalar paredões altos para chegar à costa. O EMC estava preocupado com o fato de MacArthur estar comprometendo suas últimas reservas em um momento em que não havia mais unidades disponíveis nos Estados Unidos para serem enviadas para o Extremo Oriente. Em 1º de setembro, 4 divisões da Guarda Nacional haviam sido federalizadas, mas nenhuma ainda estava pronta para o combate. Embora o recrutamento e as convocações de membros do Corpo de Reserva estivessem aumentando substancialmente o tamanho do Exército, eles não ofereciam a MacArthur nenhuma perspectiva de reforço imediato. Se o assalto anfíbio encontrasse forte oposição, não haviam reforços para serem enviados. No entanto, MacArthur estava disposto a correr riscos. Diante das incertezas, sua decisão foi de pura ousadia.

Operações

À medida que o dia D para o assalto anfíbio em Inchon se aproximava, o General Walker organiza suas forças para o avanço em direção ao perímetro de Pusan. Walker tinha sob seu comando direto a 2ª e a 25ª Divisões de Infantaria e o I Corpo. Subordinados ao I Corpo estavam a 24ª Divisão de Infantaria e a 1ª Divisão de Cavalaria, a 5ª Equipe de Combate Regimental (Regimental Combat Team), formado a partir da 5ª Divisão de Infantaria, a 27ª Brigada de Infantaria britânica e tropas de apoio.

Em 17 de julho de 1950, MacArthur informou a Walker que todas as forças terrestres sul-coreanas seriam colocadas sob seu comando, de acordo com o desejo expresso do presidente sul-coreano Syngman Rhee.

Walker planejou que as forças do I Corpo saíssem do centro do perímetro perto de Waegwan, com o esforço principal direcionado para o norte ao longo do eixo Taegu-Kumch’on-Taejon-Suwon. Inicialmente, a 5ª RCT e a 1ª Divisão de Cavalaria tomariam uma cabeça de ponte sobre o rio Naktong perto de Waegwan, permitindo que a 24ª Divisão de Infantaria avançasse em direção a Kumch’on e Taejon. A 1ª Divisão de Cavalaria seguiria, protegendo a retaguarda e as linhas de comunicação da divisão de ataque. Simultaneamente, a 2ª e a 25ª Divisão de Inafantaria no flanco esquerdo do VIII Exército e o I e II Corpos sul-coreanos no leste e no flanco direito atacariam e fixariam as tropas inimigas em suas zonas, explorando qualquer avanço local.

O plano teve alguns problemas. Para complementar a missão Naktong do 5º RCT, Walker queria que a 2ª e a 24ª Divisões vadeassem o rio abaixo de Waegwan e a 1ª Divisão sul-coreana a parte acima da cidade. No entanto, o plano de múltiplas travessias estava repleto de dificuldades, principalmente porque o VIII Exército carecia de unidades de engenharia, botes, pontes e equipamento de lançamento de ponte para ataques simultâneos no rio. Na verdade, ele tinha equipamento suficiente para apenas duas pontes flutuantes sobre o Naktong.

Além disso, Walker foi incapaz de concentrar uma grande força no centro do perímetro de Pusan para a ofensiva. Os ataques das unidades norte-corenas imobilizaram todas as divisões sob o comando de Walker. Só na véspera da ofensiva, Walker conseguiu mover uma divisão em incrementos do leste para o centro do perímetro.

Essencialmente, a ofensiva do VIII Exército constituiu mais um ataque de contenção, permitindo que o X Corpo fizesse o esforço principal. As forças de Walker precisariam então se unir rapidamente ao X Corpo para isolar um grande corpo de norte-coreano na parte sudoeste da península. Walker antecipou que a notícia do desembarque de Inchon teria um efeito desmoralizante sobre os norte-coreanos, ao mesmo tempo em que animava suas tropas. Por esse motivo, ele solicitou que o VIII Exército atrasasse seu ataque até o dia seguinte ao desembarque de Inchon.

