O CASAMENTO E O HMS AGAMEMNON
Parte III
Francisco Eduardo Alves de Almeida[1]
Laughton se referiu à natureza de Nelson como propícia a atrair a simpatia de jovens mulheres com sua adulação, lisonja e que durante toda a sua vida mal podia viver sem essas bajulações[2]. Foi dentro desse espírito que Nelson se encontrou com Frances.
Nascida Frances Woolward, possivelmente em maio de 1758, e assim pouco mais velha que Nelson, ela era filha da irmã de Herbert e de William Woolward, juiz acreditado na ilha de St Kitts. Com 21 anos de idade ela se casou com um médico local, doutor Josiah Nisbet e dessa associação nasceu seu único filho Josiah. Em um ano o doutor Nisbet faleceu e Frances tornou-se viúva com apenas 22 anos de idade, permanecendo sob os cuidados de seu tio.
O primeiro encontro entre a família de Frances e Nelson não foi dos mais auspiciosos. Naquela ocasião ela não se encontrava em Nevis e uma de suas amigas a escreveu sobre esse encontro. Convidado para jantar na casa do presidente Herbert, Nelson manteve-se distante, silencioso e pouco bebeu vinho, só aceitando fazê-lo quando Herbert levantou um brinde ao rei, a rainha, a família real e a Lord Hood. Depois do brinde, voltou a ficar taciturno e reservado com seus anfitriões.[3] Isso chamou a atenção da jovem Frances para com Nelson e logo depois houve o tão esperado encontro com ele. Logo os dois mantiveram uma longa correspondência em suas viagens pelo Caribe. Uma afeição mútua então se estabeleceu, porém diferente dos relacionamentos anteriores de Nelson. Imediatamente o casal resolveu se casar, apesar de Nelson não estar “arrebatadoramente” enamorado. Em uma de suas cartas para Fanny (apelido dado por ele a ela) escreveu Nelson o seguinte:
Minha querida Fanny…meu grande desejo é me unir a você e essa fundação de alegria, amor real e estima é o que confio que você acredite que eu possua em grau elevado em relação a você. …sabemos que riqueza não traz felicidade e o mundo sabe que sou superior a considerações pecuniárias em minha vida pública e privada…somente essa verdade esteja convencida de que sou seu aficionado. Horatio Nelson.[4]
Nessa carta Nelson discutiu a perspectiva de seu casamento com Fanny em um modo calmo, quase como um negócio financeiro. Laughton disse que o tom da missiva se referia especificamente a estima e não a paixão, parecendo ser uma carta mais de um amigo admirador do que de um amante em potencial.[5] Para selar a união, Nelson solicitou auxílio pecuniário a seu tio William Suckling no valor de 100 libras e de Herbert que se comprometeu a enviar a sobrinha 200 a 300 libras por ano durante sua vida de casada e deixar em testamento 20.000 libras, quando de sua morte, efetivamente um bom negócio para Nelson.
As cartas de Nelson para Fanny nesse período foram centradas, frias e distantes para um noivo. Poucas cartas eram mais entusiásticas em relação a Fanny, segundo Laughton.[6] Por sua vez, Mahan, ao comentar seus sentimentos em relação a Fanny, se referiu a uma carta escrita por ele ainda noivo para ela na qual afirmou que “então ele [o príncipe William] está certo em afirmar que tenho grande estima por você e não é o que[não entendido], eu não costumo fazer uso da palavra comumente chamada de amor. Ele está certo. Meu amor está fundado em estima, a única fundação que faz o amor durar”[7]. Para Mahan, Nelson não amava Fanny, apenas nutria por ela grande estima pessoal, chegando a declarar a ela que “o dever é a maior consideração de um oficial de marinha, todas as considerações privadas devem ser abandonadas, apesar de serem dolorosas”[8]. Agiria ele dessa forma quando conhecesse Lady Hamilton? Essa é uma questão que será analisada à frente.
Mahan prosseguiu afirmando que as cartas de Nelson para Fanny eram eivadas de ausência de ilusões, de qualquer tendência para exagerar e glorificar as qualidades de uma mulher que, de alguma forma, teoricamente, possuía o seu coração. Não existia nenhuma indicação de sentimentos perturbados, de arrebatamento que no futuro ocorreria em relação à Emma. Mahan, também, imputou a Fanny uma falha, mesmo no período de noivado, em não despertar em Nelson qualquer sentimento arrebatador, nenhuma exaltação de seus méritos, deixando vago um lugar no coração do herói que seria ocupado somente por alguém superior[9], no caso Emma.
