A 82ª Divisão Aeroterrestre no Dia D

de

Prof. Dr. Ricardo Pereira Cabral

Após as operações bem sucedidas na Itália, a 82nd Airborne Division foi transferida para a Inglaterra a fim de se preparar para uma nova missão: a invasão da França.

As lições aprendidas na Itália foram fundamentais para o aperfeiçoamento das tripulações da aeronaves nos procedimentos de lançamento dos paraquedistas, a demarcação e a proteção das zonas de lançamentos por parte dos precursores e na conduta do combate paraquedista após a aterragem (reorganização e no cumprimento da missão). Tais lições foram repassadas para a recém reorganizada 101st Airborne Division que também participaria do Dia D.

Em meados de novembro de 1943, ainda na Itália, o brigadeiro James Gavin foi designado pelo major-general Matthew Ridgway, então comandante da 82, para fazer parte da equipe que estava planejando o assalto anfíbio e aeroterrestre à França, em 1944.

Como já havia ocorrido por ocasião do planejamento da Operação Husky, ocorreram disputas entre britânicos e norte-americanos. Os primeiros desejavam o comando da operação e que os norte-americanos lhes fornecessem os meios em detrimento das suas próprias forças. Detalhe: cerca de 70% das aeronaves e dos pilotos eram norte-americanos. Para atingir seus objetivos, os britânicos maximizavam as dificuldades em relação as perdas materiais e de pessoal dos norte-americanos, além de minimizar (e até mesmo ridicularizar) as contribuições norte-americanas, a capacidade dos oficiais no comando das operações e no planejamento. As críticas eram ácidas, irônicas, desrespeitosas e muitas vezes agressivas (por exemplo, Montgomery falava abertamente que Eisenhower era muito limitado em termos de conhecimento estratégico e capacidade para o comando das Forças Aliadas, sendo reconhecido “apenas” por sua capacidade diplomática e liderança). Generais como Marshall, Patton, Bradley, Gavin e almirantes como Ernest King e o William Leahy entre outros reclamavam muito da postura arrogante e presunçosa dos britânicos.

https://en.wikipedia.org/wiki/American_airborne_landings_in_Normandy#/media/
File:Planned_airborne_drop_zones,_D-Day,_6_June_1944.JPG

A Operação Overlord envolvia o desdobramento de três divisões aeroterrestre, a frente das zonas de assalto anfíbio dos Aliados. A expectativa era empregar 1.300 aviões de transporte e 3.300 planadores e 24 mil paraquedistas. A 82 e a 101 saltariam a frente da praia codinome Utah com um efetivo de 14 mil paraquedistas.

A RAF e a USAF realizavam missões diárias de fotografia aérea, pela manhã e à tarde. A análise das fotografias tinha como objetivo identificar fortificações, obstáculos submersos/camuflados nas praias e nos locais favoráveis ao pouso de planadores e zonas de lançamento, campos minados, posições de artilharia, morteiros, metralhadoras, concentrações de tropas, de blindados, localização das reservas, centros logísticos, PCs, vias de acesso, pontes, prováveis zonas de lançamento etc. Um dado importante do planejamento era o acompanhamento das atividades das unidades alemães, em particular, das unidades panzer, uma preocupação constante do planejamento e da situação geral do inimigo atualizada diariamente.

No planejamento, uma série de eventos deveriam ser coordenados, como por exemplo: os bombardeios que seriam realizados antes do assalto aeroterrestre, a cobertura aérea fornecida pelos caças, a rota a ser seguida (ida e volta), a logística (ressuprimento), os códigos a serem utilizados, frequências de rádio entre outros tantos detalhes que envolvem uma operação desse vulto.

A primeira missão recebida pelos paraquedistas era conquistar, ocupar e manter às áreas de apoio e os caminhos que permitissem que as forças de assalto anfíbio progredissem das praias para o interior e contribuir para a consolidação da cabeça de praia engajando as unidades inimigas até a sua junção com as forças anfíbias. Essa missão seria mantida, o problema estava onde realizá-la.

