TORA! TORA! TORA! (1970)

de

Capitão-de-Fragata (RM1) Sérgio Vieira Reale

“A arte da guerra nos ensina a não confiar na probabilidade do inimigo não vir, mas sim na capacidade de prontidão em recebê-lo”. SUN TZU

“Tora! Tora! Tora!” é um filme de 1970, que oferece uma visão cinematográfica documental sobre a preparação e o ataque japonês à base naval de “Pearl Harbor”, na ilha de Oahu (Havaí), na manhã de domingo, de sete de dezembro de 1941. O filme foi uma coprodução ambientada na Segunda Guerra Mundial, cuja direção foi dividida entre um cineasta norte-americano e dois japoneses (Richard Fleischer, Kinji Fukasaku e Toshio Masuda)

Em relação ao contexto econômico, os contínuos avanços realizados pelo Japão na Ásia levaram os Estados Unidos da América (EUA) a cancelar o envio de matérias-primas para os japoneses. A ofensiva japonesa fazia parte do projeto de expansão territorial no pacífico; e estava relacionada a obtenção de borracha, petróleo, ferro e manganês, que eram indispensáveis para o seu desenvolvimento industrial.  O Japão estava numa transição entre uma economia agrária e uma economia industrial.

A invasão japonesa na Indochina (atuais Vietnã, Laos e Camboja) acarretou o corte do suprimento de petróleo por parte dos norte-americanos. Esse combustível abastecia, em especial, os navios japoneses. Esse fato foi fundamental para que o Japão decidisse atacar os EUA. Ainda foram realizadas algumas tentativas de negociação no campo da diplomacia. Os norte-americanos propuseram que o Japão abandonasse a Indochina, a política de dominação na China; e assinasse pactos de não agressão com aliados europeus. Dessa forma, para os militares Japoneses essas condições eram inaceitáveis.

O Almirante Isoruku Yamamoto planejou o ataque utilizando o principio da surpresa para neutralizar a esquadra norte-americana no Pacífico. A única ameaça real que poderia interferir nos avanços do Japão no Oceano Pacífico. Os alvos em ordem de prioridade eram: os navios aeródromos, por serem a maior ameaça potencial aos japoneses, os encouraçados, os tanques de petróleo e as aeronaves no solo.

Quando a operação estava em andamento e as aeronaves japonesas estavam se aproximando de “Pearl Harbor”, o Capitão Mitsuo Fuchida, piloto do bombardeiro Nakajima, enviou o seguinte sinal para a esquadra:  TORA! TORA! TORA! (Tigre, Tigre, Tigre). Significava que o fator surpresa estava assegurado, pois não havia nenhuma oposição que impedisse a realização do ataque. A esquadra japonesa foi para a operação com seis navios aeródromos (Kaga, Akagi, Hiryu, Soryu, Shokaku e Zuikaku), cruzadores, contratorpedeiros, submarinos e cerca de 350 aviões. O plano determinava um grande ataque com aviões torpedeiros, bombardeiros de grande altitude e bombardeiros de mergulho. Um fator de limitação ao planejamento japonês era a pouca profundidade das águas em “Pearl Harbor”. Desse modo, os torpedos deveriam ser lançados a baixa altitude. Além disso, foram equipados com estabilizadores para reduzir o mergulho inicial quando caíssem na água.

No dia sete de dezembro de 1941, estavam atracados em “Pearl Harbor” encouraçados, contratorpedeiros, cruzadores e outras unidades navais. Três navios aeródromos não estavam em “Pearl Harbor” (USS Lexington, USS Saratoga e USS Enterprise). Este fato seria decisivo para o poder naval norte-americano dar prosseguimento as futuras ações no Pacífico.

Ao final do combate, a esquadra japonesa tinha sido vitoriosa. Os  norte-americanos tiveram as seguintes perdas humanas e de natureza material: 3435 pessoas haviam sido mortas, feridas ou desaparecidas. Os encouraçados (Arizona, Oklahoma, Califórnia, Nevada e West Virgínia) estavam fora de combate. Três cruzadores avariados 188 aviões foram destruídos ou avariados. Os  japoneses perderam vinte nove aviões, cinco submarinos e cerca de 60 mortos.

O ataque de surpresa dos japoneses, que foi realizado antes da declaração oficial de guerra, gerou uma grande indignação nos EUA, forçou a sua entrada na guerra e mudou o rumo do maior conflito armado da história. Até então, os EUA eram um país neutro no conflito.

No dia oito de dezembro, o Presidente dos EUA, Franklin Delano Roosevelt, em uma sessão no congresso, denominou o dia sete de dezembro como o dia da infâmia. Afinal, os EUA e o Japão ainda estavam em negociações diplomáticas.

Um aspecto marcante da guerra no teatro do pacífico foi a afirmação do navio aeródromo (NAE) como unidade de maior valor da esquadra em substituição ao encouraçado.

Este clássico do cinema teve um grande comprometimento com realismo nas ações e com a fidelidade histórica.

Imagem de Destaque: https://www.amazon.com.br/Tora-G-Marshall/dp/B000EHSVSC

Referências  Bibliográficas e Sites Consultados

ALBUQUERQUE, Antônio Luiz Porto; SILVA, Léo Fonseca e. Fatos da História Naval. 2.ed. Rio de Janeiro: Serviço de Documentação da Marinha. 2006.

VIDIGAL, Armando e de Almeida, Francisco Eduardo Alves. Guerra no Mar: batalhas e campanhas navais que mudaram a história. Record. 2009.

BELOT, R. de. A guerra aeronaval no Pacífico. Rio de Janeiro: Record, 1971.

Barker A.J, Pearl Harbor: Tora, Tora, Tora. História Ilustrada da Segunda Guerra Mundial.. Rio de Janeiro: Renes, 1973.

https://www.planocritico.com/critica-tora-tora-tora/

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