https://history.army.mil/brochures/kw-unoff/unoff.htm

O assalto anfíbio em Inchon

A invasão de Inchon, codinome Operação Chromite, começou na manhã de 15 de setembro de 1950, com o objetivo de capturar Inchon e depois libertar Seul, capital da Coreia do Sul. A força de invasão do X Corpo, tinha um efetivo de aproximadamente setenta mil homens, chegou das praias de desembarque 240 km atrás das linhas inimigas. A fase inicial exigia a conquista da Ilha fortificada de Wolmi-do que protegia o porto de Inchon. A força de assalto, composta pelo 3º Batalhão, do 5º Regimento dos Fuzileiros Navais, da 1ª Divisão de Fuzileiros Navais e um pelotão com nove tanques M26 da Companhia A, 1º Batalhão de Tanques dos Fuzileiros Navais, assaltou a ilha por volta das 06:30 h e moveu-se rapidamente para o interior encontrando pouca resistência. Em poucos minutos, mais tropas desembarcaram e se moveram pela ilha para fechar a passagem que levava a Inchon. A conquista de Wolmi-do continuou de forma sistemática e foi concluída por volta das 8 h. Os fuzileiros navais tiveram 17 feridos, enquanto que os norte-coreanos tiveram 108 mortos e 136 capturados.

A inteligência pré-invasão sobre a Ilha Wolmi-do provou ser precisa. Os prisioneiros inimigos eram cerca de quatrocentos soldados do 3º Batalhão, do 226º Regimento de Fuzileiros Independentes, e algumas tropas de artilharia do 918º Regimento de Artilharia.

Embora a luta inicial tenha corrido bem, a batalha estava longe de terminar. Após a captura de Wolmi-do, prevaleceu um período de ansiedade quando a maré começou a baixar, interrompendo as operações de desembarque até o final da tarde. Embora os norte-coreanos estivessem totalmente alertados, não reagiram, pois tinham poucas tropas na região.

Além disso, aeronaves norte-americanas e artilharia naval cobriram o campo durante o dia, isolando o porto com fogos a uma distância de 40 km no entorno de Inchon. No final da tarde, as tropas de assalto do 1º e 5º Regimento de Fuzileiros Navais dirigiram-se para áreas de desembarque separadas, designadas Praias Vermelha e Azul, na costa de Inchon.

https://warfarehistorynetwork.com/article/macarthurs-brilliant-landing-at-inchon-korea/

A primeira onda do 5º Regimento de Fuzileiros Navais chegou a Praia Vermelha por volta das 17:30 h. A maioria dos homens teve que escalar o paredão com escadas de escalada e por outros meios. Os dois objetivos, as colinas Cemetery e Observatory estavam bem à frente da força de assalto. No flanco esquerdo da área de assalto, ocorreu um intenso tiroteio, quando um pelotão de fuzileiros encontrou soldados norte-coreanos entrincheirados e um bunker logo além do paredão. Apesar da resistência, a Colina Cemetery foi tomada apenas vinte minutos após o desembarque, com muitos de seus defensores depondo suas armas e se rendendo. Por volta da meia-noite, outros elementos dos fuzileiros navias abriram caminho até o topo da Colina Observatory. Enquanto isso, a primeira onda do 1º Regimento de Fuzileiros Navais atingiu Blue Beach (Praia Azul) por volta das 17:30 h e a maioria dos homens também teve que escalar um paredão alto que defrontava a área. Lutando noite adentro, a força de assalto alcançou seus objetivos finais do dia D por volta das 01:30 h, do 16 de setembro. As baixas dos fuzileiros navais nesta parte do assalto anfíbio foram 20 homens mortos, 174 feridos e 1 desaparecido em ação.

O desembarque de Inchon foi uma completa surpresa para os norte-coreanos. Consistente com as estimativas pré-invasão, os prisioneiros inimigos relataram que a guarnição de Inchon era cerca de dois mil homens. Como reforços da guarnição, elementos do 22º Regimento haviam sido transferidos para Inchon antes do amanhecer do dia 15 de setembro, mas recuaram para Seul após o desembarque principal naquela noite. As posições defensivas preparadas eram mínimas e a resistência descoordenada.

Na manhã de 16 de setembro de 1950, o 1º e o 5º Regimento de Fuzileiros Navais uniram forças e avançavam rapidamente encontrando uma resistência leve. À noite, eles alcançaram uma linha de cabeça de praia pré-estabelecida a cerca de 10 km para o interior da área de desembarque. A linha, que incluía o porto e também o terreno elevado a leste de Inchon, era profunda o suficiente para impedir o fogo de artilharia inimiga nas áreas de desembarque e serviu de base para tomar o aeródromo de Kimpo, o próximo objetivo, a meio caminho entre Inchon e Seul.