Nelson tornara-se amigo do príncipe William Henry, agora capitão comandante da fragata HMS Pegasus. Naquela oportunidade, o Almirante Hugues fora transferido para a Inglaterra e Nelson passou a ser o mais antigo presente na estação e assim chefe de William. Sua opinião sobre o príncipe foi alvissareira desde que se conheceram. Os dois logo se tornaram íntimos, tendo essa amizade só terminado em 1805, com a morte de Nelson.[10] Horatio já possuía uma natural reverência para a realeza como instituição e em tudo o que ela representava para a Grã-Bretanha. Mahan imputou, inclusive, o permanente interesse do futuro rei William IV em assuntos marítimos desse período de amizade com Nelson que muito o influenciou. Era comum os dois jantarem juntos e trocarem confidências sobre a corte e a marinha. Disse Nelson sobre William naquele período que “nessa profissão ele [William] é superior a 2/3 da lista [de oficiais]..em atenção às ordens e respeito a seus superiores não conheço ninguém igual…gostaria que todos os capitães da marinha fossem tão atentos às ordens como ele é”.[11] Dois meses depois escreveria Nelson para Locker que “em todos os aspectos, tanto como homem como príncipe, eu o adoro. Ele me honrou como seu amigo confidente, nisso ele não está enganado”.[12]
Laughton não concordou com a opinião que Nelson tinha de William. Para ele Laughton, a conduta de William, tanto em suas relações privadas como navais, era tudo menos admirável. Como oficial sua disciplina era incerta e mesmo dura. Ao invés de se considerarem honrados em servir sob o comando de um príncipe, os tenentes do Pegasus fizeram tudo para desembarcarem do navio, afirmando em uníssono que “nenhum oficial podia servir sob o comando do príncipe, mas cedo ou tarde ele se dará mal”[13]. Um caso típico da má conduta de William em relação a seus oficiais foi com o seu imediato, tenente Schomberg, um oficial extremamente capaz que foi designado imediato do príncipe no Pegasus para auxiliá-lo no comando. Ao ser repreendido injustamente por William, Schomberg não aceitou a reprimenda e solicitou imediatamente uma corte marcial a Nelson, o oficial mais antigo presente. Em vez de procurar contornar a delicada situação, sem escutá-lo, Nelson mandou prender Schomberg por quatro meses e designou o Pegasus para se dirigir à Jamaica. Naquela estação, o comodoro Gardner, o mais antigo presente, julgou novamente a questão e deu ganho de causa a Schomberg, que foi reabilitado pelo Almirantado e promovido em 1790 a capitão. No combate do Glorioso Primeiro de Junho Schomberg comandou o HMS Culloden com distinção.[14] Nelson acabou repreendido pelo Almirantado por ter enviado o Pegasus para Jamaica ao invés de para Halifax como determinado. Para Laughton, essa foi uma lição importante para ele Nelson, pois a partir do caso Schomberg, Nelson passou a ser avesso a “medidas extremas” e dado a comandar com talento singular para conduzir seus subordinados com modos gentis[15].
William tinha como norma nunca fazer uma visita em terra para não desagradar os não-escolhidos, no entanto em razão dessa grande amizade com Nelson, fez questão de ser padrinho de seu amigo no casamento com Fanny em 12 de março de 1787. Uma grande deferência sem dúvida.
Quatro meses depois, o Boreas foi transferido de volta à Inglaterra. Fanny embarcou em um navio mercante e dirigiu-se para lá se encontrar com o marido em Londres. Nesse período as cartas de Nelson em relação a Royal Navy dirigidas a Locker eram de descontentamento com o serviço. Alguns de seus biógrafos acreditaram que ele Nelson imaginava abandonar a marinha, entretanto Laughton, apesar de constatar a veracidade desse descontentamento, analisou que não houve a menor razão de se acreditar nessa intenção de Nelson[16]. Mahan concordou com Laughton e acrescentou que esse descontentamento era originado pelas inúmeras admoestações que recebera durante a carreira, além do desinteresse com que fora tratado pelo Almirantado, acrescido de algumas novas ações judiciais impetradas contra ele nas Índias Ocidentais,[17] que demandavam indenizações por danos que nunca poderiam ser pagas por ele.
Depois de permanecer meses patrulhando a costa inglesa próxima a Nore, sem nenhuma tarefa específica, o Boreas foi retirado do serviço ativo e Nelson, cansado, foi colocado a meio-soldo (half pay). Inicialmente ele e Fanny se deslocaram para Bath para se recuperarem da “fumaça de Londres”[18], para em seguida se estabelecerem em Norfolk, condado onde Nelson nasceu. Lá Nelson permaneceu por quatro anos e meio a meio-soldo, sem ser chamado para uma função de atividade.
Sua vida em Burham Thorpe era quase idílica. Vivendo basicamente do meio-soldo como capitão, 120 libras por ano, somado com a renda enviada por seu tio William com mais 100 libras anuais, seu padrão de vida com Fanny era modesto.[19] Não se sabe se o tio de Fanny continuou enviando o estabelecido no casamento.[20] Parte de seu tempo era gasto lendo, escrevendo, estudando cartas náuticas, praticando jardinagem e caminhadas com Fanny nas florestas de Norfolk. Suas dificuldades financeiras e o desejo de retornar ao mar cada vez se faziam mais presentes. Sua vida passava sem grandes alterações e por suas cartas do período pode-se perceber o vazio que só podia ser preenchido por um novo comando no mar. Apesar desse estado melancólico, Nelson estava resignado com o tratamento que achava não merecer do Almirantado.[21]
Suas solicitações para a volta ao serviço ativo eram recusadas polidamente pelo Almirantado e por Lorde Hood que secamente afirmou que “o rei estava com uma má impressão sobre ele”.[22] Magoado, Nelson diria que não poderia considerar novamente Lorde Hood como amigo, no entanto ele tinha a satisfação de saber que não dera motivos para que ele Hood fosse seu inimigo[23]. Laughton foi pragmático e afirmou que os sentimentos de Lorde Hood em relação a ele continuavam os mesmos, entretanto naquela situação ele não pôde atender aos pedidos de Nelson. A intimidade e amizade que Nelson imaginava ter com o almirante eram superestimadas, uma vez que existia uma grande diferença de antiguidade entre os dois e certamente Lorde Hood não demonstraria tais sentimentos abertamente a um moderno capitão. Por certo, considerava Nelson um comandante capaz, mas não era seu íntimo e essa descoberta deve ter magoado o jovem capitão intensamente. Não pode ser esquecido, afirmou Laughton, que Nelson trouxe muitas insatisfações ao Almirantado por seu excesso de zelo com a marinha[24] e que suas rusgas com o almirante Hugues e com o capitão Moutray não foram bem vistas pelos almirantes mais antigos em Londres. O próprio Hood, acreditou Laughton, deve ter imaginado que seria bom para Nelson sofrer algumas adversidades para sua própria disciplina mental[25].
