Prof. Dr. Francisco Carlos Teixeira da Silva
A possibilidade de uma (Terceira) Guerra Mundial é uma variável muito, muito mesmo, remota. Na madrugada de hoje os russos usaram pela primeira vez suas armas hipersônicas, no caso o míssil Kinzhal, Mach 10, com capacidade furtiva múltipla. As estações de lançamento são os super-caças Mig 31- Mikoyan ou o bombardeio TU -22 ou SU- 57 ( essa última informação a conferir), com total liberdade de ação nos céus da Ucrânia. “No fly zone” não é algo aceitável para a União Europeia. O risco seria a derrubada de aviões de garantia e a destruição de plataformas de informação/detecção de voos russos ( na Polônia e Estônia possivelmente). Porém, repito, tudo isso já é cogitação de “cenário apocalíptico”. Com capacidade operacional de 2000 km, os Kinzhal, alcançam até mais de 2.500 km, é uma arma de precisão e alto impacto ( ogiva 500 kg ou capacidade nuclear), voo cruzeiro.
Nem a China e nem os EUA possuem similar. Estão nessa nova corrida armamentista ( risível a versão da Rússia buscar armas na China).
A estratégia russa de demolição – não de ocupação de territórios não-etno russos -, continua a avançar no ritmo em que a Ucrânia não assinar o armistício.
Dos 900 mil homens sob bandeira, de 9 distritos militares, somente 180 mil estão em campo, de três distritos ( Moscou, Volga, São Petersburgo) e já em rodízio de prontidão / descanso.
O ataque da semana passada e de ontem é uma demonstração que armas e equipamentos enviados pela Otan, mesmo em bunkers subterrâneas, não estão à salvo ( e sem a anedótica ajuda de “combatentes” brasileiros publicando nas redes sociais a posição dos “legionários” da Liberdade.
Moscou possui Inteligência própria, não precisa do auxílio bélico de Maringá.
Não vejo muito além da total destruição do Estado Ucraniano, e Zelensky assinando a renúncia formal a ser parte da Aliança Atlântica, uma grande vitória russa e uma clara advertência sobre as chamadas “red lines” num mundo de Realpolitik.
A grande, e única, vitória Ucraniana, decidida fora dos campos de batalha, foi a demonização da Rússia e de Putin. Isso já foi alcançado.
Contudo, estréia de armas hipersônicas é, desta forma, uma reafirmação da vontade russa, do apoio interno e da busca, agora, de ganhos reais para Moscou.
Não há volta e de fato a guerra já está decidida .
Imagem de Destaque: https://www.naval.com.br/blog/2017/04/19/o-missil-antinavio-zircon-da-russia-atingiu-oito-vezes-velocidade-do-som/
Professor de História formado pela UGF. Mestrado e Doutorado em História pela UFRJ. Autor de artigos sobre História Militar e Geopolítica.