Por Prof.histor.esp: Luiz Otavio da Silva
O Hezbollah, grupo militante xiita libanês, é amplamente reconhecido como uma das forças não-estatais mais poderosas e influentes do Oriente Médio. Fundado em 1982 durante a invasão israelense do Líbano, o Hezbollah, cujo nome significa “Partido de Deus”, evoluiu de uma milícia armada local para uma organização político-militar com considerável influência na região.
Origem e Desenvolvimento Militar
Originalmente criado com o apoio do Irã, o Hezbollah foi concebido como um movimento de resistência contra a ocupação israelense do sul do Líbano. O grupo rapidamente se destacou por sua capacidade de conduzir operações de guerrilha eficazes contra as forças israelenses, incluindo ataques surpresa, emboscadas e o uso de explosivos improvisados. Esse histórico de sucesso militar, aliado à sua ideologia de resistência, fortaleceu o grupo no cenário local e regional.
Capacidade Militar Atual
Hoje, o Hezbollah possui uma força militar impressionante para um ator não-estatal. Estima-se que o grupo tenha entre 20.000 e 50.000 combatentes, incluindo uma força de elite bem treinada. O Hezbollah também possui um arsenal de mísseis e foguetes que, segundo fontes militares, ultrapassa os 100.000 projéteis, muitos dos quais são capazes de alcançar praticamente todo o território israelense. Esses mísseis incluem tanto armas de curto alcance, usadas para ataques de saturação, quanto mísseis de longo alcance, que podem ser empregados em ataques de precisão contra alvos estratégicos.
Além disso, o Hezbollah tem experiência significativa em combate urbano, adquirida em conflitos passados, como a Guerra de 2006 contra Israel e a participação na guerra civil síria ao lado das forças do presidente Bashar al-Assad. Essa experiência inclui o uso de táticas de guerrilha, operações de infantaria, manejo de sistemas antiaéreos e o emprego de drones para reconhecimento e ataques.
Fontes de Apoio e Logística
O poder bélico do Hezbollah é amplamente sustentado pelo apoio financeiro, militar e logístico do Irã. Este apoio inclui o fornecimento de armas avançadas, treinamento militar e assistência técnica, o que possibilitou ao Hezbollah melhorar constantemente suas capacidades. A Síria também desempenha um papel crucial, oferecendo apoio logístico e facilitando a transferência de armas e equipamentos do Irã para o Líbano.
Influência Regional e Internacional
O Hezbollah não é apenas uma força militar poderosa, mas também um ator político de peso no Líbano, onde exerce considerável influência sobre o governo e as forças armadas. A presença militar do Hezbollah no exterior, particularmente na Síria e no Iraque, demonstrou a capacidade do grupo de projetar poder além das fronteiras libanesas, consolidando sua posição como uma força regional significativa.
Além disso, o Hezbollah mantém redes de apoio em várias partes do mundo, incluindo a América Latina, Europa e África, o que lhe confere uma capacidade significativa de ação internacional. Essas redes são usadas para arrecadar fundos, realizar operações de inteligência e, ocasionalmente, apoiar operações militares.
Desafios e Futuro
Apesar de sua força, o Hezbollah enfrenta desafios significativos. A pressão internacional sobre o Irã e a Síria, combinada com a crise econômica no Líbano, pode afetar o fluxo de recursos para o grupo. Além disso, a escalada das tensões com Israel representa uma ameaça constante de confronto aberto, o que poderia ter consequências devastadoras para o Líbano e a região.
No entanto, o Hezbollah demonstrou repetidamente sua capacidade de adaptação e resistência, o que sugere que, apesar dos desafios, o grupo continuará a ser um ator militar e político central no Oriente Médio por muitos anos.
Considerações Finais
O Hezbollah é um exemplo notável de como uma organização não-estatal pode evoluir para se tornar uma potência militar significativa, com capacidade de influenciar eventos não apenas localmente, mas também em toda uma região. Sua força bélica, sustentada por um complexo sistema de apoio internacional, faz do Hezbollah um ator com o qual as potências regionais e globais devem lidar cuidadosamente, dada sua capacidade de alterar o equilíbrio de poder no Oriente Médio.
Fontes:
The New York Times
The Guardian
Al Jazeera
BBC News
