Prof. Dr. Ricardo Pereira Cabral
Lançado em 2008, O Barão Vermelho (Der Rote baron) filme de ação biográfico anglo-alemão sobre o barão Manfred Albrecht Freiherr von Richthofen (2 May 1892 – 21 April 1918), um ás da aviação da 1ª Guerra Mundial, conhecido como Barão Vermelho (cor do seu avião). O filme foi dirigido e roterizado por Nikolai Müllerschön, com produção de Dan Magg, Thomas Reisser e Roland Pellegrino. O filme é estrelado por Matthias Schweighöfer, Joseph Fiennes, Til Schweiger e Lena Headey. A película tem uma duração de 123 min e é falado em inglês.
Sinopse
Primeira Guerra Mundial. O jovem aristocrata Barão Manfred von Richthofen (Matthias Schweighöfer) é convocado pela força aérea alemã. Seus combates, seu avião vermelho, suas táticas e suas inúmeras vitórias pessoais (80) ao lado do seu esquadrão, o ‘Circo Voador’ o tornaram um herói da nação, um mito ainda em vida. Richthofen descobre que está sendo manipulado pelo alto comando alemão e distraído pela fama, não enxergava a verdadeira face da guerra, que via como um jogo, uma disputa entre cavaleiros. Quando Richthofen é ferido e presencia os horrores das batalhas em um hospital, passa a perceber o efeito devastador da guerra. Apesar da desilusão, Richthofen sabe que ele não pode parar de voar e combater, mesmo para o mais habilidoso e destemido piloto, cada nova missão pode ser a última, mas o compromisso com seus comandados o levar a continuar a lutar. Um filme com incríveis cenas de combate aéreo, que conta a história do maior piloto de todos os tempos, mostrando várias nuances da sua personalidade.
Apesar do cuidado da produção o filme, como todo filme, tem várias imprecisões históricas. O filme é tecnicamente muito bem feito, a reconstrução das aeronaves e dos combates é de bom nível. Vale a pena assistir.
Reproduzo a crítica de Patrício Miguel Trujilo Ortega no site https://trujillopatriciocinema.blogspot.com/2011/06/red-baron-o-barao-vermelho.html
The Red Baron – O Barão Vermelho
The Red Baron – O Barão Vermelho, Alemanha, Guerra, 2008, 105 minutos.
Com: Matthias Schweighöfer, Til Schweiger, Lena Headey, Joseph Fiennes.
Direção: Nikolai Muellerschöen.
Este filme alemão, O Barão Vermelho, conta a história do lendário Barão Vermelho, o barão Manfred von Richthofen, considerado um dos maiores pilotos, não só da primeira guerra mundial, mas também de todos os tempos.
O filme tem muitos efeitos especiais, único jeito de recriar o ambiente da primeira guerra mundial com a maior precisão possível. Vale destacar que o melhor destes efeitos são os combates aéreos. Imagens belas, de boa qualidade, velozes, empolgantes e, sobre tudo, ricas em detalhes para que o espectador tenha uma visão completa dos aviões da época e de como foram as luta por dominar o espaço aéreo nesse terrível e sanguinário conflito, onde os aviões mostraram, pela primeira vez, em grande escala, o poder de destruição que tem.
Vale também ressaltar a precisão de detalhes na recriação das ruas de Berlim e as trincheiras na França o que, como dito anteriormente, demonstra que foi feito um trabalho de qualidade, pois o cenário deste filme é mais uma personagens que conta uma grande história.
O filme começa nos apresentando três garotos que estão caçando e que, quando estão prontos para abater um animal, escutam o motor de um avião. Os garotos esquecem a sua arma e saem correndo para ver voar o avião. O menino maior é quem mais se emociona e logo depois, vemos este menino transformado em adulto e pilotando seu próprio avião. De uma forma destemida, ele e seus companheiros de combate atacam o enterro de um piloto inimigo para deixar cair na tumba deste uma oferenda floral em reconhecimento ao grande piloto que estavam enterrando.
Esta atitude agressiva e destemida do barão Manfred von Richthofen é o ponto de partida para conhecer passo a passo a história de como se transformou no Barão Vermelho e como descobriu o outro lado da guerra.
Porque disto trata o filme: não nos narra somente a história do grande piloto e herói prussiano, mas sim nos conta como ele descobre que atrás de seus atos heroicos há uma matança de muita gente que não tem outra escolha: morrer.
Depois de um combate aéreo no que o barão Manfred von Richthofen sairía vitorioso, ele e outros pilotos tem que resgatar um piloto inimigo ferido, Roy Brown, e aí ele conhece uma enfermeira, Kate, que fica responsável pelos cuidados do piloto britânico. O barão gosta da enfermeira, mas ela fica chateada com a atitude fria do barão em relação as conseqüências de seus atos de guerra. O barão está em uma fase de querer ser o melhor para se transformar no líder da sua equipe com o sucesso de cada um dos seus atos aéreos.
