A crescente rivalidade entre EUA, China e a ascensão multipolar: Reflexões sobre uma possível Guerra Fria 2.0

de

Edilson Moura Pinto

Introdução

A crescente rivalidade entre os Estados Unidos e seus aliados com a China tem levantado debates sobre a possibilidade de uma Guerra Fria 2.0. Tensões em geopolítica, comércio, tecnologia e ideologia contribuíram para esse cenário, mas sua evolução completa ainda é incerta. A escalada recente da Guerra da Ucrânia também desempenhou um papel importante nas relações internacionais, aumentando as preocupações de segurança e levando a um aumento dos gastos militares em várias regiões. O mundo atual apresenta uma conjuntura mais multipolar, com o enfraquecimento relativo dos Estados Unidos e da UE, e o crescimento da China e da Índia dentre outros como atores importantes. Ao mesmo tempo, a aliança entre Rússia e China contribui para a ascensão chinesa como uma potência hegemônica, fortalecendo sua posição em questões globais. A dinâmica internacional também é interessante no que diz respeito à estrutura de blocos, com a presença de dois grupos distintos: EUA/UE/Austrália/Coreia do Sul/Japão e o G7 Plus x BRICS pois, começa se reconfigurar alianças antagônicas pela disputa do poder global, tal como já experimentado na “1ª Guerra Fria”. Além disso, a Índia adota uma postura independente e equilibrada em relação aos EUA, China e Rússia, buscando preservar seus interesses nacionais, promover a cooperação e responder às mudanças globais. Embora a Guerra da Ucrânia tenha aumentado as políticas de segurança e gastos militares, não se pode afirmar que coloca em xeque todo o sistema de segurança coletiva pós-Segunda Guerra Mundial, que continua a desempenhar um papel relevante nas relações internacionais.

É sobre este e outros assuntos que este artigo aborda e busca mitigar as questões relacionadas a “a nova estrutura de poder” que se redesenha no mundo atual.

Estamos diante de uma nova Guerra Fria?

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A última década em especial foi marcada por crescentes tensões entre os Estados Unidos e seus aliados com a China, o que alguns especialistas chamaram de “nova Guerra Fria” ou “Guerra Fria 2.0.” Esse termo foi usado para descrever a rivalidade e competição crescentes entre as duas grandes potências em várias áreas, incluindo geopolítica, comércio, tecnologia, militar e ideologia. No entanto, é importante notar que se essa situação ainda não evoluiu totalmente para uma Guerra Fria 2.0 pelo menos até agora, em agosto de 2023, pois ainda é dependente dos desenvolvimentos e mudanças no cenário mundial para que isso possa de fato se concretizar.

No entanto, é de se notar que várias questões contribuíram para o aumento das tensões entre os Estados Unidos e seus aliados com a China. Alguns dos principais fatores incluíam:

Disputas Comerciais: Há disputas comerciais em curso entre as duas grandes potências econômicas, o que levou à imposição de tarifas e medidas retaliatórias entre ambos.

Competição Tecnológica: A China avança rapidamente em setores tecnológicos-chave, o que gerou preocupações com roubo de propriedade intelectual, cibersegurança e o papel da China no desenvolvimento da infraestrutura 5G. A “guerra dos semicondutores” dentre outros.

Rivalidade Geopolítica: Ambos os países buscaram expandir sua influência globalmente, levando a uma competição estratégica em regiões como o Indo-Pacífico e a África.

Direitos Humanos e Diferenças Ideológicas: Os Estados Unidos e seus aliados criticaram o registro de direitos humanos da China e suas ações em regiões como Xinjiang e Hong Kong, criando tensões devido a diferenças ideológicas.

Modernização Militar: Os esforços de modernização militar da China e as reivindicações territoriais no Mar do Sul da China aumentaram as preocupações com a segurança regional, acrescenta-se ai os novos desenvolvimentos em relação a Taiwan.

Essas questões contribuem para uma crescente rivalidade entre os Estados Unidos/ seus aliados e a China, elevando as discussões sobre a “Guerra Fria 2.0”.

Ressalta-se no entanto, que a situação é fluida e as dinâmicas geopolíticas podem mudar rapidamente. Novos desenvolvimentos, esforços diplomáticos ou mudanças nas relações internacionais podem ocorrer e alterar as visões sobre o tema.

