Análise das Fortificações Russas no Perímetro Operacional da Guerra na Ucrânia

de

Rodolfo Queiroz Laterza

1. Introdução

Desde as ofensivas bem sucedidas empreendidas pelas Forças Armadas da Ucrânia – FAU nos meses de setembro e outubro de 2022, as forças russas passaram a uma fase de defesa ativa conjugada com operações de reconhecimento em força para ampliação pontual do controle da linha de contato e ofensivas pontuais em Donbass.

A partir de janeiro, a Organização do Tratado do Atlântico Norte – OTAN, bloco militar fundado em 1949 e liderado pelos Estados Unidos da América – EUA, tem estruturado, financiado e provido formações de novas brigadas de combate das FAU (para maiores informações, veja nosso artigo https://historiamilitaremdebate.com.br/sobre-a-formacao-de-novas-tropas-nas-forcas-armadas-da-ucrania/), com o propósito de impulsionar uma grande ofensiva para retomada de controle de áreas estratégicas sob domínio russo.

Sobre a ofensiva das FAU, conforme estudado em nosso artigo, os desdobramentos potenciais podem ser os seguintes

1. Eixo Kherson: assalto ribeirinho à margem esquerda do Rio Dnieper, tomando algumas ilhas fluviais e estabelecendo um controle de alguns assentamentos; probabilidade: média; efetivo a ser empregado nesta operação: em torno de 11-15 mil soldados.

  • Limitações: complexidade logística, limitações de meios para desembarque anfíbio (poucos barcos), ampla rede de artilharia russa no perímetro; efetivo russo suficiente para conter os assaltos; dificuldade de reconhecimento das vulnerabilidades das linhas defensivas russas por DRGs; dificuldade de travessia do Dnieper por ser caudaloso.

2. Eixo de Zaporizhzhia: ataques a partir de Orikhovo, Porogi ou Vuhledar para tentar chegar a Tormak e Melitopol. Efetivo: até 50 mil em linha de frente.

  • Dificuldades: é o setor do front com maior estrutura de fortificações, bunkers, linhas de defesa e minagem antitanque por forças russas. Geograficamente qualquer ataque é adverso, por ser um terreno aberto com poucas áreas arborizadas, plano e lamacento. A vigilância por drones é muito alta e a detecção antecipada de qualquer ataque facilita a força de defesa – vide o ataque russo fracassado de fevereiro em Vuhledar e os 4 ataques de reconhecimento em força das forças ucranianas em março com perdas colossais. Além disso, o efetivo russo é significativo nesse setor, que está infestado de redes de defesa aérea em multicamadas e tem facilidade logística de suprimentos a partir do corredor terrestre rodoviário e ferroviário da Crimeia.

3. Eixo de Soledar – Bakhmut: um ataque em movimento de flanqueamento operacional para retomar partes destas cidades e assentamentos adjacentes. Efetivo: 50 mil só no eixo de Soledar e 70-80 mil no eixo de Kramatorsk – Konstantinova – Chasov Yar. A maior parte das reservas ucranianas estão neste setor.

  •  Dificuldades: é o setor com maior densidade de artilharia russa e empregos de meios operacionais das forças russas, permitindo uma superioridade qualitativa e quantitativa. O custo de qualquer contra ofensiva nestes setores poderia arruinar de vez o potencial de combate das FAU.

4. Eixo de Svatovo -Kreminna: com a ampliação da linha de contato e fortificações estabelecidas pelas forças russas, além das perdas ucranianas irrecuperáveis desde novembro de alta magnitude, será bastante difícil uma ofensiva como a de setembro.

  • Dificuldades: menor efetivo das FAU, diante da mobilização de reservas redistribuídas para a defesa de Bakhmut e Vuhledar; forças russas melhor abastecidas por Belgorod; terrenos com muitas florestas plantadas.

5. Ataque a assentamentos russos de fronteira, em Bryansk e Belgorod: a fronteira é porosa, com muitos DRGs ucranianos promovendo incursões diárias para sondagem e ataques a alvos estratégicos. Criaria forte impacto midiático e sensação de pânico na sociedade russa ter assentamentos ainda que pequenos controlados por forças ucranianas em território nacional, gerando instabilidade política e social, além de distrair as forças russas de outros setores do teatro de operações.

