Prof. Dr. Francisco Carlos Teixeira da Silva
Temos que ir além da guerra de informações (de ambos os lados) e nos ater ao estrutural:
o planejamento bélico russo é clássico: ataques pontuais aos centros nevralgicos de transporte/comunicação/ infraestrutura paralisando a Ucrânia. Cyber ataques intensos. Assim, aeroportos, ferrovias e anéis rodoferroviários são os alvos centrais. Não estamos vendo cidades sendo bombardeadas em massa, salvo erros de ambos os lados – todos terríveis para a população civil. O que vemos são áreas periféricas de entroncamentos e nós de infraestrutura.
Além de terríveis erros eventuais.
Paralisada a capacidade de mobilidade da Ucrânia começa a operação de ocupação “pontual” dos centros politico-administrativos, como os ministérios, quartéis e, claro, a presidência. São aí os combates que vemos na tv, mesmo que mal documentados ( dia, hora, local, tropas).
Pelo desenvolvimento das ações projetadas, não há um plano de ocupação territorial total.
Neste estágio a Ucrânia se disporia a negociar com os invasores.
A alternativa seria a queda do governo e a imposição de regime títere. No momento, para a Rússia, o mais conveniente é negociar com o governo Zelensky enfraquecido, em vez de impor um títere sem nenhum reconhecimento internacional. Zelensky assinando a paz daria uma boa foto para os russos.
É possível que Zelensky seja derrubado, após assinar a paz. Mas, a negociação com ele é altamente legitimadora para os russos.
Tudo dependerá do preço da paz. “Aí dos vencidos” , sabemos desde a Antiguidade.
Teremos na mesa:
1. A cessão da integralidade de Donetsk/ Lugansk;
2. Um estatuto de neutralidade para a “Rest Ucrania”;
3. O uso facultativo do russo no sistema educativo nacional;
E cláusulas explosivas:
A situação da soberania sobre Odessa, Mariupol e Krakov e seus “oblast”.
Tudo ainda muito fluido.
Professor de História formado pela UGF. Mestrado e Doutorado em História pela UFRJ. Autor de artigos sobre História Militar e Geopolítica.