A ORGANIZAÇÃO POLÍTICA NO LABIRINTO DO ORIENTE MÉDIO
Autor e Traduções Edilson Moura Pinto
Colaboração Liennequer Santos
CONTEXTUALIZAÇÃO
O Hizbullah ou Hizbullah, ou “Partido de Deus”, foi fundado durante a Guerra Civil Libanesa, mais especificamente em 1982, em resposta à presença militar de Israel no sul do Líbano. O Hizbullah é um grupo político e militar xiita que se originou como uma resistência armada contra as forças israelenses que ocupavam partes do Líbano naquela época. Desde então, o Hizbullah evoluiu para se tornar uma influente força política e militar no Líbano, além de manter estreitos laços com o Irã.
Desde aquela época, a ocupação israelense era vista como uma ameaça à soberania e integridade do Líbano, e muitos xiitas libaneses, que compunham a maioria da população na região, viram a necessidade de se organizar para resistir a essa ocupação.
Sayyed Hassan Nasrallah, o atual líder do Hizbullah, é considerado um dos principais arquitetos da transformação do grupo em uma força política e militar significativa no Líbano. Ele se tornou o secretário-geral do partido em 1992 e tem liderado o grupo desde então.
O Partido, cuja identidade religiosa e político-social é baseada em uma ideologia islâmica xiita, se considera um movimento de resistência islâmica. Além de suas atividades militares, o grupo também se envolve em serviços sociais, como a prestação de assistência à comunidade xiita, o que lhe confere um significativo apoio popular.
Neste artigo será tradada a estrutura principal do Hizbullah, sua estrutura organizacional, conselhos e linhas de ação. Num artigo subsequente, será dada ênfase ao braço militar do Hizbullah.onde serão abordados o poder militar e os principais equipamentos militares desta força militar.
MOTIVAÇÕES
Uma das mais fortes motivações para o surgimento do grupo foi o icônico episódio do massacre de Sabra e Chatila, um trágico evento que ocorreu em setembro de 1982, no Líbano, durante a Guerra do Líbano.
Sabra e Shatila eram dois campos de refugiados palestinos localizados nos subúrbios do sul de Beirute, Líbano. Eles são historicamente significativos devido aos trágicos eventos que ocorreram em setembro de 1982, durante a Guerra Civil Libanesa.
Após o assassinato do presidente libanês Bashir Gemayel, as forças israelenses, o exército israelense havia cercado os campos, e a “Milícia falangista”, um grupo miliciano cristão libanês, foi autorizada a entrar nos campos pelas forças israelenses. Ao longo de vários dias, os falangistas cometeram assassinatos em massa, atrocidades e violência generalizada contra os refugiados palestinos, resultando em uma grande perda de vidas.
O número exato de vítimas continua sendo objeto de debate, mas estima-se que centenas a mais de mil civis palestinos e libaneses tenham sido mortos durante o massacre. O evento é amplamente reconhecido como uma tragédia e uma violação dos direitos humanos.
O massacre de Sabra e Shatila gerou indignação internacional e investigações, levando à criação de uma comissão de inquérito das Nações Unidas. O massacre é um capítulo doloroso no conflito israelense-palestino e na Guerra Civil Libanesa, e continua sendo lembrado como um símbolo do sofrimento enfrentado pelos refugiados palestinos na região.
A tragédia também levou a um debate contínuo sobre a responsabilidade das forças israelenses na operação, uma vez que elas haviam cercado a área e permitido o acesso dos falangistas.
O evento serviu para destacar a complexidade e a violência do conflito no Oriente Médio e reforçou a importância do respeito aos direitos humanos e da busca por soluções pacíficas para os problemas na região.
Embora o Hizbullah tenha sido fundado em 1982 como resposta à ocupação israelense do sul do Líbano, o grupo não estava diretamente envolvido no massacre.
No entanto, o massacre fez parte do contexto mais amplo da Guerra do Líbano e da intervenção israelense, que contribuiu para a formação e crescimento do Hizbullah como uma força de resistência xiita contra Israel e suas ações no Líbano.
Assim, o massacre de Sabra e Chatila teve implicações políticas e de segurança que moldaram o ambiente em que o Hizbullah surgiu e se tornou ativo.
CONEXÃO DO HIZBOLAH
Atualmente o Hizbullah recebe apoio de um grupo grande de nações e possui conexões com Irã
Síria | Argélia | Coreia do Norte |
Líbano | Rússia | Venezuela |
Iraque | China | Armênia |
Palestina | Cuba | Catar |
Dentre os aliados do Hizbullah possui uma frente de apoio em Grupos Aliados que contemplam:
- Forças de Mobilização Popular
- Houthis
- Partido Social Nacionalista Sírio
- Movimento Amal
- Frente Popular para a Libertação da Palestina Unidades de Proteção Popular
- Hamas
Por outro lado, vários países consideram o Hizbullah um inimigo ou uma organização terrorista devido às suas atividades militares, ligações com o Irã e seu papel em conflitos na região. Estes países são considerados inimigos pelo Hizbullah e Dentre eles estão:
Israel: O grupo tem sido um inimigo declarado de Israel desde a sua fundação e tem se envolvido em conflitos armados com o país, incluindo a Guerra do Líbano de 2006.
Os Estados Unidos: consideram o Hizbullah como uma organização terrorista e impuseram sanções contra o grupo e seus apoiadores. O grupo é visto como uma ameaça à segurança regional e aos interesses dos EUA no Oriente Médio.