As principais reservas alemães estavam estacionadas na região de Calais. Então, os planejadores consideravam que haveria tempo suficiente para que as forças aeroterrestre destruíssem os inimigos que encontrassem na zona de lançamento e desembarque (pessoal deslocado em planadores) e protegessem a Força Anfíbia na consolidação da cabeça de praia e no deslocamento para o interior. A previsão era de que quando os alemães contra-atacassem, as forças anfíbias já tivessem feito a ligação com as forças aeroterrestre.

Enquanto o Estado-Maior aliado fazia o planejamento, as divisões paraquedistas norte-americanas foram recompletadas e deram início a uma série de treinamentos e manobras a fim de prepara-las para sua missão. Uma das medidas mais importantes foi padronizar uma série de procedimentos e normas de conduta para tudo aquilo que envolvia o assalto aeroterrestre: a formatura das aeronaves no ar (formação em V com 3 aviões em sequência até 45 aeronaves), a ordem de embarque das cargas e homens nos planadores, sinais de alerta e de salto, procedimentos para o lançamento, reorganização, padronização dos equipamentos dos combatentes etc etc. Esse trabalho deu origem ao Memorando de Instrução sobre o emprego de Forças Aeroterrestres (1943) que padronizou as operações norte-americanas até o fim da guerra.

Em fevereiro de 1944, foi definida a missão que seria atribuída a 82: o 505º RIPqdt saltaria a oeste de St Sauveur le Viconte, conquistaria a cidade e as pontes sobre o rio Dove e patrulharia de foram agressiva para o sul até os pântanos Marécageuses. O 508 saltaria a cavaleiro da colina 110 e após consolidar a posição ocuparia posições ao sul e a oeste a fim de interceptar qualquer reforço alemão enviado para a península. O 507 aterraria uns três quilômetros ao norte do 505 e do 508, a fim de proteger o flanco da divisão contra qualquer ataque alemão vindo do norte. Toda a divisão deveria patrulhar agressivamente todo o perímetro da sua zona de ação.

Faltando uma semana para o deslocamento da divisão para os aeroportos de partida, as zonas de lançamento de todos os elementos da divisão foram deslocados para 15 km a leste de St Sauveur le Viconte e parte do planejamento teve que ser refeito.

Missão Boston era o codinome do assalto aeroterrestre da 82nd Airborne Division na Operação Netuno (desembarque Aliado na Normandia) dentro da Operação Overlord (Invasão da França).

Se os paraquedistas estavam se preparando para o assalto aeroterrestre, os alemães não estavam parados. As unidades alemães implementaram milhares de obstáculos (estacas de madeira) e alagaram extensas áreas que seriam as mais prováveis zonas de lançamento, desenvolveram táticas e normas de conduta para combater as unidades paraquedistas, reforçaram pontos críticos (pontes, centros de comunicação, PCs, centros logísticos etc.) e a 91ª DI foi transferida para as vizinhanças de St Sauveur le Viconte, com isso a zona de lançamento teve que ser mudada novamente….Nessa altura dos acontecimentos, todos os comandantes subordinados já tinham feito seu planejamento, tiveram que mudar tudo de novo.

O escalão da 82 que ia ser transportado por mar já havia partido para os portos de reunião nos portos ao longo do litoral de Gales e do sul da Inglaterra. Faltavam apenas 5 dias para o dia Y (tudo pronto).

O novo dispositivo da 82 era o seguinte: a divisão seria lançada em ambas as margens do rio Merderet. A missão seria conquistar e manter Neuville-Plain, Ste Mère-Eglise, Chef-du-Pont, Etienville e Amfreville. Destruiria as pontes sobre o rio Douve e ficar em condições de progredir para oeste, mediante ordem Corpo de Exército. As missões dos regimentos não foram alteradas.

