Pointe du Hoc: A conquista do penhasco mais alto da Normandia

de

Prof. Esp. Pedro Silva Drummond

A Operação Overlord e todos os acontecimentos que se desenrolaram a partir dela é considerada um dos principais acontecimentos da Segunda Guerra Mundial. Através dessa operação, teve início a Operação Netuno, conhecida popularmente como o “Dia D”.

A Operação que possibilitou o “Dia D” nas praias da Normandia surge após o entendimento das principais potências Aliadas na Conferência de Teera, quando é decidido por um ataque pela costa da França. Nesse sentido, o desembarque faz parte de um conjunto de ações que envolveram diversas conquistas na região (leia https://historiamilitaremdebate.com.br/bateria-de-merville-e-a-sua-importancia-para-o-dia-d/), antes e depois da chegada dos Aliados no litoral francês.

Dentro das ações que aconteceram durante o “Dia D” está a conquista da Pointe du Hoc, uma falésia rochosa de aproximadamente 25 a 30 metros de altura que tinha recebido uma bateria de artilharia alemã.

 Pointe du Hoc

A Pointe du Hoc era um dos locais nas praias da Normandia que serviam para os alemães protegerem a região. O penhasco estava “A meio caminho entre a praia de Omaha e a praia de Utah , Pointe du Hoc domina o mar de seu penhasco vertical. Em fevereiro de 1944, foi coroada por uma bateria de artilharia costeira instalada pelos alemães: seis quilômetros a oeste de Omaha, seis obuseiros de 155 mm de fabricação francesa (155 mm GPF mle 1917) e datados da Primeira Guerra Mundial estão instalados em um planalto que termina abruptamente em falésias rochosas de 25 a 30 metros de altura. Os artilheiros estacionados neste local pertencem à 2ª Bateria do Heeres-Küsten-Artillerie-Abteilung 1260 e são comandados pelo Oberleutnant Frido Ebeling… Esses homens podem contar com a proteção dos soldados de infantaria do 3º batalhão do Grenadier-Regiment 726 que é responsável por proteger a costa entre Grandcamp-les-Bains e Vierville-sur-Mer. Além disso, em 23 de maio de 1944, quinze artilheiros do Werfer-Regiment 84 equipados com metralhadoras reforçaram o efetivo da bateria.” (https://www.dday-overlord.com)

Localização Pointe du Hoc
https://en.wikipedia.org/wiki/Pointe_du_Hoc

A Conquista da Pointe du Hoc era vital para os objetivos dos Aliados, para isso, foi montado um plano para destruir o local, que contava com mais de 200 rangers, sob o comando do Tenente-Coronel James Rudder. Essa missão foi preparada com meses de antecedência, como explica o jornalista Maxime Coupeau: “Fundada um ano antes nos Estados Unidos, esta jovem unidade de rangers viverá seu batismo de fogo na Normandia. Para esta missão especial, cerca de cem voluntários foram para Camp Forrest. Durante seis meses, eles são treinados em estratégia militar… Sob o comando do Tenente-Coronel James E. Rudder, intensificaram-se os exercícios de reconhecimento e as manobras de aterrissagem com garra na Ilha de Wight, na Grã-Bretanha, a fim de preparar o desembarque. Para conquistar a Pointe du Hoc, os Aliados montaram duas companhias de cem soldados cada uma para garantir o sucesso total da missão.” (COUPEAU)

O objetivo da missão era a seguinte: “O assalto está previsto para as 6h30 por 261 Rangers sob o comando de Rudder, também participando do ataque. Às 7h, meia hora após o ataque inicial, os Rangers deveriam sinalizar aos navios de guerra aliados posicionados no mar que o ponto estava sob controle disparando um sinalizador. Devem então ser enviados 500 Rangers como reforços e todos os elementos mantêm o local da bateria até à chegada das tropas americanas desembarcadas em Omaha e pertencentes ao 116.º regimento da 29.ª divisão de infantaria. Os Rangers devem escalar o penhasco em ambos os lados do Pointe du Hoc, a oeste e a leste, apoderar-se dos bunkers que protegem as peças de artilharia alemã e destruí-los. O cronograma deve ser respeitado caso os americanos queiram receber os 500 Rangers como reforços.” (https://www.dday-overlord.com)

Visão Leste da Pointe du Hoc atualmente
https://en.wikipedia.org/wiki/Pointe_du_Hoc

Dias antes do envio dos Rangers para a missão foi descoberto que os canhões foram removidos do local, porém, a missão continuaria mesmo sem os obuseiros. Inicialmente, a missão tem diversos obstáculos: os militares norte-americanos, devido a uma forte correnteza foram deslocados para outra falésia, quando chegaram ao local correto, já eram 7h, trinta minutos depois do previsto; os Rangers chegaram ao local e escalaram somente pelo lado leste; com a chegada dos Rangers 7h, os alemães puderam se preparar para o ataque, depois do fim dos bombardeios dos Aliados.

