Diretor: Serguei Eisenstein
Atores Principais: Grigoriy Aleksandrov, Vladimir Barskiy e Aleksandr Antonov
Disponível em: Canal You Tube
Sérgio Vieira Reale
Capitão-de-Fragata (RM1)
A relação entre à história naval e o cinema é antiga. Não é de hoje que contribui para o conhecimento desta parte da História Militar e Marítima; tanto para os que já são familiarizados com o tema quanto para aqueles que passaram a se interessar pelo assunto.
A guerra naval evoluiu ao longo do tempo e passou por muitas transformações. No entanto, se manteve inalterada na importância dos seguintes elementos: o navio de guerra, o comandante e a sua tripulação.
O primeiro grande encontro da história naval com o cinema ocorreu em 1925 no filme O Encouraçado Potemkin, gênero drama, dirigido pelo famoso cineasta russo Sergei Eisenstein. O filme, com duração de 74 minutos, foi exibido pela primeira vez, em dezembro de 1928, no Teatro Bolshoi, em Moscou.
Essa obra se refere à um crime de motim ocorrido, em 1905, no mais importante encouraçado da marinha imperial russa, que ficava no mar negro. O filme é mudo, as imagens são em preto e branco, e é considerado um clássico do cinema russo.
No ano de 1905, já havia um clima de insatisfação a bordo do Potenkim em relação ao regime político vigente. No poder estava o Czar Nicolau II. A Rússia estava num contexto de desabastecimento e greves. Este ano ficou conhecido como o ensaio geral para a Revolução Bolchevique de 1917. A guerra Russo-Japonesa (1904-1905), decorrente das ambições imperialistas de ambos, terminou com a derrota russa pela disputa da Coréia e Manchúria. Na Rússia ocorreram várias manifestações contra o regime czarista.
Na manhã de 27 de junho de 1905, o Encouraçado Potenkim estava fazendo exercícios na costa da Ucrânia. Naquele dia, começava uma insatisfação da tripulação com o rancho, ou seja, com a alimentação que seria servida a bordo.
Durante a manhã, os marinheiros sentiram cheiro de carne estragada no convés. Em seguida, um marinheiro viu uma carne pendurada infestada de vermes. O médico do navio foi alertado, mas nada ocorreu, pois disse que a carne estava com larvas de mosca e poderia ser lavada com salmoura. Este foi o motivo do início do crime de motim. Estas informações chegaram ao conhecimento dos oficiais que acharam que a carne estava boa e os protestos não faziam sentido. A partir daquele momento, o que começou como um protesto gerou uma rebelião. A tripulação se recusou a comer o “Bortsch”, uma sopa, que seria servida com as carnes estragadas. O imediato Ippolit Giliarovsky considerou aquele fato como uma insubordinação e ameaçou fuzilar aqueles que não comessem. Alguns oficiais se juntaram aos amotinados e outros foram mortos. Nos conveses as ordens começaram a ser descumpridas e os marinheiros armados lutavam entre si. Os marinheiros assumiram o controle do navio e levaram o Encouraçado Potenkim para a cidade de Odessa no Mar Negro.
Ao chegarem em Odessa havia uma greve geral e a população estava revoltada contra o Czar. A tripulação do navio se juntou aos operários russos revolucionários. As cenas da Escadaria de Odessa, a mais famosa sequência do filme, mostra o ataque das tropas do Czar contra homens, mulheres e crianças.
Em resposta às medidas tomadas pelo governo, o Potemkin fez vários disparos contra a cidade, mas não houve mortes. O navio deixou o porto e navegou em direção a esquadra principal no Mar Negro, leal ao Czar, e que se aproximava de Odessa para lidar com a situação. No entanto, quando os navios se encontraram, não houve uma batalha naval. O Potemkin se dirige ao porto romeno de Constança para ser abastecido de combustível e de suprimentos. Os romenos não forneceram itens ao navio, que seguiu rumo ao porto de Feodosia, na Criméia. Ali também não conseguiram os suprimentos necessários e, enfim, decidiram retornar ao porto romeno. Dois anos mais tarde, o Czar Nicolau II promete uma anistia aos revolucionários de 1905.
Os amotinados, desconfiados, preferiram permanecer na Romênia. O filme marcou o vigésimo aniversário da fracassada revolução de 1905, que retrata a revolta dos marinheiros pelas péssimas condições de higiene e alimentação a bordo do Encouraçado Potemkin.
Finalmente, dos dezoito oficiais do navio sete foram mortos pelos amotinados, incluindo o Comandante Evgeny Golikov. Logo se organizou um comitê dos marinheiros, liderado por Afanasi Matushenko. Ao final do motim, o navio ficou retido na Romênia e depois foi devolvido a Rússia.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS E SITES CONSULTADOS
O Encouraçado Potemkin (1925) – LEGENDADO