Logo após o crepúsculo vespertino náutico de 5 de junho de 1944, o avião transportando os percussores rolou pela pista do aeroporto de North Withan, na Inglaterra. O Dia D, a invasão da Normandia estava começando e com ela, o maior assalto aeroterrestre da história. A campanha Aliada entrava em uma fase decisiva.

O avião com a equipe de percussores, precederam em cerca de 30 min o corpo principal. Os percussores tocaram no solo francês às 1:21 h da madrugada do Dia D.

O Escalão de Ataque da 82 foi organizado em uma Força-Tarefa constituída pelos 505º, 507º e 508º Regimentos Paraquedistas, o brigadeiro James Gavin foi designado como seu comandante. A fim de transportá-los foram empenhados 378 aviões C-47 e 52 planadores que além dos combatentes transportariam armas anti-carro, equipamento de comunicações etc. O segundo escalão seria transportado por 375 planadores que transportaria o 325º RI Planadorista no dia seguinte. 

Os regimentos eram comandados pelos seguintes oficiais; o veterano 505 do TC William Ekman, o 507 pelo Cel George Millett Jr, o 508 sob o comando do Cel Roy Lindquist e 325º pelo Cel Harry Lewis.

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Um salto noturno não é algo que cause maiores apreensões aos paraquedistas, quando se está treinado e a 82th Airborne Division estava. Tinha se preparado muito durante sua estada na Inglaterra. Isso não quer dizer que o ambiente estava relaxado, a tensão existia, além disso havia os inexperientes 508th e 509th. Os homens estavam sobrecarregados de equipamento. A principal preocupação do paraquedista deveria ser com a saída, para não rodopiar e enredar o paraquedas. Se a saída for bem executada, a fita de abertura abrirá a parte superior do paraquedas e se iniciará o seu desdobramento. Se tudo correu bem, agora é aterrar, retirar o paraquedas e seguir para o ponto de reorganização. Tudo certo então? Não….

A maioria dos pilotos estava bem tensa, voavam a 600 pés (182 m) de altitude, devido ao fogo antiaéreo, sua tendência era acelerar acima de 150 nós (ou 278 km, a velocidade ideal seria um pouco acima de 100 nós ou 185 km) ou acender a luz verde antes da Zona de Lançamento (ZL) demarcada pelos percussores. A combinação de tudo isso resultou que vários paraquedistas foram lançados fora da ZL ou devido a velocidade perderam parte do equipamento devido a força do vento e/ou aterraram longe da ZL. Por causa desse temor dos pilotos alguns paraquedistas caíram-no Canal da Mancha, em rios, áreas alagadas etc e não sobreviveram. Muitos fardos contendo armas anticarro, rádios, minas suprimentos diversos caíram em áreas alagadas, em rios etc. devido as falhas dos pilotos. A maior parte da divisão aterrou em um área entre Sainte-Mère-Église e Carentan.

Os paraquedistas norte-americanos carregavam o fuzil entre as pernas na vertical com o cano voltado para cima, de modo que depois de aberto o paraquedas manobravam o fuzil de modo a colocá-lo na horizontal. Essa medida que tinha salvo vidas na Itália e se tornou uma prática comum, agora estava um pouco prejudicada devido a quantidade de equipamento que estava sendo transportada.

https://www.americanrifleman.org/content/the-men-and-guns-of-d-day-82nd-airborne-division/

O lado positivo foi que o 507 e o 508 aterraram próximos e nas ZL, o que facilitou a reorganização e partirem imediatamente para cumprirem suas missões. Quando o brigadeiro James Gavin, comandante da FT, aterrou, o 505 estava atacando Sainte Mère Eglise e o 508 após uma breve reorganização partiu para tomar as pontes sobre o rio Meredet.

