Primeira vitória da Força de Ataque totalmente robótica da Ucrânia

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Recentemente, uma brigada da Guarda Nacional Ucraniana executou uma operação conjunta inédita utilizando robôs, combinando drones terrestres e aéreos para um ataque às posições russas na região de Kharkiv, no norte da Ucrânia. Segundo um porta-voz da 13ª Brigada da Guarda Nacional, a operação envolveu dezenas de unidades de equipamentos robóticos e não tripulados simultaneamente em uma pequena seção da linha de frente. Este feito tecnológico impressionante, no entanto, também expõe uma preocupação crescente sobre as limitações das forças ucranianas, que enfrentam desafios significativos devido à escassez de pessoal e recursos.

O Contexto Operacional e a Desproporção de Forças

A 13ª Brigada da Guarda Nacional da Ucrânia tem a responsabilidade de defender uma faixa de cinco milhas ao redor da cidade de Hlyboke, localizada ao sul da fronteira entre Ucrânia e Rússia. Essa brigada enfrenta uma força russa significativamente superior, composta por pelo menos quatro regimentos, totalizando aproximadamente 6.000 soldados, enquanto a brigada ucraniana conta com menos de 2.000 combatentes. Essa discrepância numérica reflete uma realidade presente ao longo de toda a linha de frente de 800 milhas, onde as tropas russas, apesar das pesadas perdas desde o início do conflito em fevereiro de 2022, ainda superam as forças ucranianas em termos de efetivo militar.

O uso de robôs e drones na operação de Kharkiv não se limita a uma inovação tecnológica, mas também pode ser interpretado como uma resposta às dificuldades da Ucrânia em recrutar pessoal suficiente para combater o número superior de soldados russos. Esse esforço de substituir parcialmente a presença humana com sistemas não tripulados é uma tentativa de contornar os limites da mobilização e da manutenção de um exército convencional.

Desafios dos Robôs no Campo de Batalha

A operação ucraniana utilizou uma variedade de equipamentos robóticos, incluindo drones aéreos para vigilância e colocação de minas, robôs terrestres explosivos de um único uso e robôs armados com armas de fogo. Um exemplo significativo dessa tecnologia foi a utilização de um robô terrestre que, em setembro de 2023, conseguiu limpar uma trincheira russa em Kursk, na Rússia. Embora a Rússia também tenha tentado realizar operações semelhantes com robôs de combate, seus esforços foram menos eficazes.

Contudo, a utilização de robôs no campo de batalha apresenta desafios significativos. Embora esses dispositivos sejam eficientes em tarefas como vigilância e ataque, eles são incapazes de realizar uma das funções mais críticas em uma guerra: a defesa e a manutenção do território. Para manter uma posição conquistada, é essencial que uma unidade de infantaria humana ocupe as trincheiras, fique atenta aos movimentos inimigos e solicite reforços quando necessário. Essa tarefa exige vigilância constante, o que é uma dificuldade para robôs, que dependem de sensores e conexões de dados para operar remotamente.

Outro obstáculo considerável para o uso extensivo de robôs é a sua vulnerabilidade a falhas mecânicas e à interferência de sinais. Equipamentos robóticos frequentemente sofrem quebras ou falhas, e suas conexões de dados via rádio são suscetíveis a bloqueios de sinais por parte do inimigo, o que foi evidenciado em simulações realizadas pelo think tank RAND. Em um exercício de simulação de confronto entre exércitos dos Estados Unidos e da Rússia, foi demonstrado que a capacidade das tropas “azuis” (representando os EUA) de operar drones armados foi gravemente prejudicada pelos sistemas de bloqueio de sinais da “vermelha” (representando a Rússia).

O Futuro da Robótica Militar Ucraniana

A Ucrânia, após quase três anos de guerra, se tornou um dos países mais avançados em termos de robótica militar. Contudo, essa inovação é, em parte, uma resposta à sua crescente escassez de tropas humanas. A utilização de robôs no campo de batalha reflete uma estratégia desesperada para equilibrar a desproporção de forças entre as tropas ucranianas e russas. Se, por um lado, a tecnologia tem permitido à Ucrânia realizar feitos notáveis, como o uso de robôs para ataques e reconhecimento, por outro lado, ela não pode substituir a necessidade de tropas humanas, que ainda são essenciais para o controle de território e a resistência em longo prazo.

A operação da 13ª Brigada da Guarda Nacional Ucraniana, ao empregar robôs para um ataque conjunto, é um reflexo da adaptabilidade e inovação das forças armadas ucranianas diante de uma guerra prolongada e de uma luta desigual. No entanto, a limitação dos robôs em termos de funcionalidade e dependência de controle humano indica que, apesar dos avanços tecnológicos, a presença de soldados humanos no campo de batalha continua sendo uma necessidade estratégica insubstituível.

Análise do texto do jornalista David Axe originalmente publicado em: https://www.forbes.com/sites/davidaxe/2024/12/21/ukraines-first-all-robot-assault-force-just-won-its-first-battle/

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