Todas essas situações dificultaram a conquista do local pelos rangers, como indica Coupeau: “Apesar do apoio aéreo da RAF, os rangers, que chegaram quase quarenta minutos atrasados, caíram sob fogo pesado de metralhadoras alemãs… Apesar da forte resistência alemã, os americanos, determinados a se posicionar no penhasco, lançaram seus ganchos (ganchos usados ​​para escalar) usando os lançadores de foguetes instalados em suas barcaças LCA. Mas as pesadas cordas molhadas pela maré não atingem seus alvos. Dos 20 ganchos disparados, apenas oito agarram o topo… Dos 225 combatentes lançados na operação, 80 foram neutralizados em apenas uma hora de combate. Os grupos de rangers avançam em ondas sucessivas para repelir o inimigo. Equipados com sua famosa submetralhadora Thompson, os grupos de soldados organizados pelo fogo de cobertura neutralizam alternadamente as posições inimigas.” (COUPEAU)

Após conquistar o objetivo principal, o Tenente Coronel Rudder manteve-se no local esperando reforços e enviou pequenas patrulhas na tentativa de bloquear qualquer contra-ataque alemão.

Com o avanço das patrulhas, houve a descoberta do local dos canhões alemãs, como é relatado abaixo: “continuando sua missão no interior, os rangers finalmente encontram os cinco canhões alemães de 155 mm em um pomar isolado, localizado na estrada Grandcamp-Maisy. Aproveitando a derrota tática do inimigo, um comando liderado pelo subtenente Leonard Lomell sabota as culatras dos canhões com granadas térmicas. Aquecidos a 3000°, os mecanismos da bateria são neutralizados com a máxima discrição.” (COUPEAU)

Durante o dia 07 e 08 de Junho os Rangers conseguiram resistir os duros ataques alemãs, até a chegada do terceiro batalhão do 116º regimento de infantaria da 29ª divisão vindo de Omaha.

Conclusão

A consequência dessa missão foi à perda de 135 rangers  que participaram inicialmente da missão. Após a Segunda Guerra Mundial, mas exatamente em 1979, a região passou a ser de responsabilidade dos EUA e atualmente, o local possui um memorial e museu dedicado ao conflito. O local também serviu em 1984, para que o Presidente Ronald Reagan fizesse seu famoso discurso “Meninos da Pointe du Hoc”, como parte do quadragésimo aniversário de comemoração do Dia D.

Discurso do Presidente dos EUA, Ronald Reagan no
quadragésimo aniversário de comemoração do Dia D.
https://en.wikipedia.org/wiki/Pointe_du_Hoc#/media/File:President_Ronald_Reagan_
giving_speech_on_the_40th_Anniversary_of_D-Day.jpg

Notas

1 – Cada uma das fontes analisadas para preparar o artigo, tinha um número diferente de rangers que participaram da conquista da Pointe du Hoc, mas todas elas indicam que foram entre 200 e 300 rangers.

2 – A maioria das fontes analisadas indicam que são 6 canhões, e não 5 como foi citado em uma das fontes.

Imagem de Destaque: Conquista de Pointe du Hoc – https://en.wikipedia.org/wiki/Pointe_du_Hoc

Bibliografia

– Pointe du Hoc. Disponível em: <https://www.dday-overlord.com/debarquement-normandie/plages/pointe-du-hoc>. Acessado em: 12/01/2022

– COUPEAU, Maxime. Dia D: Atacando a Pointe du Hoc. Disponível em: <https://www.historia.fr/actu/d-day-%C3%A0-l%E2%80%99assaut-de-la-pointe-du-hoc>. Acessado em: 12/01/2022

– JOHNSON, Megan. Rudder’s Rangers e os meninos de Pointe du Hoc: A missão dos Rangers do Exército dos EUA nas primeiras horas da manhã de 6 de junho de 1944. Disponível em: <https://armyhistory.org/rudders-rangers-and-the-boys-of-pointe-du-hoc-the-u-s-army-rangers-mission-in-the-early-morning-hours-of-6-june-1944/>. Acessado em: 12/01/2022

Especialização em História Militar pela Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL), Graduação em História (Bacharel e Licenciatura) pela Universidade Gama Filho (UGF), autor de Artigos em História Militar.

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