Arábia Saudita: O governo saudita considera o Hizbullah uma ameaça regional, especialmente devido às suas ligações com o Irã e ao seu envolvimento em conflitos no Oriente Médio.
Canadá: O Canadá também classifica o grupo como uma organização terrorista e impõe sanções contra ela.
A maioria dos países da Liga Árabe: Muitos países árabes sunitas, como Arábia Saudita, Egito e Bahrein, consideram o grupo como uma organização que age em prol dos interesses do Irã e que desestabiliza a região.
Países europeus: Reino Unido e a Alemanha, rotulam a ala militar do Hizbullah como uma organização terrorista, enquanto outros, como a França, não o fazem e distinguem entre a ala política e militar do grupo.
Além destes, o Hizbollah considera como inimigos, Turquia, França, Austrália, Emirados Árabes Unidos, Sudão, Kuwait, Jordânia, Bahrein e Japão tal como mostra o Mapa 2.
O Hizbollah possui inimigos no Oriente Médio cujos rivais regionais são:
- Estado Islâmico do Iraque e da Síria
- Al-Qaeda
- Tahrir al-Sham
- Exército Livre da Síria
FONTES DE RECUROS DO HESBOLAH
O financiamento do Hizbullah é extremamente classificada. A organização obtém recursos de várias fontes, o que a torna financeiramente resiliente.
O financiamento provém de diversas fontes, incluindo grupos empresariais libaneses, investidores privados, membros da diáspora libanesa envolvidos na exploração de diamantes africanos, outros grupos e países islâmicos, bem como os impostos pagos pelos xiitas libaneses. Alguns dos principais meios de financiamento conhecidos do Hizbullah incluem:
- O Irã é a principal fonte de financiamento. O governo iraniano fornece apoio financeiro direto, incluindo financiamento para as atividades militares e operacionais do grupo. O Hizbullah é visto como um aliado estratégico do Irã na região, e o apoio iraniano é fundamental para sua capacidade de operar.
- A Diáspora xiita em todo o mundo, incluindo libaneses xiitas e outros simpatizantes, fazem doações financeiras para o Hizbullah. Essas doações podem ser uma fonte significativa de financiamento, embora seja difícil quantificar o valor exato.
- O Hizbullah também está envolvido em uma série de atividades comerciais, incluindo empresas de construção, empresas de importação e exportação, agricultura e outras. Essas atividades geram renda para o grupo.
- Há alegações de que o Hizbullah está envolvido no tráfico de drogas, principalmente na América do Sul, como uma fonte adicional de financiamento. Essas alegações, no entanto, são controversas e sujeitas a debates.
- O que se sabe é que o Irã forneceu cerca de US$ 400 milhões em doações entre 1983 e 1989. Embora a situação econômica possa ter alterado essa contribuição, o Irã ainda continua a financiar ações humanitárias realizadas pelo Hizbullah.
Em fevereiro de 2010, relatórios indicavam que o Hizbullah havia recebido outros US$ 400 milhões do Irã.
Em 2011, o Irã alocou outros US$ 7 milhões para atividades do Hizbullah na América Latina. Alega-se que o Hizbullah recebe financiamento da diáspora xiita libanesa na África Ocidental, nos Estados Unidos e, de forma significativa, na tríplice fronteira entre Paraguai, Argentina e Brasil.
Autoridades policiais dos EUA e de outros países alegam que identificaram operações ilegais de angariação de fundos por meio do contrabando de tabaco e envolvimento em atividades de tráfico de drogas. O Hizbullah refuta tais acusações, considerando-as como propaganda com o intuito de prejudicar sua imagem.
Além disso, os Estados Unidos acusaram membros do governo da Venezuela de fornecer apoio financeiro ao Hizbullah, mas o governo venezuelano nega essas acusações.
HIZBULAH E A SÍRIA
O Hizbullah tem várias conexões históricas e políticas com a Síria. Essas conexões desempenharam um papel significativo na evolução do grupo e em suas operações na região.
A síria provê apoio político e militar e tem sido um importante aliado político e militar. Durante a Guerra Civil Libanesa (1975-1990), a Síria apoiou várias milícias, incluindo o Hizbullah, como parte de sua influência na política libanesa.
A Síria tem sido uma importante fonte de apoio logístico para e isso incluiu o fornecimento de armas, munições e outros recursos, bem como o uso do território sírio para o transporte de suprimentos para o seu pessoal.
A Síria tem sido uma rota crucial para o Irã fornecer apoio ao Hizbullah. Isso inclui o fornecimento de armas e financiamento, que passavam pela Síria em direção ao Líbano. Treinamento e assistência técnica também são providos pela Síria. Isso incluiu treinamento em táticas militares, uso de armas e operações de guerrilha.
A Coordenação de operações do Hizbullah e o governo sírio frequentemente colaboram em operações militares em várias situações, especialmente durante o conflito no Líbano e na guerra civil síria.
O IRÃ
O Irã é o principal patrocinador financeiro e fornecedor de armas do Hizbullah. O grupo recebe fundos, armas e treinamento do Irã. Essa assistência permitiu que se tornasse uma das organizações militantes mais bem armadas e treinadas do Oriente Médio.
Tanto o Hizbullah quanto o regime iraniano compartilham uma afinidade ideológica baseada no xiismo. O Irã é um Estado de maioria xiita, e o Hizbullah também segue a vertente xiita do Islã. Essa afinidade religiosa é um fator importante na cooperação entre os dois.
