Sérgio Vieira Reale – Capitão-de-Fragata (RM1)
Em 1491, na Universidade de Salamanca na Espanha, o navegador genovês Cristóvão Colombo defendeu a idéia de atravessar o Oceano Atlântico e chegar as Índias pelo ocidente. Porém, ele foi considerado imprudente pelas suas idéias e foi questionado pela igreja e pelo conselho da universidade.
O navegador Martin Alonso Pinzon acreditou na teoria de Colombo e resolveu ajudá-lo para que apresentasse suas idéias a Rainha da Espanha, Isabel de Castela. Após várias negociações, Colombo conseguiu o apoio dos Reis da Espanha, Fernando e Isabel, para a realização do seu projeto ultramarino. A viagem seria realizada por três navios: Santa Maria, Pinta e a Nina. A Santa Maria era uma Nau com 23 metros de comprimento, 100 toneladas de deslocamento e tinha uma tripulação de 40 homens. A Pinta era uma caravela com um deslocamento de 120 toneladas e 18 homens. A Nina era a menor caravela e tinha um deslocamento 40 toneladas. Os navios partiram do Porto de Palos em 3 de agosto de 1492.
Já não é de hoje que qualquer ponto na superfície terrestre ou no mar pode ser localizado por meio de duas coordenadas geográficas – a latitude e a longitude – que são linhas imaginárias que se cruzam num ponto. Mas nem sempre foi assim.
Em 1492, Colombo só navegava pelo cálculo da latitude (paralelos). Ele seguiu um caminho reto no Oceano Atlântico por um paralelo até encontrar o continente americano. O quadrante era o instrumento de medida angular utilizado, no século XV, para calcular a latitude pela altura do sol e medindo o ângulo entre o horizonte e a estrela polar no hemisfério norte, à noite. O conceito de longitude já era conhecido, porém, a sua imprecisão ainda era um grande problema para os navegadores. Esse problema da imprecisão só seria resolvido no século XVIII
O pionerismo de Portugal em relação aos outros países europeus, na expansão marítima, pode ser atribuído aos seguintes fatores: posição geográfica privilegiada, tecnologia náutica desenvolvida e ausência de conflitos militares. A navegação no mar mediterrâneo e junto à costa africana era realizada com referências visíveis no litoral. Ao buscar novas rotas, enfrentando o oceano atlântico, os portugueses precisaram aprimorar a determinação da posição dos navios no mar.
Para tal, era necessário estabelecer duas coordenadas geográficas que se cruzassem em um ponto: a latitude e a longitude. A latitude é a distância em graus, minutos e segundos da linha do equador para o norte ou para sul podendo variar de 0° a 90°. A Longitude é a distância em graus, minutos e segundos medida entre qualquer ponto da superfície terrestre e o Meridiano de Greenwich. As longitudes variam de 0° a 180° no sentido oeste ou no sentido leste.
Os portugueses contribuíram significativamente para o desenvolvimento das técnicas de navegação. A latitude era determinada medindo a altura da estrela polar. A altura da estrela polar em relação à linha do horizonte indicava diretamente o valor da latitude no hemisfério norte. Contudo, ao cruzarmos a linha do equador, a estrela polar deixa de ser visível. Somente com o desenvolvimento do cronômetro é que foi possível determinar a longitude.
Conhecendo a hora local de dois pontos na superfície terrestre, é possível usar essa diferença de tempo para o cálculo da distância em longitude que os separa. Até o século XVIII, um dos maiores desafios científicos da humanidade era estabelecer a longitude no mar.
Em 1714, depois de muitos naufrágios dos navios da Marinha Real, o Parlamento Britânico criou um prêmio milionário para quem descobrisse como determinar a longitude no mar. Somente em 1761-62 é que o problema da longitude foi praticamente resolvido. O Inglês John Harrison inventou um relógio com uma precisão aceitável para atender as exigências da navegação. Este relógio era acertado com a hora do ponto de partida da embarcação e a longitude do ponto era calculada comparando a hora local com a hora que o relógio marca. John Harrison morreu em 1776, aos 83 anos, deixando um legado fabuloso para a história da navegação.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. SOBEL, Dava. Longitude. A verdadeira história de um gênio solitário que resolveu o maior problema científico do século XVIII. Companhia de bolso.
2. O Relógio que mudou o mundo. A História de John Harrison. https://www.google.com.br/search?q=cronometro+harrison&sca_esv=68041e448ebf4032&sxsrf=ADLYWILDvUuXjpjbHfDRDLMJt-Flk47T0w%3A1719865606685&source=hp&