Passados pouco mais de 30 meses da invasão da Ucrânia pelos russos, o cenário é de crescente tensão. Contando com o apoio maciço dos países da OTAN, os ucranianos foram capazes de resistir e até mesmo infligir algumas derrotas táticas ao invasor, mas as expectativas ocidentais de que sanções econômicas impostas aos russos puderiam fazê-los desistir se mostraram ilusórias, como também foram ilusórias as esperanças de que o envio de novos armamentos pudessem virar o jogo à favor dos ucranianos. Storm Shadows, Abrams e F-16, entre outros, apareceram como game changers e tiveram todos o mesmo destino.
Após os reveses iniciais – sem grandes sobressaltos econômicos – os russos foram,metódica e paulatinamente, impondo sua superioridade militar, ampliando e consolidando suas conquistas territoriais ao mesmo tempo em que desgastavam as capacidades militares ucranianas, incluindo sua infraestrutura energética e seus recursos humanos.
No momento a situação parece lhes ser amplamente favorável e nem mesmo a ousada, e militarmente questionável, invasão e ocupação de uma parte do seu território pelos ucranianos na região de Kursk causou um impacto significativo na sua ofensiva para concluir a ocupação total do Donbass. Diante desse cenário surge a idéia de um novo “game changer”, com a possibilidade de aucrânia obter dos seus aliados ocidentais aautorização – e o indispensável apoio operacional – para lançar ataques mais profundos no território russo com mísseis de longo alcance fornecidos pela OTAN. Os ucranianos, mais uma vez, afirmam que se trata de uma medida que mudará os rumos da guerra e que as ameaças russas de escalar o conflito são bravatas. Os russos afirmam que irão considerar esses ataques como um envolvimento direto dos países envolvidos no conflito e que tomarão as medidas retaliatórias que julgarem necessárias.
Muito se fala em ataques nucleares táticos ou mesmo na realização de teste nucleares, com possível resposta russa, mas o fato é que os russos ainda tratam o conflito como uma “operação especial” e caso decidam “Declarar Guerra” a Ucrânia a situação pode mudar dramaticamente, principalmente para os civis nas praticamente intocadas cidades de Kiev, Lviv e Odessa. Basta lembrar o que aconteceu nos ataques da OTAN a Belgrado em 1999.
Ao longo dos últimos meses os russos vem fazendo uma série de ameaças – ainda não cumpridas – frente a ampliação do envolvimento ocidental no conflito, mas desta vez as recentes declarações de Vladmir Putin sobre o uso de mísseis de longo alcance vem sendo exibidas inclusive nos meios de comunicação estatais e o comprometem de maneira inequívoca com o público interno, obrigando que se tome alguma ação concreta sob risco de desmoralização, ainda mais diante do cenário de destruição provocada no interior do País.
A realização de ataques pontuais realizados com apoio ocidental nas profundezas do território russo dificilmente irá melhorar a delicada situação das tropas ucranianas no terreno, mas tem grandes possibilidades de alterar dramaticamente as características do conflito. Vamos aguardar para ver…
2024_09_14
Por: Cesar Machado. Editor RBHM
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