Prof. Esp. Pedro Silva Drummond
No final da Segunda Guerra Mundial, os Países que compunham os Aliados aumentavam o cerco ao Nazismo, em todas as frentes de batalhas, os alemães estavam a cada dia perdendo mais territórios até a chegada à Alemanha.
Durante os últimos dias de guerra, as Ratlines¹ começaram a ser usadas por diversos Nazistas que fugiram por diversos caminhos e Países. Essas rotas eram usadas pelas Die Spinne² e ODESSA³ para garantir que esses fugitivos chegassem seguros aos seus destinos.
A ODESSA ficou conhecida, em 1972, após a publicação do romance intitulado O Dossiê Odessa, de Frederick Forsyth. Nos últimos anos o tema recebeu um estudo mais aprofundado e a visão de que essa organização era só uma ficção está sendo revista como explica Meinerz: “Porém, a organização Odessa extrapola a ficção de Forsyth, pois a referida entidade realmente existiu. De fato, na década de setenta as atividades de resgates e transporte de criminosos de guerra nazistas, principalmente para a Argentina, por esta organização, já eram conhecidas de muitos. Para uma análise mais detalhada sobre essa operação, citamos o autor já mencionado anteriormente, Uki Goñi, que em sua obra, A verdadeira Odessa, publicada em 2004, efetua uma investigação minuciosa que revela como Juan Perón armou uma vasta rede de agentes internacionais destinada a resgatar centenas de colaboradores do III Reich. Goñi (2004) descreve os mecanismos de fuga, analisa o antissemitismo da elite argentina e documenta os primeiros contatos entre Perón e os nazistas. A verdadeira Odessa reconstitui o processo desde a chegada de agentes do serviço secreto de Himmler a Madri, em 1944, com o objetivo de preparar rotas que permitissem a fuga dos nazistas derrotados. Em 1946, esta operação foi transferida para Buenos Aires, estabelecendo-se a partir da Casa Rosada e estendendo seus tentáculos até a Escandinávia, Suíça e Itália. Tal pesquisa fundamentou-se em arquivos inéditos do Serviço Secreto norte-americano, em documentos particulares europeus descobertos nos últimos anos, e em entrevistas com envolvidos nesses processos”. (MEIMERZ. 2014, p.7)
A Die Spinne foi outra organização com objetivo de ajudar na fuga de Nazistas, como explica Guterman: “Die Spinne (“A Aranha”, em alemão), também trabalhou para tirar nazistas da Europa – cerca de 600 criminosos foram beneficiados… Um de seus principais arquitetos foi o superespião nazista Otto Skorzeny, um dos mais importantes oficiais da SS, que vivia na Espanha depois da guerra e trabalhou sob a proteção do ditador Francisco Franco.” (GUTERMAN, 2016).
As Ratlines eram viagens planejadas e arquitetadas por integrantes do Nazismo, com destino principalmente aos Portos de diversos Países, utilizando navios mercantes para as fugas. Países como a Espanha, Itália, Dinamarca, Suécia foram utilizados com esse proposito.
A necessidade de conseguir documentos falsos para as viagens fizeram com que Nações como a Suíça, Vaticano e até de Instituições Internacionais como a Cruz Vermelha também servissem como rotas para alcançar os objetivos. Integrantes da Igreja Católica através da Comissão de Refugiados do Vaticano distribuíam documentos falsos que eram usados para a produção de passaportes feitos pelo Comitê Internacional da Cruz Vermelha, possibilitando com que os alemães pudessem viajar livremente para fora da Europa.
Enquanto muitos foram mortos, outros acabaram sendo julgados pelo Tribunal de Nuremberg, muitos acabaram fugindo. O Continente Americano foi um dos principais destinos, com aproximadamente 9 mil militares e colaboradores do Terceiro Reich, vindo para a região.
Os mais famosos integrantes do Nazismo que usaram essas Ratlines para escaparem foram: Adolf Eichmann, Josef Mengele e Klaus Barbie, entre outros.
¹ Sistemas de fuga para Nazistas que fugiam da Europa no final da Segunda Guerra Mundial para locais seguros.
² Organização formada durante o final da Segunda Guerra Mundial com o interesse de enviar nazistas para locais seguros onde essas pessoas não pudessem ser capturadas e responsabilizadas pelos seus crimes.
³ “Organisation Der Ehemaligen SS Angehorigen”, que significa, “Organização dos Ex-Membros da SS”. É uma organização composta por ex-membros da SS, que tinham como objetivo proteger seus integrantes dos crimes cometidos durante a Segunda Guerra Mundial.
Bibliografia
– GUTERMAN, Marcos. Nazistas entre Nós: A Trajetória dos Oficiais de Hitler depois da Guerra. Contexto, 2016
– MEINERZ, Marcos Eduardo. Operação Odessa: a fuga dos criminosos de guerra nazistas para a América Latina após a segunda guerra mundial e os caçadores de nazistas. Mediações: Revista de Ciências Sociais, v. 19, nº 1, 2014.
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Especialização em História Militar pela Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL), Graduação em História (Bacharel e Licenciatura) pela Universidade Gama Filho (UGF), autor de Artigos em História Militar.