Prof. Dr. Ricardo Pereira Cabral
Na História, em que pese a importância do Poder Naval, as guerras são ganhas em terra, exemplos não faltam, como as batalhas que ocorreram entre romanos e cartagineses pela hegemonia do mar Mediterrâneo.
O Poder Naval tem a flexibilidade de atacar e defender em vários pontos do terreno, mas é quase impossível estar em todos os lugares ao mesmo tempo. O Poder Terrestre pode concentrar esforços em determinados pontos, criar uma Marinha e/ou se aliar ao um Poder Naval. Tudo isso ocorreu na 1ª Guerra Púnica.
Cartago era a potência naval dominante no mar Mediterrâneo, tinha colônias no norte da África, no sul da Península Ibérica, nas ilhas de Córsega, Sardenha e Sicília. Nestas áreas os cartagineses se chocavam com colônias gregas, quando Roma conquistou a Magna Grécia, os interesses gregos passaram a ser romanos.
As forças eram equilibradas, pois ambas as potências tinham bons exércitos e a possibilidade de contar com aliados em caso de guerra. A vantagem cartaginesa estava na sua marinha e sua desvantagem estava na dispersão dos territórios a defender. Roma tinha como vantagem estratégica escolher onde combater e a desvantagem de não possuir uma marinha a altura. Este problema foi resolvido com a construção de navios (copiados dos modelos cartagineses), com uma inovação técnica para facilitar a abordagem (o corvo) e incorporação da marinha de seus vassalos gregos.
Ocorreram uma série de batalhas navais: Milas (260 a.C.), Cabo Ecnomo (256 a.C.), Drépano (249 a.C.) e ilhas Égatas (241 a.C.), onde os romanos levaram vantagem sobre os cartagineses. Apesar das vitórias, Roma teve graves perdas devido a tempestades, fragilidades das embarcações e falta de perícia náutica entre outros motivos, mas devido a seus grandes recursos humanos e econômicos conseguiu se superar. A derrota de Cartago custou além da perda da hegemonia marítima no mar Mediterrâneo, de homens, recursos, territórios estratégicos e o pagamento de uma vultuosa soma em prata.
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Professor de História formado pela UGF. Mestrado e Doutorado em História pela UFRJ. Autor de artigos sobre História Militar e Geopolítica.
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