Além do apoio militar, o Irã fornece apoio político. O grupo recebe orientação política e estratégica do Irã, que o ajuda a tomar decisões em questões regionais e internacionais. O Irã fornece treinamento e assistência técnica, o que inclui a capacitação de suas unidades militares e a transferência de conhecimento em várias áreas, como a fabricação de foguetes e armas.
Em coordenação com os interesses regionais do Irã o grupo conduziu sua participação ativa na Guerra Civil Síria, onde o grupo combate ao lado das forças do governo sírio foram apoiadas pelo Irã que fornece apoio logístico, ajudando a manter o fornecimento contínuo de armas, munições e outros recursos.
Essa relação próxima entre o Hizbullah e o Irã é uma fonte de tensão nas relações entre o Irã e diversos países da região, bem como com os Estados Unidos e outros atores internacionais que consideram o grupo como uma organização terrorista. Por outro lado, o Irã “vê” o Hizbullah como uma ferramenta importante em sua estratégia de influência regional no Oriente Médio.
ESTRUTURA DO HIZBULAH
O Hizbullah é uma instituição extremamente complexa e que atua em muitos seguimentos da sociedade. Sua permeabilidade na socidade libanesa e síria é bastante profundo o que lhe confere muito apoio destas sociedades e portanto torna difícil para os seus opositores minimizarem seus impactos e influências.
Conselho Shura
Fundo em 1984-1986 e reformulado em 1989 o Conselho Shura é o órgão supremo de tomada de decisões dentro do Hizbullah. Ele é responsável por determinar as políticas e estratégias gerais do grupo, tanto em termos políticos quanto militares.
Chefe: Hassan Nasrallah, Secretário Geral
Membros :
- Sheikh Naim Qassem (Secretário Geral Adjunto),
- Sheikh Mohammad Yazbek (Presidente do Conselho Judicial),
- Sayyed Ibrahim al-Sayyed (presidente do Conselho Político),
- Sayyed Hashem Saffieddine (Presidente do Conselho Executivo),
- Hussein al-Khalil (assessor político do Secretário Geral),
- Mohammad Raad (Presidente do Conselho Parlamentar e chefe do Bloco Lealdade à Resistência).
O Hizbullah também possuem um conselho executivo.
Para se ter uma ideia do quão complexa é a estrutura do Hizbullah, precisa-se saber que ele é coordenado por um conselho central e que possui muitos outros sub concelhos destinados às ações sociais, políticas, religiosas e militares.
Conselho Executivo do Hizbullah
Fundado: julho de 1995 o conselho possui como presidente: Hashem Saffiedinee Assistente do Presidente: Sultan As’ad.
O vice-presidente é Nabil Qaouq
O conselho é composto por vários membros como:
Membros:
- Oficial Militar,
- Oficial de Segurança,
- Oficial de Organização
- Oficial de Inspeção
Além destes, o conselho é composto pelos chefes das quatro subdivisões regionais do Hizbullah destacadas em suas regiões:
- Sul de Beirute, Beqaa,
- Sul do Líbano ao Norte de Litani,
- Sul do Líbano ao Sul de Litani).
As unidades que estão sobre a égide deste conselho e estão mais ligadas as ações sociais e civis do partido, são elas:
- Unidade de Educação
- Unidade Social
- Unidade de Saúde Islâmica
- Unidade de Informação e Mídia
- Unidade Financeira
- Sindicatos
- Unidade de Relações Exteriores
Estas ações são pouco conhecidas do Hizbullah, dado que o grupo é geralmente referenciado por suas ações militares implementadas pelo seu “braço armado” coordenado pelo conselho da Jihad.
Conselho da Jihad
O conselho foi Fundado em julho de 1995 e tem como presidente, Hassan Nasrallah e um segundo líder que é mantido no anonimato
O conselho é constituído pelos seguintes membros:
- Hashem Saffiedine,
- Hussein Khalil,
- Abbas Rouhani,
- Wafiq Safa,
- Ibrahim ‘Aqil,
- Fouad Shukur,
- Ali Da’oun,
- Abdelhadi Hamadi,
- Abbas Haraken,
- Hassan Izzedine,
- Nabil Qaouq,
- Hassan Hilu Laqis (falecido).
O conselho decide sobre as ações militares do Hizbullah em coordenação com as unidades da “Resistência Islâmica” e de suas brigadas especiais.
Resistência Islâmica
A parte central da “ala militar” do Hizbullah está sob o controle direto do Conselho Shura do partido, particularmente do Secretário-Geral. Consiste em dois ramos principais: Execução e Recrutamento / Combate. Sendo assim a Resistência são constituídas pelas Unidades:
- Unidade Badr
Antes da entrada do Hizbullah na Guerra Civil Síria, o papel da Unidade Badr era lançar foguetes de longo alcance no norte de Israel, fornecer os reforços necessários à Unidade Nasr, que atuou como a primeira linha de defesa do Hizboullah contra uma invasão terrestre israelense, e repelir as forças israelenses caso elas tivessem penetrado no território libanês além do rio Litani.
Após a retirada israelense da Zona de Segurança do sul do Líbano, a Unidade Badr foi implantada na região ao norte do Rio Litani, incluindo o Distrito de Nabatiyeh, a parte sul do Vale do Beqaa e a região montanhosa situada entre os dois. Em maio de 2017, a Unidade Badr teria sido implantada na Síria, na zona rural leste e norte de Aleppo, substituindo a Unidade Radwan.
- Unidade Nasr
Esta unidade responde diretamente ao Secretário-Geral Hassan Nasrallah através de um deputado militar que foi identificado pelo seu nome de guerra como al-Hajj (um título honorífico) Dhul Fiqar.
