A guerra das sombras de Israel com o Irã

de

Profº. Dr. Ricardo Pereira Cabral e Prof. Esp. Pedro Silva Drummond

Introdução

Há mais de pelo menos uma década Israel vem travando uma guerra nas sombras contra a República Islâmica do Irã. O principal alvo de Jerusalém é o programa nuclear, ou seja, a capacidade iraniana de enriquecer o urânio acima de 90% que lhe permita construir armas nucleares, se não para atacar seus muitos inimigos regionais, mas para pelo menos dissuadi-los.

De antemão vamos esclarecer que essa guerra não declarada entre judeus e iranianos não se limita ao programa nuclear iraniano e nem é travada apenas no Irã. Ao ser atacado Teerã tem retaliado com frequência utilizando seus aliados regionais e os mais diversos meios.

O HMD vai debater esse assunto tão importante para a segurança internacional.

A Guerra nas Sombras e a luz do Dia

Segundo Dalia Dassa Kaye, da Foreign Affairs, Israel há muito deixou claro sua propensão a aplicar pressão militar para interromper os avanços na tecnologia nuclear, nos seus programas de drones e mísseis e as exportações de armas do Irã para os seus aliados regionais.

Em janeiro de 2023, a Hel HaAvir (Força Aérea) das Forças de Defesa de Israel realizaram um ataque contra grupos militantes pró-iranianos dentro da Síria que deixou o aeroporto internacional de Damasco fora de serviço. No desse mesmo mês, os iranianos acusaram Israel havia realizado um ataque com drones a uma instalação militar na cidade iraniana de Isfahan. Envolvido ou não, Israel se preparou para um ataque retaliatório do Irã, possivelmente contra alvos civis fora do país.

Em retaliação, o Irã lançou um ataque de drones contra um navio-tanque de propriedade de um empresário israelense no Mar da Arábia, segundo autoridades dos EUA. Em fins de fevereiro, a Hel HaAvir atacou oficiais iranianos reunidos em um bairro residencial em Damasco.

Essas agressões recíprocas estão dentro de um padrão de ataques não assumidos e retaliações entre Israel e o Irã. Esta Guerra nas Sombras não reconhece limites, nem territórios, não existem santuários ou regras.

Plano de Ação Conjunto Abrangente (Joint Comprehensive Plan of Action JCPOA)

Em 2013, durante as negociações entre a República Islâmica Irã e as potências ocidentais do Plano de Ação Conjunto Abrangente (Joint Comprehensive Plan of Action JCPOA), houve uma pausa nos ataques israelenses ao programa nuclear do Irã.

Em 2018, essa foi suspensa quando Donald Trump retirou os EUA do JCPOA, alegando que o Irã estava descumprindo os termos do acordo e estava enriquecendo urânio acima dos termos acordado. No entanto, durante o período de vigência do JCPOA, Israel continuou o que os analistas militares chamaram de “campanha entre guerras”, atacando as milícias apoiadas pelo Irã e carregamentos de armas iranianos através do Iraque e da Síria para grupos como o Hezbollah no Líbano.

https://www.nti.org/analysis/articles/joint-comprehensive-plan-action-new-standard-safeguards-agreements/

Durante a administração Trump (2017-2021) Israel deu início a uma série de operações mais ousadas que atingiram alvos nucleares e não nucleares dentro do próprio Irã.

Dalia Dassa Kaye  afirma que a maioria dos líderes israelenses comemorou as políticas de “pressão máxima” do governo Trump. Essa abordagem agressiva diminuiu no governo Joe Biden, que está buscando caminhos para reintroduzir a diplomacia para restabelecer o JCPOA com o Irã. No entanto, o contexto interno no Irã e o internacional evoluiu para um cenário bem mais instável, fazendo com que os riscos de escalada militar cresçam novamente.

