Tomada de Monte Castello

de

Equipe HMD

O Marechal Mascarenhas de Moraes narrou assim o vitorioso ataque a Monte Castello:

“Aviões da FAB haviam arrasado a resistência germânica de Mazzancana, em arrojada participação no combate terrestre e exemplo de inesquecível da união dos expedicionários do ar e de terra.

Ás vinte horas do dia 20 de fevereiro, o Batalhão do Major Uzeda (I/1º R.I.) procedeu à substituição de elementos americanos em Mazzancana, passando a noite de 20/21 em verificação agressiva do contato.

Imperava na tropa brasileira a certeza da vitória.

A jornada de 21 de fevereiro assinalaria, de qualquer modo, a captura de Monte Castello. Mostraria a tropa brasileira que sua técnica e agressividade cooperariam para o bom êxito do Plano Encore. 

À hora prefixada, cinco e meia da manhã desembocou para o ataque.

As reações inimigas fizeram-se sentir enérgicas e crescentes, dando margem a lances imprevistos e flutuações inevitáveis.

Antes das sete horas, o III/11º R.I., reserva divisionária, ocupava Gaggio Montano, onde passou a aguardar ordens.

O Batalhão do Major Uzeda progrediu com certa ousadia sobre a crista, enquanto o III/1º R.I. mantinha a frente atingida, defrontando alguns pontos fortes alemães.

Às nove horas, a 5ª Companhia/II/1º R.I. comandada pelo Capitão Valdir Sampaio, foi empregada pelo Coronel Caiado na esteira do Batalhão Uzeda (I/1º R.I.), em virtude desta unidade estar desenvolvendo esplêndido ritmo no seu avanço. Resistências contrárias, entretanto, forçaram os mantanheses americanos a marchar ao norte de Capella di Ronchidos.

Monte Della Torracia oferecia indômita resistência ao progresso da 10ª de Montanha.

https://www.gov.br/defesa/pt-br/centrais-de-conteudo/noticias/vitoria-da-feb-com-a-tomada-de-monte-castello-completa-76-anos

Em presença de tal situação, não se realizou o que fora previsto no Plano Encore: a simultaneidade rítmica nos ataques dos montanheses e brasileiros a Della Torracia e Monte Castello, respectivamente.

 Não obstante, a Divisão brasileira continuou a atacar, de conformidade com a ordem do General Crittenberger, vinda, aliás, ao seu encontro dos desejos de nossa tropa.

Nossa Artilharia, superiormente orientada pelo General Cordeiro de Farias, apoiou a ação sobre Monte Castello com oportunidade e decisiva eficiência, ora em benefício do conjunto atacante, ora em proveito de um e de outro Batalhão.

Teve papel proeminente na tomada do mencionado baluarte e sua ação, nas últimas horas da jornada, abreviou a decisão do ataque.

Posteriormente, vários prisioneiros de guerra declararam que as concentrações preliminares deste ataque a Monte Castello “eram de arrebentar os nervos de qualquer um”.

Só o III Grupo de Artilharia (Grupo Souza Carvalho) cumpriu neste dia 185 missões de tiro, consumindo 3.696 projéteis.

https://blog.invictus.com.br/2021/02/21/bravura-honra-e-liberdade-76-anos-da-tomada-de-monte-castelo/

Tirando partido da precisão e violência da artilharia do General Cordeiro de Farias, o ataque brasileiro redobrou de fúria e impulsão, tendo em vista conquistar Monte Castello ainda na jornada de 21 de fevereiro, o que seria índice convincente de agressividade de nossas tropas e auxílio ponderável aos montanheses americanos, contidos pelas defesas de Della Torracia.

Pouco antes do meio-dia, porém, houve alguma balbúrdia lá para a zona da 10ª Divisão de Montanha, defrontando o Batalhão do Major Uzeda (I/1º R.I.) resistências inesperadas e decerto resultantes dos contra-ataques desferidos sobre as valentes tropas do Genral Hays. Mais tarde cerca das 14:30 horas, já eliminados os ninhos de Carhe e Cota 1036, voltou o I/1º R.I. a abrir caminho, conquistando então as Cotas 930 e 875.