Estima-se que esta unidade seja composta por alguns milhares de integrantes, com 800-1000 agentes das Forças Especiais e regulares em tempo integral destacados nos “bolsões de segurança” rurais do sul do Líbano.
O restante, totalizando talvez 3000 combatentes, eram membros da Taabiya, ou grupo pouco organizado de combatentes reservistas sob o comando do Hizbullah.
Após a retirada israelense em 2000, a Nasr foi encarregada de atacar o norte de Israel com uma barragem constante de foguetes de curto e médio alcance em seu arsenal no caso de uma guerra eclodir.
A manutenção deste fluxo constante de ataques com foguetes contra a população civil de Israel no norte foi uma componente crítica na estratégia de guerra do Hizbullah, porque o seu sofrimento iria exercer pressão sobre o governo israelita para suspender as operações militares.
As forças terrestres da Unidade Nasr, instaladas nas aldeias do sul do Líbano, também constituíram a primeira linha de defesa na ordem de batalha do Hizbullah contra uma invasão terrestre.
Como as táticas de guerrilha não seriam suficientes para enfrentar uma invasão em grande escala pelas FDI, o Hizbullah construiu uma rede secreta e extensa de túneis subterrâneos e fortificações, as chamadas Shmurot Teva, ou Reservas Naturais, como passaram a ser conhecidas no jargão das FDI após a guerra de 2006. Estas defesas são protegidas também por pontos de disparo estático para confrontar as forças israelenses.
Após a retirada israelense do sul do Líbano, a Nasr foi implantada entre a recém-criada “Linha Azul” e o Rio Litani, formando o núcleo operacional da Resistência Islâmica. A área sob o comando da Unidade Nasr foi dividida em cinco setores, cada um compreendendo cerca de 12 a 15 povoados.
Estes setores foram ainda divididos em zonas menores de cerca de duas a três povoados cada. Cada setor tinha um quartel general, responsável pelos preparativos militares na área, incluindo a construção de bunkers, o lançamento de foguetes, a distribuição de armas aos “caçadores” e esconderijos e a organização de unidades de combate individuais.
Seu arsenal inclui foguetes Katyushas, morteiros, armas pessoais e sistemas de armas mais avançados, como mísseis antiblindados de origem russa Kornet e o norte americano TOW, além de mísseis antiaéreos.
A seção de artilharia da Unidade Nasr, que comanda foguetes de curto e médio alcance, tem um banco de alvos relativamente detalhado no norte de Israel e um conjunto preparado de mapas de alcance para cada uma de suas posições de disparo de foguetes, listando o alvo por número, seu nome e dados de segmentação.
Em maio de 2017, as forças de Nasr permaneceram em alerta total, mas em reservas no Líbano e não foram enviadas para a Síria.
- Unidade Al Jalil
Esta unidade foi criada em algum momento da década de 2000 e recebeu treinamento intensivo nas mãos dos especialistas do Guarda Revolucionária Iraniana (IRGC) nas áreas de guerra de guerrilha, infiltração e combate corpo a corpo em seus quartéis militares no Irã.
Seu objetivo é, teoricamente, penetrar em amplas áreas da Alta Galileia de Israel, e foi treinada para esse cenário no Irã em 2014.
O exercício de treinamento imitou um cenário em que a Unidade Al-Jalil atacaria e ocuparia áreas na Galileia, em uma maquete. A cidadela cenário reproduz as casas e a paisagem da Galileia. O então comandante do IRGC-QF, Qasem Soleimaini, supervisionou este exercício de treinamento, juntamente com vários outros especialistas militares iranianos de alto escalão.
De acordo com o cenário hipotético, a invasão da Galileia pela Unidade Al-Jalil coincidiria com uma “enxurrada de milhares de foguetes contra o norte de Israel” provavelmente efetuados pela Unidade Nasr e pela Unidade Badr. Este treinamento lembra muito os episódios de 07 e 08/10 de 2023 e simulavam o início de uma guerra futura, visando a infraestrutura e os portos e aeroportos israelenses.
Esta barragem de foguetes funcionaria como uma simulação, enquanto Al-Jalil poderia entrar nas cidades e aldeias fronteiriças israelitas e ocupá-las por um curto período de tempo.
Surgiram relatos no final de 2014 de que o Hizbullah havia retirado a Unidade Al-Jalil da Síria e a redistribuído no Líbano por medo de um potencial ataque israelense contra o grupo no Líbano, particularmente na área ocidental de Beqaa. Em maio de 2017, a Unidade Al-Jalil permaneceu implantada no sul do Líbano em alerta total e em plena prontidão para o combate.
- Unidade Aziz
À medida que o envolvimento do Hizbullah na Guerra Civil Síria se aprofundava, a Unidade Aziz foi implantada na zona rural de Lattakia e depois para Idlib, onde perdeu seu comandante Hassan Hussein al-Haj, também conhecido como Abu Muhammad Al-Iqlim.
Em maio de 2017, a Unidade Aziz foi retirada das suas posições nos arredores da cidade síria de Palmyra e temporariamente substituída pela Unidade Al-Qaem.
- Unidade Radwan
A dimensão desta unidade é desconhecida e foi criada após 2008 com o objetivo bem claro de atuação como forças especiais. Algumas fontes afirmam que a Unidade Radwan só é enviada para a batalha em circunstâncias especiais.
Foi fundada após o assassinato de Imad Mughniyeh em 2008, levando o nome de seu nome de guerra, Al-Hajj Radwan. Em agosto de 2016, durante a Guerra Civil Síria, a Unidade foi enviada para Aleppo e lutou ao lado do Harakat Hizbullah Al-Nujaba na batalha para retomar a parte da cidade controlada pelos rebeldes.
