Prof. Dr. Ricardo Pereira Cabral
Após o vitorioso assalto anfíbio à Inchon, as tropas norte-americanas e seus aliados avançaram até libertar Seul. Os militares aliados percebendo a desintegração do Exército norte-coreano realizaram um aproveitamento do êxito avançando em direção ao Paralelo 38, a fim de destruir o que restava do Exército norte-coreano.
Ao cruzarem o Paralelo 38, as forças aliadas provocaram a intervenção chinesa na guerra trazendo novos desafios e abriu-se novamente a perspectiva de sofrerem uma derrota.
As tropas da ONU cruzam o Paralelo 38
Assim que as tropas aliadas libertaram Seul, os líderes da ONU envolvidos na operação começaram a debater a conveniência ou não de cruzar o Paralelo 38 para a Coréia do Norte. O Conselho de Segurança Nacional (dos EUA) aconselhou o presidente Harry S. Truman a não avançar rumo ao norte. A posição do CSN era que a expulsão dos norte-coreanos da Coreia do Sul era uma vitória suficiente. No entanto, o Estado-Maior Conjunto discordou, alegando que a doutrina militar exigia que o exército norte-coreano fosse destruído para evitar novas agressões. Em 11 de setembro de 1950, Truman adotou os argumentos do Estado-Maior Conjunto, enquanto atendia ao apelo do Conselho de Segurança Nacional para evitar provocar a China e a União Soviética.
Em 27 de setembro de 1950, o Estado-Maior Conjunto instruiu o general MacArthur a cruzar o Paralelo 38 com o objetivo de destruir as forças militares da Coreia do Norte, desde que nenhuma força chinesa ou soviética tivesse entrado ou ameaçado entrar na Coreia do Norte. Eles ainda decretaram que as tropas norte-americanas não deveriam entrar na China ou na União Soviética e que apenas soldados sul-coreanos deveriam operar ao longo dessas fronteiras.
No dia 29 de setembro, George C. Marshall, secretário de Defesa, enviou a MacArthur uma mensagem pessoal que confirmava sua aprovação para a realização das operações militares ao norte do paralelo. Nessa mensagem, Marshall informou a MacArthur, que o avanço havia sido endossado pessoalmente por Truman. MacArthur recebeu como missão secundária unir toda a Coreia, se possível, sob o comando do presidente Rhee.
Em 1º de outubro de 1950, o bloco comunista reagiu, a primeira reação veio da China, Chou En-lai, primeiro-ministro chinês, alertou que a Beijing não toleraria ou ficaria de fora se as forças da ONU invadissem a Coreia do Norte. Esta foi uma clara ameaça de que a China interviria se isso acontecesse. A segunda veio da URSS, o delegado soviético nas Nações Unidas propôs um cessar-fogo na Coréia e que todas as tropas estrangeiras se retirassem do território norte-coreano. A terceira, veio da Índia, o delegado indiano expressou a posição de seu governo de que as forças da ONU não deveriam cruzar o paralelo 38.
Em 1º de outubro, o general MacArthur, enviou uma mensagem ao comandante-em-chefe das forças norte-coreanas, exigindo que os norte-coreanos depusessem suas armas e cessassem as hostilidades sob supervisão militar da ONU para evitar mais perdas de vidas e destruição de propriedades. A mensagem também pedia a libertação de prisioneiros de guerra da ONU e civis internados. No entanto, a Coreia do Norte ignorou as propostas. No dia 7 de outubro, a Assembleia Geral da ONU aprovou uma resolução pedindo a unificação da Coreia e autorizando MacArthur a cruzar o Paralelo 38. No dia 9 de outubro, MacArthur emitiu um ultimato para a rendição da Coreia do Norte. Embora a Coreia do Norte não tenha respondido oficialmente, o primeiro-ministro Kim Il Sung a rejeitou no dia seguinte em uma transmissão de rádio. Com o IX Corpo posicionado para proteger as linhas de comunicação ao sul do rio Han, que flui de leste a oeste ao sul de Seul, o General Walker ordenou que o I Corpo, com a 1ª Divisão de Cavalaria (1ª DC), a 24ª Divisão Infantaria (24ª DI) e a 1ª Divisão de Infantaria (1ª DI) sul-coreana, se reunissem no vizinhança de Kaesong, a noroeste de Seul, logo abaixo do Paralelo 38. Após o recebimento das ordens, o II Corpo cul-coreano, composto pelas 6ª, 7ª e 8ª Divisões de Infantaria, mudou-se para a área entre Ch’unch’on e Uijongbu na Coréia central e o I Corpo, que consistia na Divisão Capital e na 3ª Divisão, para a área entre Yongp’o e Chumunjin-up na costa leste da Coreia. Enquanto essas forças se preparavam para atacar para o norte, elementos do X Corpo embarcaram em navios em Inch’on e Pusan para um desembarque anfíbio em Wonsan, um importante porto na costa leste da Coreia do Norte, cento e dez milhas acima do Paralelo 38.