Mahan, por sua vez, discutiu mais detalhadamente os motivos que levaram Nelson ao ostracismo por quase cinco anos. Sua amizade com o príncipe William passou a ser conhecida na marinha e isso lhe trouxe mais dissabores que alegrias. William era uma pessoa difícil de ser controlada pelos almirantes e de difícil temperamento, além disso era um comandante que não granjeava simpatias. Nelson procurou orientar o jovem príncipe em suas relações pessoais e profissionais, sem sucesso. William, em certa ocasião, recebera ordem de seguir com o seu navio para Quebec e a desobedecera francamente indo para a Irlanda, uma clara demonstração de insubordinação ao Almirantado. Os almirantes em Londres imediatamente levaram essa questão a seu pai o rei Jorge III que determinou a William que suspendesse de onde estivesse e se dirigisse a Plymouth, onde permaneceria impedido de deixar o navio até nova comissão a Halifax. O irmão de William, o príncipe de Gales, depois Jorge IV, já atritado com o pai por outras questões, juntou-se a seu outro irmão, o duque de York, e foram prestar solidariedade a William em Plymouth. Uma afronta direta ao rei e ao Almirantado. Nelson, também, prestara sua solidariedade e visitara William, restrito em seu navio. Por certo, Nelson era considerado amigo de William, contudo para os almirantes mais antigos em Londres, ele prestara solidariedade a um indisciplinado que era William. O rei começou a sofrer de porfiria e seu estado mental começou a variar continuamente e William, após regresso de Halifax, se aliou intensamente a seus dois irmãos contra Jorge III. Nelson continuou associado a William, provocando ressentimentos no Almirantado. Em um período e em um serviço como a RN em que as relações sociais e pessoais ditavam as comissões e comandos, Nelson passou a ser ‘persona non grata’. Lorde Chatham foi designado Primeiro Lorde do Almirantado e assim ficou agastado com William e todo o seu círculo de amigos, Nelson incluído. Por essa razão o rei dissera a Hood que Nelson era por ele mal visto e durante todo o período de direção de Lorde Chatham como Primeiro Lorde até 1793 Nelson ficou a meio soldo sem comissão.[26]
Considerando as características da RN no período, a explicação de Mahan, além de bem detalhada, é convincente. Mahan, um admirador declarado de Nelson, continuou a reverenciá-lo intensamente e a afirmar que:
a acuidade mental, seu poder de penetrar na raiz do problema, desconsiderando detalhes não essenciais e focalizando somente em itens decisivos, era largamente dependente da necessidade da ação, que é provavelmente equivalente a dizer que foi trazida pelo moderado senso de responsabilidade.[27]
A situação internacional tornou-se instável naquele ano de 1793. O rei Luiz XVI foi decapitado com grande estardalhaço na França e na Europa. Ameaças recíprocas entre a jovem França republicana e a GB começaram a esquentar o ambiente internacional. O embaixador francês em Londres foi chamado de volta a Paris. No dia 11 de fevereiro de 1793 a República Francesa declarou finalmente guerra à GB e à Holanda. Nelson não podia ser deixado de lado nesse novo conflito e assim seu ostracismo estava chegando ao fim. As chamadas Guerras da Revolução tiveram início e a RN precisou de muitos de seus oficiais a meio-soldo para guarnecerem os vasos de guerra que atuariam contra os franceses. Nelson foi logo lembrado.
No final de janeiro de 1793 Nelson foi chamado ao Almirantado para assumir o comando do navio de linha HMS Agamemnon, de 3a classe com 64 canhões. Disse Nelson em carta para Fanny que:
o Almirantado sorriu para mim e estou tão surpreso quanto eles estão zangados. Lorde Chatham desculpou-se comigo por não me ter dado um navio antes dessa situação, contudo se eu aceitar comandar um 64 canhões para começar, eu deverei ser designado para um quando estiver pronto, e tanto quanto estiver a seu alcance poderei ser removido para um 74 canhões.[28]
Uma nova fase na carreira de Nelson se iniciou com o comando do Agamemnon.