Guerra da Ucrânia o estopim para um novo conflito

https://cebri.org/revista/br/artigo/27/a-guerra-na-ucrania-significados-e-perspectivas

A Guerra da Ucrânia foi um dos eventos que contribuíram para a escalada das tensões nas relações internacionais entre o Ocidente, liderado pelos Estados Unidos, e a Rússia, aliado importante da China. Embora não se possa atribuir exclusivamente à Guerra da Ucrânia o status de “ponto de ignição” para a Guerra Fria 2.0, ela desempenhou um papel significativo na dinâmica geopolítica e no aumento das rivalidades entre grandes potências.

O conflito na Ucrânia começou em 2014, quando a Rússia anexou a Crimeia após a queda do governo pró-Rússia em Kiev. Isso levou a um confronto entre as forças separatistas pró-Rússia no leste da Ucrânia e as forças ucranianas, resultando em um conflito prolongado e tensões significativas entre a Rússia e as nações ocidentais.

A anexação da Crimeia pela Rússia foi amplamente condenada pela comunidade internacional, incluindo os Estados Unidos e seus aliados, que impuseram sanções econômicas à Rússia em resposta a essa ação. Isso agravou ainda mais as tensões entre o Ocidente e a Rússia e criou uma atmosfera de competição geopolítica, semelhante ao período da Guerra Fria original.

Além disso, a crise na Ucrânia reforçou as preocupações sobre a segurança na Europa, com os países da OTAN fortalecendo sua presença militar na região em resposta às ações da Rússia.

Pode-se dizer que a Guerra da Ucrânia foi apenas uma parte de uma série de eventos e disputas que moldaram o ambiente internacional e contribuíram para a percepção de da chegada da Guerra Fria 2.0. Outros fatores, como as disputas comerciais entre os Estados Unidos e a China, a expansão das ambições globais da China, a rivalidade em torno da tecnologia e as questões de direitos humanos e ideológicas também foram cruciais para a crescente tensão internacional.

Portanto, enquanto a Guerra da Ucrânia pode ser vista como um evento importante que contribuiu para esse novo ambiente internacional, ela não pode ser considerada o único “ponto de ignição” para uma nova Guerra Fria. Foi uma das peças do quebra-cabeça mais amplo de uma complexa dinâmica geopolítica em evolução entre as principais potências do mundo.

Porém, deve-se ressaltar que pelo menos no que se espera da China, esta tem adotado uma postura cautelosa e equilibrada em relação à crise na Ucrânia e ao conflito entre a Rússia e a Ucrânia. A China considera tanto a Rússia quanto a Ucrânia como parceiros importantes em diferentes aspectos de suas relações internacionais e busca evitar tomar partido na disputa.

Principais pontos do posicionamento da China em relação à Rússia na Ucrânia:

Não-Interferência: A China é uma forte defensora do princípio de não-interferência nos assuntos internos de outros países. Nesse contexto, a China se abstém de tomar posição oficial sobre questões internas e disputas territoriais de outros países, incluindo a questão da Crimeia.

Neutralidade e Equilíbrio: A China busca manter relações amistosas tanto com a Rússia, quanto com a Ucrânia. O país tem se esforçado para equilibrar suas relações com esses dois países, evitando tomar partido ou apoiar uma parte em detrimento da outra.

Cooperação Econômica: A China tem interesses econômicos em ambos os países e busca expandir sua cooperação econômica com ambos. A China é um importante parceiro comercial da Rússia, especialmente em setores como energia e infraestrutura, e também busca aumentar seus laços econômicos com a Ucrânia.

Diplomacia Multilateral: A China apoia uma solução pacífica e diplomática para a crise na Ucrânia. O país tem participado de esforços diplomáticos multilaterais, como o formato Normandia e as discussões na ONU, para encontrar uma resolução para o conflito.

Segurança Regional: A China está atenta aos desdobramentos da crise na Ucrânia, especialmente em termos de segurança regional e estabilidade. O país tem interesse em manter a paz e a estabilidade em sua vizinhança.

Porém, como se mostra em outros cenários que não somente no desenrolar do conflito da Ucrânia, a atual conjuntura internacional parece estar caminhando em direção a um cenário multipolar, onde várias potências mundiais competem por influência e poder em diversas áreas.