Por volta de 18 h, de 17 de setembro, o 5º Regimento de Fuzileiros Navais alcançou a borda do campo de aviação tomando a parte sul nas duas horas seguintes. Os  defensores do aeródromo, valor batalhão, pareceram surpresos e foram facilmente desalojados. Vários contra-ataques de valor companhia atingiram as posições do perímetro do campo de aviação durante a noite, mas os norte-coreanos foram repelidos, sofrendo pesadas baixas e finalmente fugindo para o noroeste. O Comando das Nações Unidas ganhou sua primeira base aérea terrestre ao norte da região de Pusan, o que facilitou muito sua capacidade de apoiar não apenas o ataque a Seul, mas também as operações de interdição em toda a Coreia do Sul.

A essa altura, os elementos restantes do X Corpo haviam chegado para se juntar à batalha por Seul. Em 16 de setembro, os navios que transportavam a 7ª Divisão de Infataria vindos do Japão chegaram ao porto de Inchon. O general Almond queria que as tropas desembarcassem o mais rápido possível para cobrir a área ao sul de Seul antes que quaisquer unidades norte-coreanas que pudessem ter sido enviadas para o norte da região de Pusan. Na madrugada do dia 18 de setembro, o 2º Batalhão do 32º Regimento de Infantaria da 7ª Divisão, desembarcou no final do dia. Na manhã seguinte, o 2º Batalhão avançou para substituir o 2º Batalhão do 1º Regimento de Fuzileiros Navais da 1ª Divisão de Fuzileiros Navais, que ocupava posições no flanco direito ao sul da rodovia de Seul. Enquanto isso, o 31ª Regimento de Infantaria da 7ª Divisão desembarcou em Inchon. A responsabilidade pela zona ao sul da rodovia de Seul passou para a 7ª Divisão às 18 h do dia 19 de setembro.

A batalha por Seul

Com Inchon e seu porto garantidos, o X Corpo agora enfrentava a difícil tarefa de retomar Seul, a capital da Coréia do Sul. Seul, ficava a cerca de 40 km a leste, e havia sido reforçada, após o desembarque de Inchon e agora mantida por mais de vinte mil soldados norte-coreanos. Protegendo Seul ao sul e sudoeste estava o rio Han. A cidade foi fortemente danificada e representava um obstáculo formidável, com inúmeras barricadas de rua e posições nas colinas dominando seus acessos. O ataque à cidade seria de certa forma auxiliado pela recaptura do aeródromo de Kimpo e seu subsequente uso por aeronaves norte-americanas em apoio aéreo aproximado. Mas as indicações eram de que a batalha pela cidade seria muito maior do que a ação em Inchon e o avanço para o rio Han.

Enquanto o 1º Regimento de Fuzileiros Navais abria caminho para o leste ao longo da rodovia Inchon-Seul até Yongdungp’o, cerca de uma 2,5 km a oeste de Seul, no lado sul do rio Han, a 7ª Divisão protegeu o flanco direito dos marines e enfrentou forças norte-coreanas se movendo em direção à área de batalha do sul. Buscando cortar a rodovia Seul-Suwon, a 32ª RI atacou a sudeste em direção a Anyang-ni, cerca de 8 km ao sul de Yongdungp’o e continuou progredindo até que em 20 de setembro, seu avanço foi interrompido por um extenso campo minado. A explosão de minas danificou três tanques da Companhia A, do 73º Batalhão de Tanques, bloqueando completamente a estreita estrada de terra que a coluna seguia. Depois que os engenheiros removeram mais de cento e cinquenta minas, o 32º RI retomou seu avanço em direção a Anyang-ni, capturando a montanha Tongdok e parte da Colina da Mina de Cobre.

Em 20 de setembro, o 32ª RI resto da Colina da Mina de Cobre e no dia seguinte capturou o terreno elevado a nordeste de Anyang-ni. Quando a noite caiu, o seu 3º Batalhão manteve posições de bloqueio na rodovia Suwon, a cerca de 3 km ao sul de Anyang-ni, enquanto que o 1º Batalhão na estrada leste e no terreno elevado a nordeste da cidade. Nesse ínterim, a cerca de 11 km a nordeste de Anyang-ni, nas proximidades da colina 290, as forças norte-coreanas emboscaram o pelotão líder da Companhia B, do 1º Batalhão, e o desorganizaram seriamente. Perseguida de perto pelo inimigo, a companhia recuou cerca de 3 km para o sul em direção às linhas do 1º Batalhão e deteve a força norte-coreana. No dia 23, o 1º Batalhão retomou a ofensiva, tomando a Colina 290. Situada a cerca de 5 km abaixo do rio Han e 11 km a sudeste de Yongdungp’o, a Colina 290 dominava os acessos ao sul do Han e de Seul.