Em concordância com a progressão do Batalhão Uzeda (I/1º R.I.), o III/1º R.I., por volta das 14:30 horas contando com o apoio eficaz de nossa artilharia, com sua 7ª Cia. Subjugou rapidamente o ponto forte de Fornello. Nessa ocasião, o Coronel Caiado de Castro empenhou o II/1º R.I. (menos a 5ª Cia), realçando assim a pressão sobre a rampa sudoeste do famigerado baluarte

Paralela e simultaneamente ao emprego acima mencionado, o Batalhão Ramagem (II/11º R.I.), com apoio de fogos do III Grupo (Grupo Souza Carvalho) avançava em direção a Abetaia e assegurava valiosa cobertura à ação que contornava a perigosa resistência da Cota 887

Finalmente as 17:20 horas a linha inimiga entrou em colapso.

https://www.fab.mil.br/noticias/mostra/35402/

Seguiram-se operações de limpeza e captura dos defensores remanescentes e a ocupação definitiva das encostas setentrionais do arrogante morro.

A soldagem das novas posições brasileiras em Monte Castello com as demais da porção oriental do setor, logo se operou com a ocupação de Abetaia pelo Batalhão Ramagem (II/11º R.I.). O Regimento Sampaio instalou-se defensivamente nos objetivos conquistados.

Destacaram-se elementos fortes do Batalhão Franklin (III/1º R.I.) para guarnecer Monte Della Caselina, com postos avançados da Divisão Brasileira, com duplo objetivo de garantir a cobertura das posições recém-capturadas e assegurar a imediata tomada do movimento ofensivo, apesar de ainda não ser favorável a situação aos nossos aliados em Della Torraccia.

Os defensores de Monte Della Torraccia resistiram com redobrada obstinação.

A conquista de Monte Castello significava o desbordamento em curso desse reduto e passava a desempenhar valioso apoio às operações da 10ª Divisão de Montanha.(*)

Assim, Monte Castello passava arduamente para as mãos brasileiras.

Dezenas de cadáveres, muitos contendo até máquinas infernais de destruição, estavam ali para testemunhar o encarniçamento da luta prolongada e a provar a requintada criminalidade das forças que guarneciam o sinistro morro.

Com a captura de tal elevação, escreveu a Força Expedicionária Brasileira o capítulo mais emocionante de sua vida.

Monte Castello, com resistir durante três meses às investidas das armas aliadas, erigia-se na cidadela presumida invencibilidade germânica.

Para os brasileiros, no entanto, representava um símbolo e um marco na vida de nossa tropa em terra de ultramar.

Constituiu o índice do valor de nossa gente.

Significou a sangrenta forja de nossa agressividade. Traduziu a odisséia anônima das atrevidas incursões de nossas patrulhas, avançando sob nevadas cortantes no gelo resvaladiço, a se esgueirarem através dos núcleos da defesa inimiga, em busca do prisioneiro e da informação.

Sumidouro de centenas de vidas patrícias, sua captura pelas nossas forças constituiu dever de consciência e imperativo de dignidade militar.

Assinalou o início de uma série de vitórias que elevaram o nome do Brasil e o prestígio de nosso Exército.”

(*) De tal forma sentiu o inimigo o torneamento de Monte Della Torraccia que sua artilharia, na manhã de 22 de fevereiro, castigou os brasileiros ocupantes de Monte Castello com pesados bombardeios. Torraccia não tombara e as posições brasileiras de Monte Castello, na jornada de 24 de fevereiro, ainda recebiam mais de mil granadas dos canhões germânicos.

Imagem de Destaque: https://pt.wikipedia.org/wiki/Batalha_de_Monte_Castello#/media/Ficheiro:Soldados_da_FEB_no_segundo_asalto_da_batalha_de_Monte_Castelo.jpg

Bibliografia

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