Em maio de 2017, a Unidade Radwan foi retirada da Síria e realocada em estado de alerta máximo no sul do Líbano, com as suas antigas posições na Síria agora ocupadas pela Unidade Badr.
- Unidade de Guerra Anfíbia
Esta também é uma unidade de forças especiais dedicada ao combate anfíbio, seu efetivo é desconhecido e foi fundada na década de 1990, durante a ocupação israelense do sul do Líbano. Esta unidade de Guerra Anfíbia opera sob o comando de defesa costeira do Hizbullah e ao lado das Unidades Nasr e Badr.
Seus efetivos lutaram no sul do Líbano durante a década de 1990 contra as forças israelenses e os seus aliados do Exército do Sul do Líbano. Os recrutas são treinados no Irã, provavelmente pelo IRGC em sua escola de combate subaquático em Badar Abbas, e aprendem habilidades básicas de homens-rãs em um acampamento perto do rio Assi, no norte do vale de Beqaa.
O treinamento inclui desembarques na praia e habilidades de demolição subaquática. A Unidade já tentou pelo menos uma operação dentro de Israel, em algum momento entre 2006, e envolveu uma tentativa de sabotagem subaquática contra navios israelenses no porto de Haifa. Os homens-rãs planejaram colocar minas nos cascos dos navios atracados no porto, mas a missão falhou e foram emboscados pelos integrantes das IDF.
Desde 2006, o Hizbullah tem repetidamente ameaçado realizar ataques contra navios israelenses que entram e saem de Haifa, bem como contra instalações offshore de petróleo e gás.
Acredita-se que a Unidade de Guerra Anfíbia teria recebido mísseis antinavio Yakhont, de fabrico russo, que chegaram às mãos do Hizbullah. Eles também poderiam fazer uso dos veículos de entrega Al-Sabehat 15 Swimmer , fabricados no Irã, um minissubmarino operado por uma tripulação de 2 homens e capaz de transportar de 3 a 7 mergulhadores. Estas seriam ideais para as operações de sabotagem ou infiltração do Hizbullah contra Israel.
- Brigadas de Resistência Libanesa
Estas foram fundadas em 3 de novembro de 1997 denominadas Saraya al-Muqaqama al-Lubnaniyah, LRB. Em 1997 estas brigadas surgiram como uma força auxiliar às principais forças de combate do Hizbullah. Os quadros centrais do são tipicamente compostos por xiitas ideologicamente e religiosamente comprometidos.
No entanto, numa conferência de imprensa em Novembro de 1997, anunciando a formação da LRB, o secretário-geral Hassan Nasrallah, indicou que a composição da LRB seria diferente e que incluía sunitas, drusos, cristãos e xiitas não ideológicos que partilhavam o desejo do Hizbullah de combater os israelenses e a sua ocupação do sul do Líbano.
O Órgão de Segurança
Este é o órgão mais discreto e secreto do Hizbullah, chefiado por um oficial de segurança experiente que é inquestionavelmente leal ao Secretário-Geral e ao Conselho Shura. Está dividido em dois ramos:
Organização da Jihad Islâmica/Organização de Segurança Externa/Unidade 910 ou Organização de Segurança Externa: Realiza as operações extraterritoriais do Hizbullah incluindo recolha de informações e ataques, bem como o Órgão de Segurança do Partido, que trata de questões de segurança interna.
- Unidade 1800/Unidade 133: O Hizbullah estabeleceu a Unidade 1800 em meados da década de 1990 para realizar ataques dentro de Israel. A Unidade 1800 foi reorganizada no início dos anos 2000, após a retirada de Israel do sul do Líbano, como Unidade 133. Esta centra as suas operações em alvos israelenses, tanto dentro de Israel como em todo o Médio Oriente e Europa.
Para as suas operações dentro de Israel, a Unidade 133 recruta recursos de inteligência e agentes terroristas entre palestinos na Cisjordânia e cidadãos árabes israelenses, usando traficantes de drogas libaneses que têm contatos com contrabandistas árabes-israelenses como procuradores de recrutamento. Um dos comandantes da Unidade 133 é o filho de Hassan Nasrallah, Jawad.
- Unidade 3800: O Hizbullah criou a Unidade 3800 em 2003 com o único objetivo de apoiar grupos militantes xiitas iraquianos que atacam as forças norte-americanas e multinacionais no país. A Unidade 3800 ainda está ativa no Iraque, fornecendo treino, armas e pessoal ao número cada vez maior de milícias xiitas leais ao Irão.
- Órgão de Segurança do Partido
Este órgão trata dos assuntos de segurança interna atua nos assuntos de segurança da sociedade libanesa em geral que afetam o partido. O seu principal objetivo é conduzir a contraespionagem e impedir a penetração de atores hostis no partido e reprimir a dissidência entre os membros.
Também recolhe dossiês sobre indivíduos e grupos que estão em contato com o Hizbullah, especialmente aqueles que são suspeitos de motivos hostis, bem como elabora dossiê sobre todos os membros do partido.
Os líderes e membros do Partido são obrigados a informar o Órgão de Segurança do Partido sobre todas as suas reuniões, contatos, conversas, etc., com indivíduos ou grupos externos.
- Coleta de Inteligência
O Hizbullah mantém uma sofisticada e extensa estrutura de inteligência, responsável por atividades de coleta de informações, contra inteligência e supervisão interna.