Em 22 de setembro teve início a operação para reconquistar Seul. O flanco sul do X Corpo estava sendo protegido pela 7ª Divisão e a linha defensiva norte-coreana no lado oeste de Seul foi fixada firmemente ao norte na Colina 296, ao sul da rodovia Kaesong e a oeste da Prisão Sodaemun, em Seul. A linha norte-coreana curvava-se a partir do topo da colina 296 em uma suave varredura em meia-lua para o leste e para o sul, descendo os cumes do esporão cerca de 4 km até o rio Han, o lado côncavo voltado para o oeste em direção às tropas da ONU. As três colinas, conhecidas como Colinas 105 Norte, Centro e Sul, formavam a maior parte dessa cordilheira irregular. As colinas 105 Centro e 105 Sul, através das quais a principal linha ferroviária e rodoviária Pusan-Manchuria corria para Seul, dominavam completamente a área e continham uma variedade de fortificações de campo. A cerca de 3 km a leste dessas posições, no centro da cidade, ficavam a Casa do Governo e a principal estação ferroviária.

A principal unidade norte-coreana que comandava esta linha era a 25ª Brigada de Infantaria. Formado um mês antes em Ch’orwon, havia começado a se desdobrar no dia do desembarque em Inchon, com a maior parte da unidade chegando à Seul em 19 de setembro. A brigada contava com cerca de 2.500 homens e provavelmente consistia em dois batalhões de infantaria, quatro batalhões de metralhadoras pesadas, um batalhão de engenheiros, um batalhão de artilharia 76 mm, um batalhão de morteiros 120 mm e unidades de serviço. Junto com o 78º Regimento Independente, defendeu as cristas militares e topográficas. As encostas continham posições defensivas que consistinham de trincheiras, que ofereciam proteção contra armas de tiro tenso e cavernas fortificadas onde os norte-coreanos armazenavam suprimentos. Mais 50 ninhos de metralhadoras pesadas, com campos de tiro interligados, pontilhavam essas encostas.

A partir de 22 de setembro, o 5º Regimento de Fuzileiros Navais travou uma série de duras batalhas enquanto tentava expulsar os norte-coreanos das posições a oeste de Seul. O 5º RFN logo se juntou a dois outros regimentos, conforme planejado, mas a obstinada defesa norte-coreana começou a preocupar os comandantes norte-americanos.

No dia seguinte, o general Almond expressou ao major-general Oliver P. Smith comandante da 1ª Divisão de Fuzileiros Navais, sua insatisfação com o ritmo lento do progresso dos fuzileiros navais, dando-lhe vinte e quatro horas para ganhar terreno. Caso contrário, Almond disse a Smith que mudaria os limites da divisão e traria o 32º RI da 7ª Divisão para a batalha para envolver as defesas inimigas do sul.

Na manhã de 24 de setembro, os norte-coreanos ainda continham os fuzileiros navais a oeste de Seul. Depois de conferenciar com o comandante da 7ª Divisão, major-general David G. Barr, Almond mudou os limites entre as unidades de Barr e Smith. Na manhã seguinte, as forças de Barr atacariam através do rio Han na parte sudeste de Seul.

Para apoiar a travessia da 7ª Divisão, o X Corpo reforçou Barr com o 1º Batalhão de Blindados Anfíbios dos Fuzileiros Navais (menos uma companhia), dois pelotões da Companhia A, o 56º Batalhão de Tanques Anfíbios, o 1º Batalhão de Blindados Anfíbios o 17º Regimento sul-coreano. O 32º RI lideraria o ataque, com a travessia ocorrendo por balsas em Sinsa-ri a cerca de 5 km a leste das principais pontes ferroviárias e rodoviárias sobre o rio Han. A principal linha ferroviária e a rodovia no lado leste da cidade passavam cerca de um quilômetro além da base norte da Montanha Sul (Nam-san), seus 275 m tornando-o o ponto mais alto de Seul.

Para a travessia, o 32º RI tinha uma força de mais de 4.900 soldados, dos quais pouco mais de 1.800 eram sul-coreanos. Sua missão era tripla: tomar e proteger a Montanha Sul; proteger a Colina 120, situada cerca de 3 km a sudeste de Seul; tomar e manter a colina 348, a cerca de 8 km a leste da cidade.