Nelson e o HMS Agamemnon
Em 1793 os tempos eram revolucionários, tendo Luiz XVI e sua mulher Maria Antonieta sido guilhotinados na França. O espírito de rebelião se espraiava pela Europa. O comando do Agamemnon levou Nelson a se agregar à Esquadra britânica no Mediterrâneo, sob o comando de Lorde Hood, em estado de guerra com a França. Até aquele momento, Nelson, já com quase 34 anos de idade, era pouco conhecido mesmo dentro de sua querida RN. Mahan não perdeu tempo para apregoar o futuro que se descortinava para seu herói. Disse Mahan que “e quando sobre o último [Nelson] a hora da vitória se despeja no cenário onde ele participa com importante papel, sua missão está prestes a ser realizada, seu triunfo assegurado”.[29] Laughton, mais discreto, aponta que, com exceção de Hood que o conhecia, Nelson ainda era um desconhecido, quase que começando uma nova carreira, após refletir sobre suas experiências e erros.[30]
Sua opinião sobre os oficiais e praças do Agamemnon, como sempre era de seu feitio, foi favorável. Disse ele que o seu navio era o melhor 64 da marinha e navegava maravilhosamente, sendo “os oficiais todos bons em seus serviços e meus conhecidos, com exceção do médico de bordo…estou confiante no comissário e lhe mencionei isso…no entanto ele deve ser muito cuidadoso para não existir motivos de reclamação contra ele”.[31] O comandante de navio tinha a responsabilidade de convocar praças para o serviço, mesmo que obrigatoriamente e Nelson não nutria falsas convicções sobre isso, reconhecendo que sem esse sistema a RN não poderia subsistir, no entanto acreditava que o convencimento era o melhor remédio que a obrigatoriedade. Em carta para seu amigo Locker disse ele : “mandei um tenente e quatro midshipmen conseguir homens em todos os portos de Norfolk e em Lynn e Yarmouth; meus amigos em Yorkshire e no norte me disseram que me enviarão aqueles que eles puderem colocar as mãos”.[32] Nelson aproveitou essa ocasião e a prerrogativa investida no comando e comissionou o filho de Frances Nisbet, Josiah, então com 13 anos de idade, como midshipman sob sua responsabilidade, além de muitos outros filhos de amigos de seu condado natal Norfolk. Sua preocupação com a preparação de seus midshipmen era grande. Certa vez disse o seguinte para um grupo de jovens midshipmen:
Primeiro, vocês precisam sempre obedecer ordens implicitamente, sem tentar formar qualquer opinião própria sobre a propriedade dessas ordens; em segundo lugar vocês precisam considerar como inimigos pessoais todos que falarem mal de seu rei, e em terceiro lugar vocês devem odiar todos os franceses como odeiam o diabo.[33]
Vindo de um contumaz desobediente, Mahan apontou que o primeiro ponto devia ser visto com cuidado e passível de crítica, no entanto enalteceu o herói afirmando que Nelson seria sempre identificado com o Agamemnon, glorificando suas realizações e feitos no Mediterrâneo.[34] Nessa comissão Nelson permaneceria por três anos até 1796.
Nelson tornou-se um dos mais populares comandantes da RN, não por ser condescendente com as falhas de seus subordinados, mas pela atenção que sempre dispensava ao conforto e necessidade de seus homens no Agamemnon. Ele, também, era conhecido por premiar e exaltar os feitos de seus homens quando em ação de combate. Para Laughton sua tripulação não era nada especial, no entanto tornou-se especial depois de com ele servir naqueles três anos[35].
A GB encontrava-se em guerra com a França republicana e o Almirantado britânico determinou que uma força naval composta de cinco navios de linha, dentre eles o de Nelson, sob o comando do Almirante Hotham, se dirigisse para Gibraltar para reforçar Hood no Mediterrâneo. Antes de chegar a Gibraltar essa força se dirigiu a Cadiz na Espanha, ocasião propícia para Nelson avaliar o desempenho da frota espanhola lá estacionada. Sua opinião era de que os espanhóis tinham bons navios, porém muito mal guarnecidos. Sua impressão tornou-se realidade, quando já no Mediterrâneo, a força de Hood com 15 navios de linha se encontrou com uma força espanhola composta de 24 navios. Hood determinou a imediata formatura em linha de seus navios, o que foi realizada rapidamente e com eficiência. O almirante espanhol determinou que sua força, também, formasse uma coluna, no entanto essa simples manobra não foi realizada. Ao perceber a impossibilidade de formar a coluna de navios, o almirante espanhol enviou uma fragata ao navio de Hood pedindo desculpas pela ineficiência tática de sua força, alegando que eles já estavam no mar há cerca de dois meses e a maioria das tripulações estava doente. Para Nelson essa alegação era ridícula, pois os ingleses costumavam ficar o mesmo tempo em viagem e eram capazes de realizar qualquer formatura com eficiência. Para Laughton Nelson deve ter esquecido o seu comando no Albermarle em 1782, quando a maior parte de sua tripulação tornou-se enferma.[36] Não havia realmente uma correlação direta entre o escorbuto que atingiu a tripulação espanhola e sua falta de familiaridade com a tática naval. Para o historiador inglês a percepção de que a Armada espanhola era deficiente em combate não era geral na RN, como Nelson apontou. Muitos ingleses por muitos anos a consideravam poderosa, no entanto, em realidade, ela não era tão forte quanto parecia.[37] Para Nelson a expectativa de uma guerra com a Espanha não trouxe nenhuma ansiedade ou temor.