Gavin aterrou fora da ZL, num pomar, parte do seu avião aterrou em um pasto próximo. Tão logo tocou ao solo começou a amealhar os paraquedistas dispersos. A maioria pertencia ao 507. Ele observou que o fogo alemão era intenso e inúmeros paraquedistas procuravam proteção nas cercas vivas das vizinhanças. Um dado interessante sobre o 507, n unidade estava desorganizada e sem liderança na ZL. Muitos dos membros da unidade haviam ocultavam as insígnias nos capacetes, prática comum no Pacífico, mas que nunca tinha sido praticado ou recomendado na 82. O resultado foi uma grande dificuldade na organização.

Os alemães pressionaram bastante a inexperiente unidade. Os paraquedistas estavam com medo e desorganizados, preocupados em sobreviver, esqueceram da regra nº 1 em combate, responder ao fogo. Gavin foi a frente e reorganizou os homens próximos de si a responderem fogo e contra-atacarem, com pouco sucesso como registrou em seu livro. Diante da situação, retraiu com alguns paraquedistas através de um pântano próximo. No deslocamento, os alemães fizeram várias vítimas.

Após a travessia do pântano Gavin, reorganizou os homens que tinham sobrevivido e seguiu para La Fiére onde encontrou o 1º Batalhão/505º RIPqdt atacando a ponte sobre o rio. Mesmo desorganizada a 82, nas frações onde havia liderança e iniciativa, a divisão atacava, respondia ao fogo alemão, que se intensificava a medida que o tempo passava.

Os alemães após a surpresa inicial trataram de engajar os paraquedistas. O comando alemão lançava ataques cada vez mais poderosos contra os paraquedistas e mostraram ser tudo aquilo que se esperavam deles: agressivos, obstinados, metódicos e organizados.

Bem, colegas!!! Notaram que a situação, nas horas seguintes a aterragem, era crítica e o comandante do GT, estava sem condições de comandá-los, pois lutava pela própria vida. Os regimentos seguiam para seu objetivos por sua própria iniciativa. Grupos isolados engajavam os alemães onde os encontrassem. De novo a 82 estava isolada e sem apoio, no meio de grandes forças inimigas, lutando pela própria sobrevivência.

https://warfarehistorynetwork.com/sainte-mere-eglise-the-82nd-airborne-drops-into-france/

A tarde, Gavin conseguiu estabelecer um PC, a cerca de 8 km de Sainte Mère Eglise, dali pode estabelecer o contato com os novatos 507 e o 508 RIPqdt. Naquele ponto do terreno, organizou uma posição defensiva com os homens que tinha reunido a fim de controlar a passagem do rio. O PC estava muito próximo da zona de combate. Já Ridgway, o comandante da Divisão, estabeleceu o seu PCl mais próximo da cidade que estava sendo atacada pelo 504. Colegas, atentem para o fato que ambos os PC estavam bem próximos da linha de frente. Um dado importante é que como estavam no interior não conseguiram estabelecer comunicações com a força de invasão anfíbia. Ridgway e Gavin começaram a especular se o assalto anfíbio tinha sido adiado ou e até mesmo fracassado. A decisão foi continua a lutar, cumprir as missões recebidas e defende-las até a junção com as forças anfíbias.

No dia 7 de julho, ou seja, D+1, a 82ª D Aeroterrestre ocupava uma área de forma triangular (mais ou menos), de 8 a 10 km de extensão em cada lado do rio Maderet. Saint Mère Englise  foi ocupada. Os paraquedistas que caíram na cidade foram dizimados pelas forças alemães, muitos ainda no ar. Um paraquedista ficara enroscado numa das torres da igreja e salvara-se fingindo-se de morto (este episódio está no filme “O mais longo dos Dias”, de 1962).