A organização de inteligência do grupo foi criada no Vale de Bekaa durante o verão de 1982 e inicialmente foi modelada com base em Jihaz al-Razd, o aparato de segurança da Fatah, e o aparato de segurança do AMAL.
Inicialmente organizada por clãs, a agência de inteligência se transformou em uma organização mais ampla e estatal, expandindo sua atuação à medida que o Hizbullah crescia. Ao longo do tempo, houve um aumento das tentativas de infiltração no Hizbullah, que, por sua vez, se envolveu em atividades de infiltração ou tentativas de infiltração em grupos salafistas, grupos islâmicos, grupos palestinos, no governo sírio e em milícias xiitas sírias e iraquianas.
Há relatos de que a organização tem acesso às informações de inteligência militar das Forças Armadas Libanesas, além de suas próprias capacidades.
O Hizbullah possui capacidades de inteligência de sinais (SIGINT), inteligência humana (HUMINT) e inteligência de imagem (IMINT).
O Hizbullah tem pessoal dedicado à SIGINT. Em 2006, o pessoal de SIGINT do grupo conseguiu, segundo relatos, triangular as posições de alguns telefones celulares usados pelas Forças de Defesa de Israel.
A seção de SIGINT do Hizbullah é considerada a parte mais secreta e bem treinada da organização, sendo relativamente desconhecida. Suas capacidades têm melhorado desde 2006, e eles recebem amplo apoio estatal em termos de equipamentos e eletrônicos do Irã, Coreia do Norte e possuem em seus quadros engenheiros formados no Egito, Londres, Irã, Alemanha e Coreia do Norte.
Em 2006, as capacidades de inteligência do Hezbollah e a assistência iraniana lhes proporcionaram um “entendimento extraordinário da estratégia militar de Israel“, o que foi crucial para o sucesso durante a guerra.
A organização tinha uma boa inteligência tática e estava familiarizada com os comandantes das Forças de Defesa de Israel, as rotas prováveis de avanço pelo Líbano e as táticas utilizadas por Israel.
A rede de inteligência do Hizbullah em Israel continua focada na identificação de alvos para foguetes. O aparato de segurança interna do Hizbullah tem sua sede em Dahieh, Beirute.
Além disso, o Hizbullah tem influência nos serviços de segurança do governo libanês.
Desde o ano 2000, o Hizbullah tem se concentrado na aquisição de um banco de dados que inclui informações sobre a infraestrutura civil e militar israelense, obtidas por meio de relatórios públicos e agentes infiltrados, visando usá-lo como alvo em caso de guerra.
A segurança pessoal de Nasrallah é tratada separadamente da estrutura de inteligência do Hizbullah. A profissionalização dos guarda-costas de Nasrallah aumentou nos últimos anos, embora ainda seja considerada insatisfatória e de qualidade inferior.
- Contra Inteligência
O Hizbullah possui uma estrutura de contra inteligência composta por dois órgãos: o “Amn al-Muddad” (segurança de encontro) e o Amn al-Hizb (segurança do partido). Com o tempo, as capacidades de contra inteligência do grupo melhoraram. A organização de contra inteligência inclui uma unidade de combate, que se tornou ativa por volta de 2004.
Entre os anos 2000 e 2006, o grupo aprimorou principalmente a inteligência de sinais de contramedidas, que envolve a detecção e remoção de dispositivos de espionagem eletrônica israelenses, além de desativar agentes israelenses.
- Guerra Eletrônica
O Hizbullah demonstrou uma capacidade limitada de acessar cabos de fibra óptica, interceptar dados e assumir o controle de conexões de Internet e comunicação. Em 2006, o grupo supostamente tinha recursos para interferir em partes dos sistemas de radar e comunicações de Israel.
A rede de comunicação do Hizbullah continuou a funcionar, mesmo nas áreas mais afetadas no sul do Líbano em 2006. Após quatro semanas de guerra, a rede ainda estava operacional a apenas 500 metros da fronteira israelense.
Especialistas em guerra eletrônica iranianos auxiliaram no desenvolvimento da rede e forneceram equipamentos avançados do Irã, incluindo dispositivos de escuta, computadores e equipamentos de comunicação modernos.
O Hizbullah possui um departamento responsável por combater a guerra eletrônica israelense, especialmente desencorajando o uso de equipamentos não seguros. Uma fonte israelense afirmou que em 2006 “os comandantes do Hizbullah estavam fortemente conscientes das capacidades de SIGINT israelenses e eram extremamente cuidadosos para manter seu alto nível de segurança de comunicações e criptografia”, o que representou um desafio significativo para a inteligência das Forças de Defesa de Israel.
O Hizbullah também alegou ter interceptado redes de rádio israelenses criptografadas, mas isso é considerado por Israel como uma falsa informação.
Conselho Judicial do Hizbullah
Sobre a chefia do Xeque Mohammad Yazbek o conselho foi estabelecido entre 1993 e 2003. Este que é o sistema judicial privado do Hizbullah cresceu a partir do grupo que afirmava o seu controle sobre Baalbek-Hermel, os subúrbios do sul de Beirute (Dahiyeh) e Iqlim al-Tuffah, e marginalizava as instituições estatais libanesas nessas áreas através da imposição da Lei Islâmica.
O Conselho Judicial consiste em juízes religiosos e funcionários judiciais do Hizbullah, engajando-se principalmente na resolução de conflitos dentro da comunidade xiita leal ao grupo, de acordo com sua interpretação específica do Islã xiita Jaafari Twelver.