  •  Dificuldades: o tempo de permanência das cabeças de ponte e dos controles seria muito limitado e a mobilização russa levaria a uma decretação de guerra total com consequências imprevisíveis.

A futura ofensiva ucraniana exigirá consideravelmente mais tropas, tanques, barragem de artilharia e apoio aéreo do que foi implantado no verão e no outono passado, quando as FAU empreenderam contra-ofensivas bem-sucedidas nas províncias de Kharkiv e Kherson. Naquela época, as forças russas estavam com efetivo muito limitado (em torno de 135 mil homens), com problemas de interoperabilidade e coordenação entre suas formações de combate heterogêneas (regulares, batalhões de voluntários, formações da Rosguardia, milícias separatistas e PMCs) e, diante do planejamento operacional da OTAN em conjunto com as FAU focado em explorar as vulnerabilidades das áreas fragilmente controladas pelas suas escassas forças,  não formaram sólidas linhas defensivas, permitindo ataques rápidos e com ampla superioridade de manobra pelas forças ucranianas e mercenários. Tal contexto foi o suficiente para as forças ucranianas organizarem ataques com pequenas unidades de infantaria apoiadas por veículos blindados leves (muitos deles do tipo “technicals” – maiores informações ler o artigo https://historiamilitaremdebate.com.br/a-importancia-dos-technicals-na-guerra-contemporanea/) que usaram táticas de ataque e fuga para romper as posições russas. A estratégia das forças ucranianas nesses ataques baseou-se na doutrina militar da OTAN, dando autonomia aos comandantes de batalhão no terreno e acompanhada por barragens de artilharia de alta precisão que golpearam duramente a retaguarda russa e as suas linhas de abastecimento.

As especulações de diferentes analistas sobre a certeza do sucesso operacional da ofensiva ucraniana é contraditada por análises que levam em consideração o treinamento muito acelerado e precário das novas brigadas de combate ucranianas; o maior efetivo empregado pela Rússia no teatro de operações a partir da mobilização parcial decretada em 24 de setembro; a maior consciência situacional qualitativa das forças russas com ampliação de uso dos sistemas de reconhecimento, vigilância, inteligência e coleta de informações; e, finalmente, a ampla rede de fortificações construídas ao longo de todo perímetro operacional, sobre o qual irá este estudo analisar.

2. Análise das fortificações russas por pesquisa OSINT

A metodologia usada para o embasamento deste estudo será a partir de técnicas de investigação OSINT (inteligência de fontes abertas) e open source research, bem como uso de fontes analíticas diversas segmentadas ao final deste ensaio.

Desde novembro, com a ascenção do General Surovikin no comando das forças russas no teatro de operações da Ucrânia, mais de 800 quilômetros de trincheiras, valas antitanque, dentes de dragão (obstáculos de concreto armado para impedir o trânsito e avanço de  veículos blindados), concentrações de metralhadoras de emprego geral e sistemas antitanque em espessas estruturas de concreto e bunkers formam  uma linha defensiva protegendo o território ocupado pela Rússia na Ucrânia. Desde o verão passado, as forças ocupantes vêm construindo uma enorme barreira defensiva para conter a esperada contra-ofensiva ucraniana.

https://english.elpais.com/international/2023-04-17/russia-constructs-800-km-of-defensive-lines-to-head-off-ukrainian-counteroffensive.html

Dessa forma, ao longo dos territórios ocupados – não apenas nas linhas de frente de Kherson, Zaporizhzhia, Donbass e Kharkhiv, mas também nos municípios russos atrás delas – a Rússia ergueu barreiras defensivas não vistas na Europa desde a Segunda Guerra Mundial.

Quando, em meados de outubro, Prigozhin pediu a preparação de linhas de defesa ao longo de toda a fronteira com a Ucrânia, ele também disse que seu representante empresarial estava construindo “estruturas defensivas” na região de Belgorod. O governador da região, Vyacheslav Gladkov, confirmou a construção de uma linha de defesa ao longo da fronteira com a Ucrânia, chamando-a de nova “linha de entalhe”. Este termo foi usado para descrever as fortificações que nos séculos XVI a XVII protegiam o reino russo dos ataques da Criméia-Nogai. Belgorod é um importante centro logístico para o abastecimento do exército russo, por isso é um alvo militar valioso para ataques das forças ucranianas.

