Apolônio de Carvalho: o militar brasileiro que lutou duas guerras na década de 1930

de


Pedro Silva Drummond

Informação importante sobre o texto abaixo: O objeto de análise desse texto é o senhor Apolônio de Carvalho, que muitos conhecem por sua vida política e ideologia. O site História Militar em Debate tem como norma, não escrever sobre política interna, e assim ocorrerá, as próximas palavras descritas abaixo, não tem como interesse falar sobre a vida política e ideologia, de Apolônio de Carvalho, o propósito é analisar sua vida como militar, não somente do Brasil, mas das outras Nações, no qual, esteve envolvido.

Apolônio de Carvalho nasceu em Corumbá/MS, no dia, 9 de fevereiro de 1912, quando precisou escolher sua profissão, acabou seguindo os “passos” do seu pai, Candido Pinto de Carvalho Júnior, que era seu Pai. Em Março de 1930, Carvalho entrou na Escola Militar de Realengo/RJ, até que em 1934, o tenente Apolônio de Carvalho é designado a um regimento de Artilharia em Bagé/RS.

No período durante sua estadia na cidade, acabou fazendo parte da Aliança Nacional Libertadora (ANL), na cidade. Em 1936, um ano após a Intentona Comunista (1935), Carvalho acabou sendo preso e expulso do exército.

Após a sua saída da prisão, em julho de 1937, Apolônio de Carvalho “se filiou ao PCB e decidiu ir lutar na Espanha. Viajou clandestino até a Bahia e lá obteve um passaporte brasileiro legal. Embarcou no navio Bagé, desceu no Havre, se apresentou em Paris, foi encaminhado para Perpignan, onde recebeu um passaporte espanhol.” (PEREIRA, p. 183)

Brigadas Internacionais na a Guerra Civil Espanholahttp://darozhistoriamilitar.blogspot.com/2012/06/as-brigadas-internacionais.html

A chegada de Apolônio de Carvalho na Espanha, aconteceu em setembro de 1937, quando, ele “foi designado para servir no Exército Popular Republicano como tenente-auxiliar…  comandou um agrupamento de artilharia e posteriormente participou da batalha de Teruel, entre dezembro de 1937 e fevereiro de 1938 e, finalmente, da última ofensiva republicana no Ebro… chegou a assumir funções de coronel. (PEREIRA, p. 183 e 191)

Durante a retirada das brigadas internacionais da Guerra Civil Espanhola, no início de 1939, ”viu impotente romperem-se as frentes republicanas. Experimentou a derrota, a rápida retirada em direção à fronteira francesa, a rendição humilhante, e o internamento num campo de concentração em fevereiro de 1939, primeiro em Argelès-Sur-Mer e depois em Gurs, nos Baixos Pirineus, ao sul da França, – e desde ali presenciou o início da Segunda Guerra, percebendo-a como um desdobramento lógico da batalha perdida na Espanha”. (PEREIRA, p. 191).

Apolônio de Carvalho – nº 4.
Campo de refugiados de Gurs, França 1939. Álbum de Víctor Martínez, Colección Museo de la Memoria Rosario, Argentina.
https://albamovimientos.net/bitacora-internacionalista-11-apolonio-de-carvalho-hacer-del-mundo-una-trinchera/

Após a sua saída dos campos de concentração franceses, Apolônio de Carvalho, que adquiriu certa experiência em guerra, com a Guerra Civil Espanhola, “participou da Résistance Française em 1940-1941, prestando auxílio aos detidos nas prisões de Les Milles e dos campos de concentração. Em 1942-44, atuou nas fileiras dos Francs-tireurs et Partisans Français (FTP-MOI), em que havia uma parte de companheiros, filhos de imigrantes e, em funções de direção, antigos combatentes da Espanha…. Em maio de 1943, Apolônio assumiu as funções de chefe geral dos franco-atiradores e guerrilheiros da Zona Sul… Em janeiro de 1944, Carvalho, já casado com Renée France, se instala em Nîmes como responsável militar da região sudeste do país e juntos reorganizam as forças da Resistência. No mês seguinte, junto com jovens guerrilheiros, Apolônio assalta a prisão militar alemã de Nîmes e liberta 17 presos políticos que seriam fuzilados” (PEREIRA, p. 183 e 197-198)

No fim da Segunda Guerra Mundial, Apolônio de Carvalho recebeu a patente de coronel das Force Françaises de l’Interieur (FFI) e foi condecorado com as medalhas da Resistência, da Cruz de Guerra e da Cavaleira de Honra.

Imagem de Destaque: Apolônio de Carvalho. https://neamp.pucsp.br/liderancas/apolonio-de-carvalho

Bibliografia 

– PEREIRA, Marco Antônio Machado Lima. Apolônio de Carvalho: trajetória, memórias e militância política na era do antifascismo (1937-1947). Revista Antíteses, v.13, n. 25, Londrina, p. 181-206, jan-jun. 2020. Disponível em: <https://ojs.uel.br/revistas/uel/index.php/antiteses/article/view/39169>. Acessado em : 16/12/2023

– BARREIROS, Isabela. Apolônio de Carvalho, o Militante Comunista de Três Pátrias. Disponível em: <https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/reportagem/apolonio-de-carvalho-o-militante-comunista-de-tres-patrias.phtml>. Acessado em : 16/12/2023

– BELÉM, Euler de França. Apolônio de Carvalho, o brasileiro que lutou na Guerra Civil Espanhola e na Resistência Francesa. Disponível em: <https://www.jornalopcao.com.br/colunas-e-blogs/imprensa/apolonio-de-carvalho-o-brasileiro-que-lutou-na-guerra-civil-espanhola-e-na-resistencia-francesa%c2%b9-56811/>. Acessado em : 16/12/2023

https://pt.wikipedia.org/wiki/Apol%C3%B4nio_de_Carvalho

Especialização em História Militar pela Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL), Graduação em História (Bacharel e Licenciatura) pela Universidade Gama Filho (UGF), autor de Artigos em História Militar.

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1 comentário em “Apolônio de Carvalho: o militar brasileiro que lutou duas guerras na década de 1930”

  1. Entrevistei pessoalmente Apolônio de Carvalho em Paris, ainda durante a ditadura militar. Publiquei o que registrei neste artigo:
    608. “Brasileiros na Guerra Civil Espanhola, 1936-1939: combatentes brasileiros na luta contra o fascismo”, Brasília, 9 março 1998, 47 p. Artigo de natureza histórica sobre a participação de brasileiros, majoritariamente pertencentes ao Partido Comunista, na guerra civil espanhola e sobre o contexto político-diplomático do conflito espanhol. Baseado em pesquisa original feita em fontes primárias (entrevistas e questionários com ex-combatentes e seus familiares) e em fontes secundárias.
    Publicado na revista Sociologia e Política (Curitiba, PR; ano 4, nº 12, junho 1999, Dossiê: Política Internacional, p. 35-66; ISSN 0104-4478, impressa; 1678-9873, online; DOI: https//:10.5380/rsocp.v0i12.39262 http://dx.doi.org/10.5380/rsocp.v0i12.39262; links: http://revistas.ufpr.br/rsp/article/view/39262; pdf: http://revistas.ufpr.br/rsp/article/view/39262/24081). Postado no blog Diplomatizzando em 14/09/2016 (link: http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2016/09/guerra-civil-espanhola-1936-1939-um.html). Relação de Publicados nº 238.

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