Em 29 de setembro, uma mensagem, lançada de um avião leve por um oficial do Grupo Consultivo Militar para a República da Coréia, foi entregue ao tenente-coronel Rollins S. Emmerich conselheiro dos EUA na 3ª Divisão de Infantaria sul-coreana. De acordo com a mensagem, a 3ª Divisão de Infantaria sul-coreana deveria cruzar o Paralelo 38 e seguir para Wonsan o mais rápido possível. No dia seguinte, a divisão cruzou o paralelo e avançou pela costa leste. Seguiu-se a Divisão Capital. Depois de estabelecer postos de comando em Yangyang, a cerca de 13 kms ao norte do paralelo, em 2 de outubro, ambas as divisões seguiram para Wonsan e capturaram a cidade no dia 10, bem antes do desembarque do X Corpo.
Em Kaesong, a 1ª Divisão de Cavalaria estava pronta para cruzar a linha. A 8ª Divisão Cavalaria, no centro, deveria atacar frontalmente de Kaesong a Kumch’on, cerca de 24 km ao norte e ao longo do eixo principal da rodovia e a 5ª DC, à direita, deveria se mover para o leste e depois girar para o oeste em um movimento circular de flanco, projetado para prender as forças inimigas ao sul de Kumch’on. Nesse ínterim, a 7ª DC, à esquerda da 5ª DC, atravessou o rio Yesong; avançou para o norte na estrada de Paekch’on para a pequena cidade de Hanp’o-ri, cerca de 10 km ao norte de Kumch’on, onde a estrada principal de P’yongyang cruzava o rio Yesong e estabeleceu uma posição de bloqueio. Defendendo a área de Kumch’on ao norte de Kaesong estavam as 19ª e 27ª Divisões de Infantaria norte-coreanas. A 43ª DI a oeste, defendia a travessia do rio Yesong e a área costeira além do rio.
Na manhã de 9 de outubro, a 1ª Divisão de Cavalaria atacou o 38º Paralelo. Inicialmente, o avanço foi lento. Ao longo da rodovia principal, a 8ª DC parou várias vezes e esperou que as tropas de engenheiros limpassem as minas da estrada. No dia 12 de outubro, a meio caminho de Kumch’on, um regimento foi detido por um ponto forte inimigo, defendido por tanques, canhões autopropulsados e armas antiaéreas. Apesar de um ataque aéreo da aviação aliada e uma barragem de obus 155 mm, o ponto forte mantido.
A 5ª DC também teve problemas na partida, não conseguiu cruzar o paralelo até 10 de outubro. No dia seguinte, seu 1º Batalhão encontrou uma força inimiga segurando uma longa cordilheira com várias saliências, as Colinas 179, 175 e 174, que dominavam uma passagem 24 km a nordeste de Kaesong. Os soldados de infantaria expulsaram os defensores do cume durante a tarde do dia doze, mas a luta foi feroz.
Em 14 de outubro, depois de muita luta a 1ª DC capturou Kumch’on. Com os soldados do I Corpo movendo-se pelas principais posições fortificadas do inimigo entre o Paralelo 38 e P’yongyang, a capital norte-coreana, as linhas de defesa inimigas deixaram de existir. A Companhia F, da 5ª DC, entrou em P’yongyang, seguido logo em seguida por elementos da 1ª Divisão sul-coreana do nordeste. No dia 15 de outubro, a 1ª Divisão sul-coreana alcançou e tomou sem dificuldade o centro administrativo fortemente fortificado.
Na costa leste da Coreia, a 1ª Divisão de Fuzileiros Navais do X Corpo desembarcou em Wonsan em 26 de outubro. No dia 29, a 7ª Divisão de Fuzileiros Navais desembarcou sem oposição em Iwon, 130 km ao norte de Wonsan. Uma vez no local, as forças do X Corpo começaram a proteger as principais áreas industriais e de comunicação, instalações portuárias e usinas de energia e irrigação no nordeste da Coreia.