Avaliação de Risco

Inicialmente, a administração Joe Biden focou na restauração do JCPOA. Diferente do contexto anterior, Tel Aviv não só não intensificou seus ataques às instalações nucleares do Irã, enquanto isso os Estados Unidos e seus parceiros se preparavam para retomar as negociações para o restabelecimento do JCPOA, apesar das evidências de que Teerã estava burlando o acordo.

Segundo Kaye a abordagem militar de Israel em relação ao Irã parecia controlável para Washington, talvez até uma maneira de encorajar os iranianos a retornar à mesa de negociações. Então os confrontos de Israel com o Irã passaram a ser vistos como uma característica comum da paisagem regional. Os riscos de retaliação pareciam administráveis, especialmente devido ao interesse iraniano em obter alívio das sanções por meio da diplomacia.

Na atual conjuntura, ao que parece, a diplomacia está sendo colocada de lado pelos EUA e seus parceiros europeus, bem como pelos iranianos….Teerã parece menos comprometida com a diplomacia, a medida que suas capacidades nucleares avançam apesar das sanções, que se mostraram ineficazes. Antes a dissuasão militar e os ataques israelenses era um complemento da diplomacia, uma forma de pressionar o Irã a negociar, mas na atual conjuntura está rapidamente se tornando a única estratégia do Ocidente.  

A instabilidade interna e mudanças na geopolítica regional e internacional no ano passado explicam essa mudança de atitude do governo iraniano. Na política interna, os protestos generalizados contra a repressão política do regime e a queda do padrão de vida provocaram instabilidade interna. Na geopolítica regional, a reaproximação com os Estados do Golfo e o fortalecimento das relações com os grupos políticos religiosos xiitas no entorno estratégico iraniano foram pontos positivos, contrabalançada pelo aumento dos atritos com os curdos e nas fronteiras com o Azerbaijão, Paquistão e o Afeganistão. No contexto internacional o colapso das negociações para restabelecer o JCPOA foi uma derrota para os moderados iranianos, por outro lado a aproximação com a China e o aprofundamento das relações com a Rússia foram pontos positivos e com bos perspectivas. Todos esses fatores contribuíram para a intensificação dos confrontos entre Israel e o Irã e aumentaram a possibilidade de envolvimento dos EUA, em um momento que Washington busca um maior distanciamento da dinâmica de segurança regional para se concentrar na região da Ásia-Pacífico. A posição norte-americana é difícil devido aos seus interesses políticos, econômicos e estratégico, materializados pela  presença de empresas, de tropas e  instalações militares na Arábia Saudita, Emirados Árabes, Bahrain, Qatar, Jordânia, Iraque e na Síria, como mostra o mapa abaixo.

https://www.heritage.org/military-strength/assessing-the-global-operating-environment/middle-east

Kaye  afirma  que “a aposta em Washington é que o confronto com o Irã pode ficar em baixo grau e que um conflito bilateral ou regional mais amplo pode ser evitado. Washington também acredita que a dissuasão é necessária para prevenir e retardar os avanços militares e nucleares de Teerã na ausência de diplomacia. O cálculo israelense predominante é que as vulnerabilidades domésticas e o isolamento regional do Irã, bem como as medidas coordenadas de dissuasão militar israelense e americana, limitarão as respostas do Irã. Mas o quadro geopolítico atual pode desafiar essas visões predominantes.”

O governo iraniano enfrenta uma grave crise política e social provocada pela morte de Mahsa Amini, uma jovem iraniana, sob custódia do governo em setembro. Embora o regime esteja em meio de uma repressão brutal – matando centenas de manifestantes, prendendo milhares e realizando execuções sumárias – as queixas contra a liderança da República Islâmica não arrefeceram. Este é o maior problema político do país, a falta de liberdade de expressão. Na análise de Kaye a deterioração das condições econômicas (?) e poucas perspectivas de reformas, favorecem a eclosão de uma nova onda de protestos aconteça.

