SCADTA e os pilotos da Força Aérea Alemã da Primeira Guerra Mundial

de

Prof. Esp. Pedro Silva Drummond

No ano de 1918, houve o fim da Primeira Guerra Mundial e uma das consequências do conflito, principalmente para a Alemanha, foi o Tratado de Versalhes. As pesadas imposições feitas pelos integrantes da Tríplice Entente aos alemães, especialmente nos meios militares, provocaram receios de diversos integrantes das Forças Armadas da Alemanha, quanto ao seu futuro.

Uma das possibilidades que surgiram particularmente para os pilotos alemães, foi migrarem para Colômbia e participarem da criação da nova companhia aérea que estava surgindo no País, à chamada SCADTA, Sociedade de Transporte Aéreo Colombiana-Alemã.

SCADTA (Sociedade de Transporte Aéreo Colombiana-Alemã)

Em 31 de dezembro de 1919, foi criado na Colômbia, uma Lei que entre outras decisões, estabelecia como meta a criação da aviação militar no País. “A Lei 126 foi aprovada pelo Presidente da República Marco Fidel Suárez e pelo Ministro da Guerra Jorge Roa, que estabeleceu no país a aviação como a quinta arma do exército nacional, ficando o Governo habilitado a regulamentar tudo o que dissesse respeito às Tabelas de Organização e Equipamentos, símbolos e insígnias, dotação logística, treinamento, recrutamento e mobilização, e outras disposições relevantes, de acordo com as características especiais da nova arma aérea.” (Hernádez, 2020, p.127-128)

Dentro do contexto do desenvolvimento aéreo militar na Colômbia, existia um receio dos aviadores alemães que participaram da Primeira Guerra Mundial, quanto ao seu futuro depois da imposição do Tratado de Versalhes. Os aviadores alemães enxergaram na Colômbia, a oportunidade de continuarem vivendo da aviação e ajudaram na criação da SCADTA (Sociedade de Transporte Aéreo Colombiana-Alemã).

A SCADTA foi criada em 5 de Dezembro de 1919, na cidade de Barranquilla, por um grupo de colombianos e alemães, e desde o início contou com a participação de pilotos alemães. A companhia foi criada da seguinte forma: “tinha como sócios cinco empresários colombianos e três alemães residentes na Colômbia. O capital inicial foi de 100.000 dólares, repartidos entre a Gieseting and Company, representada por Alberto Tiejen. Os outros sócios eram Ernesto Cortissoz, um banqueiro colombiano, Cristóbal Reestrepo, Werner Kaemmerer, um engenheiro alemão que convidou Fritz Hammer e Wilhem Schnurbusch a se transferirem para a Colômbia como pilotos e engenheiros. Em 1921, Dr. Peter Paul von Bauer, um industrial austríaco, entrou para a organização e, em 1922, comprou as ações do grupo Gieseting e passou a controlar a companhia.” (FAY, 2020, p.43-44)

Logo da SCADTA
https://en.wikipedia.org/wiki/SCADTA#/media/File:SCADTA_(logo).svg

A Sociedade de Transporte Aéreo Colombiana-Alemã foi a segunda companhia aérea mais antiga, sendo superada somente pela KLM (Koninklijke Luchtvaart Maatschappij, ou Linhas Reais Holandesas), criada em 7 de Outubro de 1919.

O primeiro voo aconteceu em setembro de 1920, entre as cidades de Barranquilla e Puerto Berrío. Os primeiros voos feitos pela Scadta, foram com as aeronaves Junkers F.13, utilizadas como hidroaviões devido ao pequeno número de pistas de pouso na Colômbia, e um extenso número de rios, principalmente o rio Magdalena, que eram utilizados para pousar e decolar no Pais.

Junkers no Rio Magdalena na década de 1920
https://en.wikipedia.org/wiki/SCADTA#/media/File:SCADTA_Junkers_W_34_%22Magdalena%22.jpg

Durante boa parte da Segunda Guerra Mundial, a grande maioria dos países da América Latina permaneceram Neutros, mas muitos dos países sofreram as consequências do conflito. Muitos descendentes, pessoas, indústrias e etc., de origem dos países do Eixo tiveram perdas significativas durante os anos da Guerra.

No caso da Colômbia e da SCADTA não foi diferente. O principal acionista e industrial austríaco Peter Paul von Bauer, foi forçado a vender grande parte de suas ações da Companhia Aérea à norte-americana Pan American World Airways, provocando com que a empresa norte-americana se tornasse a controladora da Sociedade de Transporte Aéreo Colombiana-Alemã. O controle da companhia pela Pan American, não significou a eliminação da influência alemã na SCADTA, pois a presença de funcionários de origem alemã era muito grande, como relata Cláudia Fay: “seu quadro de funcionários 12 comandantes, 21 pilotos, 60 mecânicos, de origem alemã” (FAY, 2020, p.43-44)

Após o ataque em Pearl Harbor, a Colômbia criou uma lei que nacionalizava as empresas de aviação, a SCADTA uniu-se à SACO (Serviço Aéreo Colombiano), e começou a ser chamada de Avianca. Os funcionários de origem alemã foram todos desligados da companhia, provocando o fim da influência alemã na companhia colombiana fundada em 1919.

Bibliografia

– FAY, Cláudia Musa. Aviação Comercial na América do Sul (1920-1941). Porto Alegre.Editora Fi, 2020.

– HERNÁNDEZ, Douglas. A Aviação do Exército Colombiano. Revista Profissional da Força Aérea dos EUA, 2º ed., 2020.

– RIBEIRINHO, Luiz Cláudio. História das Companhias Aéreas – Capítulo 16. Disponível em: <http://canalpiloto.com.br/historia-das-companhias-aereas-capitulo-16/>. Acessado em: 30/01/2023

– https://en.wikipedia.org/wiki/SCADTA

– https://warthunder.com/pt/news/185–pt

– https://www.fundcolomboalemanabaq.org/scadta

Especialização em História Militar pela Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL), Graduação em História (Bacharel e Licenciatura) pela Universidade Gama Filho (UGF), autor de Artigos em História Militar.

Deixe um comentário

Gostou dos artigos e postagens?

Quer escrever no site?

Consulte nossas Regras de Publicação e em seguida envie seu artigo.

Siga-nos nas Redes Sociais