Em 24 de outubro, o general Walker assumiu o comando de seu QG Avançado VIII Exército, em P’yongyang, localizado no mesmo prédio que havia sido o QG do primeiro-ministro Kim Il Sung. Em retrospecto, o VIII Exército realizou muito em um curto período de tempo. Menos de seis semanas se passaram desde que o exército lutou desesperadamente para manter suas linhas, pouco mais de 500 km ao sul ao longo do perímetro de Pusan. Da mesma forma, o assalto anfíbio em Inch’on ocorreu há menos de seis semanas e quatro semanas desde a recaptura de Seul. Tendo rompido seu perímetro de batalha e avançando para o norte, o VIII Exército estava agora a mais de 270 km ao norte de Seul e 200 km dentro do território norte-coreano. Depois de muitas batalhas duras entre o perímetro e P’yongyang, os norte-americanos conseguiram invadir a capital do inimigo e estava prestes a romper a última barreira importante do rio ao sul da fronteira norte da Coréia do Norte.
Cruzando o rio Yalu
Com a capital norte-coreana garantida, o VIII Exército continuou seu avanço para o norte em direção ao rio Yalu, a fronteira tradicional da Coreia com a China. O rio Ch’ongch’on e seus afluentes, os rios Kuryong e Taeryong, todos fluindo do norte, formaram a última grande barreira de água na parte ocidental da Coreia do Norte antes da fronteira. A essa altura, o rio Ch’ongch’on era a principal acidente no terreno no campo de operações do VIII Exército e ditava o ritmo do desdobramento e das manobras táticas do exército.
As operações do VIII Exército acima do rio Ch’ongch’on foram essencialmente uma continuação da perseguição iniciada com a fuga do perímetro de Pusan. Movendo-se para o norte, o I Corpo, com a 24ª DI e a 27ª Brigada britânica posicionada à esquerda, procedeu para Ch’ongch’on. O II Corps sul-coreano, com a 1ª DI sul-coreana, avançou pela direita. A leste, a 8ª DI sul-coreano alcançou Tokch’on, 64 km ao norte de P’yongyang. Durante a noite de 23 de outubro, a divisão virou para o norte e chegou a Kujang-dong no Ch’ongch’on, cerca de 16 km de Tokch’, dois dias depois. A 6ª DI sul-coreano, encontrando pouca oposição, avançou rapidamente pelo vale do rio Ch’ongch’on, chegou a Huich’on, quase 25 km ao norte de Kujang-dong, na noite do dia 23. Passando por Onjong, cerca de 40 km de Huich’on, durante a noite do dia 24, o 7º RI da 6ª DI sul-coreana, virou para o norte e avançou em direção a Ch’osan, a cerca de 130 km de distância do rio Yalu. Um pelotão de reconhecimento reforçado do 7º RI entrou em Ch’osan na manhã seguinte e encontrou os norte-coreanos recuando através do Yalu para a China por uma estreita passarela flutuante.
Em 22 de outubro, a 24ª DI tendo sido substituída pela 2ª DI moveu-se para o norte de P’yongyang, com a missão de empurrar os norte-coreanos contra a posição de bloqueio da 187º Regimento de Infantaria Aerotransportada, cortando assim a rota de fuga do inimigo e, esperava-se, resgatando prisioneiros de guerra. Elementos da 24ª DI continuaram a pressionar para o norte, e o 1º Batalhão da 21ª DI alcançou Chonggo-dong, a sudoeste de Sinuiju no rio Yalu, a penetração mais ao norte do VIII Exército.
A Intervenção Chinesa
No final de outubro, na região montanhosa acima de P’yongyang, o VIII Exército estava pronto para cruzar o rio Ch’ongch’on. Na costa leste da Coreia do Norte, através das montanhas Taebaek, as forças do X Corpo estavam desembarcando e iniciando seu avanço para Yalu. O moral entre os soldados norte-americanos e aliados estava alto, pois muitos pensaram que essa travessia do rio seria a última e breve fase da guerra. Mas então o inesperado aconteceu: a China entrou na guerra.