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Na manhã do dia 25 de setembro, quando o 48º Batalhão de Artilharia de Campanha começou a fazer a preparação de artilharia de trinta minutos. Logo os morteiros pesados se juntaram para martelar os penhascos que margeavam o lado oposto do rio. Às 6:30 h, sob a cobertura de neblina terrestre, o 2º Batalhão do 32º RI cruzou o rio Han. Ao chegar ao outro lado, os soldados correram pela estreita margem do rio e escalaram os penhascos de 10 a 20 metros. A travessia do rio aparentemente surpreendeu os norte-coreanos, cujas defesas eram rudimentares. Os norte-americanos encontraram apenas resistência moderada quando alcançaram e ultrapassaram o cume da Montanha Sul às 15 h.

Enquanto isso, o 1º Batalhão do 32º RI cruzou o Han às 8:30 h e se moveu para o leste ao longo da margem do rio em direção à Colina 120. O 3º Batalhão fez seu caminho para o outro lado do rio pouco depois do meio-dia, passou pelas fileiras do 1º Batalhão e assumiu posições na própria Colina 120. O 17º RI sul-coreano seguiu imediatamente atrás do 3º Batalhão e moveu-se mais a leste para o flanco direito da 32º RI onde por volta das 22 h iniciou um ataque noturno contra a Colina 348.

Ocupando um perímetro apertado no topo da Montanha Sul, os soldados do 2º Batalhão esperaram silenciosamente, mas tensos durante toda a noite pelo contra-ataque do inimigo. As primeiras horas da manhã passaram lentamente, quase sem um som. Finalmente, às 5 h de 26 de setembro, uma força norte-coreana de aproximadamente mil homens atacou a Companhia G na saliência oeste mais alta da montanha e a Companhia F na saliência leste inferior. A Companhia G manteve sua posição, mas a Companhia F foi invadida. Após mais duas horas de combate, os norte-americanos restauraram suas posições e forçaram os norte-coreanos a recuar pelas encostas.

Na mesma manhã, o 1º Batalhão, a leste, também se viu fortemente engajado, enquanto o 3º Batalhão se movia da Colina 120 para a Colina 348. No caminho, o 1º Tenente Harry J. McCaffrey, Jr., comandante da  Companhia L, do 3º BI observou uma grande coluna inimiga na rodovia saindo de Seul. Aproveitando a oportunidade, McCaffrey ordenou que seus homens atacassem. De surpresa, os soldados destruíram ou capturaram cinco tanques, mais de quarenta outros veículos, três peças de artilharia e sete metralhadoras, além de apreender dois depósitos de munição, roupas e outros suprimentos. Cerca de 500 soldados norte-coreanos, possivelmente membros do quartel-general do corpo, foram mortos durante a batalha. Analistas norte-americanos acreditavam que os mortos constituíam o principal comando norte-coreano defendendo Seul.

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Em 25 de setembro, durante o ataque da 32º RI na Montanha Sul, os fuzileiros navais derrubaram as defesas da colina no lado oeste de Seul e entraram em Seul. Diante da situação geral do combate, o comandante da 18ª Divisão norte-coreana havia decidido que a batalha estava perdida e começou a retirar sua unidade, que lutava na área de Yongdungp’o ao sul do rio Han. Para cobrir a retirada da divisão para o norte, os norte-coreanos lançaram contra-ataques desesperados em todos os pontos do avanço do X Corpo para a cidade. Os combates nas ruas ocorreram durante todo o dia 26. Com snipers (franco-atiradores) atirando de casas e defensores montando barricadas, cada quarteirão da cidade se tornou um pequeno campo de batalha. Ao anoitecer, os soldados do X Corpo controlavam aproximadamente metade de Seul.

Neste mesmo dia 26 de setembro de 1950, o General MacArthur havia anunciado em um despacho que Seul havia sido completamente envolvida e mantida pelo 17º RI sul-coreano e elementos da 7ª Divisão de Infantaria e da 1ª Divisão de Fuzileiros Navais norte-americanos. Os combates ocorreram nas ruas durante todo o dia 27. Os defensores no centro de Seul construíram barricadas nas ruas, de onde dispararam canhões antitanque e metralhadoras. Ataques de foguetes e metralhadoras de aeronaves da Marinha e dos Fuzileiros Navais dos EUA, ataques de morteiros e fogo de tanques foram usados para reduzir as barricadas. Em alguns casos, uma única barricada impedia o avanço de um batalhão em até uma hora. Durante a noite, os últimos defensores, exceto atiradores e retardatários, finalmente se retiraram da cidade e toda a resistência inimiga terminou no dia seguinte.

