Em 2017 o Exército Brasileiro iniciou um processo de licitação para aquisição de obuseiros mais modernos, buscando reforçar uma força composta essencialmente por antigos canhões auto propulsados norte-americanos M-108 e M-109, respectivamente de 105 e 155 mm, projetados há mais de 50 anos, em que pese eventuais modernizações. Quatro empresas: a francesa Nexter, a Tcheca Excalibur, a Norinco chinesa e a israelense Elbit apresentaram propostas.
No início deste ano, apesar do forte lobby de setores políticos do governo em favor do armamento chinês, o Exército anunciou que os israelenses venceram a licitação com seu obuseiro auto propulsado 6×6 155mm Atmos 2000, tanto em função do preço, quanto pela qualidade técnica, bastante superior à dos seus concorrentes, destacando-se pela mobilidade, alcance e recursos de interoperabilidade, incluindo a possibilidade de disparos orientados por drones. Sendo que a FAB já opera com drones da mesma empresa.
Além da aquisição dos equipamentos, o acordo incluía manutenção, fiscalização e treinamento de pessoal, além de transferência de tecnologia, principalmente para a fabricação de munições. Os 2 primeiros veículos deveriam chegar até 2025 para testes e, se aprovados, o contrato seria para o fornecimento de outros 34 veículos até 2034.
O Presidente Lula chegou a avalizar a compra, mas voltou atrás, após ser convencido pelo assessor especial Celso Amorim, alegando – entre outras coisas – as rusgas entre Netanyahu e Lula, em função declarações do brasileiro sobre as operações israelenses na Faixa de Gaza.
Diante do impasse, o Ministro da Defesa, José Mucio, negociou com os Israelenses que a produção dos veículos – exceto a dos dois primeiros que vem para teste – seja feita no Rio Grande do Sul, na mesma fábrica que já produz as torretas do Guarani e vai apresentar essa proposta, junto com outros argumentos, a Lula nos próximos dias.
Resta saber o que prevalecerá: se a análise técnica e as conclusões de um longo processo licitatório do Exército, juntamente com a posição do Ministro da Defesa, ou a opinião ideológica da eminência parda da política externa lulista e de outros próceres petistas.
Cesar Machado, para HMD. Rio de Janeiro, 2024_08_10.