Em um cenário geopolítico marcado por incertezas e tensões crescentes, a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) enfrenta um grande desafio: garantir sua relevância e eficácia diante das mudanças na ordem mundial. Esta é a temática de um artigo elaborado pelos analistas Hans Binnendijk e Timo S. Koster, que definem a eleição de Donald Trump, com suas posições ambíguas em relação à aliança, como um sinal de alerta sobre o futuro da OTAN e uma necessidade de resposta contundente da Europa.
Diante desse contexto, para os analistas a Europa necessita assumir um papel mais proativo na sua própria segurança. A Cúpula da OTAN de junho de 2025 em Haia se apresenta como um momento crucial para que os aliados europeus demonstrem sua capacidade e disposição de contribuir de forma mais efetiva para a defesa coletiva.
A guerra na Ucrânia, com suas profundas implicações geopolíticas, tornou-se um catalisador para a reflexão sobre o futuro da segurança europeia. A Europa deve pressionar por uma solução pacífica para o conflito, garantindo a segurança de longo prazo da Ucrânia e explorando a possibilidade de sua adesão à OTAN. Caso essa opção não seja viável, a União Europeia deve intensificar seus esforços para integrar o país, oferecendo garantias de segurança e apoio militar.
Além da Ucrânia, a cúpula de Haia deverá estabelecer uma nova divisão de responsabilidades entre a OTAN, a União Europeia e os Estados Unidos. A Europa deverá assumir um papel mais ativo na defesa de sua região, aumentando significativamente seus gastos militares e desenvolvendo capacidades militares mais robustas. A meta de 2% do PIB para gastos militares, embora seja um ponto de partida importante, precisa ser revista para cima, a fim de fortalecer a dissuasão frente às ameaças crescentes da Rússia e da China.
A cooperação industrial de defesa europeia também é fundamental para fortalecer a autonomia estratégica do continente. Ao desenvolver tecnologias e equipamentos militares próprios, a Europa reduzirá sua dependência dos Estados Unidos e fortalecerá sua capacidade de responder a crises de forma mais autônoma.
A guerra na Ucrânia demonstrou a fragilidade da segurança europeia e a necessidade de uma maior união entre os países do continente. A cúpula de Haia representa uma oportunidade única para os líderes europeus demonstrarem sua determinação em construir uma Europa mais forte e segura. No entanto, o sucesso dessa empreitada dependerá da vontade política dos líderes europeus, que precisam superar suas divisões internas e apresentar uma frente unida diante dos desafios globais.
Em resumo, Hans Binnendijk e Timo S. Kostera concluem que a Europa está diante de uma encruzilhada. Ou assume um papel de liderança na defesa do continente e fortalece a OTAN, ou corre o risco de se tornar um mero espectador em um mundo cada vez mais instável. A escolha é dos europeus.
Artigo original: How Europe can save NATO – Atlantic Council