Filme: 300 : A Ascensão do Império (2014)
Diretor: Noam Murro
Atores Principais: Eva Green, Sullivan Stapleton, Rodrigo Santoro, Callan Mulvey, Hans Matheson e Lena Headey.
Disponível em: Amazon Prime
Sérgio Vieira Reale
Capitão-de-Fragata (RM1)
A História Naval diz respeito a guerra no mar. O cinema é arte e entretenimento, e nesse sentido, tem liberdade artística para narrar um fato histórico, que pode se afastar, em menor ou maior grau, da verdade documental. Por outro lado, existe uma responsabilidade de como se leva a história para o cinema. Muitas pessoas não farão uma pesquisa sobre aquele fato ou figura histórica e ficarão somente com o poder da imagem e daquela narrativa.
300: A Ascensão do Império é a sequência do filme 300 (2007) e aborda as guerras greco-pérsicas ocorridas na antiguidade entre 490 e 480 a.C. Elas foram motivadas pelas crescentes conquistas persas na Ásia Menor (região de grande importância comercial), que colocou em risco os interesses dos gregos no Mar Egeu.
O filme é um épico norte-americano que se destaca, principalmente, por ter utilizado efeitos especiais em 3D, que trouxe experiências visuais incríveis.
Um bom exemplo é a caracterização do exótico personagem deus-rei Xerxes da Pérsia, que é um gigante com mais de 2,5 metros de altura. Ele foi interpretado pelo ator brasileiro Rodrigo Santoro.
Os 300 aos quais o título se refere são os combatentes espartanos que foram liderados pelo famoso rei de Esparta Leônidas, na Batalha de Termópilas, que foi vencida pelos persas, em 480 a.C.
Em 490 a.C os gregos derrotaram os persas na Batalha de Maratona e o rei persa Dario foi morto por uma flecha lançada pelo ateniense Temístocles (Sullivan Stapleton). Após este fato, Xerxes, que era filho de Dario, foi transformado num deus-rei para liderar uma nova invasão sobre a Grécia.
Segundo Artemísia (Eva Green), comandante da marinha persa, “Só deuses podem derrotar os gregos”. Artemísia era grega, mas sua família foi assassinada por hoplitas gregos, que eram os melhores soldados da infantaria. Naquele dia ela não foi morta, mas foi levada como escrava. Ela foi salva por um emissário persa e treinada pelos melhores guerreiros persas para o combate. Artemísia desejava vingança contra os gregos.
Aquele período marca o início das guerras navais organizadas com grandes operações conjuntas realizadas pelas forças terrestres e navais.
Em 480 a.C, sob o governo de Xerxes, em nova tentativa efetuada pelos persas no sentido de dominar os gregos foi realizada a Batalha Naval de Salamina (1ª batalha naval da história). A ofensiva planejada foi uma operação conjunta. O exército persa partiu inicialmente da Ásia Menor e dirigiu-se a Península Helênica. As tropas foram acompanhadas por uma esquadra, composta por galeras trirremes, cujo objetivo era apoiar logisticamente as ações do exército em terra.
As tropas (cerca de 180.000 homens) eram numerosas demais para serem transportadas por via marítima. Os navios de guerra eram de madeira e construídos com ordens de bancadas em cada bordo, ou seja, birremes com duas ordens de remos e trirremes com três ordens. Estes eram dispostos lado a lado e em níveis diferentes de bancadas. O tamanho dos remos variava em função da altura da bancada.
Na Antiguidade, a guerra no mar era um prolongamento das batalhas terrestres e o combatente adversário era o principal objetivo da guerra naval. O controle do mar consistia em negá-lo ao uso do inimigo, bem como garanti-lo para sua livre utilização.
Dessa forma, havia normalmente, a necessidade da realização de uma batalha decisiva, onde a força naval adversária deveria ser destruída. Os navios de guerra eram cumpridos e estreitos, a propulsão a remos permitia uma maior precisão de seus movimentos, e também possuía velas quadradas, para poupar os remadores nas longas travessias. A propulsão a remos era utilizada para aumentar a velocidade do navio no emprego da tática do abalroamento.
Inicialmente, os navios realizavam uma manobra de aproximação para entrar no alcance das armas de arremesso da infantaria embarcada – flechas, lanças e misturas incendiárias lançadas por meio de catapultas. Posteriormente, empregavam a tática do abalroamento que poderia afundar o navio inimigo sem a necessidade da abordagem. Em caso de abordagem, nos conveses, os combatentes utilizavam machados e armas brancas na luta corpo- a-corpo. A principal tática que predominava na Antiguidade era a do abalroamento. Os navios buscavam o choque para perfurar o casco do navio inimigo, afundá-lo ou destruir seus remos para restringir a sua capacidade de manobra. Esta tática, estava associada ao uso do esporão, que possuía forma pontiaguda; era de madeira, e posteriormente, foi revestido com bronze para aumentar a resistência ao choque.
Diante da esperada invasão persa, Temístocles, que era um fervoroso defensor da liberdade e da democracia, busca fazer uma aliança entre as cidades-estados gregas. Porém, encontrou resistência da rainha Gorgo (Lena Headey) de Esparta.
Para expulsar os persas, o líder ateniense, decidiu cortar as linhas de comunicações marítimas que apoiavam o grande exército persa, ou seja, atacar a esquadra. A estratégia ateniense foi atrair a esquadra persa para um canal estreito entre a Ilha de Salamina (localizada ao sul de Atenas) e o continente.
Na travessia para a batalha Temístocles fez um discurso memorável para seus guerreiros: “Meus irmãos, acalmem seus corações. Olhem no fundo de suas almas, pois seu valor será testado hoje.
E se no calor da batalha precisarem de uma razão para lutar basta olharem para o homem que luta ao seu lado. É a fraternidade dos homens das armas. Um elo inquebrantável e fortalecido no calor do combate. Não há causa mais nobre em lutar por aqueles que darão a vida por você. E acima de tudo, lutem pela Grécia”!
Os gregos, em grande desvantagem numérica, porém com embarcações mais adequadas para combater em águas restritas, derrotaram os persas e garantiram para si o uso do Mar Egeu. A decisão de Temístocles em atacar a esquadra persa para cortar a fonte de suprimentos do exército em terra, demonstrou a fragilidade do exército persa, operando longe de suas bases. Após a vitória, Atenas se tornou a maior potência naval no mundo grego.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS E SITES CONSULTADOS
1. ALBUQUERQUE, Antônio Luiz Porto; SILVA, Léo Fonseca e. Fatos da História Naval. 2.ed. Rio de Janeiro: Serviço de Documentação da Marinha. 2006.
2. STRAUSS, Barry. A BATALHA DE SALAMINA: O combate naval que salvou a Grécia e a Civilização Ocidental -Rio de Janeiro: RECORD. 2007.
3.https://www.youtube.com/watch?v=J5flz2Ewe-A Trailler Legendado