Em 29 de setembro, em uma breve cerimônia, o general MacArthur devolveu o controle de Seul ao presidente Rhee.

A vitória conquistada em Inchon e Seul não foi sem custo. As baixas do X Corpo totalizaram cerca de 3.500. A 7ª Divisão teve 106 mortos, 409 feridos e 57 desaparecidos em ação (esses totais incluíram 166 KATUSAs), e seu 32º Regimento de Infantaria sozinho teve 66 mortos, 272 feridos e 47 desaparecidos. A 1ª Divisão de Fuzileiros Navais sofreu as maiores baixas: 364 mortos, 1.961 feridos e 5 desaparecidos em ação. As baixas inimigas foram estimadas em torno de 14 mil mortos e 7 mil prisioneiros de guerra.

Fuga e Perseguição

No sul, a linha de batalha do VIII Exército, em seu ponto mais próximo, estava a cerca de 290 km por via aérea da área de desembarque do X Corpo na retaguarda inimiga. As sinuosas estradas montanhosas que se estendiam à frente do exército aumentavam ainda mais essa distância. Após um início lento a distância foi rapidamente percorrida quando as forças norte-americanas se uniram ao sul de Seul.

Enquanto o X Corpo assegurava Inchon em 16 de setembro, o VIII Exército saiu do perímetro de Pusan. O VIII Exército começou seu ataque às 9 h. A ofensiva, porém, não foi simultânea como planejada, muitas unidades do VIII Exército ainda estavam repelindo ataques inimigos. O ímpeto do ataque cresceu lentamente diante da forte resistência inimiga, centrada em várias colinas que controlavam as principais avenidas de avanço do VIII Exército para o norte.

Ao sul de Waegwan, a colina 268 representava um ponto crítico do terreno, pois a rodovia principal corria ao longo da margem leste do rio Naktong. A 3ª Divisão de Infantaria norte-coreana apoiada por tanques defendia o sul da estrada Waegwan-Taegu. A colina era importante taticamente por causa de uma lacuna na linha norte-coreana ao sul. A 27ª Brigada britânica ocupou posições de bloqueio no lado inferior dessa lacuna, logo acima das fortes forças da 10ª Divisão norte-coreana.

Em 19 de setembro, movendo-se ao longo da margem leste do Naktong, o 5ª RCT (Regimental Combat Team) da 1ª Divisão de Cavalaria, iniciou um ataque contra a Colina 268. Após um árduo dia de luta, o 5º RCT conquistou a colina, exceto por sua vertente nordeste. Ao cair da noite, o 3º Batalhão do 5º RCT estava na colina, o 1º Batalhão avançava para noroeste em direção a outra posição inimiga. Já o 2º Batalhão havia capturado a Colina 121, cerca de 2,5 km ao norte da Colina 268 e 1,5 km antes de Waegwan.

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A batalha pela Colina 268 continuou na manhã seguinte, quando mais de duzentos soldados norte-coreanos em bunkers cobertos de toras lutaram contra o 3º Batalhão. Três ataques de caças Mustang F-51 da Força Aérea dos EUA lançaram napalm, dispararam foguetes e metralharam os bunkers inimigos. Após os ataques aéreos, o 5ª RCT voltou a atacar os bunkers, onde, em muitos casos, os norte-coreanos lutaram até o último homem. Ao meio-dia, o 5º RCT controlava completamente a colina 268.

Com a perda dessas posições-chave, as defesas da 3ª Divisão de Infantaria norte-coreana em torno de Waegwan se separaram e suas tropas começaram a se retirar em desordem através do Naktong. Observadores aéreos estimaram que cerca de mil e quinhentos norte-coreanos cruzaram para o lado oeste do Naktong logo acima de Waegwan.

As estradas ao norte de Seul estavam lotadas de soldados norte-coreanos. Em 19 de setembro, o 2º Batalhão do 5º RCT atravessou o rio Naktong, tomou Waegwan, ultrapassou a cidade até a encosta sudoeste da Colina 303 e garantiu a colina no dia seguinte. Em 21 de setembro, a tarde, todo o 5º RCT estava do outro lado do Naktong. Em um período de cinco dias, o 5º RCT havia esmagado o flanco direito da 3ª DI norte-coreana e parte de seu centro. As posições avançadas norte-coreanas na estrada para Taegu, onde o 5º RCT da 1ª Divisão de Cavalaria entrou na batalha, tornaram-se assim indefensáveis e cairam pela manobra.

