Esquadrão 201: A participação Mexicana na Segunda Guerra Mundial

de

Pedro Silva Drummond

A Segunda Guerra Mundial ocorreu por diversos anos e Continentes. A Guerra na Europa começou com a invasão da Alemanha na Polônia em 1939, na Ásia, o conflito já ocorria desde 1937, com a chamada Segunda Guerra Sino-Japonesa, e finalmente no Pacifico, teve início, em 1941, com as conquistas japonesas nas possessões britânicas e no ataque à Pearl Harbor.

Durante todo o período da Segunda Guerra Mundial, a Guerra chegou a todos os Continentes, o último deles e o que menos sofreu consequências, desde mortos de civis, até destruições de territórios, foi o Continente Americano. Até o ataque japonês a Pearl Harbor, os Países Latinos mantinham-se neutros no conflito, somente, após o Japão atacar os EUA, e a Alemanha afundar embarcações de Nações do Continente, que começaram a ocorrer declarações de guerra aos Países do Eixo.

Mesmo com as declarações de guerra de alguns Países da América Latina, ocorrendo após dias e meses do ataque a Pearl Harbor, somente duas Nações efetivamente enviaram militares para o Teatro de Operações, Brasil, que enviou militares para Europa, e o México, que destacou integrantes das suas Forças ao Pacifico. O envio dos militares dos dois Países só ocorreu em 1944.

Nesse artigo será analisado o papel do México na Segunda Guerra Mundial, principalmente do Esquadrão 201, no Teatro de Operações no Pacifico.

A entrada do México na Segunda Guerra Mundial aconteceu após: “os navios mexicanos que forneciam petróleo aos Estados Unidos terem sido atacados nas águas do Golfo do México por submarinos alemães que torpedearam e afundaram os petroleiros: Potrero del Llano em 13 de maio de 1942 na costa da Flórida, e no mesmo ano: a Faja de Oro, perpetrada em 20 de maio; Tuxpan, 26 de junho; Las Choapas, 27 de junho; Oaxaca, 27 de julho; e Amatlán, em 4 de setembro.” (https://www.sev.gob.mx/difusion/ejercito_mexicano/escuadron201.pdf)

O México enviou para o conflito, os seguintes integrantes: “pilotos e mecânicos da Força Aérea; do Estado-Maior General, do Corpo Médico e de comunicações do Exército, bem como de pessoal civil qualificado como armeiro de materiais bélicos.” (https://www.gob.mx/sedena/documentos/mexico-en-la-ii-guerra-mundial). Os pilotos selecionados, para a guerra, formaram o chamado Esquadrão 201, objeto de análise do texto.

Esquadrão 201

Em 10 de fevereiro de 1944, o Presidente General Manuel Ávila Camacho, decretou que a Aviação Militar Armada do País, seria reconhecida como a Força Aérea Mexicana. Poucos dias depois, 8 de Março do mesmo ano, foi formado o Grupo de Aperfeiçoamento Aeronáutico, que enviaria 300 pessoas para treinamento nos EUA. A organização estava dividida da seguinte forma: “Comando, Grupo de Comando, Esquadrão 201 e Grupo de Substituição, esquema adotado para atuar de acordo com o plano orgânico de um esquadrão de caça norte-americano.” (https://www.sev.gob.mx/difusion/ejercito_mexicano/escuadron201.pdf). A Força Aérea Expedicionária Mexicana estava sob o comando do Piloto Aviador Coronel Antonio Cárdenas Rodríguez e o Esquadrão 201 sob o comando do Capitão 1/º. Piloto Aviador Radamés Gaxiola Andrade. (https://www.gob.mx/sedena/documentos/mexico-en-la-ii-guerra-mundial).

Após a decisão do envio de 300 militares da Força Aérea Mexicana para o conflito, o grupo recebeu treinamento em diversas localidades dos Estados Unidos, principalmente em Greenville, Texas, e Pocatello, campo de aviação de Idaho. Os militares mexicanos mesmo subordinados à Força dos EUA tinham comando e bandeira própria.

