Profº. Esp. Pedro Silva Drummond
No ano de 1944, os Aliados avançavam sobre as tropas do Eixo na Europa, a conquista da África e o ataque pela península Itálica estava ocorrendo, a URSS avançava sobre os territórios conquistados pelos alemães após a Operação Barbarossa, nesse ano tem início a Operação Overlord, também conhecido como o Dia D.
O Dia D surge após a Conferência de Teerã, quando as principais potências adversárias do Eixo, decidem por um ataque pela costa de França. Após o fim da Conferência até o dia 06 de Junho de 1944, data do desembarque nas praias da Normandia, acontecem os preparativos para a Operação, e nesse contexto acontece o ataque a Bateria de Merville.
A Bateria de Merville era comandada pelo Tenente Raimund Steiner, tinha 160 soldados, sendo 80 artilheiros e 50 engenheiros. A Bateria Merville era composta “por quatro casamatas de arma de concreto armado com aço de 1,8m de espessura construídas pela Organização Todt. Cada um foi projetado para proteger canhões de 100mm checos M.14/19 da Primeira Guerra Mundial. Outros prédios no local incluíam um bunker de comando, um prédio para acomodar os homens e depósitos de munição… A bateria era defendida por um canhão antiaéreo de 20 mm e várias metralhadoras em 15 posições de canhão, todas fechadas em uma área de 700 por 500 jardas (640 por 460m) cercada por dois obstáculos de arame farpado de 15 pés (4,6m) de espessura por 5 pés (1,5m) de altura, que também atuou como a fronteira externa para um campo minado de 100 jardas (91m) de profundidade.” (https://scientiapt.com/batalha-de-bateria-de-arma-de-merville)
Conquista da Bateria de Merville
Durante os preparativos para a Operação Overlord, o Comandante Supremo das Forças Aliadas na Europa, o General Dwight Eisenhower, autorizou o início da Operação Tonga que objetivava a conquista de diversos locais antes do desembarque nas praias da Normandia. Os encarregados eram os britânicos da 6ª Divisão Aerotransportada, que tinham entre suas tarefas neutralizar a bateria Merville.
A tarefa de derrotar a bateria ficou sob a responsabilidade do Tenente-Coronel Terence Otway, que “estava encarregado de cumprir a missão com um corpo de 600 homens pertencentes ao 9ª Batalhão da 6ª Divisão Aérea. Consciente da dificuldade de sua missão, Otway queria que todos os seus homens conhecessem cada detalhe da bateria. Durante os meses que antecederam o pouso, os paraquedistas britânicos fizeram saltos de preparação contínua, dia e noite. A bateria foi reconstruída na Inglaterra a partir de fotos tiradas de reconhecimento aéreo e exercícios de treinamento foram realizados em todas as horas do dia.” (https://www.dday-overlord.com)
Poucas horas antes do início do conhecido Dia D, os britânicos começaram o ataque com os paraquedistas saltando entre Varaville e a Bateria de Merville, e os bombardeiros Lancaster da Força Aérea Real, lançando um grande ataque na bateria. Apesar dos meses de treinamento, a Operação não teve o êxito esperado inicialmente, havendo uma dispersão dos paraquedistas e equipamentos que pousaram em diversos pontos da região. “Otway salta de paraquedas a mais de 370 metros de seu ponto de partida pretendido em uma casa de fazenda usada como posto de comando pelos alemães… Ele lamenta as perdas de homens e equipamentos bem acima das estimativas mais pessimistas… tem apenas 150 homens de 600 contratados. Os outros estão perdidos no interior da Normandia, feridos ou afogados nos pântanos”. (https://www.dday-overlord.com)
Mesmo com o fracasso inicial, o Tenente-Coronel se organiza para cumprir a missão e planeja sua ação, dividindo suas tropas em quatro grupos: “três devem liderar o ataque principal de leste a oeste, enquanto outro grupo deve fazer um ataque de desvio do norte… O tenente-coronel imediatamente lançou o ataque: os paraquedistas fazem um ataque breve, mas violento, contra os cem alemães que se defendem ferozmente. Metralhadoras pesadas atacam os primeiros paraquedistas britânicos a romper o campo minado limpo pela explosão do torpedo de Bangalore… Vinte minutos depois, os britânicos conseguiram apreender a bateria, mas sofreram pesadas perdas”. (https://www.dday-overlord.com)
A conquista da Bateria de Merville pelos britânicos indicou aos paraquedistas que: “as peças não eram armas modernas de calibre 150 mm, mas sim obuseiros de campo de 100 mm da Primeira Guerra Mundial da Tchecoslováquia. Os paraquedistas fizeram o melhor com os explosivos que possuíam, usando bombas Gammon para desativar uma arma e enfiar cartuchos nos canos das outras.” (https://stringfixer.com/pt/British_airborne_landings_in_Normandy)
Parte do plano de destruição da Bateria de Merville, indicava que o HMS Arethusa, começaria a bombardear a bateria, se os paraquedistas não tivessem êxito, para ajudar o desembarque que começaria minutos depois. O sinal enviado pelos paraquedistas após a conquista da Bateria foi importante para a comunicação entre aqueles que estavam em terra e a Marinha Britânica. O custo da conquista foi de cinquenta mortos e vinte e cinco feridos.
Considerações Finais
Os Aliados tinham como objetivo a conquista da Bateria de Merville antes do desembarque nas praias da Normandia. Esse propósito foi cumprido parcialmente, porque com o desembarque e a saída dos militares britânicos do local, as Forças alemãs conseguiram retomar a Bateria, reabilitando dois dos quatro canhões. Os canhões que tinham sido recuperados mantiveram-se parcialmente danificados, impossibilitando que os alemães dessem tiros precisos. Durante os dias seguintes a vila e a Bateria de Merville foram alvos de ataque, até a queda no dia 17 de Agosto de 1944.
Imagem de Destaque: https://caen.maville.com/actu/actudet_-merville-franceville-liberation-marie-astrid-d-autriche-aux-ceremonies_52659-2447959_actu.Htm
Bibliografia
Assalto à bateria de Merville: Operação Overlord. Disponível em: <https://www.dday-overlord.com/es/dia-d/operaciones-aereas/commonwealth/bateria-merville>. Acessado em 08/07/2022.
Batalha de bateria de arma de Merville. Disponível em: <https://scientiapt.com/batalha-de-bateria-de-arma-de-merville>. Acessado em 08/07/2022.
Operação Tonga. Disponível em: < https://stringfixer.com/pt/British_airborne_landings_in_Normandy>. Acessado em 08/07/2022.
Especialização em História Militar pela Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL), Graduação em História (Bacharel e Licenciatura) pela Universidade Gama Filho (UGF), autor de Artigos em História Militar.