Fragilidades na relação China-Rússia trazem reflexões sobre futuro

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A guerra da Rússia na Ucrânia trouxe à tona a dinâmica da relação entre China e Rússia, que tem se fortalecido ao longo dos últimos anos, mas também enfrenta desafios estratégicos significativos. Em fevereiro de 2022, semanas antes da invasão da Ucrânia, os presidentes Xi Jinping e Vladimir Putin se encontraram em Pequim e assinaram uma declaração conjunta histórica, afirmando que a relação entre os dois países “não tem limites” e que não há “áreas proibidas de cooperação” entre eles. Essa parceria tem sido moldada por uma série de fatores, mas também carrega custos e questões que podem alterar essa aliança no futuro.

Fatores históricos e estruturais de desconfiança

Apesar do fortalecimento das relações nos últimos anos, a desconfiança estratégica entre China e Rússia persiste, alimentada por um histórico de tensões e interesses conflitantes. Para a China, a relação com a Rússia é marcada pela memória de um passado de subordinação, como quando o Império Russo e a União Soviética se aproveitaram da fraqueza chinesa. Desde o século XIX, com tratados desiguais, como o Tratado de Aigun (1858) e o Tratado de Pequim (1860), que forçaram a China a ceder grandes territórios à Rússia, até o confronto direto durante a Guerra Fria, os chineses mantêm uma relação de cautela em relação aos russos.

Nos últimos anos, a Rússia, embora ainda importante, tem sido vista com um certo grau de desconfiança. A proximidade geográfica entre os dois países exacerba essa desconfiança, com a China se expandindo economicamente para regiões como o Extremo Oriente Russo, onde milhares de trabalhadores chineses têm ocupado terras agrícolas. Isso gerou reações mistas na Rússia, com um número crescente de russos considerando a presença chinesa como uma ameaça à integridade territorial do país.

Além disso, a competição por influência na Ásia Central e no Ártico também adiciona camadas de complexidade à relação. A China tem se tornado um ator cada vez mais relevante nessas regiões, o que pode gerar fricções com a Rússia, especialmente em questões de segurança e controle territorial.

A desigualdade de Poder crescente

Outro aspecto que complica a relação é o crescente descompasso no poder entre os dois países. Enquanto a China continua a se fortalecer economicamente e tecnologicamente, a Rússia enfrenta um estagnamento, o que reduz seu valor como parceiro estratégico. Em termos econômicos, a China ultrapassou a Rússia por uma margem significativa. Em 2021, a economia chinesa foi quase 10 vezes maior que a russa, e as projeções indicam que a diferença só tende a aumentar. Embora a Rússia ainda seja um importante fornecedor de energia para a China, essa dependência pode diminuir com o tempo, à medida que a China se afasta do uso de combustíveis fósseis e investe em energias renováveis.

Essa disparidade de poder pode gerar ressentimentos, com a Rússia se sentindo cada vez mais como um parceiro júnior, o que pode resultar em tensões diplomáticas. A China, por sua vez, pode se tornar menos dependente da Rússia em áreas-chave, como defesa e tecnologia, o que torna a relação cada vez mais desigual.

A agressão militar russa e os efeitos para a China

A agressão militar da Rússia, especialmente a invasão da Ucrânia em 2022, gerou uma série de repercussões políticas e econômicas negativas para a China. Embora Pequim tenha buscado se distanciar de críticas diretas a Moscou, a guerra em território ucraniano colocou a China em uma posição desconfortável, dado seu compromisso com a integridade territorial e a não-interferência. A postura da China, ao apoiar indiretamente a Rússia, tem gerado um custo político considerável, especialmente no Ocidente, onde a relação China-Rússia passou a ser vista com crescente desconfiança. Além disso, as sanções ocidentais contra a Rússia e os aumentos nos preços de energia afetaram a economia chinesa, que viu seus custos com importações de petróleo e gás dispararem.

Além disso, a guerra afetou negativamente a imagem global de ambos os países, exacerbando as divisões entre democracias e autocracias e colocando em xeque as ambições da China de aumentar sua influência global sem se envolver diretamente em conflitos. A continuidade da guerra e suas consequências para a economia global podem ainda resultar em mais desafios para a China, já que os custos econômicos e diplomáticos de apoiar a Rússia aumentam.

O futuro da parceria Sino-Russa

O futuro da relação entre China e Rússia dependerá da capacidade de ambos os países de equilibrar suas diferenças e de lidar com os desafios estruturais e históricos que ainda marcam a relação. A estagnação econômica russa, as tensões geopolíticas e as repercussões da guerra na Ucrânia podem gerar fricções mais profundas entre os dois países. Se a Rússia continuar a declinar em termos de poder relativo, a China poderá recalibrar sua parceria com Moscou, priorizando outras alianças estratégicas e afastando-se da dependência de um parceiro que pode, em última instância, não ser capaz de oferecer os mesmos benefícios que ofereceu no passado.

A relação sino-russa, apesar de histórica e pragmática, está longe de ser imune a mudanças. Como em qualquer aliança complexa, as tensões subjacentes e os interesses conflitantes podem, com o tempo, transformar essa parceria em um desafio tanto para Moscou quanto para Pequim. O que parecia ser uma aliança sem limites pode, no futuro, enfrentar sérios obstáculos à medida que as dinâmicas globais e regionais evoluem.

Esta é uma análise do texto original, dipnível em: What Are the Weaknesses of the China-Russia Relationship? | ChinaPower Project

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