O termo “multipolaridade” refere-se a um sistema internacional em que várias nações ou blocos têm poder e influência consideráveis, em contraste com um sistema unipolar (dominado por uma única superpotência) ou bipolar (dominado por duas superpotências).

Nova Ordem e Mundo Multipolar

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A Multipolaridade está cada vez mais evidente no cenário mundial da atualidade.

Os fatores que contribuem para essa crescente multipolaridade incluem:

Ascensão da China e da Índia: A China e a Índia têm experimentado crescimento econômico significativo nas últimas décadas, tornando-se atores importantes no cenário mundial. Eles têm buscado uma maior influência política, econômica e militar, o que tem contribuído para um ambiente mais multipolar.

Enfraquecimento relativo dos Estados Unidos e da UE: Embora os Estados Unidos e a União Europeia ainda sejam atores relevantes e poderosos, eles enfrentaram desafios internos e externos que podem ter levado a um enfraquecimento relativo de sua posição no sistema internacional. Isso permitiu que outras potências emergentes assumissem um papel mais proeminente.

Rearanjo geopolítico do Oriente Médio e África: O recente acordo entre a Arábia Saudita e o Irã tem o potencial de ter um impacto significativo na ordem mundial, especialmente em uma região que historicamente tem sido palco de tensões geopolíticas. O acordo de entendimento, anunciado em 2023, representa um esforço para melhorar as relações bilaterais entre os dois países, após anos de rivalidade e hostilidade.

Apenas para citar, o golpe no Mali teve um impacto significativo na geopolítica europeia na África, especialmente devido à instabilidade e insegurança resultantes. A crise afetou diretamente os interesses europeus na região, pois o Mali é um país-chave para a luta contra o terrorismo e o tráfico de drogas. Além disso, a instabilidade no Mali pode desencadear mais uma onda imigrantes e refugiados em direção à Europa, colocando pressão adicional sobre as questões de segurança e migração na região.

Mudanças na Ordem Mundial: As mudanças no equilíbrio de poder global, combinadas com desafios a instituições internacionais estabelecidas, como a ONU e a OMC, têm contribuído para um ambiente mais multipolar. Essas mudanças levaram a um cenário em que várias potências competem por liderança e influência, em vez de uma única nação ou bloco dominante.

Conflito de Interesses e Rivalidades Regionais: Diferenças geopolíticas e competição por recursos têm levado a uma maior fragmentação de interesses e alianças regionais, contribuindo para um sistema mais diversificado e multipolar.

É importante ressaltar que a transição para um cenário multipolar pode ser complexa e repleta de desafios, como a competição por recursos, a gestão de conflitos e a busca por equilíbrio de poder. Além disso, a natureza da multipolaridade não implica necessariamente em um equilíbrio perfeito entre as potências; em alguns aspectos, ainda pode haver desequilíbrios significativos.

Enquanto a tendência geral parece estar apontando para uma maior multipolaridade, é difícil prever como a ordem mundial evoluirá no longo prazo, pois as dinâmicas internacionais são altamente fluidas e sujeitas a mudanças imprevistas.

Rússia e China : “Uma relação de amor e ódio”

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A aproximação entre Rússia e China, muitas vezes referida como uma “parceria estratégica”, tem raízes históricas, mas nos últimos anos, as circunstâncias conjunturais têm impulsionado uma maior cooperação entre os dois países. Essa aliança estratégica pode ter implicações significativas para a ascensão da China como uma potência hegemônica, embora deva ser considerada como um dos muitos fatores que influenciam a posição da China no cenário mundial.

Alguns dos principais fatores que contribuem para à aliança entre Rússia e China e seu potencial impacto na ascensão da China como uma nova potência hegemônica incluem:

Interesses Comuns: Rússia e China compartilham interesses comuns em questões como a multipolaridade, a oposição à supremacia dos Estados Unidos, a promoção de uma ordem internacional mais diversificada e a resistência a intervenções externas em assuntos internos de outros países.

Contrariedade ao Ocidente: Ambos os países têm enfrentado pressões e sanções de países ocidentais, como os Estados Unidos e a União Europeia, devido a divergências políticas e questões de direitos humanos. Isso os levou a buscar uma maior cooperação mútua como uma forma de resistência e resposta ao que veem como a interferência ocidental.