No entanto, tais observações parecem que são mais informações deturpadas ou operações psicológicas do que um quadro real do contexto interno. O irã passou por crises internas semelhantes e encontrou saídas, além disso o regime se mostrou muito resiliente.

A aproximação com a China abre novas perspectivas econômicas. O crescimento econômico de 2022 foi de 5% e o país é a 12ª economia mundial. Com relação a diplomacia, pelo menos pelo lado iraniano, parece não estar completamente descartada, apenas não se fará nos termos do Ocidete, como demonstram essas duas reportagens da al Jazeera: https://www.aljazeera.com/program/inside-story/2023/3/5/is-a-new-nuclear-deal-with-iran-possible (5/3/2023) e https://www.aljazeera.com/program/inside-story/2023/3/5/is-a-new-nuclear-deal-with-iran-possible (4/3/2022). Com relação ao  JCPOA  existe um alto grau de ceticismo  na International Atomic Energy Agency’s (IAEA) dos iranianos aceitarem o status quo ante. Não podemos deixar de mencionar dos avanços e retrocessos durante todo projeto de negociação do JCPOA e das tentativas iranianas de burlar os controles da IAEA e do Ocidente.

A abordagem de confronto de Israel está ganhando força no Ocidente. Em tal ambiente, a linha-dura iraniana continuará a ver inimigos em todos os cantos, inclusive nos países vizinhos. O Irã já lançou uma série de ataques em regiões curdas do Iraque, onde grupos de oposição iranianos se organizaram e acredita que elementos curdos estiveram envolvidos no mais recente ataque israelense em Isfahan. Outras ataques iranianos no Curdistão iraquiano são prováveis, criando uma pressão crescente sobre as autoridades de Bagdá e Erbil, capital curda, para reprimir os grupos de oposição iranianos refugiados nesses territórios. Não precisamos lembrar da frágil estabilidade do Iraque, da guerra civil da Síria, da questão Curda…

Recentemente Teerã acusou Israel de estar envolvido em ações visando fomentar os protestos internos. No passado, o Irã retaliou Israel, com atentados contra cidadãos e empresas israelenses em países estrangeiros. Israel frustrou uma série de conspirações no ano passado, incluindo uma tentativa de atacar turistas israelenses na Turquia. Mas se um futuro ataque matar um grande número de israelenses, uma grande retaliação israelense contra o Irã pode ser inevitável. Como e onde o Irã eirá responder não está claro, mas uma resposta é certa, já que a liderança do Irã vê esse ataques como ameaças ao próprio regime e as represálias como uma forma de defesa.

O colapso das negociações para reviver o JCPOA, apesar de quase 18 meses de esforços, também criou um contexto mais perigoso ao remover uma rampa de acesso diplomática. Segundo a AIEA, o Irã já conseguiu enriquecer o urânio a 83,7% e tem capacidade de fabricar uma bomba nuclear em apenas 12 dias. Lembro que o Irã possui um série de mísseis balísticos capazes de levar uma carga nuclear.

O nível atual de verificação do desenvolvimento do programa nuclear do Irã é bem limitada, porque o regime de inspeção nuclear mais intrusivo previsto no JCPOA foi interrompido. A questão que se coloca é se a comunidade internacional terá tempo suficiente ou meios para dissuadir ou interromper, se o Irã decidir desenvolver uma arma nuclear. A incerteza sobre o estado das capacidades nucleares iranianas e suas intenções poderia aumentar os incentivos para Israel considerar opções militares para atrasar ou destruir as instalações nucleares iranianas, em vez de continuar com ataques cibernéticos e atos de sabotagem. Não está claro se os Estados Unidos teriam vontade de restringir um ataque israelense se e quando Israel acreditar que está pronto para lançá-lo.

A maioria dos analistas considera que Israel tem condições de realizar de lançar um grande ataque contra as instalações nucleares iranianas. É uma questão de tempo e oportunidade, enquanto esse momento não chega, faz ataque visando retardar o avanço do programa nuclear iraniano, com sucesso relativo diga-se de passagem.

