Prof. Ms.Claudio da Silva Costa
A Guerra do Paraguai, também conhecida como a Guerra da Tríplice Aliança ou Guerra Grande, foi o maior conflito da América do Sul e envolveu de um lado, o Império do Brasil, o Uruguai e a Argentina, que formavam a Tríplice Aliança e; de outro lado. o Paraguai de Francisco Solano Lopes. Solano acreditava que o conflito bélico não duraria muito, porém, a guerra foi de 1864 a 1870, causando vários impactos econômicos, políticos, sociais e militares aos países envolvidos.
O comando da guerra pela Tríplice Aliança esteve, primeiramente, nas mãos argentinas do general e presidente Bartolomeu Mitre e, posteriormente, foi transferido para o brasileiro Luís Alves de Lima e Silva, o Duque de Caxias, e mais tarde para o Conde d’Eu. E, de certa forma, a condução da guerra, majoritariamente, esteve sob a tutela brasileira o que implicou um desgaste maior pelas nossas forças armadas. Contudo, segundo Doratioto¹, a guerra travada no Paraguai demonstrou que a força militar do império brasileiro era capaz de se mobilizar com eficiência administrando recursos humanos e materiais em grande proporção.
A guerra tinha como um tácito objetivo principal, por parte do Império do Brasil, evitar que um estado sobressaísse como força predominante na Bacia do Prata, que poderia ser tanto o Paraguai de Solano como o seu próprio aliado de guerra, a Argentina, ameaçando assim a sua hegemonia na região.
Os antecedentes da Guerra da Tríplice da Aliança estão diretamente ligados a relevância da Bacia do Rio da Prata para o contexto das nações que estavam adquirindo as suas autonomias políticas no século XIX. Os rios que compunham esta região platina como o Rio Uruguai, o Rio Paraná e o Rio Paraguai, eram fundamentais para o escoamento da prata oriunda da Bolívia e do Peru, para o desenvolvimento do comércio e para determinar posições geopolíticas dos países envolvidos nesta região: Brasil, Províncias Unidas do Rio da Prata (Argentina), República Oriental do Uruguai e Paraguai. Esta região era especialmente cara ao império brasileiro, pois, entre outros fatores, significava a via de acesso a Província de Mato Grosso. A Bacia do Prata se tornou palco de alguns conflitos que envolveram o Império do Brasil e que, de certa forma, foi construindo as bases para que houvesse a Guerra da Tríplice Aliança.
As regiões limítrofes ao sul do Império brasileiro tiveram seus territórios importunados, plantações foram queimadas, o gado foi roubado e estancieiros gaúchos foram sequestrados pelos uruguaios sem que nenhuma autoridade da República esboçasse alguma providência concreta. Este descaso fez com que os súditos do sul enviassem ao Imperador D. Pedro II um porta-voz de suas reivindicações, o general Neto, para formalizar um pedido de ação imediata que visasse defendê-los das atrocidades uruguaias. Destarte, o imperador enviou o conselheiro José Antônio Saraiva para realizar as negociações e controlar a situação na região, este episódio ficou conhecido como a Missão Saraiva. O Conselheiro saiu do Rio de Janeiro em 1864 na fragata a vapor Amazonas em direção ao Prata, levando as queixas do Império, porém, os seus apontamentos não tiveram uma recepção imediata. E esta morosidade do governo uruguaio levou o Conselheiro Saraiva a dar um ultimato à República uruguaia de Aguirre, ameaçando efetivar uma invasão caso as suas solicitações não fossem atendidas.
Aguirre, que pertencia ao Partido Blanco, ignorou o ultimato de Saraiva tendo o apoio do Paraguai de Francisco Solano Lopes, o qual havia pedido auxílio anteriormente. Francisco Solano havia chegado ao poder, em 1862, após da morte de seu pai, Carlos Solano Lopes, que ficou no poder por mais de 20 anos. Francisco Solano protestou em relação a uma possível invasão brasileira em solo uruguaio, considerando um atentado contra o equilíbrio dos Estados do Prata e ameaçou uma intervenção caso fosse necessário. Fragoso² diz que “Estava assim dado o primeiro passo decisivo para a guerra da Tríplice Aliança”
Sob ordens do governo brasileiro, em outubro de 1864, o general José Luiz Mena Barreto fez uma ocupação em Melo, já em território uruguaio, enquanto Tamandaré fez a ocupação de Salto. Estas invasões contaram com o apoio do General Flores que pertencia ao Partido Colorado uruguaio. As forças brasileiras depuseram Aguirre e colocaram Flores no poder.