Ao chegar ao Mediterrâneo, sob o comando de Hood, a força possuía 15 navios de linha e recebeu a determinação de bloquear os portos de Marselha e Toulon. O propósito era impedir o abastecimento de víveres para ambas cidades francesas. Em agosto de 1793 um grupo de cidadãos de Toulon declarou a cidade rendida a Hood e esses insurretos estabeleceram uma forma de governo monárquico, reconhecendo como legítimo soberano o filho de Luiz XVI. Marselha, por outro lado, foi ocupada por um exército francês e permaneceu assim leal a Paris em pleno regime de terror. Hood, agora apoiado pela Marinha espanhola sob o comando do Almirante Langara, tomou posse da cidade de Toulon, apoiando os insurretos considerados traidores pela Republica francesa.
Nelson foi enviado por Hood a Nápoles para solicitar o apoio do rei das Duas Sicílias em forma de uma tropa que guarnecesse os fortes de Toulon. Em julho de 1793 foi assinado um tratado de aliança entre a GB e Nápoles. Os seus termos determinavam que o rei das Duas Sicílias proveria com 6.000 soldados, quatro navios de linha, quatro fragatas e quatro brigues as forças britânicas que operavam no Mediterrâneo. O comércio com a França foi interrompido, enquanto navios britânicos protegiam as linhas de comunicação marítimas dos napolitanos, mantendo uma esquadra pronta a defender Nápoles, prometendo ao governo dos napolitanos favores especiais quando fosse declarado o fim do conflito com a França[38]. Atuava como ministro britânico no Reino das Duas Sicílias Sir William Hamilton, um velho gentleman diplomata, casado com uma jovem e bela esposa chamada Emma Hamilton. Nelson travou um primeiro contato com o casal Hamilton nesse período, sendo muito bem recebido por Sir William. Lady Hamilton, por certo, provocou forte influência sobre ele. Escreveu ele para Frances Nelson em setembro de 1793 uma carta em que revelou que “Lady Hamilton tem sido muito gentil e boa com Josiah [seu filho adotivo]. Ela é uma jovem mulher de maneiras amigáveis e que enobrece a posição no qual se encontra”.[39] Mahan chamou muita atenção para esse primeiro encontro entre os dois afirmando que naquele momento ele não estava envolvido ainda emocionalmente com ela, em razão de outros assuntos mais importantes[40], no entanto é interessante apontar a referência do historiador norte-americano com aquele encontro. Laughton nem ao menos registra esse encontro em seu livro, como se ele não fosse importante. Certo é que Laughton leu a carta referenciada acima. Pode-se inquirir por que não a mencionou em sua biografia? Segundo se pode perceber, para o historiador inglês, certos fatos devem ser deixados de lado em prol do mais importante, o desempenho do herói em uma árdua missão diplomática perante o Reino das Duas Sicílias. Certos fatos sentimentais devem ser deixados de lado, perante a grandeza da missão atribuída a Nelson por Hood. Uma atitude típica de um historiador vitoriano.
Em Toulon temia-se os efeitos do terror que levara a vida do rei Luiz XVI e os britânicos, espanhóis e napolitanos seriam a proteção contra esses desmandos, ou pelo menos assim pensavam os habitantes dessa cidade. Logo em seguida Nelson se agregou a força de Lorde Hood em Toulon. As forças heterogêneas instaladas em Toulon, com diferentes nacionalidades, treinamentos e interesses tornaram as forças de defesa sem coesão e passíveis de uma derrota em face das tropas republicanas francesas mais coesas e determinadas.
Nelson, segundo Mahan, ainda não se apercebera da importância do Mediterrâneo para a política britânica, afirmando sempre em suas cartas o seu desejo de voltar a servir nas Índias Ocidentais, uma vez que os “serviços de guerra estão terminados nessas águas [o Mediterrâneo]”, em uma clara falta de percepção de longo prazo.[41] Para Mahan o nome Nelson já estava ligado inseparavelmente ao Mediterrâneo.[42]
A relação entre Hood e Nelson voltou a ser esplêndida e em breve o último passou a ver seu almirante como um grande chefe naval. De modo a manter seus homens ocupados na defesa de Toulon, Nelson determinou uma constante inspeção sanitária de sua tripulação, além de atividades estimulantes e interessantes para as divisões de seu navio, evitando assim a monotonia que afetava a saúde e o espírito de seus oficiais e marinheiros.[43] Hood determinou que Nelson levasse seu navio a Cagliari ao sul da Sardenha e lá se agregasse ao esquadrão sob o comando do comodoro Linzee com três navios de linha. No trânsito para esse porto, o Agamemnon entrou em combate com um grupo de quatro fragatas e um brigue franceses e embora o encontro tenha sido indecisivo, Nelson ficou satisfeito com o seu desempenho e da sua tripulação.[44]
Ao mesmo tempo em que se considerava satisfeito com sua tripulação, passou a criticar Linzee por sua falta de agressividade, o que para Mahan foi um desabafo irresponsável e irreflexivo, em razão de sua já característica energia “quando impedida de ação imediata”[45]. Laughton, por outro lado, apenas mencionou que Nelson considerou Linzee indeciso e que ele ficou satisfeito quando Hood o designou para um pequeno esquadrão de fragatas no bloqueio da Córsega, desligando-o do comando de Linzee.[46]
Enquanto isso ocorria, as forças republicanas francesas atacaram as tropas localizadas em Toulon e depois de intenso combate tomaram a cidade. Cenas de confusão e pavor atingiram tanto as tropas, como a população de Toulon, temerosas com as represálias que certamente ocorreriam e acabaram ocorrendo. Os navios britânicos e espanhóis conseguiram evacuar muitos moradores da cidade, principalmente os que cooperaram com eles. No HMS Princess Royal embarcaram quatro mil pessoas, no HMS Robust mais três mil. No total Laughton calculou em 15 mil o número de foragidos. Muitos outros ou morreram afogados ou foram atingidos pelos tiros dos republicanos franceses. Os navios da GB, Espanha, do Piemonte e de Nápoles conseguiram suspender antes da tomada completa da cidade. Laughton calculou em 6 mil o número de mortos pelas forças da Convenção, muitas mulheres, velhos e crianças.[47] Laughton comentou que a fúria da França republicana foi sedimentada na vingança e grande número de mulheres e crianças foi selvagemente executada.[48] Nelson não participou da evacuação, pois estava em posição de bloqueio na Córsega.