Este sucesso chegará rápido e assume de forma destemida o comando da equipe. E uma das suas primeiras decisões a tomar, ainda que fosse contra o regulamento, é a de pintar seu avião de cor vermelho, para que o inimigo sempre pudesse vê-lo, pois a sua fama já percorre os céus de todas as bandeiras.
Mas o barão tem duas idéias claras que ensina aos seus pilotos: a primeira é que a missão deles é derrubar aviões e não matar soldados; por isso, aconselha aos seus homens que se o avião já está caindo, eles devem ir embora. E a segunda ideia tem a ver com a sua estratégia de guerra: se um piloto achar que não pode vencer, tem que fugir. E isso não é covardia. É uma forma de vencer nessa luta entre a vida e a morte.
Com as suas idéias e suas vitórias, logo o Barão Vermelho, além de se transformar em uma lenda no mundo todo, ganha a fama e o reconhecimento do exército imperial e a sua imagem é usada para motivar um país que ia perdendo a guerra. A sua imagem é usada de um jeito tal que até os soldados inimigos prisioneiros lhe pedem autógrafos.
Mas o Barão Vermelho ainda está por descobrir o verdadeiro sentido da guerra. Numa das suas batalhas aéreas, ele fica gravemente ferido e a enfermeira Kate fica responsável pela sua cura. Nasce entre eles uma amizade intensa que os leva diretamente a se relacionarem profundamente. E o Barão Vermelho, na sua característica destemida, fala para Kate que ele teve sorte de ser ferido na cabeça para poder estar com ela. Esta fala provoca uma ira profunda em Kate, que leva o Barão Vermelho para conhecer um hospital de feridos: onde estão os soldados que não tiveram o privilégio de nascer no mesmo berço do Barão: morte, mutilações, feridas profundas… É a guerra que o Barão Vermelho não conhecia desde os céus.
Isto mudará para sempre a sua atitude em relação a uma guerra que já estava perdida para a sua nação, e mais ainda quando, um a um, seus melhores amigos e pilotos vão sendo derrotados por um inimigo superior em quantidade. O Barão Vermelho não tem medo, então, de deixar o posto cômodo de comandante, de dizer ao imperador em pessoa o que pensa exatamente da guerra e de voar novamente na sua última batalha…
Ao longo do filme, é muito interessante conhecer a evolução e transformação do Barão Vermelho. No começo parece só um garoto destemido, irresponsável e preocupado mais pela sua glória; a sua postura, o seu sorriso nos dão a impressão de ser o “típico” jovem que se acha invencível, dono do mundo. Pouco a pouco, ainda que sem perder a fé que ele tem nele mesmo, seu olhar muda e passa a ser uma pessoa que tenta compreender o mundo mais além das suas vitórias.
Vale a pena destacar que as doses de violência são apresentadas ao espectador na medida certa; não se abusa gratuitamente das emoções através de cenas fortes, pois o filme está preocupado em nos mostrar o lado humano do Barão Vermelho e, junto com ele, de todas as pessoas que estão em uma guerra que, no final de contas, não é deles.
Quando o Barão Vermelho volta se encontrar durante uma batalha com o mesmo piloto britânico que derrubou e, que também o salvou no começo do filme, Roy Brown, se estabelece entre eles uma amizade de respeito. Os dos aviões caem e os dois inimigos no lugar de se matarem, conversam em um diálogo rápido, mas direto e, através deste, conhecemos o que o Barão pensa da guerra, quando fala que todos os reis, príncipes e imperadores da Europa são parentes e sempre vão achar um meio de estarem brigando entre eles.
Então, qual é o sentido da guerra?
Eterna pergunta com resposta certa para ouvidos surdos e pessoas que só pensam na sua glória com indiferença total para o resto da humanidade.
O Barão Vermelho é um filme que não glorifica nem a guerra nem a figura própria do barão Vermelho; é uma história que faz questão de mostrar o lado humano de um “mito”; é dizer, que o “mito” deixe de ser um simples mito para ser o que foi: uma pessoa que transcendeu na sua época não somente pelas oitenta batalhas aéreas que venceu, mas sim por seu espírito, seus princípios e pela terrível decisão de voltar “aos céus” quando já não tinha que demonstrar para ninguém o que ele era. Uma decisão que o levou a sua morte no dia 21 de abril de 1918.
Para terminar, temos que contar que o filme foi rodado em Baden-Württemberg (Alemanha) e na República Checa, em língua inglesa; depois seria feita a dublagem para o alemão.
Texto original de Patricio M. Trujillo O.
Imagem de Destaque: https://cinemamais.com.br/imprimir_anuncio-preco_-896043
Bibliografia
https://en.wikipedia.org/wiki/The_Red_Baron_(2008_film)
https://trujillopatriciocinema.blogspot.com/2011/06/red-baron-o-barao-vermelho.html
Professor de História formado pela UGF. Mestrado e Doutorado em História pela UFRJ. Autor de artigos sobre História Militar e Geopolítica.