Solano Lopes reagiu a ação brasileira conseguindo aprisionar o vapor mercante Marques de Olinda que levava o coronel Carneiro Campos para assumir o cargo de Presidente de província em Mato Grosso. Solano continuou as suas ações invadindo, através do rio Paraguai, o Mato Grosso e o Rio Grande do Sul. Estava deflagrada a guerra contra o Paraguai de Solano Lopes.
A Guerra do Paraguai foi marcada por vários eventos marcantes como a Batalha Naval de Riachuelo, a Batalha do Tuiuti, a Passagem de Humaitá e a Batalha do Avaí. Nestes eventos se destacaram personagens que entraram para a história do Brasil, como General Osório, Almirante Barroso, Almirante Tamandaré, Duque de Caxias e Marcílio Dias. Todos estes eventos e personagens foram reverenciados por autoridades brasileiras ainda no Império, mas principalmente, na República, para construir um legado histórico e acessar através da memória militar uma memória nacional. O intuito era realizar a exaltação do país por meio de uma conquista de projeção internacional, pois a Guerra do Paraguai foi o maior conflito da América do Sul. Um conflito em que o Brasil mostrou a sua força e capacidade de ação.
Esta memória nacional se torna uma memória coletiva. A memória coletiva encontra terreno fértil na eleição de espaços emblemáticos, ou seja, ela precisa de um quadro espacial para se fundamentar e internalizar signos na sociedade, por isso, certos lugares como praças, palácios, quartéis e igrejas se transformam em locais de significação. Destarte, essas homenagens que pretendiam perpetuar os heróis e as valorosas vitórias dessa Guerra foram materializadas em monumentos e topônimos espalhados por todo o território brasileiro. Ou seja, a Guerra do Paraguai se transformou em um capital simbólico que foi manuseada por governos municipais, estaduais e federal a fim de atender as suas demandas. Mais adiante serão exibidas algumas dessas referências simbólicas, tanto nas construções de monumentos quanto nos nomes dados às ruas, às praças e às cidades, que podem ser vistas em várias regiões do país.
Choay³ afirma que os monumentos são lugares nos quais é possível acessar esta memória. Se partirmos para uma leitura etimológica da palavra monumento, pode se verificar uma origem latina que vem da palavra monumentum e deriva de monere que pode significar “lembrar”, ou seja, o monumento é um lugar de lembrança ou de memória. Os monumentos pretendem gravar em quem os observa uma mensagem diária e perpétua em suas mentes. Estas mensagens podem assumir contornos diversos, dependendo dos cálculos políticos e culturais pretendidos, no entanto, correspondem a uma necessidade de manter acesa uma lembrança.
Nos estudos da onomástica, que se refere a investigação dos nomes próprios e de toda a dinâmica que envolve as origens e as conceituações em uma ou mais línguas, encontra-se a toponímia. Grosso modo, a toponímia se dedica ao estudo dos nomes de lugares, no entanto, segundo Marilze Tavares4, os estudos topônimos permitem “se proceder ao resgate de parte da história, da cultura, do modo de vida de grupos que habitam ou habitaram determinados espaços”. Partindo desta abordagem é possível analisar a significação da Guerra do Paraguai, através de topônimos, resgatando seu efeito simbólico, que está atrelado indissociavelmente de uma narrativa histórica.
No caso específico da Guerra do Paraguai, os topônimos se enquadram no segmento urbano, pois este tipo de toponímia se refere aos fatores antropoculturais, ou seja, nomes de pessoas, nomes e data de eventos históricos e de outros lugares que vão nomear praças, ruas e avenidas de qualquer cidade. Assim como os monumentos, estes topônimos servirão de referência para se entender a história da cidade, do estado, ou mesmo do país. Neste sentido, Olga Mori5 entende que os topônimos exercem uma função orientadora, desta forma, eles atuam como transmissores da memória cultural, ocupando uma função também de monumento. Os topônimos apresentados neste estudo podem ser inseridos na categoria de historiotopônimos, ou seja, topônimos que estão ligados ao movimento histórico-social e aos personagens envolvidos, assim como às correspondentes datas.
Um dos eventos mais importantes da Guerra do Paraguai foi a Batalha do Tuiuti, considerada a maior batalha campal do conflito, no qual a vitória dos aliados foi comandada, em 24 de maio de 1866, por Manuel Luís Osório, o General Osório, também conhecido por Marquês do Herval. O evento e o personagem principal deste evento receberam homenagens em várias partes do país através de monumentos e toponímia.