Seu relacionamento com Hood continuava extremamente amigável. Disse Nelson que “o Lorde [Hood] é um grande amigo meu, ele é certamente o melhor oficial que já encontrei”.[49] Nesse momento, após a queda de Toulon, Hood se juntou ao grupo de Nelson e manteve mais estrito o bloqueio da Córsega. Essa ação naval deu, afinal, resultado quando San Fiorenzo rendeu-se em 17 de fevereiro de 1794 e os franceses se retiraram para Bastia. De acordo com sua própria agressividade, Nelson considerou que teria condições de tomar Bastia com cerca de mil homens, no entanto o general inglês Dundas que ocupou San Fiorenzo se recusou a fornecer soldados para a empreitada, pois considerou o ataque prematuro e visionário. Apesar dessa recusa, Nelson desembarcou com parte de sua tripulação, inclusive os seus fuzileiros embarcados e procedeu ao cerco também por terra, no total com cerca de 1.200 homens. Alguns canhões navais foram desembarcados e ajudaram a bombardear a cidade de Bastia.[50] Sempre cioso de sua reputação, Nelson declarou que “preservo a honra de meu país e preferia ser derrotado do que não atacar. Se não tentarmos não poderemos ter sucesso…minha reputação depende da opinião que eu der, no entanto tenho honestamente consciência de que fiz o certo… glorifico a tentativa”.[51]
Em 24 de maio, finalmente, Bastia rendeu-se. No total caíram prisioneiros 4.500 franceses. No auge da excitação, Nelson declarou que “sempre foi minha opinião, e sempre percebi e nunca tive qualquer razão para me arrepender [de dizer] que um inglês é igual a três franceses”[52] Para Mahan, Nelson foi o gênio por trás dessa tomada de Bastia. Sempre ávido a elogiar o seu herói, Mahan afirmou que “tal é a genialidade, essa rara e perigosa dádiva que separa um homem de seus semelhantes por um hiato que não pode ser ultrapassado pela vontade humana”.[53] Laughton, mais comedido, mencionou que muito do crédito pela tomada deve ser dado a Nelson, no entanto afirmou que não somente a ele deve ser atribuído o sucesso na empreitada. Ele mencionou, também, um certo capitão Hunt que foi responsável pela artilharia. Que Nelson foi a grande figura da ação Laughton concordou, entretanto Hood pareceu ter omitido tal fato em seus despachos, não por esquecimento ou pressa em enviar sua parte de combate, mas por considerar inapropriado mencioná-los em sua documentação.[54] Uma explicação contida de Laughton. Por sua vez, Mahan foi enfático ao criticar Hood. Disse ele que infelizmente Hood, ao enaltecer Hunt, “não somente inapropriadamente, mas absurdamente, minimizou as ações de Nelson em toda a operação”.[55] Para Mahan essa atitude de “esquecimento” das ações de Nelson por parte de Hood foi injusta, pois ele Nelson foi o “espírito de toda a operação”, acima inclusive do que o próprio Hood.[56] Percebe-se nessa passagem novamente um Mahan passional em relação ao seu herói.
Nelson sentiu-me preterido por Hood e externou seu descontentamento pela falta de reconhecimento do almirante, declarando em carta a seu tio William Suckling que o “capitão Hunt que perdeu o seu navio, ele [Hood] queria forçar sua designação para outro [navio], um jovem que nunca esteve em uma bateria ou executou qualquer serviço durante o cerco, se qualquer pessoa disser o contrário, vou considerá-la uma ‘contadora de estórias’”.[57] Estava não só descontente, mas magoado pelo tratamento dispensado, considerando-se um homem sem recompensa.[58]
Enquanto essas ações ocorriam na Córsega o almirante Hotham, em frente a Toulon com sete navios de linha, evitara o confronto com uma esquadra francesa de igual número que deixou o porto para uma patrulha. Hotham se abrigou em San Fiorenzo, o que deixou Nelson injuriado, pois considerou Hotham sem iniciativa e a chance de destruir navios inimigos, perdida. Hood aceitou as explicações de Hotham para essa ação. Para Mahan essa falta de vontade de lutar de Hotham foi irreparável,[59] pois os franceses continuaram ativos no Mediterrâneo realizando pequenas incursões e utilizando a ‘estratégia de esquadra em potência’[60], o que só irritava os britânicos especialmente homens como Nelson. Laughton pouco se importou com essa falha de Hotham, pois nada mencionou sobre esse fato.