As forças russas também fortificaram as cidades para transformá-las em redutos atrás das primeiras linhas de defesa, de modo que as forças ucranianas terão que tomar uma a uma para evitar deixar unidades inimigas em sua própria retaguarda e terão que cobrir flancos abertos que se formarão conforme os ataques ampliem saliências e profundidade.

Em Zaporizhzhia e na área ocupada da província de Kherson, duas áreas consideradas como altamente possíveis de serem alvo da ofensiva ucraniana, a Rússia construiu três linhas defensivas paralelas de 120 km (75 milhas) de comprimento, cada uma com cerca de 15 km de distância e todas seguindo o mesmo sistema: uma primeira linha de trincheiras de combate com arame farpado, precedida de por campos minados; depois dentes de dragão, fossos antitanque e mais trincheiras com posições adicionais para tanques cavados atuarem como artilharia – fundamentalmente T-55 e T-62M.

Em setembro do ano passado, Yevgeny Prigozhin, informou que o Wagner PMC, empreiteira militar privada que lhe pertence (para maiores informações leia o artigo https://historiamilitaremdebate.com.br/os-mercenarios-do-grupo-wagner/)  , havia começado a construir uma linha de defesa perto da cidade de Gorskoye, região de Lugansk. De acordo com o mapa publicado pela RIA FAN, a “Linha Wagner” deve se estender para o leste da fronteira russo-ucraniana até Kremennaya e depois para o sul até Svetlodarsk. O comprimento da linha pode chegar a 217 km.

Imagem de satélite: trincheiras perto da fronteira administrativa entre a Crimeia e a região de Kherson, 13 de novembro de 2022. Fonte: https://ru.krymr.com/a/krym-okopy-ukrepleniya-sputnik-foto/32347152.html

Essas zonas que compõem as fortificações e linhas de defesa consistem em uma primeira linha de posições de combate avançadas seguidas por duas zonas defensivas quase inseparáveis ​​e mais complexas, conforme iremos analisar em imagens a seguir.

3. Imagens a análise da eficácia das fortificações russas

Um grande número de imagens de satélite fornecidas à mídia, incluindo Washington Post e El País pela Maxar Technologies, revelaram os contornos desse vasto projeto de fortificação.

Dente de dragão implantado pelas forças russas. Fonte:https://www.moscowtimes.io/2022/12/20/zubi-drakona-kak-rossiya-sobiraetsya-sderzhivat-ukrainskoe-nastuplenie-a29103

A própria presença de tais linhas e fortificações obriga a força adversária a mudar a direção do ataque. Se for adiante um avanço frontal ou uma manobra operacional de flanqueamento,  corre-se o grande risco de se tornar um alvo fácil para a artilharia guiada por sistemas de reconhecimento por drones, pois a força atacante levará tempo para o equipamento romper  os “dentes” de dragão (destruir ou movê-los) e superar os ressaltos, escavados e trincheiras minadas.

https://twitter.com/bradyafr/status/1618915478298324992

Além disso, linhas bem fortificadas possibilitam o uso de menos pessoal e equipamentos para mantê-los. Isso, em tese, libera recursos materiais e humanos para serem utilizados em outras áreas.

Imagens de mapa e fortificações russas https://english.elpais.com/international/2023-04-17/russia-constructs-800-km-of-defensive-lines-to-head-off-ukrainian-counteroffensive.html

Os padrões modernos para a colocação de “dentes de dragão” são difíceis de avaliar com o conjunto de fontes consultadas neste estudo , mas de acordo com as recomendações do  Military Engineering Journal (nº 10, 1944), a distância entre as estruturas seguidas deve ser de cerca de quatro metros. Um artigo da década de 1980  do escritor militar russo e engenheiro do exército soviético Yuri Veremeev afirma que a distância entre os blocos deve ser ligeiramente menor que o comprimento do tanque inimigo. Sua largura é de pouco mais de 3,4 metros. Ao mesmo tempo, as estruturas devem ser construídas em 4 filas, pelo que são necessários até mil “dentes de dragão” por quilômetro de fortificações.

https://twitter.com/FederalPress/status/1594982084611026944

Em meados de março, quatro áreas são claramente visíveis na imagem de satélite. Um deles começa em Perekop Bay, o segundo e o terceiro estão localizados em ambos os lados da rodovia E-97. Outro sistema de trincheiras fica perto da própria aldeia de Filatovka.