Este monumento equestre em homenagem ao general Osório na Praça XV de Novembro (RJ), ocorreu através do Conselho da Intendência Municipal do Rio de Janeiro, em 1890. Esta homenagem havia sido aventada no ano da morte de Osório em 1879, porém, naquela época não foi adiante. Ainda durante o Império, em 1888, foi fechado o contrato para a realização do monumento, esta incumbência ficou nas mãos de Rodolfo Bernadelli. O monumento só foi inaugurado em 1894.
Esta medalha foi elaborada para a cerimônia de inauguração do monumento, que em um dos lados está a figura de Osório e do outro a data da Batalha de Tuiuti, em algarismos romanos.
Esta outra estátua do General Osório, acima, foi instalada na Praça da Alfândega, em Porto Alegre (RS), e foi inaugurada em 1933. Os dois monumentos foram erigidos em momentos diferentes, no entanto, a intenção de homenagear um herói da Guerra do Paraguai e assim reforçar a memória do vitorioso conflito se manteve como uma constante em várias partes do Brasil.
Em relação a toponímia é possível identificar várias ruas, praças e até cidade com o nome de General Osório, que segundo Maria Vicentina Dick6 este topônimo pode ser chamado de axiotopônimo, pois é um nome individual que vem acompanhado de título, função ou cargo. No Rio de Janeiro, há a Praça General Osório, em Ipanema. Ainda no Rio de Janeiro, há uma rua na Ilha do Governador (Tauá) com o nome do general. Em Nova Hamburgo (RS), há uma rua General Osório; também no Rio Grande do Sul, há uma cidade com o nome de Osório. Em São Paulo mais duas ruas com essa nomenclatura, uma em Bertioga e outra em Presidente Prudente.
Em especifico a Batalha de Tuiuti oferece um topônimo que nomeia a cidade de Tuiuti em São Paulo, que foi assim nomeada em homenagem a famosa batalha, pois antes a cidade era um povoado que se chamava Pântano, mudando o nome em 1902. Há a Avenida Batalha do Tuiuti em Olinda (PE) e uma rua com este topônimo em Salto (SP).
A data da batalha, 24 de Maio, tornou-se nomes de rua: Na cidade do Rio de Janeiro, no bairro de Riachuelo/Rocha; em Petrópolis (RJ); no Bairro República, em São Paulo (SP); e em Brazópolis, Minas Gerais.
Outro importante evento serviu para propagar a marca histórica da Guerra do Paraguai pelo país, a Batalha Naval do Riachuelo, que ocorreu a 11 de junho de 1865; inclusive, esta data é tão importante que o dia da Marinha Brasileira é justamente comemorado neste dia. Esta batalha juntamente com a de Tuiuti evidenciaram o poder das Forças Armadas do Brasil, por isso, foram imortalizadas em monumentos, topônimos e outras manifestações simbólicas ao longo do tempo.
Na Batalha do Riachuelo, o Chefe-de-Divisão Francisco Manoel Barroso da Silva comandando a Força Naval brasileira composta pela Fragata Amazonas e pelos vapores Jequitinhonha, Belmonte, Beberibe, Parnaíba, Mearim, Araguari, Iguatemi e Ipiranga derrotou as forças paraguaias, sendo de substancial relevância, pois segundo Bittencourt7 praticamente inutilizou a esquadra paraguaia e ainda garantiu que se mantivesse um bloqueio, que impediu o Paraguai de receber armamentos e outros navios. Nesta batalha alguns personagens, parafraseando a carta-testamento de Getúlio Vargas, saíram da vida e entraram na História, como Marcílio Dias que morreu após uma luta corpo a corpo com os inimigos, defendendo o seu navio Parnaíba, que havia sido abordado e dominado pelos paraguaios.
Este busto do marinheiro negro Marcílio Dias, acima, foi inaugurado em 1948, na Praça Onze, no Rio de Janeiro; e o autor foi o escultor Luís Paes Leme.
Este outro busto de Marcílio Dias se localiza em Itajaí, em Santa Catarina, justamente no Clube Náutico Marcílio Dias.
O nome mais emblemático da Batalha Naval do Riachuelo é sem dúvida o do notório Almirante Barroso. A sua atuação no teatro de operações foi louvada pelos seus congêneres e pela sociedade civil. A decisão inopinada de abalroar os navios paraguaios abordo de sua fragata Amazonas foi decisiva para o desfecho do combate. Por isso, as homenagens abundam pelo país, no entanto, serão apresentados apenas alguns como demonstração.
