Anjo de Hamburgo: A brasileira que salvou milhares de Judeus

de

Profº. Esp. Pedro Silva Drummond

Na Segunda Guerra Mundial, aconteceram diversos assassinatos. Um dos povos que mais sofreram na Guerra foram os Judeus. Os integrantes do Judaísmo sofreram muito no período do Nazismo, porém, receberam a ajuda de muitas pessoas, entre elas, Aracy de Carvalho Guimarães Rosa, o Anjo de Hamburgo. Quem foi e quais as suas atitudes, serão analisados nesse texto.

Introdução

Na década de 1930, chegará ao poder na Alemanha Adolf Hitler, e durante esses anos, teve início uma política contra os Judeus. Essa política que culminou com a morte de milhares de pessoas, foi divido em quatro fases: “A primeira (1933 a 1935) foi a da discriminação e início da exclusão da vida pública, com medidas como proibição do exercício de profissões liberais, de frequência a escolas e universidades e de boicote contra lojas judaicas. A segunda fase compreende os anos de 1935 a 1938: isolamento e degradação, que se inicia com as Leis de Nuremberg, segundo as quais os judeus deixavam de ser considerados cidadãos e eram proibidos de se casar com “arianos”, sob pena de morte. Na terceira fase, de 1938 a 1941, iniciada a partir da “Noite dos Criastais Quebrados”, o primeiro pogrom do século XX, e marca o início da violência física em massa contra os judeus e da deportação para os campos de concentração… Nesse momento, os judeus foram completamente banidos da vida econômica na Alemanha. As propriedades judaicas foram colocadas em contas e confiscadas pelo Estado. Nesse período, eclode a Segunda Guerra Mundial, a expansão do “espaço vital” da Alemanha nazista, o aumento das vítimas, dos campos, e se inicia o confinamento em guetos dos judeus. A quarta e última fase, de 1941 a 1945, é a da “Solução Final da Questão Judaica” – ou seja, do extermínio em massa” (https://diversitas.fflch.usp.br/holocausto-e-anti-semitismo)

Nesse contexto surge à figura de Aracy de Carvalho Guimarães Rosa, o Anjo de Hamburgo, uma mulher poliglota, que viveu na Alemanha antes da Segunda Guerra Mundial. No final da década de 1930, Guimarães Rosa, começa a trabalhar no Consulado do Brasil, em Hamburgo, dando início, o trabalho que a fez ser reconhecida como o Anjo de Hamburgo.

Anjo de Hamburgo

Em 1937, o governo brasileiro cria a Circular 1127, que restringia a entrada de pessoas de origem semita no País. Durante o período que Guimarães Rosa trabalhou no Consulado, a determinação que havia na Circular, não foi obedecida. Houve a facilitação com a concessão de vistos para centenas de Judeus que conseguiram escapar da Europa.

A atitude tomada por Aracy de Carvalho Guimarães Rosa, não somente possibilitou o reconhecimento como o “Anjo de Hamburgo”, mas permitiu com que ela se tornasse a única mulher homenageada na exposição em 2007, com o título “Vistos para a Vida: os honrados diplomatas”, onde o Museu do Holocausto (Yad Vashem), apresentou um lista com dezoito diplomatas que  salvaram judeus durante o Holocausto.

Guimarães Rosa é uma das poucas integrantes dessa lista, que não tinha o cargo de Embaixador ou Cônsul.

Hall dos Nomes no Museu do Holocausto (Yad Vashem)

Aracy de Carvalho Guimarães Rosa, também é reconhecida como a “Justa entre as Nações”, e como consequência desse reconhecimento, no próprio Museu do Holocausto (Yad Vashem), em Israel, existe uma árvore plantada, com o nome de Guimarães Rosa, em reconhecimento pelas vidas que salvou, no Jardim dos Justos entre as Nações.

 “Esta homenagem é um reconhecimento que o Estado de Israel presta aos góim (não-judeus) que auxiliaram judeus a escapar do genocídio. Apenas outro brasileiro, o embaixador Luiz de Souza Dantas, recebeu, em 2003, a mesma honraria de D. Aracy. O lugar também é conhecido como Alameda dos Justos e todos os escolhidos e escolhidas recebem, ainda, uma medalha, cunhada especialmente para si, e um certificado de honra, além de ter o nome cravado na Parede de Honra que existe no Jardim.” (CESARIN, Selma Aparecida. 2011).

Parede de Honra no Jardim dos Justos entre as Nações, indicando o nome dos integrantes brasileiros

Conclusão

Aracy de Carvalho Guimarães Rosa, que se tornou a segunda mulher do diplomata e escritor João Guimarães Rosa, não é somente a mulher de uma pessoa importante, mas uma personagem importante na História do Brasil, Israel e da Segunda Guerra Mundial.

Como citado anteriormente, a única mulher entre os diplomatas que salvaram judeus durante o Holocausto e ao lado do Embaixador do Brasil na França, Luiz Martins de Souza Dantas, os únicos brasileiros reconhecidos por essas ações. Atualmente, a lista é composta por 36 diplomatas e milhares de pessoas.

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Bibliografia

CESARIN, Selma Aparecida. O Surgir de um Anjo: Aracy de Carvalho Guimarães Rosa – Desobediência Civil, (BIO)Ética, Coragem, Alteridade, Defesa dos Direitos Humanos e esquecimento em seu próprio País. Cadernos Camilliani, vol. 12, nº 1, 2011.

https://www.arqshoah.com/arquivo/549-arq-539-circular-secreta-n-1127-recusa-de-vistos-a-individuos-de-origem-semita-06-1938

https://diversitas.fflch.usp.br/holocausto-e-anti-semitismo

Especialização em História Militar pela Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL), Graduação em História (Bacharel e Licenciatura) pela Universidade Gama Filho (UGF), autor de Artigos em História Militar.

7 comentários em “Anjo de Hamburgo: A brasileira que salvou milhares de Judeus”

  1. Bom dia, não sou Judeu, mas estive no Museu Do Holocaustos duas vezes, é impressionante, constatei a homenagem a esses grandes Diplomatas brasileiros, pena que é pouco divulgado o que esses justos fizeram, para quem se interessa , aconselho o livro, “E O Mundo Silenciou” de Yerzi Kozinsk. Infelizmente é uma lição esquecida, onde ainda hoje vemos tantos, crimes contra a humanidade, ocorrendo de uma forma sistêmica.

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  2. Que história marcante e emocionante! Estou assistindo na Globo esses fatos desconhecido por muitos, onde a grande e corajosa Aracy é um poço de coragem e solidariedade em detrimento aos irmãos judeus. Hoje moro no Recife no bairro da Boa Vista onde também era conhecido como o bairro dos judes onde Clarice Lispector morou. Parabéns pela honrosa publicação.

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    • Quando á classe de arqueólogos, historiadores, comunicação social, religiosos e os próprios políticos que têm o poder decisor se pautarem com imparcialidade em nome da verdade, certamente teremos mais verdades reveladas, porque á história é composta por partes incompletas e não apenas com partes convenientes.

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