Imagem de satélite: trincheiras perto da aldeia de Filatovka, distrito de Krasnoperekopsky da Crimeia, 13 de março de 2023.
https://ru.krymr.com/a/krym-okopy-ukrepleniya-sputnik-foto/32347152.html

4. Considerações finais

Em nosso entendimento, corroborado por várias análises, tentar uma ofensiva contra várias linhas de trincheiras, campos minados e obstáculos com ninhos de metralhadoras não é eficaz sem o apoio de artilharia suficiente e de aeronaves de combate.

Além disso, depositar excesso de expectativa no uso de tanques e veículos blindados de combate de infantaria é equivocado, pois a guerra em curso é adversa para o emprego destes sistemas de armas, diante da profusão de minas antitanque e características do terreno (aberto, lamacento, plano e com corredores estreitos) que tornam a escala de perdas de blindados por ambas forças beligerantes em nível muito alto.

Ademais, para atingir os objetivos proclamados na ofensiva ucraniana (dominar todo front sul, inclusive a Crimeia) será exigido um nível extraordinário e inaudito de profissionalismo para coordenar todos os ramos das forças armadas envolvidos em um ataque. Ainda que as forças ucranianas possam atualmente exceder a superioridade de três para um em número de tropas que a teoria militar prescreve como necessária em operações ofensivas, o número de baixas e perdas materiais será grande e pode gerar sobrecarga e exaustão operacional em mais de três semanas de ofensiva continua.

Em artigo publicado no periódico eletrônico War on the Rocks, o professor Stephen Biddle afirmou que o equilíbrio das forças opostas testemunhado até agora durante a guerra augurava que uma contra-ofensiva alcançaria ganhos modestos, afirmando que onde as defesas foram profundas, apoiadas por reservas operacionais e uma linha de frente bem preparada, blitzkriegs bem-sucedidas têm sido praticamente impossíveis quase um século de mudança tecnológica. De acordo com o professor da Universidade de Columbia, forças atacantes bem treinadas e eficazmente dirigidas com superioridade numérica podem alcançar progresso no terreno, mas lentamente e com grande custo em perdas de pessoal e armas.

A Ucrânia terá usar sua vantagem em consciência situacional qualitativa provida pela ampla rede C4ISR da OTAN para efetivar ataques de precisão que depreciem e interrompam as linhas de abastecimento, fortificações e postos de comando das unidades de combate russas, além de  theatingir com máxima eficácia depósitos de combustível e depósitos de armas atrás das linhas primárias de defesa russas.

Os militares ucranianos, que receberam tanques pesados ​​e canhões de longo alcance de seus aliados ocidentais nas últimas semanas, prometeram lançar uma nova ofensiva importante assim que o tempo permitir. Kiev não divulgou os números, mas Yevgeny Prigozhin, chefe do grupo paramilitar russo Wagner, que está na linha de frente, disse que Moscou deve estar pronta para repelir forças ucranianas situadas entre 200.000 e 400.000 combatentes.

As fortificações foram consideradas por muitos como um “anacronismo estratégico”, porém, as áreas fortificadas das próprias Forças Armadas da Ucrânia tornaram-se um obstáculo significativo ao avanço rápido das tropas pelo fato de estarem prioritariamente localizadas principalmente nas cidades e em outros assentamentos.

Alega-se que, para romper com eficácia a defesa russa, as FAU precisarão criar uma superioridade numérica múltipla e usar barragens de artilharia massivas com ataques de precisão. Mas, para impedir ataques maciços que certamente irão romper as linhas de defesa de primeira camada em alguns setores do front, a reserva operacional das Forças Armadas da Federação Russa terá que empregar os cerca de 150.000 combatentes da recente convocação da mobilização parcial de setembro do ano passado. Os veículos blindados ucranianos providos pelos países da OTAN terão que superar a dura oposição de armas antitanque espalhadas ao longo das fortificações: estima – se que hajam 800 sistemas antitanque com 4 mil mísseis implantados na primeira linha da zona fortificada russa por setor; os sistemas antitanque implantados na segunda linha de defesa estão sendo saturados devido à produção em massa dos complexos antitanque Kornet e Metis.

As batalhas a eclodirem em breve serão determinantes para indicar o curso, rumo e desfecho do conflito, o mais sangrento da Europa após a Segunda Guerra Mundial.

