No final da era alta medieval, dois fatores começaram a impulsionar a experimentação de novas formas de armadura medieval: a crescente insuficiência de cota de malha e o desenvolvimento de processos sofisticados de produção de ferro. A alta medieval deu origem a algumas das armas mais poderosas vistas no campo de batalha até hoje. Bestas que podiam disparar flechas perfurantes pesadas, martelos de guerra com pontas de picareta e lanças empunhadas por cavaleiros com estribos firmes provaram uma ameaça existencial: essas armas podiam perfurar, estourar e dividir cotas de malha.
Ao mesmo tempo, o surgimento da tecnologia de alto-forno significou que quantidades muito maiores de ferro e aço de qualidade mais consistente estavam disponíveis do que nunca. Embora os altos-fornos fossem usados na China desde o primeiro milênio a.C., seu aparecimento no norte e centro da Europa no século XIII d.C., em locais como Nya Lapphyttan na Suécia e Dürstel na Suíça moderna, marcou uma mudança significativa para a produção de metais ferrosos e criou a pré-condição para o uso generalizado de aço em armas, ferramentas e armaduras do período medieval.
Assim, armeiros, cavaleiros e soldados começaram a experimentar alternativas à cota de malha por volta do início dos anos XII d.C. Parte disso provavelmente foi sistemático, mas muito provavelmente foi feito como uma questão de experimentação ad hoc. Os historiadores se referem a elas como “armaduras de transição”, pois faziam parte de um interregno experimental entre a supremacia da cota de malha e a supremacia da armadura de placas.
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Tradução e adaptação: Prof. Dr. Ricardo Cabral
Professor de História formado pela UGF. Mestrado e Doutorado em História pela UFRJ. Autor de artigos sobre História Militar e Geopolítica.