Em 25 de outubro, no setor II Corp sul-coreano, o 3º Batalhão, do 2º RI, da 6ª DI, partiu para noroeste de Onjong, cerca de 130 km de Yalu, em direção a Pukchin. A 13 km a oeste de Onjong, o 3º Batalhão encontrou o que se pensava ser uma pequena força norte-coreana, mas na realidade era uma armadilha das forças chinesas que destruíram o 3º Batalhão. Na noite do dia seguinte, a divisão ordenou que seu 7º Regimento se retirasse para o sul. Antes que pudesse fazê-lo foi ressuprida pelo ar no dia 28. Enquanto o 7º Regimento se dirigia para o sul na manhã seguinte, ele se deparou com um bloqueio inimigo a cerca de 30 km ao sul de Kojang.
No dia 31 de outubro, as tropas chinesas romperam o setor do 16º RI sul-coreano da 8ª DI perto de sua fronteira com a 1ª DI sul-coreana. No dia seguinte, os chineses empurraram a 7ª DI sul-coreana de volta para as proximidades de Won-ni. A série de ataques forçou o II Corpo sul-coreano a girar para o leste, abrindo uma lacuna entre seu flanco esquerdo e o I Corpo norte-americano. Walker rapidamente enviou a 2ª DI norte-americana na área de Sunch’on para fechar essa lacuna. Poucos dias depois das primeiras batalhas, as tropas chines recuaram e paralisaram II Corpo sul-coreano e se moveram para o sul do rio Ch’ongch’on para o flanco direito aberto do I Corpo norte-americano.
No extremo oeste, a história era a mesma. Como parte do avanço geral do I Corpo norte-americano em 25 de outubro, a 1ª DI sul-coreana foi desdobrada na estrada que ia do rio Ch’ongch’on a Unsan. O 15º RI da divisão passou por Yongbyon e continuou em direção a Unsan sem oposição. Na frente estiveram elementos da Companhia D, do 6º Batalhão de Tanques Médios, que também passaram por Unsan sem incidentes. Pouco antes das 11h, quando os tanques se aproximaram de uma ponte a cerca de 2 km a nordeste da cidade, granadas de morteiro inimigo explodiu a ponte. Enfrentando a força inimiga, os soldados sul-coreanos relataram meia hora depois que cerca de trezentos soldados chineses estavam nas colinas ao norte de Unsan. Em segundo lugar na coluna da divisão, o 12º RI sul-coreano virou para o oeste quando chegou a Unsan e se deparou com forças chinesas logo depois da cidade. Os ataques das forças chinesas contra a 1ª DI sul-coreana continuaram no dia 26, só diminuindo no dia seguinte.
Quando relatórios da frente informando que os prisioneiros capturados por soldados sul-coreano eram chineses chegaram ao QG do VIII Exército, o general Walker ficou preocupado. Em 28 de outubro, ele liberou a 1ª Divisão de Cavalaria de sua missão de segurança em P’yongyang. As novas ordens da divisão eram passar pelas linhas da 1ª DI sul-coreana em Unsan e atacar em direção ao rio Yalu.
No dia 29, a 8ª Divisão de Cavalaria partiu de P’yongyang e chegou a Yongsan-dong naquela noite. A 5ª Divisão de Cavalaria chegou na manhã seguinte, com a missão de proteger a retaguarda da 8ª Divisão de Cavalaria. No dia 31, com a chegada da 8ª DC a Unsan, a 1ª DI sul-coreana foi redistribuída para as posições a nordeste, leste e sudeste de Unsan. A 8ª DC assumiu posições ao norte, oeste e sul da cidade. Enquanto isso, o 15º RI sul-coreano tentava desesperadamente manter sua posição a leste da 8ª DC, do outro lado do rio Samt’an.
Na tarde de 1º de novembro, o ataque dos chineses ao norte de Unsan contra o 15º RI sul-coreano se intensificou e gradualmente se estendeu ao flanco direito do 1º Batalhão, da 8ª DC. Ao cair da noite, o 1º Batalhão controlava os acessos ao norte do rio Samt’an, exceto por partes da zona do 15º RI sul-coreano no lado leste. A posição do batalhão à esquerda era fraca, não havia soldados suficientes para estender a linha defensiva até a cordilheira principal que conduzia a Unsan. Isso deixou uma lacuna entre o 1º e o 2º Batalhões. A leste do Samt’an, o 15º RI sul-coreano estava sob forte ataque e, pouco depois da meia-noite, não existia mais como força de combate.