O 3º/505º RIpqdt atacou e ocupou Saint Mère Englise, enquanto que o 2º Batalhão (do TC Ben Vandervoot, outro personagem representado no filme) tomou Neuville au Plain a fim de bloquear os alemães, caso atacassem pelo sul. Um detalhe muito interessante, enquanto estavam seguindo para Neuville au Plain, os alemães atacaram Saint Mère Englise. Ridgway chamou de volta o batalhão. Vandervoot por iniciativa própria chamou o tenente Turner Turnbull e determinou que tomasse Neuville au Plain. Rurnbull e seu homens tomaram a vila e assumiram uma posição defensiva em um terreno elevado ao norte da localidade. O pelotão tinha sido reforçado e contava com um efetivo de 44 homens, algumas .30 e morteiros. A posição comandava uma estrada que dava acesso à cidade. No dia seguinte, surgiu o 1058º RI alemão em marcha por ambos os lados da estrada e com viaturas distribuídas no meio da coluna. Ah, já ia me esquecendo Vandervoot participou de todas essas ações com a perna quebrada e se deslocava carregado por seu homens ou em carroças…

Turnbull permitiu a aproximação dos alemães e abriu fogo. Os alemães contra-atacaram, mas os paraquedistas sustentaram a posição até escurecer. A noite, Turnbull retraiu com 16 sobre viventes para Saint Mère Englise. No dia seguinte, os alemão lançaram um novo ataque e tentaram reconquistar Neuville au Plain. Vandervoot contra-atacou apoiado por alguns blindado da Força Anfíbia. No fim do dia, o 2º Batalhão retomou Neuville au Plain.

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Exemplos de heroísmo não faltaram Duas equipes de bazuca, que destruíram cinco tanques, os soldados John Bolderson, Lenold Peterson, Marcus Hein, Jr. e Gordon C. Pryne, Van Nuys foram premiados com a Distinguished Service Crosses, por sua corajosa posição na ponte. O soldado Charles DeGlopper sustentou sua posição com uma .30, permitindo que seus companheiros recuassem, até que foi morto. Sua coragem permitiu que vários homens se salvassem. Recebeu a Medalha de Honra do Congresso postumamente.

Muitas unidades como um batalhão do 507 e outro do 508 que estavam combatendo atrás das linhas inimigas. Além deles existiam bolsões de paraquedistas a leste do rio Maderet combatendo isolados. Passar para a outra margem e fazer a ligação com essas tropas era fundamental.

Em D+1, o 325º Regimento de Infantaria de Planadores aterrou e imediatamente se desdobrou. A chegada dos planadoristas permitiu que a 82, reforçasse sua posição na margem oposta do rio Maderet, operação que exigia a transposição do rio, sem os equipamentos adequados, mas extremamente necessária. O Regimento não tinha experiência e pagou sua cota de sangue nos combates, mas se saiu muito bem devido a liderança da maioria dos seus comandantes de vários níveis hierárquicos.

Mas não pensem que todos os comandantes tiveram iniciativa, foram arrojados ou corajosos diante do perigo. Gavin faz relatos da destituição de comandantes de batalhão que pareciam temerosos indecisos ou sem liderança. Em algumas ocasiões, o brigadeiro teve que posicionar homens à retaguarda para impedir que paraquedistas recuassem ou fugissem do combate…parece incrível, mas isso aconteceu.

Em muitas ocasiões, Gavin teve que comandar diretamente o ataque, manobrando os batalhões e companhias na linha de frente. Na defesa da localidade de Le Motey e na tomada da ponte de La Fiere, por exemplo, Gavin comandou diretamente, no campo de batalha, como era o seu estilo de comando.

https://www.pararesearchteam.com/Airborne/82-Commanding-General-J.M.Gavin.html

Mas por que isso? A resposta é que os contra-ataques alemães eram violentos e custaram muitas vidas a 82. Na maioria das ocasiões, os paraquedistas conseguiram manter suas posições, provocando grande baixas entre os alemães. Lembro que o apoio de fogo era mínimo, pois a divisão contava com poucos meios.