Este é o Monumento ao Almirante Barroso, de bronze platinado, inaugurado em 1909, primeiramente na Praça Juarez Távora no bairro da Glória (RJ), mas depois foi transferido para a Praça Paris, devido às obras referentes ao metrô. O autor do monumento foi o escultor José Otávio Correa Lima. Vale ressaltar que na base desse monumento há dois medalhões que contêm as efígies de Marcílio Dias e do Guarda-Marinha Guilherme Greenhalgh, que também morreu heroicamente abordo do navio Parnaíba.
Esta é mais uma homenagem ao Almirante Barroso, desta vez, um busto localizado no centro de Petrópolis; e foi inaugurado em 1965. No que concerne as homenagens topônimas temos a Avenida Almirante Barroso, no centro da cidade do Rio de Janeiro. Há mais duas avenidas com o mesmo topônimo, uma em Campina Grande, na Paraíba e outra em Belém, no Pará (foto abaixo).
A famosa batalha também inspirou um nome de rua em Salto (SP), Rua Batalha do Riachuelo. No Rio de Janeiro, em 1848, havia uma rua Caminho de Matacavalos que, após a Guerra do Paraguai, recebeu o nome de Rua Riachuelo, em tributo óbvio a batalha naval. Em Salvador (BA) há a Praça Riachuelo que abriga um monumento dedicado a batalha. É importante destacar que em 1872, o imperador D. Pedro II bateu a pedra fundamental desse monumento na Bahia, mas a inauguração só ocorreu em 23 de novembro de 1874. Este monumento foi um projeto do artista baiano João Francisco Lopes Rodrigues, que colocou no topo de sua obra o Anjo da Vitória para simbolizar o grande triunfo brasileiro, como pode ser visto abaixo.
Ainda na Marinha temos um personagem importante na Guerra da Tríplice Aliança, o Almirante Joaquim Marques Lisboa, mais conhecido como Almirante Tamandaré, que foi designado comandante das Forças Navais em Operação durante o conflito. Tamandaré é o Patrono da Marinha Brasileira
Esta estátua do Almirante Tamandaré se localiza na Praça Marinha do Brasil, em Botafogo, no Rio de Janeiro. O autor foi Leão Veloso e a obra foi inaugurada em 1937, sendo tombado pelo Munícipio pelo decreto 14334, em 1995.
Esta obra acima é mais uma dedicada ao Almirante Tamandaré, no entanto, esta está localizada no Parque do Ibirapuera (SP) e foi produzida pelo artista Luiz Morrone. Além desses monumentos há várias ruas e avenidas com o nome Almirante Tamandaré: Em Ladário, no Mato Grosso do Sul; em Santos (SP); e também, em Itajaí (SC). Em Campo Grande (MS) há avenida Tamandaré e em Santos (SP) há a Praça Tamandaré. Seria necessário um trabalho de maior fôlego para listar todas as homenagens ao Patrono da Marinha, no entanto, a ideia principal é mostrar a sua relevância em monumentos e toponímias, assim como os outros personagens da Guerra do Paraguai.
Para finalizar não podia faltar o Patrono do Exército Brasileiro, Luís Alves de Lima e Silva, o Duque de Caxias, ator fulcral do desenrolar da Guerra da Tríplice Aliança. Caxias chegou ao Paraguai no decorrer da Guerra, a fim de organizar e obter os resultados pretendidos por D. Pedro II. Ele trabalhou na reposição do efetivo e do armamento; fez treinamento, no próprio teatro de operações; e disciplinou a tropa. Além de conduzir o exército em várias batalhas vitoriosas.
Por todas as contribuições de Caxias na Guerra do Paraguai e de outros eventos militares emblemáticos da história do Brasil, como por exemplo, a Guerra Farroupilha, ele ganhou um panteão. Abaixo é o Pantheon de Caxias, localizado na Praça da República, no Rio de Janeiro. O monumento é composto pela estátua equestre feita em bronze pelo mexicano Rodolfo Bernadelli, fundida em Paris e que foi, primeiramente, instalada no Largo Machado no início da República, em 1899. No monumento existem dois baixos relevos, que representam a Guerra do Paraguai, os quais de um lado há a reprodução da entrada de Caxias em Assunção e, no outro lado, foi reproduzido um instante da batalha ocorrida em Itororó. No Pantheon, há uma cripta que além de conter os restos mortais de Caxias e de sua esposa, esperava-se guardar os restos mortais dos pracinhas da FEB, por isso, ao fundo da cripta estende-se uma galeria na qual foram reservadas mais de quatrocentas urnas disfarçadas nas lajes móveis de mármore para abrigar os despojos dos pracinhas. No entanto, os restos mortais foram levados para o Monumento Nacional aos Mortos da Segunda Guerra Mundial. O Pantheon foi inaugurado em 1949.