Por volta das 19:30 h, de 1º de novembro, os chineses atacaram o 1º Batalhão, da 8ª DC, ao longo de sua linha. Às 21 h, as tropas chinesas encontraram o elo fraco no cume e começaram a se mover através dele e descer o cume atrás do 2º Batalhão, penetrando em seu flanco direito e cercando o esquerdo. Agora, tanto o 1º Batalhão, quanto o 2º Batalhão foram engajados pelo inimigo em vários lados. Por volta da meia-noite, a 8ª DC recebeu ordens de se retirar para o sul, para Ipsok.
A da madrugada de 2 de novembro, não houve relatos de atividade chinesa no setor do 3º Batalhão ao sul de Unsan. Mas quando a 8ª DC se retirou, todos os três batalhões ficaram presos por bloqueios chineses ao sul de Unsan durante as primeiras horas da manhã. Integrantes do 1º Batalhão que conseguiram escapar chegaram à área de Ipsok. Uma contagem de efetivos mostrou que o batalhão havia perdido cerca de 15 oficiais e 250 praças. Os integrantes do 2º Batalhão, em sua maioria, espalharam-se pelos morros. Muitos deles alcançaram as linhas sul-coreanas perto de Ipsok. Outros se encontraram com o 3º Batalhão, o mais atingido. Por volta das 3 h, os chineses lançaram um ataque surpresa ao posto de comando do batalhão. A luta corpo a corpo durou cerca de meia hora, antes que o inimigo fosse expulso da área.
O sobrevientes do 3º Batalhão formaram um núcleo de resistência em torno de três tanques no fundo do vale e seguraram o inimigo até o raiar do dia. Apenas 6 oficiais e 200 homens ainda podiam lutar, mais de 170 ficaram feridos e não houve registro do número de mortos ou desaparecidos.
As tentativas da 5ª DC de socorrer o batalhão sitiado não tiveram sucesso, e o 3º Batalhão, da 8ª DC, logo deixou de existir como força organizada. A força inimiga que trouxe a tragédia para a 8ª DC, em Unsan, foi a 116ª Divisão de Infantaria chinesa. Elementos do 347º RI do 116ª DI foram responsáveis pelo bloqueio ao sul de Unsan. Também envolvida na ação Unsan estava a 115ª DI chinesa. A chegada dos chineses obviamente teria um impacto dramático na alteração do curso da guerra.
Considerações Estratégicas
A intervenção chinesa no conflito já era esperada tendo em vista os pronunciamentos da liderança chinesa. A inteligência norte-americana informou ao Comando do TO, em tempo hábil, sobre a penetração de unidades chinesas na Coreia do Norte e o comando norte-americano demorou a tomar as medidas para fazer frente à ofensiva chinesa.
O ataque das tropas sul-coreanas e norte-americanas foi realizado com um efetivo aquém do necessário, além de que a rapidez do avanço estendeu demais a linha de frente, abrindo lacunas entre as unidades que forma aproveitadas pelos chineses. A deficiência do reconhecimento, prejudicado pela conformação do terreno (montanhoso) e o ataque de “surpresa” chinês, não podem ser usado como justificativa devido ao porte das operações chinesas, a superioridade aérea norte-americana e a inteligência previamente recebida.
Conclusão
A intervenção chinesa mudou o curso da guerra, com relação a isso não há dúvidas. Mas alguns pontos chamam a atenção: a questão das lacunas entre as unidades, demonstrando falta de coordenação, comando e controle; o conservadorismo e a falta da agressividade dos comandantes norte-americano no terreno; a falha dos comandantes em fechar as lacunas entre as suas unidades e a distância do comando geral do teatro de operações.
Imagem de Destaque: 1ª Divisão de Cavalaria perseguindo o inimigo em Kaesong –
https://history.army.mil/brochures/kw-unoff/unoff.htm
Referências Bibliográficas
https://history.army.mil/brochures/kw-unoff/unoff.htm
https://history.army.mil/books/korea/20-2-1/sn25.htm
https://smallwarsjournal.com/jrnl/art/operational-art-and-design-general-macarthur-and-battle-inchon
MacArthur’s Brilliant Landing at Inchon, Korea
https://en.wikipedia.org/wiki/Battle_of_Inchon
Professor de História formado pela UGF. Mestrado e Doutorado em História pela UFRJ. Autor de artigos sobre História Militar e Geopolítica.