A invasão da Ucrânia pela Rússia no ano passado também adicionou um novo elemento que favoreceu a escalada da violência. A cooperação militar entre Irã e a Rússia na área de sistemas de armas (drones, mísseis, SAM e caças por enquanto) serve de forma complentar as BID de ambos. Kaye afirma que este fato reforçou a visão do Irã como um ator hostil em Washington e na Europa. O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, está usando esse argumento como uma das justificativas dos ataques israelense as instalações militares iranianas , seria uma forma de Israel ajudar no esforço de guerra ocidental contra a Rússia. Embora seja improvável que tais medidas compensem as preocupações ocidentais sobre a hesitação de Israel em fornecer apoio militar direto à Ucrânia. Os Estados Unidos podem não apoiar ataques mais audaciosos de Israel dentro do Irã e negaram ter participado do ataque de Isfahan, mas no clima atual, é improvável que Washington se oponha ou deixe de fornecer algum tipo de apoio. À medida que a guerra na Ucrânia se arrasta, assumir uma postura de dissuasão assertiva em relação ao Irã tornou-se mais atraente para Washington e seus aliados ocidentais que buscam degradar as capacidades russas.

Ao mesmo tempo, a coordenação militar dos EUA com Israel está se expandindo, outro sinal de que Washington não apenas aceita o confronto de Israel com o Irã, mas também o apoia ativamente. Em janeiro de 2023, os militares norte-americanos se engajaram em um exercício conjunto com Israel que simulou ataques ofensivos de longo alcance; foi o maior exercício desse tipo entre os dois países. O exercício pode ter sido projetado para mostrar as capacidades dos EUA de responder rapidamente a crises regionais. O interessante é que isso ocorra em um momento em que os Estados Unidos buscam reduzir a presença de forças permanentes no Oriente Médio. A demonstração de força pretendia tranquilizar os parceiros dos EUA sobre a continuidade do compromisso de Wasshington com segurança regional e uma mensagem de dissuasão ao Irã. Com altos funcionários do governo Biden sinalizando que as negociações nucleares não são mais uma prioridade, o momento do exercício sugere uma inequívoca virada para a dissuasão como política padrão de Washington. As opções militares podem não ser a escolha preferida, mas parecem estar de volta à mesa, se é que saíram.  

http://www.bjnocabbages.com/2012/02/explainer-will-israel-attack-iran.html

Alto risco de uma escalada militar

A recente normalização das relações entre Israel com alguns dos estados árabes do Golfo abriu os canais diplomáticos que permitiram Tel Aviv expressar suas preocupações comuns sobre as crescentes capacidades militares iranianas, ainda que isso não signifique de forma alguma apoio árabe aos ataques israelenses. Os EUA vem com bons olhos essa aproximação, até porque não parece estar disposto a se engajar em confrontos diretos com Irã, a não ser em caso de absoluta necessidade.  

Os Estados do Golfo Pérsico já foram alvo das retaliações iranianas Após o ataque a Isfahan, por exemplo, Anwar Gargash, um influente alto funcionário dos Emirados Árabes Unidos, disse que o incidente foi uma “escalada perigosa” que “não é do interesse da região e de seu futuro”. Desde 2019, os iranianos fizeram  15 ataques a instalações petrolíferas e portos de países do Golfo e a navios em passagem pelas águas do Golfo Pérsico. Esse ataques são ao mesmo tempo uma retaliação e um aviso das consequências que poderão sofrer caso apoiem ataques israelenses ou dos EUA. Lembro que de 2010 até janeiro 2023, Israel realizou cerca de 24 ataques contra instalações, cientistas e membros do governo iraniano envolvidos ou não no programa nuclear. Apesar das preocupações das potências regionais, ataques preventivos contra o Irã podem ter consequência impensáveis na região, devido a grande oposição popular às políticas israelenses no mundo árabe e as retaliações iranianas.