Cooperação Econômica e Energética: A China tem uma crescente demanda por recursos naturais, e a Rússia é uma fonte importante de energia e matéria-prima. A cooperação econômica em setores como energia, comércio e investimentos fortaleceu os laços bilaterais.

Dimensão Militar: A Rússia e a China também têm realizado exercícios militares conjuntos, o que fortalece sua cooperação e demonstra capacidades militares compartilhadas. Essa dimensão militar contribui para a capacidade conjunta de desafiar as abordagens ocidentais em questões de segurança e influência global.

Apesar dessa aliança estratégica, é importante notar que a China ainda enfrenta desafios em sua ascensão como potência hegemônica. Embora tenha experimentado um crescimento econômico significativo nas últimas décadas, ainda precisa enfrentar questões como a transição para uma economia mais baseada no consumo interno, desafios demográficos e pressões externas sobre questões como propriedade intelectual e comércio internacional.

Além disso, a dinâmica internacional é complexa e dinâmica, e a ascensão de uma potência hegemônica depende de uma série de fatores, que incluem a diplomacia, a política doméstica, a capacidade tecnológica, a influência cultural e outros fatores que vão além das alianças bilaterais. Portanto, enquanto à aliança com a Rússia pode ser um fator a favor da China em seu objetivo de aumentar sua influência global, é apenas uma parte de uma cenário muito mais complexo.

Tróica Asiática, China-Índia-Rússia?

Craig Stephens: https://www.scmp.com/comment/opinion/article/3193038/tensions-between-china-india-and-russia-samarkhand-summit-cloud

O posicionamento internacional da Índia em relação aos Estados Unidos, China e Rússia é complexo e moldado por uma série de fatores históricos, geopolíticos e econômicos. A Índia tem adotado uma política externa independente e equilibrada, buscando manter relações cordiais e colaborativas com todos esses países, ao mesmo tempo em que preserva sua soberania e interesses nacionais.

Aqui estão algumas considerações sobre a postura indiana em relação a essas três potências:

Relação com os Estados Unidos: Ao longo das últimas décadas, a Índia buscou fortalecer os laços com os Estados Unidos em várias áreas, incluindo comércio, investimentos, tecnologia, defesa e questões estratégicas. A Índia e os Estados Unidos têm realizado exercícios militares conjuntos, aumentado a cooperação de inteligência e assinado acordos comerciais.

Ambos os países têm interesses convergentes em questões de segurança marítima no Indo-Pacífico e compartilham preocupações sobre o terrorismo e a estabilidade regional.

A aproximação com os Estados Unidos tem sido um fator importante na estratégia indiana de contrabalançar a crescente influência da China na região.

Relação com a China: A Índia e a China compartilham uma fronteira contestada e tiveram disputas territoriais no passado. Isso resultou em tensões ocasionais e conflitos, como o conflito fronteiriço de 2020 na região de Ladakh.

Apesar das diferenças e desafios, a Índia também busca cooperar com a China em questões econômicas e multilaterais, como o BRICS e o G20. A Índia tem interesse em promover o comércio e o investimento com a China, ao mesmo tempo em que busca resolver suas divergências.

Relação com a Rússia: A Índia e a Rússia têm uma longa história de cooperação, especialmente na área de defesa, com a Rússia sendo um importante fornecedor de armas para a Índia. Essa parceria remonta aos tempos da Guerra Fria e tem se mantido forte até hoje.

A Índia continua a valorizar seus laços tradicionais com a Rússia, mas também busca diversificar suas parcerias e fontes de armamentos, buscando tecnologia de outros países, incluindo os Estados Unidos.

A política externa indiana é moldada por sua posição como uma potência regional importante e uma das maiores economias do mundo. A Índia busca equilibrar suas relações com as principais potências globais para proteger seus interesses nacionais, promover o desenvolvimento econômico e garantir sua segurança. Além disso, a Índia está cada vez mais envolvida em iniciativas multilaterais, como a cooperação com países do BRICS e o engajamento em organizações internacionais, como a ONU e a OMC. O país mantem uma política externa pragmática e flexível, respondendo aos desafios e oportunidades em constante evolução no cenário mundial.

Qual o papel dos BRICS na nova Ordem Mundial?