Em contraste com os tribunais libaneses e do Conselho Supremo Islâmico Xiita, os tribunais do Hizbullah prestam serviços jurídicos gratuitos a qualquer pessoa que procure a decisão do partido independentemente da filiação religiosa o que tende a atrair populações de baixas rendas que não podem pagar os honorários dos advogados.
Este sistema judicial privado envolve julgamento, arbitragem e mediação. Está dividido em três níveis diferentes: os tribunais municipais, os tribunais regionais e o Tribunal Superior.
Os casos são iniciados no tribunal municipal, presidido por um xeque auxiliado por membros do partido. Sua jurisdição se estende a disputas menores, como brigas familiares, contravenções, desentendimentos entre inquilinos e acidentes de trânsito. Suas decisões são juridicamente vinculativas para as partes.
Os casos mais complexos são afastados dos tribunais municipais, presididos por um juiz islâmico o Qadi, que atingiu o nível de Muqallid e demonstrou conhecimento da lei islâmica.
Ele é nomeado para o cargo pelo juiz-chefe do Tribunal Superior do Hizbullah e nomeado pelo Conselho Shura. Os tribunais regionais tratam de casos como divórcio, herança, custódia, disputas de propriedade, contratos comerciais, roubo, adultério, homossexualidade, prostituição e homicídio. As decisões dos tribunais regionais são definitivas.
O Tribunal Superior é o Supremo Tribunal do Hizbullah, chefiado por um chefe Qadi, que é nomeado pelo Conselho Shura entre os Muqallids seniores ou estudiosos de alto escalão. Suas decisões são vinculativas e finais.
A jurisdição do Tribunal Superior é ampla e pode receber casos de apelação de tribunais regionais. Tem jurisdição específica sobre espionagem, traição e crimes contra o partido ou seus membros.
O Hizbullah faz cumprir as decisões dos seus tribunais com ações que vão desde advertências até prisão e execução, dependendo da natureza e gravidade do crime.
Conselho Parlamentar
Este conselho foi fundado em julho de 1995 e tem como responsável, Hajj Mohammad Raad, trata-se do Braço Político e possui lealdade ao Partido do Bloco de Resistência.
O Conselho Parlamentar do Hizbullah foi fundado durante o seu terceiro conclave, realizado em julho de 1995. Mohammad Raad, membro do Conselho Shura do partido desde 1989 e um dos fundadores do partido, foi eleito chefe do Conselho Parlamentar na época. Ele ocupou a mesma posição desde então.
O Conselho foi formado para avaliar o desempenho parlamentar e a experiência do Hizbullah desde a sua primeira candidatura às eleições legislativas do Líbano em 1992.
O Conselho Parlamentar reforça a disciplina partidária e fortalece a eficácia dos representantes eleitos do Hizbullah no Parlamento Libanês. Segundo Hassan Nasrallah, o seu objetivo é também garantir a sua obediência ao Conselho Shura.
Ele próprio observou em 2000 que
“Ser membro do Parlamento não significa que os representantes eleitos do
Hizbullah estejam acima da autoridade do Conselho Shura”.
Hassan Nasrallah
No final, o Conselho Shura escolhe os nomeados e candidatos do Hizbullah para as eleições parlamentares e, uma vez eleitos, esses deputados permanecem vinculados às decisões e desejos da Shura, e as suas opiniões políticas devem refletir as do Conselho e do Partido, e não as suas opiniões. próprias opiniões.
Ahmad Nizar Hamzeh observa no seu livro, “No Caminho do Hizbullah”,
“Ao ter um conselho parlamentar, a liderança do partido deixou claro que os seus membros no Parlamento agem coletivamente sob as instruções do Conselho Shura. Não devem tomar decisões individuais ou assumir uma posição independente da decisão da liderança do partido.”
A sua principal função é acompanhar, dentro e fora do Parlamento, as decisões e políticas tomadas pelo Conselho Shura. De acordo com o Secretário-Geral Adjunto Naim Qassem, o Bloco Lealdade à Resistência “adere à posição política do Partido e expressa-a através dos deputados do Partido em diversas funções”.
Visão Geral do Conselho Político
Este foi remodelado em julho de 1995. Antes disso, era conhecido como “Politburo”, mas o quarto conclave o renomeou como “Conselho Político” e ampliou sua jurisdição.
O Conselho Político não é um órgão de decisão, mas um conselho consultivo que auxilia o Secretário-Geral e o Conselho Shura. Seu presidente é geralmente um membro do Conselho Shura ou um membro do partido nomeado pelo Conselho. O atual ocupante do cargo é um membro do Conselho Shura e um clérigo, Ibrahim Amine al-Sayyed, um dos membros fundadores e principais ideólogos do partido. Al-Sayyed ocupa essa posição desde o sexto conclave do Hizbullah, concluído em 30 de julho de 2001. Seu vice-presidente é Hajj Mahmoud Qmati .
O Conselho tem a atribuição de acompanhar a atividade política quotidiana do partido, montar os seus programas políticos e plataformas eleitorais, organizar comitês de campanha e estabelecer e manter as suas alianças políticas.
PRINCIPAIS CONFLITOS
Desde a sua criação em meados da década de 1980, o grupo esteve envolvido em vários conflitos e confrontos em que desempenhou um papel importante.
Guerra do Líbano (1982): Embora o Hizbullah tenha sido oficialmente formado em 1985, seus predecessores estavam envolvidos em combates contra as forças israelenses após a invasão israelense do Líbano em 1982. Isso marcou o início das atividades do Hizbullah como um grupo de resistência.