A situação no entorno de Pusan

Em 16 de setembro, ao longo de sua linha defensiva nas bordas ocidentais do perímetro de Pusan, a 25ª Divisão Infataria norte-americana ainda lutava contra as 6ª e 7ª Divisões de Infantaria norte-coreana. O inimigo parecia mais forte do que nunca nas alturas das montanhas Batalha, P’il-bong e Sobuk-san. A 24ª Divisão de Infantaria norte-americana, posicionada no centro, enfrentou ataques diários do inimigo. A 27ª Divisão de Infantaria norte-americana estava à sua esquerda e a 35ª Divisão de Infantaria norte-americana à sua direita, na estrada leste-oeste Masan-Chinju. Para conter a ofensiva do Exército norte-coreano, o major-general William B. Kean, comandante da 25ª Divisão, reuniu uma força-tarefa (FT) valor batalhão para atacar as alturas controladas pelo inimigo nas montanhas Batalha e P’il-bong. O ataque foi fortemente apoiada pelo fogo dos 8º e 90º Batalhões de Artilharia de Campanha e por numerosos ataques aéreos, a força-tarefa atacou essas posições repetidamente nos dias 17 e 18. No entanto, o fogo de armas automáticas de posições norte-coreanas conseguiu repelir os ataques da FT, que sofreu pesadas baixas. A Companhia A, da 27ª DI sofreu 57 baixas em um período de vinte e quatro horas.

Em 16 de setembro, no setor do I Corpo sul-coreano, elementos da Divisão Capital sul-coreana abriram caminho pelas ruas de An’gang-ni. Em 17 de setembro,avançando do oeste no setor II Corpo sul-coreano, um batalhão da 7ª DI sul-coreana fez a ligação com elementos da Divisão Capital sul-coreana, fechando a lacuna entre o I e II Corpo sul-coreanos. A 12ª Divisão de Infantaria norte-coreana empreendeu uma série de ataques de retardamento contra a Divisão Capital sul-coreana nas proximidades de Kigye, enquanto os norte-coreanos recuavam para o norte nas montanhas. Em 22 de setembro Kigye sob o controle sul-coreano.

No dia 18 de setembro, depois de não conseguir expulsar o inimigo das colinas o major-general William B. Kean, comandante da 25ª Divisão, dissolveu a força-tarefa. Na manhã seguinte, ele descobriu que os norte-coreanos haviam abandonado suas posições no topo da montanha Batalha durante a noite, e o 1º Batalhão, da 24ª DI avançou e protegeu a área.

Em 19 de setembro, a 35ª DI norte-americana atacou o flanco direito, ou norte, encontrou resistência leve até atingir o terreno elevado na frente de Chungam-ni. Lá, em “buracos de aranha” habilmente escondidos, as tropas inimigas atiraram nos soldados do 1º Batalhão pela retaguarda. No dia seguinte, o 1º Batalhão capturou Chungam-ni, e o 2º Batalhão tomou a longa cordilheira que vai de Chungam-ni até o rio Nam. Ao sul, combates intensos no flanco esquerdo da 25ª DI mantiveram a 27ª DI ocupada enquanto tentava avançar.

No dia 21, a cerca de 5 km a sudoeste de Chungam-ni, a 35ª DI capturou o conhecido Notch e então moveu-se rapidamente cerca de 13 km para o oeste sem resistência para o terreno elevado na passagem de Chinju, apenas para ser bloqueada por elementos da 6ª Divisão norte-coreana que estavam protegendo a retirada da unidade através do rio Nam e através de Chinju, cerca de 10 km a oeste. Ao mesmo tempo, a 24ª DI no centro e a 27ª DI na esquerda avançavam, retardadas apenas pelo terreno acidentado. No final de setembro, a 25ª DI havia capturado o porto de Kunsan, na costa oeste.

No flanco direito do perímetro de Pusan, na região montanhosa, o II Corpo sul-coreano, os soldados da 6ª DI sul-coreana avançaram lentamente contra a 8ª DI norte-coreana. Após quatro dias de batalha, a 8ª DI foi destruída como força de combate, sofrendo cerca de quatro mil baixas, os sobreviventes debandaram em desordem para o norte em direção a Yech’on.