Quanto ao envio dos militares mexicanos, “originalmente o esquadrão estava destinado ao teatro de operações europeu, pelo que os pilotos e todo o pessoal receberam formação presencial, que incluiu a aprendizagem e identificação de todas as aeronaves alemãs e italianas, aprendendo as suas características, motor, aerodinâmica, armamento e táticas de combate. No final de 1944 e por recomendação do General Alamillo Flores, adido militar em Washington, EUA, foi decidido que o esquadrão participaria no teatro do Pacífico, e em particular na libertação do Arquipélago Filipino, por se tratar de uma nação cuja língua original era o espanhol” (https://www.sev.gob.mx/difusion/ejercito_mexicano/escuadron201.pdf)

No dia 27 de Março de 1945, depois de concluído o treinamento no Texas, a Força Aérea Mexicana, partiu para o conflito. Depois de mais de um mês de viagem, no dia 1 de Maio, os militares mexicanos desembarcaram em Manila, nas Filipinas.

Após a chegada ao território filipino os mexicanos, “foram transferidos de trem para a estação Florida Blanca e de lá em caminhões para a base aérea de Porac e integrados como parte do 58º Grupo de Combate, enquanto o grupo de comando da FAEM foi estabelecido em Fort Stotsenburg. No dia 17 de maio foram iniciados os voos de treinamento pré-combate, que incluíram familiarização com a área de operações e procedimentos, mas houve o problema de que as 25 aeronaves P-47 Thunderbolt da unidade ainda não haviam chegado, por isso decidiu-se alocar 18 aeronaves emprestadas ao esquadrão, pertencentes aos demais esquadrões do grupo.” (https://www.sev.gob.mx/difusion/ejercito_mexicano/escuadron201.pdf)

O Esquadrão 201 realizou sua primeira missão de combate no dia 7 de Junho de 1945, com ordens para à esquadra mexicana fornecer apoio às tropas terrestres Aliadas. Durante todo o período que as Forças Mexicanas estiveram em combate, “eles realizaram missões de bombardeio e metralhamento sobre bases e posições japonesas, sobre oficinas, veículos de comboio, posições de artilharia, parques e suprimentos de materiais, bem como contra concentrações de soldados. Da mesma forma, participaram em perigosos voos de varredura sobre territórios distantes e realizaram missões de bombardeamento sobre as ilhas ocupadas de Formosa (hoje Taiwan), como prelúdio à invasões contra o Japão. O Esquadrão 201 voou em 59 missões em companhia dos Aliados da Segunda Guerra Mundial, lançando 252 bombas de uso geral de 1.000 libras e 138.652 tiros que foram disparados de metralhadora calibre 0,50. O Esquadrão 201 voou coletivamente um total de 1.966 horas em zonas de combate. ” (https://www.sev.gob.mx/difusion/ejercito_mexicano/escuadron201.pdf)

O esquadrão 201, “conhecido como “Águias Astecas”, o esquadrão voou como anexo do 58º Grupo de Caças da 5ª Força Aérea do Exército dos EUA na libertação da ilha mãe de Luzon durante o verão de 1945. Naquela época, o esquadrão consistia de 30 pilotos selecionados entre os melhores, além de uma equipe de apoio altamente qualificada de aproximadamente 260 pessoas com diversas especialidades de aviação: armeiros, especialistas em radar e rádio, inteligência, meteorologia, administração e manutenção. Apesar das diferenças de linguagem e de procedimentos operacionais, ou seja, das condições meteorológicas e de voo adversas, as missões de combate da referida unidade foram altamente eficazes, obtendo assim elogios e reconhecimento do comandante das forças aliadas, General Douglas MacArthur, bem como o chefe da 5ª Força Aérea, General George Kenney.” (https://www.sev.gob.mx/difusion/ejercito_mexicano/escuadron201.pdf)

Formacão dos aviões que integraram o Esquadrão 201
https://www.gob.mx/sedena/documentos/mexico-en-la-ii-guerra-mundial

A última missão dos militares mexicanos ocorreu em 26 de Agosto de 1945, poucos dias antes da assinatura da rendição japonesa em 2 de setembro de 1945, a bordo do USS Missouri. Os Mexicanos estavam se preparando para participar da invasão de Okinawa, quando chegou ao fim o conflito. No momento da rendição japonesa estavam presentes representando os mexicanos, o Coronel Antonio Cárdenas, Rodríguez e o Capitão Radamés Gaxiola. Andrade.