A próxima cidade a ser investida foi Calvi. Da mesma forma que a tomada de Bastia, Hood determinou que um contingente de marinheiros e fuzileiros desembarcasse e realizasse um envolvimento da cidade por terra. Nelson desembarcou com 200 de seus homens e tomou a linha de frente. Como sempre, desejava glória e reconhecimento de seus subordinados, pares e chefes. Como disse Mahan, a glória para ele perdia o valor, se não fosse acompanhada pela honra.[61] No dia 12 de julho de 1794 uma fuzilaria partiu da cidade contra suas tropas. Um dos tiros ricocheteou na areia próximo a Nelson e arranhou o seu globo ocular direito provocando pequena ulceração. Em princípio ele pouco se importou com o pequeno ferimento, no entanto aos poucos ele começou a perder a visão e em pouco tempo Nelson estava cego do olho direito.
No cerco a Calvi, Nelson atuou como um intermediário entre o comandante inglês no terreno, general Stuart, do qual guardou grande admiração e seu chefe Hood. Para Mahan Nelson agiu com tato e habilidade diplomática no relacionamento entre os dois chefes. Isso, segundo Mahan, foi conseguido pela sua cordialidade para com os seus semelhantes, combinado com sua preocupação em cumprir o dever, sagacidade e bom senso. Seu temperamento era afável e só passou a modificar-se após a batalha do Nilo e em razão de seu conflito mental pela “paixão infeliz por Lady Hamilton”[62], segundo opinião de Mahan[63]. Ao mesmo tempo em que enalteceu Nelson como um gênio militar, Mahan criticou Lady Hamilton antes mesmo do relacionamento entre os dois ocorrer. Laughton não fêz qualquer tipo de conjectura ou crítica a Emma Hamilton até esse momento em sua biografia.
Em 10 de agosto, Calvi finalmente se rendeu com honras para Hood e seus defensores foram autorizados a voltar à França. Duas fragatas francesas caíram nas mãos dos britânicos. Nelson em carta a Frances mencionou que “meu ferimento não me restringe. Não, nada exceto a perda de um membro me manteria afastado de meu dever e acredito que isso me preservou da mortalidade geral”.[64] Muitos de seus homens no Agamemnon estavam doentes e desgastados pelos contínuos combates, sendo que 150 deles estavam acamados a bordo, a maioria dos oficiais mal se arrastava. Nelson desejava proporcionar um descanso merecido a sua debilitada tripulação. Para Mahan existia uma ligação forte entre Nelson e seus homens, uma combinação de simpatia e tato que proporcionou seu sucesso como um líder de homens.[65]
Hood resolveu voltar à Inglaterra para resolver pendências pessoais e temporariamente transmitiu o comando a seu substituto legal Almirante Hotham. Nelson, já crítico do último, principalmente pelas chances perdidas de trazer os franceses ao combate, preocupou-se com o afastamento de Hood. Esperava-se que Hood regressasse logo ao Mediterrâneo, no entanto em razão de desavenças com o Almirantado em Londres e a recusa do governo em reforçar sua esquadra, fizeram com que ele resignasse a seu comando. Para Laughton, sua saída foi motivada pela desavença com Lorde Spencer que acabara de assumir a função de Primeiro Lorde do Almirantado, em razão dos baixos efetivos navais no Mediterrâneo, o que acarretou o fim de sua carreira naval. Como último ato de indignidade, Hood foi designado para ser o governador do Hospital de Greenwich, lá ficando por 20 anos até os 92 anos de idade.[66] Na falta de um almirante disponível o Almirantado manteve Hotham como comandante-em-chefe no Mediterrâneo para tristeza de Nelson. Novas aventuras aguardavam Nelson.
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[1] Oficial de Marinha graduado em Ciências Navais pela Escola Naval (1978). Graduado em História (UFRJ), com mestrado e doutorado em História Comparada (UFRJ) e pós-doutorado em Ciência Política pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa. Professor do Programa de Pós-Graduação em Estudos Marítimos da Escola de Guerra Naval.
[2] LAUGHTON, John Knox. The Nelson.Memorial, op.cit, p. 25.
[3] MAHAN, Alfred Thayer. The Life of Nelson v1. op.cit, p. 66.
[4] Carta de Horatio Nelson para Frances Woolward escrita do HMS Boreas em 11 de setembro de 1785. Fonte: NAISH, George. Nelson´s letters to his wife and other documents 1785-1831. London: Routledge and Kegan Paul, 1958, p. 19.
[5] LAUGHTON, John Knox. Nelson. op.cit, p. 37.
[6] Ibidem, p. 38.
[7] Carta de Horatio Nelson para Frances Woolward escrita do HMS Boreas em 13 de janeiro de 1787. Fonte: NAISH, op.cit, p. 41.
[8] MAHAN, Alfred Thayer. The Life of Nelson.v1 op.cit, p. 70.
[9] Ibidem, p. 71.
[10] Ibidem, p. 74.
[11] LAUGHTON, John Knox. Nelson. op.cit, p. 40.
[12] LAUGHTON, John Knox. The Nelson Memorial. op.cit p, 27.
[13] Idem.
[14] Ibidem, p. 28.
[15] Ibidem, p. 29.
[16] LAUGHTON, John Knox. Nelson. op.cit, p. 42.
[17] MAHAN, Alfred Thayer. The Life of Nelson. v1 op.cit, p, 81.
[18] LAUGHTON, John Knox. Nelson. op.cit, p. 42.
[19] Ibidem, p. 43.