Um ambiente regional mais volátil pode limitar a expansão dos acordos de normalização das relações diplomáticas de países como a Arábia Saudita, Qatar e Oman, e de outros estados arábes com as relações já formalizadas, como os Emirados Árabes Unidos. Estes Estados são bastante cautelosos sobre alinhamentos militares públicos com os Estados Unidos que de alguma maneira envolvam Israel.

O emprego de drones iranianos na guerra da Rússia contra a Ucrânia deu um novo ímpeto nas negociações para aquisições de modernos sistemas de defesa antiaérea e antimísseis, em um momento em que os Estados do Golfo Pérsico duvidavam do compromisso dos EUA com a segurança regional.

Patriot Advanced Capability (PAC-3)
https://breakingdefense.com/2021/03/saudi-air-defense-stops-most-houthi-strikes/

Os Estados do Conselho Árabe de Cooperação do Golfo (Gulf Cooperation Council, GCC) estão interessados em trabalhar com Washington na defesa aérea e antimísseis regional integrada, na segurança marítima do golfo e no compartilhamento/cooperação de inteligência. A maioria compartilha das preocupações de Israel sobre o Irã, mas também estão mantendo suas portas abertas para Teerã.

A questão da construção de uma área A2/AD é um das prioridades do CGC, mas os árabes estão atentos as alternativas oferecidas por outros países, inclusive pela Rússia, para que não os subordinem as políticas norte-americanas ou fiquem expostos a possíveis retallhações iranianas.

De forma contraditória e até certo ponto surpreendente os Estados do Golfo tem buscado abrir os canais diplomáticos com Teerã. O Irã e a Arábia Saudita, retomaram recentemente as negociações bilaterais diretas e é muito improvável que os sauditas apoiem explicitamente ou de forma encoberta ataques dos EUA e/ou de Israel contra o Irã. O Iraque e a Jordânia sediaram cúpulas regionais que incluíram o Irã. Mesmo parceiros mais próximos dos EUA, como a Jordânia e os Emirados Árabes Unidos, normalizaram as relações com a Síria, uma aliada de Teerã.

https://iranprimer.usip.org/blog/2021/apr/14/israel-iran-conflict-sea

É improvável que toda essa cautela regional sobre o aumento do confronto militar com o Irã, influencie Israel ou os Estados Unidos a reverter o curso atual. Com a via diplomática em segundo plano e o fracasso das sanções econômicas, o governo Biden parece inclinado a ser mais tolerante com as ações militares de Israel.

A aposta em Washington é que o confronto com o Irã deve seguir em baixa intensidade.  Mas a dissuasão não é uma estratégia à prova de falhas, e Washington e seus parceiros europeus e árabes, precisam estar preparados para evitar que ataques direcionados se transformem em conflagrações indesejadas. Se os líderes iranianos considerarem que algumas das ações de dissuasão de Israel ou dos Estados Unidos buscam de derrubar o regime, a resposta iraniana pode não ser limitada.

A Rússia tem poucos motivos para tentar restringir o Irã enquanto luta contra o Ocidente na Ucrânia. A China por enquanto só observa o desenrolar desse drama, sem se envolver. Uma guerra regional pode até não ser iminente, mas a escalada militar pode ser perigosa e gerar custos de longo prazo.

Dalia Dassa Kaye afirma que a manutenção de canais de comunicação com o Irã na ausência de diplomacia nuclear e em meio à escalada militar é fundamental para o gerenciamento da crise. Atualmente, o contato direto não é viável devido a forte oposição política em Washington e Teerã. Mas os parceiros dos EUA, como Catar e Omã, continuam a mediar várias questões. Esses canais podem ser usados para comunicar intenções relacionadas a ataques militares específicos para ajudar a evitar um conflito não intencional. Também será importante para os Estados Unidos e a Europa desenvolver uma estratégia diplomática pós-JCPOA para o Irã. Na ausência de alternativas políticas viáveis, as operações militares preenchem o vácuo de maneiras que podem não levar a melhores resultados para o Irã, a região ou os interesses ocidentais.