Durante a Segunda Guerra Mundial, o esquadrão 201, teve cinco baixas: “Capitão 2/º. Piloto Aviador Pablo Rivas Martíne., Tenente Piloto Aviador Héctor Espinosa Galván, Tenente Piloto Aviador José Espinosa Fuentes, . Segundo Tenente Piloto Aviador Mario López Portillo, Segundo Tenente Piloto Aviador Fausto Vega Santander” (https://www.gob.mx/sedena/documentos/mexico-en-la-ii-guerra-mundial)

Antes dos militares mexicanos regressarem para o seu País, em 25 de setembro de 1945, os membros da Força Aérea Mexicana, inauguram em Manila, Filipinas, um monumento aos mortos. Quase um mês depois, em 23 de outubro, os primeiros militares mexicanos embarcaram no navio Sea Marlin, para regressar à América, a chegada, ocorreu no dia 13 de novembro a San Pedro, Califórnia.

Escultura e Placa no Memorial aos Mortos Mexicanos em Manila, Filipinas
https://www.sev.gob.mx/difusion/ejercito_mexicano/escuadron201.pdf

Conclusão

Os militares mexicanos que participaram da Segunda Guerra Mundial, assim como, de outras Nações que se envolveram e saíram vitoriosas dos conflitos, foram recebidos pela população dos seus Países como heróis, e muitos deles são lembrados até hoje, pelos seus atos.

Após a chegada ao Continente Americano “os membros da “Força Aérea Expedicionária Mexicana” “Esquadrão 201” foram agraciados com a promoção ao posto imediatamente superior e as condecorações: “Serviço no Extremo Oriente”, “Legião de Honra do México”, “Libertação da República Filipina” com um distintivo de Comenda Presidencial, bem como as condecorações dos EUA “Eficiência do Exército”, “Eficiência da Força Aérea”, “Campanha Americana”, “Campanha Ásia-Pacífico” e “Vitória na Segunda Guerra Mundial”. Os pilotos também receberam a “Medalha Aérea” e o Coronel Cárdenas e o Capitão Gaxiola a “Legião do Mérito”.” (https://www.sev.gob.mx/difusion/ejercito_mexicano/escuadron201.pdf)

Atualmente, no México, “monumentos foram erguidos e ruas, bairros e escolas foram nomeados em homenagem ao Esquadrão 201. Na Cidade do México, no Bosque de Chapultepec, próximo ao Monumento aos “Niños Héroes”, fica o Mausoléu da “Força Aérea Expedicionária Mexicana”, na qual estão depositados os restos mortais de dois dos cinco pilotos mortos em combate.”​. (https://www.sev.gob.mx/difusion/ejercito_mexicano/escuadron201.pdf)

Sobreviventes da Força Aérea Mexicana
https://www.gob.mx/sedena/documentos/mexico-en-la-ii-guerra-mundial

Em 2004, foi decretado pelo governo do México, que o dia 2 de maio, seria reconhecido como o dia da lembrança dos pilotos mortos da Força Aérea Expedicionária Mexicana, em 1945.

Imagem de Destaque: Pilotos do Esquadrão 201 – https://www.editorialgea.com.mx/escuadron-aereo-201/

Bibliografia

– Secretário de Defesa Nacional.  México na Segunda Guerra Mundial. Disponível em: <https://www.gob.mx/sedena/documentos/mexico-en-la-ii-guerra-mundial>. Acessado em: 06/01/2024.

– México na Segunda Guerra Mundial. História da Força Aérea Expedicionária Mexicana “Esquadrão 201. Disponível em: <https://www.sev.gob.mx/difusion/ejercito_mexicano/escuadron201.pdf>. Acessado em: 06/01/2024.

https://es.wikipedia.org/wiki/Escuadr%C3%B3n_201

– Esquadrão Aéreo 201. Revista Militar Armas. Disponível em: <https://www.editorialgea.com.mx/escuadron-aereo-201/>. Acessado em: 06/01/2024.

– Dàvila C., Héctor. Esquadrão 201. América Vuela. Ago-Set, 2002, nº. 88. Disponível em: <https://web.archive.org/web/20071020042620/http://portalaviacion.vuela.com.mx/articulos/ecua201.html>.  Acessado em: 06/01/2024.

– Força Aérea Expedicionária Mexicana. Esquadrão 201. Disponível em: <http://w1.aztecmodels.com/fam/Escuadron201/fam_fae.htm>. Acessado em: 06/01/2024.

Especialização em História Militar pela Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL), Graduação em História (Bacharel e Licenciatura) pela Universidade Gama Filho (UGF), autor de Artigos em História Militar.

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