Apesar da persistente oposição alemã ao longo do rio Merderet, a divisão estabeleceu uma cabeça de ponte em La Fiere em D+3. Nesse momento, a divisão começou a receber reforços da Força Anfíbia, carros de combate, obuses 155 mm e outros elementos.

Em 10 de junho, o 505º tomou a estação de Montebourg e, no dia 12, o 508º cruzou o rio Douve, chegando a Baupt no dia seguinte. Em D+10, o 325º e o 505º atacaram e ocuparam St. Sauveur-le-Vicomte. A 90º Divisão de Infantaria fez contato coma 82º Divisão Aeroterrestre. Esta divisão deveria ultrapassar a cabeça de ponte e prosseguir no ataque. Em D+11  a 90º foi detida e a 82 Aeroterrestre voltou a luta tomando a colina 110 destravando o avanço da novata 90ª DI. No dia 19, e a divisão ocupou outra importante cabeça de ponte, em Pont l’Abbé.

Após essa ação a 82 reajustou o dispositivo e atacou ao longo da costa oeste da Península de Cotentin, Nos dias 3 a 4 de julho, a 82th Airborne Division realizaou seu último ataque na Normandia, os quatro regimentos tomaram duas colinas importantes e bem defendidas com vista para La Haye-du-Puits.

Dos 6.400 americanos que pularam na Normandia, quase 5% foram mortos ou feridos na aterragem. A medida que a divisão avançava e consolidava sua conquista foram encontrados paraquedistas mortos presos em árvores, torres, edifícios, afogados etc. Os alemão tinha o costume de atirar nos paraquedistas ainda no ar. Durante a Operação Boston cerca de 15 dos 20 comandantes regimentais e de batalhão foram mortos, feridos ou capturados. Nas três semanas após o Dia D, a divisão perdeu 457 mortos, 2.571 desaparecidos, doze capturados e 1.440 feridos. Após cinco semanas de combate quase ininterrupto, a 82ª Divisão Aerotransportada foi retirada para a Inglaterra.

O parágrafo inicial do relatório do general Matthew Ridgway dizia o seguinte:

“Realizando um salto noturno, a aprtir de H -4 horas, esta Divisão participou das operações iniciais da invasão da Europa Ocidental durante trinta e três dias ininterruptos, sem ser substituída e sem receber recompletamento. Cumpriu cada uma das missões recebidas dentro do tempo previsto ou antecipadamente. Jamais ceceu terreno, nem teve sua progressão detida, a não ser por ordens do Corpo de Exército. Sofreu baixas totais no valor de 46% do efetivo, entre mortos, desaparecidos e feridos. As baixas da Infantaria já tinham atigindo 45% do efetivo. Ao concluir as operações passou à Reserva do Exército, com o mesmo espírito combativo do dia em que entrou em combate”

A volta para a Inglaterra foi uma pausa para descanso, recebimento dos recompletamentos e treinamentos para a Operation Market Garden.

Nosso próximo ensaio será sobre a atuação da 82th Airborne Division na Operação Mercado Jardim.

Até breve!!! !!

Imagem de Destaque: https://warfarehistorynetwork.com/sainte-mere-eglise-the-82nd-airborne-drops-into-france/

Bibliografia

https://en.wikipedia.org/wiki/Normandy_landings

https://en.wikipedia.org/wiki/American_airborne_landings_in_Normandy#/media/File:Allied_Invasion_Force.jpg

https://en.wikipedia.org/wiki/Mission_Boston

Sainte-Mere-Eglise: The 82nd Airborne Drops into France

https://www.lonesentry.com/gi_stories_booklets/82ndairborne/index.html

https://www.ddayleadership.com/leaders

https://www.pararesearchteam.com/Airborne/82-Commanding-General-J.M.Gavin.html

Professor de História formado pela UGF. Mestrado e Doutorado em História pela UFRJ. Autor de artigos sobre História Militar e Geopolítica.

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