Confrontos com Israel (Década de 1990): O Hizbullah continuou a lutar contra as forças israelenses no sul do Líbano ao longo da década de 1990, realizando ataques e operações contra as tropas israelenses estacionadas na “Faixa de Segurança” do sul do Líbano.
Guerra do Sul do Líbano (2000): Em maio de 2000, o Hizbullah participou de uma campanha que forçou a retirada unilateral das tropas israelenses do sul do Líbano, encerrando uma ocupação de 18 anos.
Guerra do Líbano de 2006: O Hizbullah se envolveu em um conflito de 34 dias com Israel em julho e agosto de 2006, resultando em danos significativos ao sul do Líbano e partes de Israel.
Participação na Guerra Civil Síria (a partir de 2012): O Hizbullah enviou combatentes para lutar ao lado das forças do governo sírio liderado por Bashar al-Assad na Guerra Civil Síria, a partir de 2012. Sua intervenção teve um impacto significativo na direção da guerra.
Confrontos com grupos extremistas (2010s – presente): O Hizbullah está envolvido em combates com grupos extremistas, como a Frente Al-Nusra e o Estado Islâmico, na fronteira leste do Líbano e na região de Qalamoun, na fronteira com a Síria.
Confrontos com Israel (2021): Em maio de 2021, ocorreu um confronto entre o Hizbullah e Israel na fronteira, incluindo disparos de foguetes do sul do Líbano em direção a Israel e ataques de retaliação israelenses.
Confrontos com Israel (2023): Em outubro de 2023 em decorrência do assalto executado pelo Hamas à Israel e a consequente reação de Israel em Gaza e Cisjordânia o Hizbullah iniciou ataques pontuais em Golan e no norte de Israel.Outros Conflitos Regionais: O Hizbullah também está envolvido em várias questões regionais, incluindo o conflito entre Israel e os palestinos, bem como a dinâmica entre o Irã e outros países do Oriente Médio.
CONCLUSÃO
O Hizbullah é uma organização extremamente complexa que desempenha papéis variados na sociedade, na política e nas operações militares. O grupo estabeleceu uma ampla rede de ações sociais, incluindo escolas, hospitais, clínicas e programas de assistência social. Essas ações sociais desempenham um papel importante em comunidades marginalizadas do Líbano, fornecendo serviços essenciais que o governo muitas vezes não consegue oferecer. No entanto, essas instituições também servem como meio para angariar apoio e recrutar seguidores.
O Hizbullah é uma força política influente no Líbano, com representação no parlamento e participação no governo. Sua influência se estende para além das fronteiras do Líbano, com apoio do Irã e da Síria. A organização tem uma abordagem pragmática para a política e participa ativamente no sistema político libanês.
O Hizbullah mantém uma ala militar poderosa e bem armada, que atua como uma força paramilitar. Eles possuem uma variedade de armas, incluindo foguetes, mísseis e sistemas de defesa antiaérea. O Hizbullah tem sido envolvido em conflitos regionais, como o conflito com Israel, e suas habilidades militares são consideradas uma ameaça por muitos países vizinhos.
A complexidade do Hizbullah reside na interconexão de suas atividades sociais, políticas e militares. Essas esferas não são separadas, mas sim complementares. As ações sociais ajudam a angariar apoio popular e a recrutar membros, enquanto a influência política legitima a organização e fornece uma plataforma para a promoção de seus interesses. A ala militar é usada para proteger os interesses do grupo e para resistir a ameaças percebidas.
Em resumo, o Hizbullah é uma organização multifacetada e complexa que desafia categorizações simplistas. Sua influência no Líbano e na região é significativa, e sua capacidade de equilibrar atividades sociais, políticas e militares o torna um ator poderoso em um ambiente geopolítico volátil.
REFERÊNCIAS
- Center for Preventive Action, “Israel and Hezbollah: Deterrence and the Threat of Miscalculation,” Council on Foreign Relations, September 11, 2017.
- Amos Harel, “At UN, Netanyahu Reveals Details on Hezbollah Weapons Acquisitions,” Haaretz, October 2, 2015, https://www.haaretz.com/israel-news/.premium-1.678540.
- Ellen Francis and Laila Bassam, “Lebanon’s Hezbollah denies sending weapons to Yemen,” Reuters, November 20, 2017, https://https://www.reuters.com/article/us-mideast-crisis-syria-nasrallah/lebanons-Hizbullah-denies-sending-weapons-to-yemen-idUSKBN1DK22D
- Uzi Rubin, “Hezbollah’s Rocket Campaign Against Northern Israel: A Preliminary Report,” Jerusalem Center for Public Affairs, August 31, 2006, http://jcpa.org/article/hizballahs-rocket-campaign-against-northern-israel-a-preliminary-report/
- “Merkava v Kornet E ATGM,” Al Jazeera video on YouTube, June 5, 2010, https://www.youtube.com/watch?v=RzVEduKGUws.
- Army Recognition, “Israeli Army believes Hezbollah has obtained SA-8 Russian air defence missile from Syria,” January 25, 2012, https://www.armyrecognition.com/january_2012_army_military_defense_industry_news/israeli_army_believes_Hizbullah_has_obtained_sa-8_russian_air_defence_missile_from_syria_2501123.html.
- CSIS: https://csis-website-prod.s3.amazonaws.com/s3fs-public/publication/180705_Williams_HizbullahMissiles_v3.pdf
- HIZBULLAH: https://Hezbollah.org/organizational-chart
- MISSILE THREAT: https://missilethreat.csis.org/country/Hezbollahs-rocket-arsenal/