Outro monumento a Caxias foi erigido em São Paulo. Este monumento começou a ser realizado em 1941, por iniciativa do general Mauricio José Cardoso, comandante da 2ª região militar, através de um concurso que foi vencido pelo escultor Victor Brecheret. Embora o monumento tenha ficado pronto em 1945, só em 1960 ele foi inaugurado e instalado na Praça Princesa Isabel (abaixo).
No segmento dos topônimos, encontra-se um munícipio da baixada fluminense do Rio de Janeiro com o nome Duque de Caxias. Em São Paulo e no Rio de Janeiro há avenidas com o nome do Patrono do Exército. Nomes de rua são inúmeras só no Estado do Rio de Janeiro, há em Teresópolis, Barra Mansa, Nova Friburgo, Três Rios e São Pedro da Aldeia. Também há no Rio Grande do Sul, em Santa Maria; além de Montes Claros (MG). Caxias é mais um caso de incontáveis homenagens que foram realizadas ao longo do tempo.
Considerações Finais
Os monumentos militares e os topônimos fazem parte de uma produção simbólica que foram utilizadas em vários períodos históricos, partindo do Império e atravessando as várias fases da República brasileira. E, especificamente, a Guerra do Paraguai e seus personagens ilustres foram homenageados em várias partes do país, pois a memória de uma intervenção militar vitoriosa funciona como um fator de valorização nacional. Esta memória foi instrumentalizada por diferentes governos, a fim de associar a imagem vencedora do famoso conflito com as suas próprias trajetórias políticas ou as suas respectivas cidades e estados.
Os monumentos narram um processo histórico, são a materialização de uma memória que quer se perpetuar, pois como se sabe a memória é dotada de lembranças e esquecimentos. Em diversos períodos, através desta pesquisa, foi possível ver que a memória militar transformada em memória nacional, e por conseguinte, memória coletiva fez da Guerra do Paraguai um consenso, ou seja, uma realidade estruturada por meio da manifestação de símbolos.
Os monumentos em espaços públicos estabelecem uma dimensão popular, uma paisagem inserida no cotidiano, a história militar inserida no dia a dia da população. Neste sentido, a toponímia ajuda a consolidar no cotidiano figuras históricas que não podem cair no esquecimento. Os nomes e fatos históricos não são gravados só em placas, mas também na memória coletiva. E, independentemente das motivações envolvidas, estas construções simbólicas da Guerra do Paraguai se apresentam como um legado histórico.
Imagem de Destaque: Monumento Aos Mortos da Guerra do Paraguai (SC)
Citações
[1] DORATIOTO, Francisco Fernando Monteoliva. A guerra do Paraguai: 2ª Visão. São Paulo: Brasiliense, 1991. [Tudo é história, 138.]; O conflito com o Paraguai: a grande guerra do Brasil. São Paulo: Ática, 1996.
[2] FRAGOSO, Augusto Tasso. História da Guerra Entre a Tríplice Aliança e o Paraguai. 1º e 5º Vol. Rio de Janeiro: Biblioteca do Exército, 2009.
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[3] CHOAY, Françoise. Alegoria do Patrimônio. São Paulo: UNESP, 2017.
[4] TAVARES, Marilze. Toponímia e História: A Guerra do Paraguai em nomes de ruas e Praças de Dourados – MS. DLVC Língua, Linguística & Literatura, João Pessoa, jul-dez, 2017.
[5] MORI, Olga. Toponímia e História: A Guerra do Paraguai em nomes de ruas e Praças de Dourados . In; Actes du XXV Congrès International de Linguistique e de Fhilologie Romanes. Innsbruck, 3-8, septembre, 2007.
[6] DICK, Maria Vicentina do Amaral. A motivação toponímica e a realidade brasileira. São Paulo: Edições Arquivo do Estado de São Paulo, 1990.
[7] BITTENCOURT, A. de S. Introdução à História Marítima Brasileira. Rio de Janeiro: Serviço de Documentação da Marinha, 2006.
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