Profº. Dr. Ricardo Pereira Cabral
Em 1941, foi criado Special Air Service, que realizou várias missões de ações de comandos durante a Segunda Guerra Mundial, atuando com destaque no norte da África, na Grécia, na França, Bélgica, Holanda e Alemanha. Hitler deu uma ordem que caso capturassem um membro do SAS, este deveria ser executado sumariamente. Em 1944, o SAS foi reorganizado, em uma brigada, que contava com ingleses (dois grupos de forças especiais), franceses (dois regimentos de paraquedistas) e belgas (um grupo de forças especiais).
Pós-Segunda Guerra Mundial
O SAS atuou na Guerra da Coreia, durante o processo de emancipação das colônias inglesas na Ásia e na África, na Malásia, Gâmbia e na Rodésia (atual Zimbabwe), além de outros países que o governo britânico não assume a presença do operadores do SAS.
Operações em Dafur, Mogadício, o regate de reféns na embaixada Iraniana em Londres, na insurgência dos mujaheddin no Afeganistão durante a ocupação soviética, na Guerra das Falklands, contra o Exército Republicano Irlandês na Irlanda do Norte, em operações na Sérvia, Bósnia e Kosovo.
O SAS foi amplamente empregado na Guerra do Golfo e na Guerra ao Terror, junto com as forças especiais norte-americanas no Afeganistão e no Iraque. Missão que continua combatendo a Al-Qaeda e o Estado Islâmico, participaram de missões na guerra civil da Líbia combatendo grupos terroristas. Atualmente, estão na Ucrânia apoiando as forças armadas do país contra os russos.
Composição
O Serviço Aéreo Especial é composto por três unidades: uma da ativa no Exército Real e duas unidades da Reserva. A unidade do exército regular é 22º Regimento SAS e as unidades de reserva são 21º Regimento de Serviço Aéreo Especial (Artistas) e 23º Regimento de Serviço Aéreo Especial, estas duas unidades compões o Regimento do Serviço Aéreo Especial da Reserva do Exército real.
O 22º Regimento SAS, normalmente, tem um efetivo variando de 400 a 600 membros. O regimento possuí quatro esquadrões operacionais: A, B, D e G. Cada esquadrão é composto por, aproximadamente, 65 membros, comandados por um major, divididos em quatro tropas (cada tropa sendo comandada por um capitão) e uma pequena seção de quartel-general. As tropas geralmente consistem em 16 membros (os membros do SAS são conhecidos como “lâmina” ou “Operador”) e cada tropa se divide em patrulhas de quatro membros, com cada membro possuindo uma habilidade específic,a por exemplo: sinais, demolição, paramédico ou linguista, além de habilidades básicas aprendidas durante o curso de seu treinamento. O termo “esquadrão” remonta aos primeiros dias da unidade, quando o nome da unidade pretendia confundir a inteligência alemã.
As quatro tropas se especializam em quatro áreas diferentes:
Tropa de barcos – especialistas em habilidades marítimas, incluindo mergulho usando respiradores, caiaques (canoas) e barcos infláveis de casco rígido e muitas vezes treinam com o Special Boat Service.
Tropa aérea – especialistas em pára-quedas de salto livre e operações de pára-quedas de alta altitude, incluindo técnicas de abertura baixa em alta altitude e abertura em alta altitude.
Tropa de mobilidade – especialistas no uso de veículos e especialistas em guerra no deserto. Eles também são treinados em um nível avançado de mecânica motora para reparar, no campo de batalha, qualquer avaria no veículo.
Tropa de montanha – especialistas em combate e sobrevivência no Ártico, usando equipamentos especializados, como esquis, raquetes de neve e técnicas de alpinismo.[92]
Em 1980, o Esquadrão R (renomeado Destacamento L) foi formado, seus componentes são todos ex-soldados regulares do regimento SAS, que têm o compromisso de servir como reserva.
As rotações de serviço de esquadrão SAS são realizadass de tal forma que um esquadrão é mantido em serviço de Combate ao Terrorismo no Reino Unido; um segundo será em uma implantação; um terceiro estará se preparando para a implantação, enquanto realiza treinamento de curta duração; e o quarto estará se preparando para treinamentos de longo prazo no exterior, como exercícios na selva ou no deserto. Em tempos de guerra, como a invasão do Iraque em 2003, não é incomum que dois esquadrões sejam destacados para missões de combate.
