Batalha de Monte Caseros (1852): As disputas pelo controle na região do Rio da Prata

de

Prof. Esp. Pedro Silva Drummond

A Batalha de Monte Caseros, 3 de fevereiro de 1852, está dentro do contexto de disputa pelo controle do Rio da Prata. Até o século XVIII, a região fazia parte das colônias espanholas e as disputas locais entre as duas Nações europeias dominantes no Continente, Espanha e Portugal, eram menores, em comparação com o século XIX, durante e após o período de Independência na América do Sul.

Após a chegada da Corte Portuguesa no Brasil e as Independências na região que hoje conhecemos como Mercosul (conceito atual, que não era utilizado na época), existirá um processo de disputa regional entre as Nações. O Brasil entrou nessa disputa após a conquista da região da Cisplatina, em 1820, e durante boa parte do século XIX, os Quatro Países da região (Brasil, Argentina, Uruguai e Argentina), entraram em conflito.

Com a criação da República Oriental do Uruguai, após a Guerra da Cisplatina (1825-1828), a Nação se tornou mais um integrante das disputas regionais, principalmente por causa da disputa interna entre Colorados, Partido tradicionalmente apoiado pelo Brasil e os Blancos, Partido que era oposicionista aos interesses do Brasil no País.

 A Batalha de Monte Caseros, também conhecida como Batalha da Quinta dos Santos Lugares foi uma das batalhas da Guerra Oribe e Rosas (1851-1852). A batalha era composta pelo Exército da Argentina, comandada pelo Juan Manuel de Rosas, contra as tropas da Aliança que tinha no General Justo José de Urquiza, Governador da Província de Entre-Rios, como seu comandante supremo. As tropas da Aliança tinham dentro do seu quadro, militares do Uruguai e do Brasil.

O governante argentino tinha como objetivo dominar o Paraguai e controlar o Uruguai, com o apoio de Manuel Oribe, possibilitando a reconstrução do que era o Vice-Reinado do Rio da Prata, no período da América Espanhola. Essa aliança ameaçava os interesses do Brasil, Paraguai e parte do Uruguai na região.

O Exército Aliado tinha como objetivo conquistar Buenos Aires, capital da Argentina, e poucos quilômetros de Buenos Aires, o Exército Aliado encontrou-se com o Exército Argentino liderado por Rosas, no que seria o episódio final contra os objetivos Argentinos.

As tropas de Rosas eram compostas por “10.000 infantes, 15.000 cavaleiros, 1.000 artilheiros, 60 canhões e três estativas de foguetes, à frente dos aliados seus adversários: 20.000 argentinos de Corrientes e Entre-Rios, 4.000 brasileiros e 1.7000 Uruguaios, o chamado Grande Exército Libertador da América do Sul, sustentado também por 50 canhões”. (Donato, Hernani, 1987, p.355-356)

http://www.badmqgex.eb.mil.br/patio-das-batalhas/patio-das-batalhas/10-artigo-10

O Brasil tinha no Duque de Caxias (que na época tinha o título de Conde), o seu Comandante das Forças Terrestres Brasileiras, composta por 16.000 homens. A Divisão que lutou na Batalha de Monte Caseros, estava sob o comando do Brigadeiro Manuel Marques de Sousa, conhecido posteriormente como Conde de Porto Alegre.

Manuel Marques de Sousa
https://pt.wikipedia.org/wiki/Manuel_Marques_de_Sousa#/media/Ficheiro:Conde_de_porto_alegre_01.png

O Exército Aliado estava organizado da seguinte forma: “no flanco direito, estava reunida a cavalaria argentina sob o comando do General Anacleto Medina. No centro, sob o comando do Brigadeiro Manuel Marques de Sousa, estava concentrado o grosso da infantaria, formada em sua maioria pela Divisão Brasileira e argentinos (sob o comando de Bartolomé Mitre), protegendo as peças de artilharia ao fundo. À esquerda, mais divisões de cavalaria sob o comando do General Juan Pablo Lopez e de Urquiza, sendo auxiliadas pela infantaria uruguaia e por um regimento de cavalaria comandado pelo Tenente-Coronel Osório¹”. (http://www.badmqgex.eb.mil.br/patio-das-batalhas/patio-das-batalhas/10-artigo-10)

Com essa formação, o planejamento para o combate era: “enviar as divisões de cavalaria situadas nos extremos do exército para atingirem os flancos do inimigo, que seriam atingidos em cheio ao meio pelo avanço da infantaria aliada e pelos fogos da artilharia… Para colaborar com o ataque ao flanco direito de Rosas, Urquiza partiu para um ataque com os regimentos de cavalaria sob as ordens do Major-General Benjamim Visoro, que conseguiram esmagar as fileiras inimigas”. (http://www.badmqgex.eb.mil.br/patio-das-batalhas/patio-das-batalhas/10-artigo-10)

https://pt.wikipedia.org/wiki/Batalha_de_Monte_Caseros

A batalha terminou com a tomada de “40 canhões, 2 das estivas, 2.000 prisioneiros e 3.000 cavalos” (Donato, Hernani, 1987, p.355-356). Com a derrota Rosas foi asilado em Londres e as tropas aliadas desfilaram pelas ruas de Buenos Aires, o Exército Brasileiro foi representado pela 1ª Divisão Brasileira.

O General Urquiza que após a saída de Rosas, se tornou governante da Argentina, em agradecimento ao Brigadeiro Marques de Souza declarou o seguinte:

“Quando a história, traçando o horrível quadro da ditadura argentina, tributar o merecido elogio aos libertadores desta terra, o nome de Vossa Senhoria e de seus valentes companheiros de armas, ocupará o honroso lugar que lhes compete, como dignos aliados da civilização e da liberdade.”

Giorgis, Luiz Ernani Caminha. OS 150 ANOS DA BATALHA DE MONTE CASEROS. http://www.ahimtb.org.br/batmcaseros.htm

Imagem de Capa: https://pt.wikipedia.org/wiki/Batalha_de_Monte_Caseros#/media/Ficheiro:Caseros.jpg

¹ Manuel Luís Osório, hoje Patrono da Arma de Cavalaria

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Bibliografia

Donato, Hernani. Dicionário das Batalhas Brasileiras: Dos Conflitos com os Indígenas às Guerrilhas Políticas Urbanas e Rurais. São Paulo: IBRASA, 1987

Obras do Barão do Rio Branco VI : efemérides brasileiras. Rodolfo Garcia, organizador. – Brasília: Fundação Alexandre de Gusmão, 2012.

PEIXOTO, Paulo Matos. Caxias Nume Tutelar da Nacionalidade. Vol.1, Rio de Janeiro: EDICO, 1973

Giorgis, Luiz Ernani Caminha. OS 150 ANOS DA BATALHA DE MONTE CASEROS. http://www.ahimtb.org.br/batmcaseros.htm

http://www.dgp.eb.mil.br/index.php/ultimas-noticias1/716-3-de-fevereiro-batalha-de-monte-caseros

http://www.badmqgex.eb.mil.br/patio-das-batalhas/patio-das-batalhas/10-artigo-10

Se você quiser saber mais sobre o assunto, recomendamos:

Especialização em História Militar pela Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL), Graduação em História (Bacharel e Licenciatura) pela Universidade Gama Filho (UGF), autor de Artigos em História Militar.

2 comentários em “Batalha de Monte Caseros (1852): As disputas pelo controle na região do Rio da Prata”

    • Obrigado. Esse é o nosso objetivo, contribuir para as pessoas conhecerem a história e, principalmente, a história do nosso País, que é muito pouco conhecida.

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