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Neste cenário, qual seria o papel do BRICS em relação aos Estados Unidos e à Europa?  Esta é uma resposta realmente complexa e sua análise pode depender de diferentes perspectivas e interesses nacionais.

Desafio à Ordem Mundial Tradicional leva o BRICS que representa um grupo de países emergentes que buscaram uma maior representatividade no cenário mundial e uma voz coletiva em questões globais a serem colocados como uma força antagônica para fazer frente às atuais potências ditas ocidentais. Eles têm desafiado a predominância do ocidente, especialmente dos Estados Unidos e da Europa, em instituições internacionais como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial, reivindicando maior influência e reformas nessas organizações.

Porém a cooperação econômica e comercial entre os BRICS será um desafio muito grande e o bloco de nações tem buscado fortalecer laços econômicos entre seus membros, com ênfase em comércio, investimentos e cooperação financeira. Eles também têm procurado desenvolver acordos comerciais e de investimento com outros países e regiões fora do bloco.

O desafio da Multipolaridade e Equilíbrio de Poder entre os BRICS é igualmente grande devido a seus interesses individuais, embora o bloco como um todo, defenda uma ordem mundial mais multipolar, onde diferentes potências têm maior influência e poder. Eles buscam diversificar suas alianças e não estão exclusivamente alinhados aos interesses ocidentais.

Estes fatores são evidenciados quando se analisa que o BRICS compartilhe algumas aspirações comuns, como maior participação no cenário internacional, os países membros também têm suas próprias prioridades e interesses nacionais, o que pode levar a divergências em determinadas questões. O BRICS enfrenta desafios, como diferenças culturais, econômicas e políticas, e algumas críticas questionam sua coesão e capacidade de enfrentar questões globais complexas de forma eficaz.

Conclusão

A crescente rivalidade entre os Estados Unidos e seus aliados com a China tem levantado debates sobre a possibilidade de uma Guerra Fria 2.0. As tensões em geopolítica, comércio, tecnologia e ideologia contribuíram para esse cenário, mas sua evolução completa ainda é incerta, dependendo dos desenvolvimentos no cenário mundial.

A Guerra da Ucrânia desempenhou um papel importante nas relações internacionais, aumentando as preocupações de segurança e levando ao aumento dos gastos militares. A atual conjuntura internacional mostra uma tendência para um cenário multipolar, com o enfraquecimento relativo dos Estados Unidos e da UE e o crescimento da China e da Índia como atores importantes. Embora a Guerra da Ucrânia tenha aumentado as políticas de segurança e gastos militares, não se pode afirmar que coloca em xeque todo o sistema de segurança coletiva pós-Segunda Guerra Mundial, que continua a desempenhar um papel relevante nas relações internacionais.

Ao mesmo tempo, a aliança entre Rússia e China contribui para a ascensão chinesa como potência hegemônica, fortalecendo sua posição em questões globais. Já o posicionamento internacional da Índia em relação aos EUA, China e Rússia é independente e equilibrado, buscando preservar seus interesses nacionais e responder às mudanças globais. 

O papel do BRICS em relação aos Estados Unidos e à Europa é desafiador, com o bloco buscando maior representatividade global e desafiando a ordem mundial tradicional, ao mesmo tempo em que enfrenta desafios de cooperação econômica e divergências de interesses individuais entre seus membros. A transição para um cenário mais multipolar é complexa, e as dinâmicas geopolíticas em evolução influenciam a posição das principais potências no cenário mundial.

Imagem de Destaque: https://www.cafecomcomprador.com.br/post/guerra-fria-2-0-como-se-achar-com-tudo-isso

Autor: Edilson Pinto, é Físico,  Licenciado em Física pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, UNESP-Bauru, Brasil, Mestrado em Física aplicada pelo Instituto de Física Gleb Wataghin, UNICAMP, Brasil e Doutorado em Engenharia de  materiais, pela Faculdade de Ciências e  Tecnologia da Universidade de Coimbra, Portugal.  atualmente é pesquisador e diretor de projetos da SinTech- Growth inovation: Atua na área de Bio Materiais e novos materiais nanoestruturados, modificações de Superfícies, Polímeros condutores, Sensores para eletroanálise, Corrosão metálica. Possui experiência em pesquisa internacional é Editor e criador do Blog:  www.planobrazil.com, e autor e colaborador do História Militar em Debate e do canal: Falando de Guerra

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