[20] Idem.
[21] MAHAN, Alfred Thayer. The Life of Nelson v1. op.cit p, 92.
[22] LAUGHTON, John Knox. Nelson. op.cit, p. 44.
[23] Idem.
[24] LAUGHTON, John Knox. The Nelson.Memorial op.cit, p. 32.
[25] Laughton utilizou a expressão em inglês “Hood thought that the mental discipline of adversity would do him no harm”. Fonte: Idem.
[26] MAHAN, Alfred Thayer. The Life of Nelson v1. op.cit, p. 88.
[27] MAHAN, Alfred Thayer. The Life of Nelson v1. op.cit, p. 84.
[28] Carta de Horatio Nelson para Frances Nelson escrita de Londres em 7 de janeiro de 1793. Fonte: NAISH, op.cit, p. 72.
[29] MAHAN, Alfred. The Life of Nelson v1. op.cit, p. 97.
[30] LAUGHTON, John. K. Nelson. op.cit p. 46.
[31] Carta de Horatio Nelson para William Nelson escrita de Chatham em 10 de fevereiro de 1793. Fonte: LAUGHTON, John Knox. Letters and despatches of Horatio Viscount Nelson.London: Longmans, Green & Co, 1886, p. 47.
[32] Carta de Horatio Nelson para William Locker escrita a bordo do Agamemnon em 26 de janeiro de 1793. Fonte: Idem.
[33] MAHAN, Alfred. The Life of Nelson.v1 op.cit, p. 101.
[34] Ibidem, p. 97.
[35] LAUGHTON, John. K. Nelson. op.cit p. 48.
[36] Ibidem, p. 49.
[37] Ibidem, p. 50.
[38] FRASER, Flora. Beloved Emma. The Life of Emma Lady Hamilton.. London: Weindenfeld and Nicolson, 1986, p. 188.
[39] Carta de Horatio Nelson para Frances Nelson escrita em 14 de setembro de 1793 de Nápoles. Fonte: NAISH, op.cit, p. 91.
[40] MAHAN, Alfred. The Life of Nelson. v1 op.cit, p. 111.
[41] Ibidem, p. 108.
[42] Ibidem, p. 115.
[43] Ibidem, p. 110.
[44] Ibidem, p. 113.
[45] Ibidem, p. 114.
[46] LAUGHTON, John Knox. Nelson. op.cit. p. 55.
[47] Ibidem, p. 53.
[48] LAUGHTON, John Knox. Nelson Memorial. op.cit. p. 36.
[49] MAHAN, Alfred. Life of Nelson. v1 op.cit, p. 119. .
[50] LAUGHTON, John Knox. Neson. op.cit p. 56.
[51] MAHAN, Alfred. Life of Nelson. v1 op.cit, p. 119.
[52] Ibidem, p. 125.
[53] Ibidem, p. 126.
[54] LAUGHTON, John Knox. Neson. op.cit p. 58.
[55] MAHAN, Alfred. Life of Nelson. op.cit, p. 131.
[56] Ibidem, p. 132.
[57]Carta de Horatio Nelson a William Suckling escrita de Calvi em 16 de julho de 1794. Fonte: LAUGHTON, John Knox. Letters and Despatches. op.cit.p. 63. Na carta Nelson usa a expressão ‘story-teller’ traduzido para ‘contador de estória’. Essa magoada visão de Nelson sobre Hood não condizia com a admiração que o último sentia por ele. Hood era um homem contido que evitava grandes demonstrações de afeto e por certo conhecia a busca desenfreada de Nelson pela fama e reconhecimento, daí a sua atitude.
[58] MAHAN, Alfred. Life of Nelson v1. op.cit, p. 133.
[59] Ibidem, p. 137.
[60] A estratégia de esquadra em potência surgiu após a Batalha de Beach Head em 1690 durante a Guerra da Liga de Augsburg quando Lord Torrington em carta a Rainha Ana justificou a permanência de sua esquadra no porto ao invés de atacar uma força naval francesa mais poderosa comandada pelo almirante Comte Tourville no Canal da Mancha. Ela expressa a existência de uma força naval atracada em um ponto que pode se fazer ao mar a qualquer instante para se defrontar com outra adversária estacionada em alto mar. A simples existência dessa força como uma força em potência provoca a preocupação da força inimiga em manter-se atenta e alerta, exaurindo, a longo prazo, a sua operatividade. A concepção é evitar a ação decisiva até que a situação se desenvolva favoravelmente a favor dessa força atracada. Michael Lewis afirmou que essa concepção de Torrington era “brilhante, uma bem balanceada mistura entre agressividade e prudência”. Fonte: REYNOLDS, Clark. The Fleet in Being Strategy of 1942. Journal of Military History. Virginia: Society of Military History. V.58, n.1, jan 1994, p. 106.
[61] Ibidem, p. 138.
[62] Mahan utilizou palavras duras para descrever a relação entre Nelson e Emma, “his unhappy passion for Lady Hamilton”.
[63] Ibidem, p. 142.
[64] Carta de Horatio Nelson para Frances Nelson escrita de Livorno em 18 de agosto de 1794. Fonte: NAISH, op.cit, p. 119.
[65] MAHAN, Alfred. Life of Nelson v1. op.cit, p. 148.
[66] LAUGHTON, John Knox. Nelson.Memorial op.cit. p. 39.