Imagem de Destaque: ttps://twitter.com/bradyafr/status/1635725244852838400/photo/1

5. Fontes consultadas

https://www.ft.com/content/01a819c0-82f5-4eb3-b012-9dc97d93cde6&ved=2ahUKEwjrvPP5-8T-AhX7LrkGHU2mBfYQFnoECC0QAQ&usg=AOvVaw3Hv-FVKbLZvNoK08XMPjm5

https://www.nytimes.com/interactive/2022/12/14/world/europe/russian-trench-fortifications-in-ukraine.html&ved=2ahUKEwjrvPP5-8T-AhX7LrkGHU2mBfYQFnoECBIQAQ&usg=AOvVaw3hRCaBsFl8HDmjBwxeUdY

https://www.pravda.com.ua/eng/news/2023/04/4/7396308/index.amp&ved=2ahUKEwjrvPP5-8T-AhX7LrkGHU2mBfYQFnoECDAQAQ&usg=AOvVaw0w9IphUp4i4QaGT7sMcwxe

https://www.thedrive.com/the-war-zone/ukraine-situation-report-russia-building-up-zaporizhzhia-fortifications&ved=2ahUKEwjrvPP5-8T-AhX7LrkGHU2mBfYQFnoECDIQAQ&usg=AOvVaw26zaakLQUa1mqDeytOs7B4

www.topwar.ru

Ukraine and the Future of Offensive Maneuver

https://www.washingtonpost.com/world/interactive/2023/ukraine-russia-crimea-battle-trenches/&ved=2ahUKEwjrvPP5-8T-AhX7LrkGHU2mBfYQFnoECA4QAQ&usg=AOvVaw05Zu1GtdlnM3XdEAYm0eeJ

https://www.washingtonpost.com/world/interactive/2023/ukraine-russia-crimea-battle-trenches/%23:~:text%3DAfter%2520weeks%2520of%2520digging%252C%2520the,trench%2520system%2520stretching%2520several%2520miles.&ved=2ahUKEwjrvPP5-8T-AhX7LrkGHU2mBfYQFnoECFkQBQ&usg=AOvVaw05Zu1GtdlnM3XdEAYm0eeJ

Delegado de Polícia, historiador, pesquisador de temas ligados a conflitos armados e geopolítica, Mestre em Segurança Pública

6 comentários em “Análise das Fortificações Russas no Perímetro Operacional da Guerra na Ucrânia”