https://missilethreat.csis.org/country/iran/

Conclusão

O HMD considera que existe uma grande possibilidade de um ataque israelense as instalações nucleares iranianas até porque a janela de oportunidade está se fechando e o Irã está muito, muito próximo de ser uma potência nuclear. No entanto, a probabilidade de sucesso não é grande tendo em vista as medidas de segurança das instalações adotadas pelos iranianos nos últimos anos. Além disso, Teerã desdobrou baterias de misseis para a defesa de suas instalações nucleares criando verdadeiras áreas A2/AD e em breve receberão novos aviões dos russos (Sukhoi Su-35). Os russos também estão colaborando com os iranianos com o desenvolvimento das capacidades de guerra cibernética, mísseis hipersônicos entre outros sistemas.

Kaman – 22

Um ataque israelense ao Irã pode ter consequências imprevisíveis. Teerã já demonstrou que tem amplas condições de retaliar com medidas como o bloqueio do Estreito de Hormuz, utilizar seus vários aliados regionais para atacar Israel em várias frentes (Líbano, Síria, Gaza e Egito) com sistemas iranianos (UCAVs ou mísseis) e alvos israelenses em outras regiões fora do Oriente Médio ou diretamente com seus mísseis balísticos e drones de longo alcance.

Imagem de Destaque: https://shafaq.com/en/Report/Iran-Israel-shadow-war-that-might-burst-into-open

Bibliografia

KAYE, Dalia Dassa. Israel’s Dangerous Shadow War With Iran. Why the Risk of Escalation Is Growing. Foreign affairs. 27/2/2023. Disponível no sítio eletrônico: https://www.foreignaffairs.com/israel/israels-dangerous-shadow-war-iran?utm_medium. Acessado em 28/02/2023

https://www.cfr.org/backgrounder/what-iran-nuclear-deal

https://www.rfi.fr/br/mundo/20230301-ir%C3%A3-enriqueceu-ur%C3%A2nio-a-n%C3%ADvel-pr%C3%B3ximo-ao-necess%C3%A1rio-para-bomba-nuclear-denuncia-ag%C3%AAncia-da-onu

https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/afp/2023/02/28/aiea-confirma-presenca-de-particulas-de-uranio-enriquecido-a-837-no-ira.htm

https://sputniknewsbrasil.com.br/20230301/eua-estao-preocupados-com-capacidade-do-ira-de-produzir-bomba-nuclear-em-apenas-12-dias-27877844.html

https://www.bloomberg.com/news/articles/2023-01-30/how-israel-and-iran-attack-each-other-while-avoiding-all-out-war#xj4y7vzkg

https://www.i24news.tv/en/news/israel/defense/1674749799-israel-must-attack-iran-sooner-rather-than-later-former-navy-chief-tells-i24news

https://breakingdefense.com/2022/03/with-missile-attack-and-alleged-espionage-israel-iran-shadow-war-slips-into-the-open/

https://iranprimer.usip.org/blog/2021/apr/14/israel-iran-conflict-sea

https://iranprimer.usip.org/blog/2022/aug/11/timeline-israeli-attacks-iran

https://www.ceicdata.com/pt/indicator/iran/real-gdp-growth

https://www.washingtoninstitute.org/policy-analysis/deepening-russia-iran-relationship-should-worry-israel

Iran boosts military ties with Russia in part to counteract Abraham Accords

https://www.aa.com.tr/en/middle-east/iran-saudi-arabia-agree-to-resume-diplomatic-ties-reopen-embassies/2842322

Professor de História formado pela UGF. Mestrado e Doutorado em História pela UFRJ. Autor de artigos sobre História Militar e Geopolítica.

Especialização em História Militar pela Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL), Graduação em História (Bacharel e Licenciatura) pela Universidade Gama Filho (UGF), autor de Artigos em História Militar.

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