Soldado Milhões: O Militar Português que se tornou herói na Primeira Guerra Mundial

de

Prof. Esp. Pedro Silva Drummond

Introdução

No início de 1914 teve início a Primeira Guerra Mundial, durante os quatro anos de conflitos, grande parte dos Países da Europa participaram da Guerra, entre eles estavam a Alemanha e Portugal, Nações envolvidas nos acontecimentos retratados neste material.

Em Março de 1916, a Alemanha declarou guerra a Portugal, devido a requisição forçada de navios alemães feita pelos portugueses a pedido da Grã-Bretanha. Durante os anos de conflito, Portugal e Alemanha participaram da chamada Batalha de La Lys. A Batalha foi uma ofensiva militar alemã na fronteira franco-belga, na região da Flandres e marcou uma das grandes derrotas das tropas portuguesas na Primeira Guerra Mundial, como explica Guilhermina Mota: “A Batalha de La Lys, travada no Sul da Flandres em 9 de Abril de 1918, constitui o momento mais traumático da acidentada participação portuguesa na Primeira Grande Guerra. O seu desenlace feriu profundamente a alma nacional, chegando a falar-se de um novo Alcácer-Quibir.” (MOTA, 2006, p. 77)

Durante a Batalha um soldado português se destacou, Aníbal Augusto Milhais, que ficou conhecido como o Soldado dos Milhões.

Aníbal Augusto Milhais
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Soldado dos Milhões

Durante a Batalha de La Lys, Milhais “se encontra no centro da batalha em Isberg, em poucas horas são 1.938 mortos e quase 5.000 feridos. Milhais está a cargo de uma metralhadora Lewis Mark 1, uma metralhadora eficiente e leve! (12,7kg).” (PAYET)

Mapa da região da Batalha de La Lys
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Durante o período da batalha, os soldados portugueses e britânicos acabaram sofrendo grandes perdas e consequentemente precisaram se retirar, como é relatado adiante: “Apesar de correr o risco de ser punido por desobedecer a ordens, Aníbal não abandonou a sua posição e ficou sozinho a defrontar o inimigo. A sua decisão foi importante, por permitir aos companheiros escapar e recuarem em segurança para linhas mais resguardadas, a cerca de 30 km. Graças à coragem do Soldado Milhões, a maioria dos soldados que fizeram a retirada acabou por sobreviver. Usou a sua baixa altura de forma sagaz e, ao longo de dias, movimentou-se furtivamente, saltando de trincheira em trincheira, para recarregar a metralhadora com os cartuchos dos soldados mortos e dar a impressão de que a linha ainda se encontrava protegida por diversos soldados, quando, na verdade, apenas Aníbal e a sua metralhadora Luísa se encontravam a defender a linha.” (https://www.vortexmag.net/soldado-milhoes-sozinho-contra-um-batalhao-de-alemaes-2/)

Arma Lewis de Milhais em exposição no Museu Militar do Porto
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Durante o período da evacuação, Milhais acabou se tornando o único soldado entre as tropas alemães e aqueles que se retiravam, por todo esse tempo, o soldado português, “por ser pequeno, muito vivo e veloz, ele percorre as trincheiras e o solo em busca de armas. Ele consegue recuperar munição de soldados mortos, ou cartuchos abandonados no local. Continuando a atirar com cartuchos recuperados, os alemães acreditam que um batalhão mantém a posição. Os alemães eventualmente darão o ataque, mas não o encontraram. Porque este se escondeu sob uma lona e a carcaça de um cavalo morto.” (PAYET).

Aníbal Augusto Milhais, sentado ao centro, e seus companheiros militares
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Após todos os desafios enfrentados por Milhais no campo de batalha, sem ser capturado, o militar português não estaria livre dos confrontos com as tropas adversárias. “Em 13 de abril de 1915, ele caiu sobre prisioneiros escoceses escoltados por alemães. Ele conseguiu um ataque metralhando-os excessivamente. Ele sai com os escoceses para cruzar as linhas. Durante a passagem de um pântano, ele salva um major escocês do afogamento.” (PAYET).

Após o encontro com as tropas aliadas, Milhais receberá todo o reconhecimento pelos seus atos heroicos, o major escocês que conhecia as histórias do soldado português, relata as autoridades militares, todas as atitudes do militar português. No momento que todos conheceram a história de Milhais, acontecerem diversas homenagens, ele “recebeu, diretamente no campo de batalha e diante de 15.000 soldados, a Legião de Honra, a Cruz Belga de Guerra, a Cruz Vitória e o Colar Torre e Espada. (A Ordem da Torre e da Espada, a mais alta honraria portuguesa normalmente atribuída apenas em Lisboa) Para além destas condecorações, receberá um novo nome:  “Chamas-te Milhais, mas vales milhoes”” (PAYET).

O heroísmo de Milhais acabou tornando-o “o único soldado a ter recebido a medalha no campo de batalha, ao contrário de uma cerimônia pública em Lisboa.” (NEIKIRK)

Recepção a Aníbal Augusto Milhais
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Conclusão

A Batalha de La Lys foi uma das grandes derrotas de uma Nação sobre a outra na Primeira Guerra Mundial. Os portugueses sofreram pesadas perdas nesse conflito, porém, um dos seus soldados acabaram se tornando um herói, o militar Aníbal Augusto Milhais, que acabou sendo reconhecido como Milhões, por lutar sozinho contra os alemães e possibilitar a retirada de seus companheiros no campo de batalha.

O reconhecimento ao soldado Aníbal Augusto Milhais, não aconteceu somente no período da Guerra, posteriormente à Primeira Guerra Mundial, as homenagens ao militar continuaram, a aldeia de Valongo, no qual morava, mudou o nome para Valongo de Milhais em 1924. Milhais, se tornou o militar português, mais condecorado da história do seu País, pelos feitos em batalhas.

Imagem de Destaque: https://www.vortexmag.net/soldado-milhoes-sozinho-contra-um-batalhao-de-alemaes-2/

Bibliografia

– MOTA, Guilhermina. Batalha de La Lys: um relato pessoal. Revista Portuguesa de História nº XXXVIII, 2006.

– NEIKIRK, Todd. Aníbal Augusto Milhais: O soldado português ‘vale um milhão de homens’. Disponível em:  <https://www.warhistoryonline.com/world-war-i/anibal-augusto-milhais.html?chrome=1>. Acessado em: 28/02/2023.

– PAYET, Enrick. Aníbal Augusto Milhais, apelidado de “Milhões de Soldados”. Disponível em:  <https://sam2g.fr/anibal-augusto-milhais-surnomme-millions-de-soldats/>. Acessado em: 28/02/2023.

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Especialização em História Militar pela Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL), Graduação em História (Bacharel e Licenciatura) pela Universidade Gama Filho (UGF), autor de Artigos em História Militar.

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