Em 21 de setembro, a 6ª DI sul-coreana, encontrando pouca oposição, avançou para o norte em direção a Uihung. Mais a leste, a 8ª DI sul-coreana encontrou pouca oposição da 15ª DI norte-coreana, que havia sido praticamente aniquilada.

Na vila portuária de P’ohang-dong, batalhas ferozes foram travadas entre a 3ª DI sul-coreana e a 5ª DI norte-coreana. As unidades sul-coreanas finalmente capturaram a aldeia durante a manhã do dia 20 de setembro. Eles continuaram a atacar agressivamente, forçando uma retirada desordenada do inimigo em direção a Yongdok.

Apesar das dificuldades de progressão devido ao terreno, as posições defensivas e a resistência norte-coreana, como MacArthur havia previsto, o exército norte-coreano fora isolado e estava em retirada.

Em 23 de setembro, a linha inimiga ao redor do perímetro de Pusan havia sido destruída. A unidades norte-coreanas no sul haviam se desintegrado como força combatente, enquanto alguns elementos escaparam para o norte e outros se tornaram guerrilheiros no sul. No fim, a maioria foi morta. A fuga do perímetro de Pusan custou ao VIII Exército 790 mortos e 3.544 feridos, que capturaram 23 mil soldados inimigos e muitos milhares mais foram mortos.

Conclusão

A maioria dos estudiosos militares considera a batalha de Inchon uma das operações militares mais decisivas na guerra moderna. Spencer C. Tucker, o historiador militar americano, descreveu as operações anfíbias em Incheon como “um sucesso brilhante, executado quase sem falhas”, que permaneceu “a única operação de combate em grande escala inequivocamente bem-sucedida dos EUA” nos 40 anos seguintes. Comentaristas descreveram a operação de Incheon como o “maior sucesso” de MacArthur e um exemplo de seu gênio militar.

No entanto, Russell Stolfi argumenta que o assalto anfíbio em si foi uma obra-prima estratégica, mas foi seguido por um avanço para Seul em batalha terrestre tão lenta e comedida que constituiu um desastre operacional, negando em grande parte do desembarque anfíbio bem-sucedido. Stolfi compara a operação Incheon-Seul dos militares dos EUA em 1950 com a ofensiva alemã no Báltico em 1941. As forças norte-americanas alcançaram uma obra-prima estratégica no assalto anfíbio de Incheon em setembro de 1950 e depois a negaram em grande parte por um avanço lento por 11 dias em Seul a apenas 32 km de distância.

Em contraste, na região do Báltico em 1941, as forças alemãs alcançaram a surpresa estratégica no primeiro dia de sua ofensiva e então, exibindo uma mentalidade inovadora, avançaram rapidamente, conquistando posições-chave e avançando quase 320 km em quatro dias.

O avanço americano foi caracterizado por ordens cautelosas e restritivas, preocupações com linhas de controle, reconhecimento limitado e postos de comando bem na retaguarda, enquanto os alemães posicionavam seus líderes o mais à frente possível, confiavam em ordens orais ou escritas curtas, reorganizavam grupos de combate para atender às circunstâncias imediatas e se engajar em um reconhecimento vigoroso.

Apesar dessas críticas, Incheon foi tomada em 24 horas com a perda de apenas algumas dezenas de soldados americanos e o General Walton Walker recusou-se a partir para a ofensiva no sudeste da Coreia do Sul, a menos que os desembarques de Incheon fossem bem-sucedidos, conforme mostrado na Ofensiva do Perímetro de Pusan essa abordagem conservadora teve como consequência a evasão de efetivos significativos das forças norte-coreanas.

Imagem de Destaque: https://history.army.mil/brochures/kw-unoff/unoff.htm

Fontes consultadas

https://history.army.mil/brochures/kw-unoff/unoff.htm

https://history.army.mil/books/korea/20-2-1/sn25.htm

https://smallwarsjournal.com/jrnl/art/operational-art-and-design-general-macarthur-and-battle-inchon

MacArthur’s Brilliant Landing at Inchon, Korea

https://en.wikipedia.org/wiki/Battle_of_Inchon

Professor de História formado pela UGF. Mestrado e Doutorado em História pela UFRJ. Autor de artigos sobre História Militar e Geopolítica.

1 comentário em “A Batalha de Inchon. Parte I: a conquista de Inchon e a libertação de Seul”

  1. O mais importante é que os comunistas saíram correndo com o rabo entre as pernas. Isto é ótimo e beneficiou muito a Coreia do Sul e boa parte do mundo. Covardes e canalhas. É o que eles sempre foram.

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