Recrutamento, seleção e treinamento
O recrutamento para servir no SAS é feito dentro das Forças Armadas britânicas, normalmente, a maioria dos voluntários vem do Fuzileiros Navais e do Regimento de Paraquedistas. Desde 2018, o SAS aceita mulheres para a seleção e composição do regimento. A seleção ocorre em dois períodos do ano, uma no verão e outra no inverno.
O processo de seleção consiste de provas físicas e duram cinco semanas. Cada etapa é eliminatória. O primeiro é o Personal Fitness Test (PFT), realizado logo na chegada, que consiste em pelo menos 50 abdominais em dois minutos, 60 flexões em dois minutos e uma corrida de 2,4 km em 10 minutos e 30 segundos. Os aprovados vão realizar o Teste Anual de Aptidão Física (AFT), que consiste em uma marchas de 8 milhas (13 km), em até duas horas carregando 25 lb (11 kg) de equipamento. Os candidatos aprovados então marcham pelo país contra o relógio, aumentando a distância percorrida a cada dia; isso culmina em um teste de resistência conhecido como Endurance, no qual os candidatos marcham 40 milhas (64 km) com equipamento completo antes de subir e descer a montanha Pen y Fan ( de 2.907 pés ou 886 m) em 20 horas. No final desta fase, os candidatos devem ser capazes de correr 4 milhas (6,4 km) em 30 minutos ou menos e nadar 2 milhas (3,2 km) em 90 minutos ou menos.
Após o treinamento na montanha, vem a fase de guerra na selva, que pode ser feita em Belize, Brunei ou Malásia. Os candidatos aprendem navegação, táticas de patrulha e sobrevivência na selva. Após essa fase, os candidatos retornam ao Reino Unido para uma nova fase que consiste em formular planos de batalha e treino com armas estrangeiras, participão de exercícios de sobrevivência em combate, terminando em treinamento com um exercício de fuga e evasão, com duração de uma semana. Os candidatos são organizados em patrulhas e, recebem um fardo com equipamentos de sobrevivência, recebem uniformes da época da Segunda Guerra Mundial e instruídos a seguir para um destino específico ao nascer do sol. O teste de seleção final, o de resistência ao interrogatório (RTI), é sem dúvida o mais cansativo e dura 36 horas.
Normalmente se apresentam cerca de 200 candidatos, mas apenas de 15 a 20% conseguem ser aprovados no processo de seleção. Os aprovados são então transferidos para um esquadrão operacional.
O interessante do modelo britânico é que os candidatos ao componente de reserva, 21º e o 23º Regimento SAS, o curso é praticamente o mesmo, mas é realizado em módulos, distribuídos por um período mais longo, para se adequar às demandas das carreiras civis dos candidatos.
Após o curso, o treinamento prossegue com o aprendizado de técnicas especias, lutas, utilização de vários tipos de armas (incluindo estrangeiras) e equipamentos diversos (vigilância, designação de alvos etc).
Conclusão
O SAS é uma das Forças Especiais mais reconhecida competência, eficácia e flexibilidade. Suas atividades incluem, além de ações de combate, missões de inteligência e treinamento de forças especiais e de tropas de países aliados do Reino Unido.
O governo britânico não comenta e não divulga as ações do SAS, mas é certo que participou de todas as guerras em que os britânicos estiveram envolvidos e atuam de forma encoberta nos países onde seja do interesse do Reino Unido, como, atualmente, ocorre na Ucrânia. No entanto, apesar disso existe um extensa literatura constituída de memórias de ex-membros do serviço, novelas, reportagens, além de filmes, seriados de TV e vídeo games.
Sites consultados
https://www.thetimes.co.uk/article/sas-troops-are-training-local-forces-in-ukraine-32vs5bjzb
https://www.bbc.com/news/uk-scotland-tayside-central-58328164
https://special-ops.org/the-two-special-forces-fought-in-falklands-war/
https://www.nam.ac.uk/explore/SAS
https://www.britannica.com/topic/Special-Air-Service
https://www.sasregiment.org.uk/history-of-the-sas-regiment.html
https://military-history.fandom.com/wiki/Special_Air_Service
Livros indicados
Infelizmente não existe um livro editado em português, mas indico os abaixo:
MORTIMER, Gavin. The SAS in World War II. Oxford: Osprey, 2011.
CONNOR, Ken. Ghost Force. The secret history os the SAS. London: Lume Books, 2018.
Professor de História formado pela UGF. Mestrado e Doutorado em História pela UFRJ. Autor de artigos sobre História Militar e Geopolítica.