Introdução
A 2ª Guerra Russo-Finlandesa (1941-1944) também conhecida como Guerra da Continuação, ocorreu 15 meses depois da 1ª Guerra Russo-Finlandesa ou Guerra de Inverno.
O objetivo dos finlandeses era recuperar os territórios perdidos para a URSS, dentro de uma concepção geopolítica da Grande Finlândia que incorporaria territórios como a Carélia Oriental (Rússia), Estônia, Ingria (Estônia), Kota (ùssia), Meanmaa (suécia) e Ruija (Noruega).
A fim de atingirem seus objetivos os finlandeses se aliaram ao III Reich, assinando os Pactos Tripartite e Anti-Comintern. Em troca receberam ajuda militar, econômica e tropas da Wehrmacht que ficaram estacionadas no território finlandês.
Em 22 de junho de 1941, a Alemanha nazista dá início a Operação Barbarossa e invadiu a União Soviética. Em 25 de junho, os soviéticos lançaram um ataque aéreo contra as cidades finlandesas, em resposta Helsinque declarou guerra à URSS e permitiu que as tropas alemães que estavam estacionadas no seu território participassem da ofensiva atacando na direção de Leningrado (São Peterburgo).
A Guerra (1941-1944)
Durante o outono de 1941, a Finlândia, juntamente com as forças nazistas, conseguiram recuperar os territórios perdidos na Guerra de Inverno, o istmo da Carélia e Ladoga Karelia. Seguindo com a ofensiva finlandeses e nazistas conquistaram a Carélia Oriental, incluindo Petrozavodsk. Os soviéticos conseguiram barrar a ofensiva a cerca de 30 km de Leningrado. O exército finlandês participou ativamente do cerco de Leningrado, cortando as rotas de abastecimento do norte até 1944.
Após esse avanço, a linha de frente se estabilizou, e as ações se limitaram a pequenas escaramuças. No verão de 1944, os soviéticos lançaram uma ofensiva que expulsou os finlandeses de grande parte dos territórios conquistados durante a guerra. A ofensiva soviética foi barrada em agosto de 1944.
Normalmente, as ofensivas soviéticas começavam de forma promissora, mas devido aos soviéticos estenderem demais suas linhas e a resistência defensiva tenaz, as ofensivas eram repelidas com um grande número de perdas em homens e material. Os contra-ataques finlandeses e alemães, na tentativa de retomar a iniciativa, também fracassaram, fazendo com que as linhas de frente permanecessem em um impasse que perdurou até o fim da guerra.
Os finlandeses passaram a realizar patrulhas de reconhecimento e combate atrás das linhas soviéticas, realizando sabotagens, emboscadas, atacando as linhas de comunicação e inquietando as tropas da retaguarda. Os soviéticos responderam organizando unidades de guerrilha para atuar atrás das linhas finlandesas. As operações soviéticas tinham características próprias, pois além de combater os finlandeses, faziam operações psicológicas, propaganda e reprimiam a população que colaborava com as forças germano-finlandesas. Os finlandeses acusam os soviéticos de terem matado 200 civis durante essas operações.
Na Lapônia, as forças germano-finlandesas não conseguiram conquistar Murmansk ou cortar a ferrovia Kirov (Murmansk), uma linha férrea fundamental para a distribuição dos equipamentos recebidos de britânicos e norte-americanos.
No verão de 1941, a aliança da Finlândia com a Alemanha nazista, levou o Reino Unido a realizar uma série de operações navais e aéreas contra as forças germano-finlandesas na Lapônia e no Oceano Ártico, a fim de manter aberta a rota dos comboios navais para Murmansk, dois esquadrões de caças Hurricanes foram implantados na cidade portuária a fim reforçar o força aérea soviética. No entanto, britânicos e finlandeses acabaram se entendendo, prisioneiros ingleses, em poder dos finlandeses, eram repatriados através da Suécia e o apoio de Helsinque as operações nazistas arrefeceram na região.
As particularidades do combate na região
A guerra na região de altas latitudes era e é muito difícil, devido as condições climáticas (no auge do inverno a temperatura pode chegar a -35º), o difícil deslocamento na neve (bem melhor de esquis), o desgaste físico, a falta de abrigos e os problemas mecânicos que provocados pelo frio intenso.
Os soviéticos estavam melhor equipados e com grande superioridade numérica sofreram com as táticas de guerrilhas finlandesas. O profundo conhecimento do terreno favorecia a emboscadas dividindo grandes unidades soviéticas em pequenas partes, que pudessem ser derrotadas pela maior mobilidade dos finlandês dotados de esquis. Um dos principais alvos finlandeses eram as linhas de comunicação cortando o envio de suprimentos e munições.
Lembro que soviéticos e finlandeses estavam adaptados para o combate nessas condições climáticas, o que não quer dizer que fosse mais fácil. Idem para as máquinas, equipamento e suprimentos.
Os finlandeses fizeram uma resistência feroz, foram criativos e abnegados, usaram o conhecimento do terreno a seu favor, tanto no inverno, quanto no verão. O uniforme camuflado finlandês de inverno (branco) confundia os soviéticos. Estes, no início do conflito, usavam uniformes escuros no inverno, facilmente reconhecidos, o uniforme camuflado finlandês de verão, também conferia vantagem, pois se confundiam facilmente com a paisagem da taiga.
O Exército finlandês empregou extensamente pequenas unidades, pelotões, companhias e batalhões, usavam sua mobilidade e flexibilidade tática para atacar as emassadas unidades soviéticas. A iniciativa dos comandantes e a liderança foram fatores decisivos para que os finlandeses conseguisse um honroso empate contra o poderoso Exército Vermelho.
Conclusão
Em 5 de setembro de 1944, a URSS e a Finlândia entram em um acordo de cessar fogo. Em 19 de setembro de 1944, assinam um armistício, que tinha como condição a expulsão das tropas alemães do território finlandês. A recusa das tropas alemães de saírem levou a Guerra da Lapônia (19/9/1944 – 27/4/1945).
Em 1947, o Tratado de Paz de Paris, entre os Aliados e os países componentes do Eixo, confirmou as disposições do Armistício de 1944. Além da cessão do município de Petsamo, do arrendamento da Península de Porkkala e o pagamento de US$ 300 milhões em reparações de guerra à União Soviética,
Os finlandeses tiveram 63.200 baixas e os alemães 23.200 alemães. Os mortos ou desaparecidos durante a guerra foram de 158.000 finlandeses e 60.400 alemães. As estimativas de soviéticos mortos ou desaparecidos variam de 250.000 a 305.000, e estima-se que 575.000 tenham sido feridos ou adoeceram.
Imagem de Destaque: https://nationalinterest.org/feature/how-finland-lost-world-war-ii-the-soviets-won-peace-17412
Bibliografia
MANN, Chris; JÖRGENSEN, Christer. Hitler´s Artic War. The German Camapigns is Norway, Finland and the URSS 1940-1945. Surrey (UK): Brown Partworks Limited, 2002.
BEEVOR, Antony. A Segunda Guerra Mundial. Rio de Janeiro: Record, 2017.
Sites consultados
https://nationalinterest.org/feature/how-finland-lost-world-war-ii-the-soviets-won-peace-17412
https://www.bbc.com/portuguese/internacional-60872369
https://stringfixer.com/pt/Continuation_War
Professor de História formado pela UGF. Mestrado e Doutorado em História pela UFRJ. Autor de artigos sobre História Militar e Geopolítica.