Prof. Dr. Ricardo Pereira Cabral
Em 1 de fevereiro de 1943, o Exército dos Estados Unidos ativou o 442º Regimento de Infantaria. A unidade era composta, basicamente, por nisseis (segunda geração de japoneses nascidos no exterior). Era uma unidade segregada e muitos dos seus componentes tinham parentes em campos de internamento nos Estados Unidos. A unidade combateu na Itália, no sul da França e na Alemanha.
O 442ª Regimento de Infantaria era constituído de 3 batalhões de infantaria, 1 batalhão de artilharia, quartel-general e companhias de serviço,. Ao chegar à Itália foi incorporado à 34ª Divisão de Infantaria. Em 11 de junho de 1944, o 100º Batalhão de Infantaria, outra unidade de combate totalmente nissei e que já estava em combate desde setembro de 1943, foi transferido do 133º Regimento de Infantaria para o 442º. Por causa do seu sucesso em combate, o 100º Batalhão foi autorizado a manter sua designação original, com o 442º renomeando seu 1º Batalhão de Infantaria para 100º Batalhão de Infantaria.
Um destaque: o 522º Batalhão de Artilharia de Campanha, do Regimento, libertou um dos campos de trabalho forçados ligados ao Campo de concentração de Dachau e salvou os sobreviventes da marcha da morte perto de Waakirchen.
O 442º Regimento é a unidade mais condecorada da história militar dos EUA. O 442º chegou a ter um efetivo de 4.000 homens, em abril de 1943, e cerca de 14 mil homens serviram no regimento. A unidade, incluindo o 100º Batalhão de Infantaria, recebeu mais de 18.000 condecorações em menos de dois anos de combate: mais de 4.000 Corações Púrpuras e 4.000 Medalhas Estrela de Bronze. A unidade recebeu 8 Menções Presidenciais. Vinte e um de seus membros foram agraciados com a Medalha de Honra do Congresso.
O primeiro combate do 442º Regimento de Infantaria ocorreu em 26 de junho de 1944, na aldeia de Belvedere em Suvereto, na Toscana. O combate foi duro, em um terreno que favorecia a defesa, os batalhões avançaram apesar do grande volume de fogo e da superioridade numérica alemã. Os detaques da campanha ficaram por conta da participação na Batalha de Belvedere, da tomada da Colina 140 e da cidade de Castellina Marítima.
A Companhia Anti-Tanque participou junto com o 517º Regimento de Infantaria Pára-quedista da 1ª Força-Tarefa Pára-quedista da invasão do sul da França. Depois dos pousos violentos dos planadores, atingindo árvores ou rebatidas inimigas, eles mantiveram suas posições por alguns dias até serem substituídos por tropas aliadas que chegaram por mar. Pelos próximos dois meses, a Companhia Anti-Tanque guardou o flanco direito do 7º Exército e protegeu o 517ª Regimento de Infantaria Pára-quedista. A unidade também limpou campos de minas, capturou alemães e protegeu estradas e túneis. Em meados de outubro, a Companhia Anti-tanque reuniu-se ao 442º para encontrar o 1º Batalhão do 141º Regimento de Infantaria (o “Batalhão Perdido”) da 36ª Divisão de Infantaria (que havia se rendido aos alemãs nas Montanhas Vosgues em 24 de outubro de 1944, fato ignorado pelos norte-americanos).
Em outubro de 1944, o 442º participou das operações para a conquistar Bruyèrs sob fogo intenso forte resistência, já que a localidade era perto do território alemão.
O 442º participou das Campanhas nas Montanhas Vogues, nos Alpes Marítimose e na Riviera Francesa.
Um fato interessante: o 442º capturou um submarino inimigo. Um soldado nisei percebeu o que parecia ser um animal na água, mas olhando mais de perto, percebeu que era na verdade um minisubmarino alemão, tripulado por um homem somente. O alemão e o submarino foram capturados e entregues à Marinha dos Estados Unidos.
Em 23 de março de 1945, o 442º navegou de volta à Itália e retornou à Linha Gótica.
Na Frente Italiana, o 442º teve contato com a única unidade de combate ativa segregada constituída de afro-americanos do Exército dos EUA na Europa, a 92ª Divisão de Infantaria, bem como tropas oriundas dos impérios coloniais britânico e francês (africanos, marroquinos, argelinos, indianos, gurkhas e judeus) e a Força Expedicionária Brasileira que tinha em suas fileiras militares da etnia japonesa.
O 442º participou ativamente dos combates para romper a Linha Gótica nas regiões de Monte Cerreta, Monte Folgorito, Monte Belvedere, Monte Carchio, Monte Altissimo, Monte Nebbione e para conquistar a localida de Aula, último ponto de resistência alemã.
Em 25 de abril de 1945, Aulla caiu e a retirada alemã foi interrompida. Esta foi a última ação em combate do 442º Regimento de Infantaria na Segunda Guerra Mundial.
Imagem de Destaque: https://www.socialstudiesforkids.com/articles/ushistory/442nd.htm
Sites consultados
https://www.goforbroke.org/learn/history/military_units/442nd.php
https://www.history.com/news/japanese-american-442-wwii-lost-battalion
https://history.army.mil/html/topics/apam/442rct.html
https://en.wikipedia.org/wiki/442nd_Infantry_Regiment_(United_States)
Bibliografia
BLACKWELL, Ian. Fifth Army in Italy. A coalition at war. Pen and Sword Books: South Yorkshire, 2012.
Link para a Amazon:
Para aqueles que querem se aprofundar no assunto recomendamos também:
Link para a Amazon:
Professor de História formado pela UGF. Mestrado e Doutorado em História pela UFRJ. Autor de artigos sobre História Militar e Geopolítica.