  1. Saudações, uma pequena contribuição.
    Estado-Maior Conjunto dos Estados Unidos, general Mark Milley:

    O chefe do Estado-Maior Conjunto dos Estados Unidos, general Mark Milley:
    “Não quero falar se haverá uma ofensiva específica ou não. Deixe-me apenas dizer que, nos últimos meses, os ucranianos têm nos pedido assistência militar para ajudá-los, treinar, equipar e equipar suas forças. Em particular, cerca de 9 brigadas de armas combinadas, veículos blindados e infantaria motorizada. Além disso, ajudamos a treinar várias unidades de infantaria leve, como rangers. Os ucranianos agora têm a oportunidade de atacar.
    Em caso de ocorrência, vários cenários são possíveis. Obviamente, um desses resultados pode levar a um sucesso significativo e à derrota da frente russa em toda a linha de frente. Talvez os ucranianos conduzam uma operação defensiva e será muito difícil para os russos conduzir uma operação ofensiva. Então vamos ver o que o futuro nos reserva. No entanto, acho que a probabilidade de qualquer um dos lados atingir seus objetivos políticos é muito baixa. E, francamente, não acho que seja provável este ano.
    Acho que pessoas racionais, como parte do processo de tomada de decisão da Rússia, chegarão à conclusão, dentro de alguns meses ou um ano ou dois, que os custos superam os benefícios e é hora de fazer algo, pelo menos em termos de negociações. Essa hora pode não ser agora. Eles terão que entender isso, porque não vão ganhar.
    Acho que é do interesse de todos não escalar. A Rússia não quer uma guerra com a OTAN ou os EUA, e a OTAN e os EUA não querem uma guerra com a Rússia. Então, nesse sentido, é do interesse de todos, e a Ucrânia, claro, não quer uma guerra dessa magnitude em seu território. Portanto, é do interesse de todos evitar a escalada.
    Ao contrário da Guerra Fria, hoje existem três grandes potências no mundo: EUA, China e Rússia. E todos os três têm arsenais nucleares significativos. Portanto, não é do interesse dos Estados Unidos ver a Rússia e a China criarem uma aliança militar estratégica, e devemos fazer todo o possível para evitar que isso aconteça.
    Estamos experimentando a mudança mais fundamental na natureza da guerra na história da humanidade, e ela é impulsionada principalmente pela tecnologia. Em primeiro lugar, são munições guiadas com precisão e sensores onipresentes. Podemos atirar com maior precisão e distâncias maiores do que nunca na história da humanidade. E não apenas nós, mas também os russos, os chineses e outros países podem fazer o mesmo.
    E agora vemos que além do alcance e da precisão, surge o hipersom, contra o qual, com as tecnologias defensivas de hoje, ainda é impossível defender. Há também mudanças fundamentais na capacidade de ver. Todo mundo que usa um relógio Fitbit ou GPS, ou carrega um iPhone, está sendo rastreado. Temos a capacidade de sentir e ver o ambiente, captar sinais, porque existem muitos sinais eletrônicos no ambiente.
    Portanto, nossa capacidade de sentir o ambiente é incrível. A capacidade de ver e a capacidade de atirar e atirar à distância com uma precisão nunca antes vista hoje – esses dois fundamentos em si anunciam uma mudança na natureza fundamental da guerra.
    Agora estamos experimentando e desenvolvendo veículos marítimos não tripulados, tanto na superfície quanto debaixo d’água. Estamos experimentando caças e bombardeiros modernos que serão essencialmente não tripulados. No futuro, você verá que uma porcentagem muito grande de tanques e caminhões não será tripulada, então a robótica está chegando muito, muito rapidamente em todas as forças militares, muito mais rápido do que as pessoas podem pensar. Você pode ver como a inteligência artificial e a computação quântica, combinadas com a robótica, se tornarão o fator dominante na guerra. Combine isso com os reinos cibernéticos e espaciais. E há cerca de mais 20 tecnologias que não vou listar. E o país que otimizar essas tecnologias para a guerra terá uma vantagem decisiva, pelo menos no início e nos primeiros tiros da próxima guerra.

    Responder
  2. Olá! Queria deixar uma pequena sugestão, caso possível.
    Primeiro quero deixar aqui registrado minha satisfação em ler/estudar por este magnífico trabalho. Venho assistindo tanto no canal original quanto nas contribuições/participações dos senhores em outros canais.
    Parabéns e sucesso.
    .
    Agora coloco a minha sugestão.
    Se possível, claro, seria bom ter o o conteúdo em formato pdf.
    Um botão ou link para que se possa realizar o download do artigo para posterior leitura.
    Isso ajudaria o leitor tanto a divulgar o conteúdo compartilhando em grupos quanto sua leitura em ocasiões que ele não consiga acessar a internet para tirar algum dúvida sobre alguma passagem pouco clara.

    Responder
    • Primeiro, o site HMD agradece o elogio e o comentário. Quanto a segunda parte do comentário, agradecemos a sugestão e iremos analisar a viabilidade da proposta.

      Responder
  3. Olá!
    Um questionamento.
    Até que ponto a ofensivas foi bem sucedidas empreendidas pelas Forças Armadas da Ucrânia?
    Sim! Ao ponto de vista de ganhos territorias, concordo perfeitamente!
    Só que, li em vários grupos do telegram ( pró-russo e pró-ucraniana) na época que no quesito baixas russas foi pífia este avanço. Os russos avacuaram tudo que pode de material e o pessoal sofreu poucas baixas. Sendo relatado que em certos pontos não houve baixas russas, e em outras os russos até conseguiram infligir baixas ucranianas contra nenhuma deles.
    Este é meu questionamento. Até que ponto uma ofensiva é positiva? Um exército ao avançar sem ferir o outro que recua não seria um fracasso operacinal? Vide que o exército ao recuar conseguiu manter sua força de ataque elevada e pronta para o ataque.

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    • A melhor possibilidade pelas FAU seria dividir o território controlado pela Rússia e chegar ao mar Negro, dificultando o domínio da Crimeia. Uma ofensiva é positiva quando um dos exército atinge seu objetivo militar. No caso russo, a vitória é “quebrar” a ofensiva ucraniana e tirar suas condições de atacar e a vontade de lutar.

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