Prof. Esp. Pedro Silva Drummond
A Batalha de Taquarembó faz parte da política expansionista de D. João, após a chegada da Corte Portuguesa no Brasil. A vinda dos portugueses para a sua principal colônia na América do Sul, propiciou o Brasil, conquistar dois territórios, Caiena (1809) e Cisplatina (1821).
No caso da Cisplatina, os acontecimentos na Europa contribuíram para a conquista na região. Napoleão Bonaparte e seu exército vinham conquistando boa parte dos territórios europeus, e a Espanha não foi diferente. O controle dos espanhóis por Bonaparte possibilitou uma onda de conflitos nas Províncias espanholas na América do Sul, por independência.
A independência da Províncias Unidas do Rio da Prata (atual Argentina) em 1810, no que ficou conhecido como a Jornada de 1810, contribuiu com uma insegurança territorial e política na região do Rio da Prata. Os argentinos após a expulsão dos espanhóis da sua região desejavam controlar os territórios do Paraguai, Bolívia e Uruguai (nomes das regiões conhecidos atualmente), unificando a região no que seria um novo Vice-Reinado da Prata, sob o seu controle.
A participação portuguesa na região do Prata tem início após o surgimento de José Gervasio Artigas, que inicia uma revolta interna, com a ajuda dos argentinos, para a independência da região, que ainda era mantida pelos espanhóis.
Francisco Javier de Elío, governador de Montevidéu e posteriormente, Vice-Rei do Rio da Prata, após algumas batalhas malsucedidas contra Artigas, solicita apoio do Reino Português contra os revoltosos. Esse apoio era a oportunidade dos portugueses de expandirem o controle da região, dando início a Primeira Campanha da Cisplatina (1811-1812), que teve seu fim depois de um armistício da Banda Oriental (atual Uruguai) e as Províncias Unidas do Rio da Prata (Argentina).
A situação na região após o armistício, nunca foi de paz total, o que possibilitou um novo conflito na região, chamado de Segunda Campanha da Cisplatina (1816-1820). Durante essa nova campanha, acontece a Batalha de Taquarembó, no dia 22 de Janeiro de 1820.
No dia da Batalha de Taquarembó, o Capitão-General da Capitania de São Pedro do Rio Grande, José Maria Rita de Castelo Correia da Cunha Vasconcelos e Sousa, Conde da Figueira, responsável pelo comando dos luso-brasileiros, avançou com as suas tropas contra o Comandante Latorre, responsável pelas tropas de Artigas, que tinha se retirado após diversos conflitos.
As tropas envolvidas na batalha eram as seguintes: “o Conde da Figueira levou seus 1200 comandados contra Latorre, que se movia deixando o RS. A cavalaria do conde, 1000 homens, englobava gente de Alegrete, esquadrão de dragões e guerrilheiros. Os 200 infantes pertenciam ao regimento de SC. Latorre conduzia os praticamente últimos 2500 soldados artiguistas. Eram uruguaios, correntinos, entrerrianos e guaranis. Dispunha de quatro canhões, contra dois dos luso-brasileiros.” (Donato, Hernani, 1987, p.502).
Quando os uruguaios cruzaram o rio Taquarembó, com aproximadamente 1000 homens, a artilharia luso-brasileira, abriu fogo e conseguiu conter o avanço das tropas adversárias. Após o ataque da artilharia, “José de Abreu irrompeu através do banhado e atacou a frente inimiga. Correia Câmara caiu sobre um flanco, após atravessar o Taquarembó. O comandante inimigo, Latorre, vendo a ameaça, atravessou em vários pontos o Taquarembó, sob perseguição. O conde da Figueira, de espada em punho, lançou-se à luta, animando seus liderados. Em pouco tempo, o inimigo foi vencido.” (http://www.ahimtb.org.br/confliext8.htm)
As perdas dos uruguaios foram as seguintes: “500 combatentes, entre o Cel. Pantaleón Sotelo e outros quatro oficiais, 505 prisioneiros, 6000 cavalos e os quatro canhões.” (Donato, Hernani, 1987, p.502).
A derrota na Batalha de Taquarembó foi o ponto final no projeto artiguista, em relação à Banda Oriental. Na Argentina, José Gervasio Artigas ainda lutou por alguns meses, até o exílio no Paraguai, onde viveu por mais 30 anos, até sua morte em 1850.
A Banda Oriental (Uruguai) terminou sendo incorporado em 31 de julho de 1821, ao Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves, com o nome de Província Cisplatina.
Imagem de Destaque: https://bdlb.bn.gov.br/acervo/handle/20.500.12156.3/14194
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Bibliografia
DONATO, Hernani. Dicionário das Batalhas Brasileiras: Dos Conflitos com os Indígenas às Guerrilhas Políticas Urbanas e Rurais. São Paulo: IBRASA, 1987.
FERREIRA, Fabio. A trajetória política de Artigas: da Revolução de Maio à Província Cisplatina. Revista Tema Livre, ed. 08. Disponível em: www.revistatemalivre.com/artigas08.html
FUJI, William Massayuki. Os farrapos no Prata: as relações do Rio Grande do Sul farroupilha com o Estado Oriental do Uruguai (1835-1845). Dissertação de Mestrado, UNB, Brasília, 2017.
MARTINS, Hélio Leôncio. A Província Cisplatina do Ponto de Vista Brasilieiro. Revista Digital Estudos Históricos, Uruguai, Ano 2, nº4, 2010.
AS GUERRAS CONTRA ARTIGAS (1816 E 1820 ). Disponível em: http://www.ahimtb.org.br/confliext8.htm
GUERRA CONTRA ARTIGAS (1816-1820). Disponível em: http://www.eb.mil.br/exercito-brasileiro
Especialização em História Militar pela Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL), Graduação em História (Bacharel e Licenciatura) pela Universidade Gama Filho (UGF), autor de Artigos em História Militar.