Invasão Aliada ao Irã na Segunda Guerra Mundial

Prof. Esp. Pedro Silva Drummond

No ano de 1941, a Alemanha tinha invadido e conquistado boa parte da Europa ocidental, e neste ano, a Nação alemã decidiu abrir uma nova frente de batalha, daquelas já existentes, a invasão à URSS, conhecida como Operação Barbarrossa.

A conquista de diversos territórios soviéticos pelos alemães, causou uma preocupação aos Aliados, não somente pelas vitórias contra a URSS, mas pelo fato de provocar uma instabilidade na região. Os países adversários da Alemanha, percebendo o risco da situação, tomaram a decisão de invadir o Irã, inclusive com a participação dos soviéticos, através de uma ação conjunta chamada Operação Countenance.

Durante a Segunda Guerra Mundial, o Irã acabou se declarando uma Nação neutra, porém, isso não foi suficiente para os Aliados, que mantinham-se preocupados com o Irã e decidiram pela invasão, pelos seguintes fatos: “o país adotou fortes posições pró-Alemanha. O Terceiro Reich teve influência colossal sobre a política e a economia iranianas, e os alemães realizavam operações constantes de inteligência no país. Além do mais, todas as solicitações britânicas e soviéticas para expulsar inúmeros cidadãos alemães foram negadas pelo líder iraniano Reza Shah Pahlavi.” (EGOROV).

Invasão ao Irã

A invasão ao Irã ocorreu em 25 de Agosto de 1941, quando as tropas britânicas e soviéticas iniciaram um ataque conjunto, que pudesse acabar com qualquer hipótese do Irã ajudar ou até unir-se à Alemanha na invasão contra os soviéticos.

As Nações Aliadas invasoras ao Irã tinham como objetivo: “garantir a segurança das linhas de suprimentos aliadas para a URSS (pelo Corredor Persa), proteger os campos de petróleo iranianos, limitar a influência alemã no Irã (Reza Shah era considerado amigo da Alemanha nazista) e impedir um possível avanço do Eixo da Turquia através do Irã em direção aos campos de petróleo de Baku ou Índia britânica.” (https://www.calendarz.com/)

Desde o início do século XX, os britânicos controlavam uma empresa de petróleo no País, Anglo-Iranian Oil Company, que refinava o produto na região de Abadan, e na visão da Grã-Bretanha corria o risco de “cair nas mãos” da Alemanha, com o apoio do governo iraniano.

Para os soviéticos o Irã era um ator importante na sua geopolítica. O território iraniano servia como passagem para a chegada dos suprimentos enviados pelos Aliados à URSS, através da Ferrovia Trans-iraniana, no que ficou conhecido como Corredor Persa.

Os soviéticos que já enfrentavam uma batalha dura contra a Alemanha, não desejava declarar guerra contra o Irã, e para isso, justificou a invasão ao território iraniano através Tratado de Amizade Russo-Persa de 1921, que dizia o seguinte: “…se um terceiro país desejar usar o território persa como base de operações contra a Rússia, a Rússia terá o direito de enviar suas tropas para o interior persa com a finalidade de realizar as operações militares necessárias para sua defesa”. (EGOROV).

A invasão dos Aliados ao Irã aconteceu da seguinte forma: “Do sul, o Comando Britânico no Iraque (conhecido como Iraqforce), rebatizado seis dias depois para Comando Persa e Iraquiano (Paiforce), sob o comando do Tenente General Sir Edward Pellew Quinan do Exército Britânico, avançou em território iraniano. O Paiforce consistia na 8ª Divisão indiana de infantaria e a 10º Divisão indiana de infantaria do General William Magro, a 2ª Brigada blindada indiana, … Geral John Aizlewood, o 1 st Brigada de Cavalaria do general James Joseph Kingstone e a 21ª Brigada de Infantaria Indiana do Exército Indiano Britânico. Os soviéticos do norte com a 44ª, 47ª e 53ª Exércitos da Frente Transcaucásia do Exército Vermelho, sob o comando do general Kozlov. As forças navais e aéreas também participam da batalha.” (https://pt.frwiki.wiki/).

