Rodrigo Meikaru
O governo japonês formalizou, no dia 22 de dezembro, a aprovação de um orçamento de defesa sem precedentes, atingindo a marca de 7,9 bilhões de ienes (cerca de 56 milhões de dólares) para o ano fiscal de 2024. Essa alocação representa um aumento significativo de 16,5% em relação ao recorde anterior estabelecido no ano fiscal atual de 2023, marcando, assim, o 12º ano consecutivo de incremento no setor.
A decisão de intensificar os gastos em defesa está alinhada com uma medida governamental tomada no final do ano anterior. O governo japonês comprometeu-se a investir 43 bilhões de ienes (cerca de 300 milhões de dólares) em despesas de defesa ao longo do período de 2023 a 2027, enfrentando desafios emergentes de segurança provenientes da China e Rússia, bem como das atividades nucleares e de mísseis conduzidas pela Coreia do Norte.
Este notável aumento reflete a determinação do Japão em reconfigurar fundamentalmente sua postura defensiva, buscando capacidades de ataque de longo alcance. Em consonância com essa reorientação estratégica, o governo japonês visa duplicar seu orçamento anual de segurança para aproximadamente 2% do Produto Interno Bruto (PIB) do país. Isso marca uma significativa mudança em relação à tradição de manter os gastos em torno de 1% do PIB, refletindo a postura defensiva pós-guerra prevista em sua Constituição pacifista.
Dentro do orçamento fiscal de 2024, a maior alocação de recursos foi destinada ao desenvolvimento de capacidades de contra-ataque, visando alvos em território inimigo. Esse investimento abrange plataformas de lançamento de mísseis e armas de distanciamento que têm a capacidade de atingir navios e tropas além do alcance convencional.
Dentre as alocações específicas, destacam-se as destinadas à aquisição de uma versão aprimorada do míssil guiado terra-navio Tipo-12 da Força de Autodefesa Terrestre, com um alcance estendido de 1.000 quilômetros. O cronograma de implantação desses mísseis foi antecipado para o ano fiscal de 2025, um ano antes do planejado inicialmente.
Adicionalmente, serão investidos bilhões de ienes no desenvolvimento de mísseis guiados hipersônicos, além de investimentos no desenvolvimento de novos mísseis guiados com precisão.
Em um esforço para fortalecer as capacidades de defesa antimíssil, o Japão construirá dois destróieres Aegis adicionais, programados para serem comissionados nos anos fiscais de 2027 e 2028, como alternativa ao plano abandonado de implantação do sistema terrestre Aegis Ashore.
Ademais, a alocação de recursos para aquisição de 400 mísseis de cruzeiro Tomahawk, com um alcance de ataque de aproximadamente 1.600 km, destaca-se como uma medida significativa na busca pela segurança nacional.
Considerando um potencial contingência nas remotas ilhas do Japão, direcionadas a sudoeste de Kyushu em direção a Taiwan, foi assegurado o montante de 565,3 bilhões de ienes para melhorar as capacidades de envio rápido de pessoal e equipamento de transporte, incluindo a aquisição de três embarcações de desembarque.
Como parte do comprometimento com a inovação tecnológica em defesa, uma alocação significativa de cerca de 822,5 bilhões de ienes foi destinada, incluindo recursos para o estabelecimento de um instituto de pesquisa modelado na Agência de Projetos de Pesquisa Avançada de Defesa dos EUA (DARPA).
Essas decisões refletem o compromisso do Japão em enfrentar os desafios de segurança contemporâneos, assegurando, ao mesmo tempo, a preparação para potenciais ameaças que possam surgir na região.
*Imagem em destaque: https://en.wikipedia.org/wiki/Japan_Self-Defense_Forces#
Fontes
https://english.kyodonews.jp/news/2023/12/2335630.html?src_category=1
