Prof. Dr. Ricardo Pereira Cabral
A produção britânica-norte-americana de 1990, é a dramatização do documentário Memphis Belle: a Story of a Flying Fortress, do diretor William Wyles, de 1944, sobre a 25ª missão da tripulação do B-17 Flying Fortress “Memphis Belle”, durante a Segunda Guerra Mundial.
O filme é dirigido por Michael Caton-Jones, roteirista Monte Merrick e produzido por David Puttnam e Catherine Wyler. O elemco conta com Mathew Modine, Eric Stoltz, Sean Astin, John Lithgow entre outros.
Sinopse
Memphis Belle, é um B-17 Flying Fortress e sua tripulação devem completar 25 missões, um pré-requisito para a tripulação completar sua missão. Junto com o resto do esquadrão, Belle recebe a tarefa de atacar uma fábrica de Focke Wulf 190 em Bremen, Alemanha. Embora inicialmente escoltados por P-51, os caças de curto alcance precisam eventualmente se retirar, deixando os bombardeiros vulneráveis se defenderem até o alvo e voltarem. O sucesso de Belle tem muito significado, pois ela seria a primeira da Oitava Força Aérea a completar sua turnê. O tenente-coronel Bruce Derringer, publicitário do exército, pretende usar a fama de Belle acumulada em seu histórico para vender títulos de guerra vitais.
Sobre a Alemanha, Memphis Belle assume como navio líder quando a formação começa a sofrer perdas de aviões antiaéreos e inimigos. Uma cortina de fumaça inicialmente obscurece o alvo, embora na segunda passagem a formação caia com sucesso sua carga na área agora visível. Voltando para casa, a formação é continuamente assediada por aviões alemães. Radioman SSgt. Danny Daly está gravemente ferido e o dano causa um incêndio em um dos motores que o capitão Dearborn é forçado a extinguir mergulhando o avião, quase arriscando a aeronave no processo.
Mais danos de batalha destroem a parte elétrica do avião que alimenta o trem de pouso, embora a tripulação tenha implantado com sucesso o trem manualmente pouco antes do pouso. De volta a solo amigável, o tenente-coronel Derringer e a equipe de terra correm para o avião para comemorar sua vitória, com o capitão Dearborn abrindo uma garrafa de champanhe a bordo da aeronave com sua tripulação. Os créditos finais afirmam que o Memphis Belle voou sua 25ª e última missão em 17 de maio de 1943, e que mais de um quarto de milhão de aeronaves entraram em ação sobre a Europa Ocidental durante a Segunda Guerra Mundial, com 200.000 aviadores perdendo suas vidas e o filme sendo dedicado. na honra deles e de todos os militares.
Crítica
Irregular, a produção é lembrada pelos fãs de aviação, mas esquecida pelo restante do público.
Silvio Pilau | 14 de Agosto de 2007
De Asas, primeiro vencedor do Oscar, ao recente Flyboys, passando por A Batalha da Grã-Bretanha e Top Gun, o mundo da aviação sempre foi uma fonte de inspiração para cineastas. E não poderia ser diferente. A possibilidade de construir seqüências empolgantes nos céus e as histórias de heroísmo e superação provenientes de acontecimentos reais são um prato cheio para qualquer contador de história, além, é claro, do fato de que obras desta natureza possuem seu público fiel e apaixonado.
Produzido em 1990, Memphis Belle – A Fortaleza Voadora, apesar de não poder ser considerado clássico, é uma referência para os entusiastas da aviação. O diretor Michael Caton-Jones e o roteirista Monte Merrick contam a história real do bombardeiro Memphis Belle e sua equipe durante a Segunda Guerra Mundial. Após vinte e quatro missões bem-sucedidas, a tripulação precisa apenas completar mais uma para poder voltar para casa. Mas claro que nada será fácil.
Memphis Belle é um filme que cumpre o que promete e nada mais. Em menos de duas horas, Caton-Jones cria uma obra com bons momentos de ação, porém com alguns problemas narrativos. Dentre eles, o mais destacado é a forma como desenvolve os personagens. Todos, sem exceção, não passam de estereótipos: há o sedutor, o sensível, o brigão, o chefe durão e diversos outros clichês. O roteiro não constrói arco dramático para qualquer um deles e os personagens chegam ao final do filme rasos e superficiais como no início.
Por outro lado, Caton-Jones faz um bom trabalho ao estabelecer um clima de camaradagem entre eles. Focando os primeiros quarenta minutos apenas na relação entre os soldados, o diretor consegue fazer o espectador acreditar que aqueles jovens são amigos de verdade e estão dispostos a dar a vida pelo companheiro. Ainda que nada de mais profundo saia de qualquer personagem, este tempo passado junto a eles cria um laço de identificação fundamental para que a platéia se preocupe com o destino de cada um, lastro necessário para que as cenas de combate aéreo ganhem em tensão.
Da mesma forma, é eficaz a opção por mostrar tudo apenas do ponto de vista da tripulação do Belle. A câmera de Caton-Jones jamais se posiciona dentro de outro avião, conseguindo colocar o espectador ao lado dos protagonistas. Algumas das melhores cenas resultam desta perspectiva, como aquela na qual ouvimos apenas pelo rádio o desespero de outra tripulação, enquanto a equipe do Memphis Belle observa o avião abatido rodopiando em direção ao solo.
A decepção fica por conta da falta de uma tensão crescente. O avião e os personagens enfrentam alguns problemas, sim, mas nada que pareça demasiadamente ameaçador. O espectador não sente que a equipe do Belle realmente passa por riscos e a ausência de um clímax mais emocionante certamente colabora para isso. Eles são atacados algumas vezes e de forma praticamente igual – o último ataque sofrido por eles é igual ao primeiro.
Sem contar ainda com grandes destaques em termos de atuação, especialmente pelo fraco desenvolvimento dos personagens, Memphis Belle é um filme que possui problemas narrativos e derrapa em certos clichês. Por estas razões, jamais escapa do lugar-comum do gênero, apesar de ter um bom ritmo e não cansar em qualquer momento. Esta irregularidade só poderia dar no que deu: uma produção lembrada pelos fãs de aviação, mas esquecida pelo restante do público.
Fonte: https://www.cineplayers.com/criticas/memphis-belle-a-fortaleza-voadora
Professor de História formado pela UGF. Mestrado e Doutorado em História pela UFRJ. Autor de artigos sobre História Militar e Geopolítica.