O conflito teve início: “na madrugada de 25 de agosto com um ataque do navio britânico HMS Shoreham no porto de Abadan. O saveiro iraniano Palang (“pantera” em persa) afundou rapidamente e os barcos restantes foram destruídos ou capturados. A resistência não teve tempo de se organizar e as instalações petrolíferas de Abadan foram tomadas por dois batalhões da 8ª Divisão Indiana e da 24ª Brigada Indiana fazendo uma travessia anfíbia do Shatt-el-Arab de Basra. Uma pequena força desembarca em Bandar-e-Shahpur do cruzador auxiliar HMAS Kanimbla para proteger o porto e as instalações de petróleo lá. A Royal Air Force ataca bases aéreas e comunicações. A 8ª Divisão Indiana… avançou de Basra em direção a Qasr Shiekh (que foi tomada em 25 de agosto) e em 28 de agosto chega a Ahvaz quando o Xá ordena o fim das hostilidades. Mais ao norte, 8 batalhões britânicos e indianos sob o comando do Major-General William Slim avançam de Khanaqin (160  km a nordeste de Bagdá e 480  km de Basra) em direção aos campos de petróleo de Naft-i-Shah, através do Passo Pai Tak, levando a Kermanshah e Hamadan. Posições Pai Tak são assumidas, em 27 de agosto quando os defensores se rendem durante a noite e o ataque aéreo é dado em Kermanshah, em 29 de agosto, os defensores pedem uma trégua para negociar os termos da rendição.” (https://pt.frwiki.wiki/).

As Forças Aliadas causaram uma derrota as Forças Armadas iranianas com relativa tranquilidade, a superioridade militar dos soviéticos-britânicos fez com que o conflito durasse 4 dias. No dia 29 de Agosto, o governo do Irã decidiu pelo fim da resistência e no dia seguinte, as forças adversárias ao Irã que lutavam em diversas frentes de batalha, se uniram para seguirem até a capital do País.

Consequências

O conflito entre as Nações Aliadas e o Irã causou ao País, não somente uma perda de vidas, como políticas e territoriais, como explica Egorov: “A campanha custou a vida de 40 militares soviéticos e 22 britânicos. O Irã perdeu mais de 800 soldados, além de 200 civis mortos em bombardeios.” (EGOROV).

O novo governo iraniano “aceitou a saída do embaixador alemão e do pessoal da sua embaixada, bem como o encerramento das representações alemã, italiana, húngara e romena. Além disso, todos os cidadãos alemães deveriam ser entregues às autoridades soviéticas e britânicas. O não cumprimento desta última condição desencadeou a entrada de tropas soviéticas e britânicas em Teerã em 17 de setembro, um dia após a prisão de Reza Shah e sua partida para o exílio nas Ilhas Maurício, primeiro e depois na África do Sul, deixando seu filho Mohammad Reza Pahlavi para substituí-lo no trono.” (https://pt.frwiki.wiki/).

Com a ocupação do Irã pelos Aliados, foi mantido o abastecimento de materiais à URSS pelo corredor persa, contribuindo para o esforço de guerra dos soviéticos contra a Alemanha.

Com o fim da Segunda Guerra Mundial, os Aliados não tinham mais motivos para permanecer ocupando o Irã. Os Aliados haviam se comprometido em deixar o País seis meses após o fim do conflito e os britânicos cumpriram o prometido, o que não aconteceu com os soviéticos, que antes de sair da região dividiram parte da região, em dois Países, a República Popular do Azerbaijão e República do Curdistão.

Imagem de Destaque: Soldados soviéticos da 6 ª Divisão Blindada nas ruas de Tabriz a bordo seu tanque T-26 – https://pt.frwiki.wiki/wiki/Invasion_anglo-sovi%C3%A9tique_de_l%27Iran

Bibliografia

– EGOROV, Boris. Por que Grã-Bretanha e URSS invadiram Irã enquanto os nazistas estavam às portas de Moscou?. Disponível em: <https://br.rbth.com/historia/82817-por-que-gra-bretanha-urss-invadiram-ira>. Acessado em: 31/05/2023

– Segunda Guerra Mundial: as forças soviéticas entram em Teerã marcando o fim da invasão anglo-soviética do Irã. Disponível em: <https://www.calendarz.com/pt/on-this-day/september/17/tehran>. Acessado em: 01/06/2023

– https://pt.frwiki.wiki/wiki/Invasion_anglo-sovi%C3%A9tique_de_l%27Iran