A batalha contra Sísera em XI a.c.: A origem de Israel

de

Prof. Dr. Thiago da Silva Pacheco

Esta batalha foi decisiva para a formação do Israel antigo, e consta no fragmento mais antigo da Bíblia (Juízes capítulo 5).

Desde já deve-se deixar claro que a postagem não leva em conta as datações defendidas pelas tradições religiosas nem tem objetivos teológicos. Aqui pretende-se analisar o confronto e suas consequencias pela ótica da História Militar, cruzando o lendário poema de Jz.5 com dados arqueológicos.

O confronto definiu a ocupação das montanhas e planícies do Levante. Os cananeus, líderados por Sísera, vinham de cidades-estado escravocratas e agrícolas, outrora vassalas do Egito. Dispunham de armas e armaduras de bronze, cavalos e carros de combate. Quanto aos israelitas, líderados por uma profetisa tribal chamada Débora, se tratavam de ex-escravos cananeus juntos a pastores seminômades das montanhas (os “habiru” e “shasu” das Cartas de Amarna).

A arqueologia expôe assentamentos rústicos, familiares e com pouco domínio de metal. O próprio poema bíblico descreve os israelitas como “foragidos e aldeões”.

O confronto tinha tudo para ser um massacre. Baraque, líder que agia sob as orientações de Débora, aguardou o ataque cananeu, aparentemente no monte Tabor, próximo ao um ribeiro chamado Quisom. Sísera avançou com seus carros de combate, mas um temporal irrompeu no campo de batalha, fazendo o ribeiro transbordar e parte da montanha deslizar.

Presas fáceis para os israelitas, os cananeus foram destroçados enquanto tentavam desatolar das águas ou se erguer da lama.

Escapa aos propósitos da postagem discutir se Débora teve uma teofania que lhe revelou a chuva providencial (note que “Baraque” significa “relâmpago”), ou se foi algum tipo de conhecimento particular (os profetas do mundo antigo previam o futuro obervando as nuvens, o céu, e sol e as estrelas). O fato é que o resquício do poder citadino egípcio-cananeu na região foi destroçado, permitindo que novos reinos étnicos se desenvolvessem nas montanhas e mesmo parte das planícies: Edom, Moabe, e principalmente, Judá e Israel.

Quer saber mais sobre a História Antiga, leia o artigo sobre os Manuais de Guerra Chineses: Para muito além de Sun Tzu, Geopolítica de cretenses e atenienses no mar egeu e os posts Centurião: o Esteio da Legião RomanaA Guerra Naval na AntiguidadeBatalhas Navais na 1ª Guerra Púnica; História Militar no Antigo Israel , você pode navegar por este link, no nome do texto ou pelas categorias do site

Marcadores:

Deixe um comentário

Gostou dos artigos e postagens?

Quer escrever no site?

Consulte nossas Regras de Publicação e em seguida envie seu artigo.

Siga-nos nas Redes Sociais