Reino Unido considera desativar porta-aviões de 3 bilhões de euros para reduzir custos

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A Marinha Real do Reino Unido pode enfrentar uma reestruturação significativa caso uma recente proposta do Tesouro britânico seja aprovada. De acordo com fontes da imprensa, o governo está considerando desativar um dos dois porta-aviões da classe Queen Elizabeth como parte de uma revisão estratégica de defesa. Esses porta-aviões, que representam o ápice da tecnologia naval e o maior investimento na história da Marinha Real, custaram mais de £3 bilhões cada.

Implicações estratégicas

Os porta-aviões da classe Queen Elizabeth, que incluem o HMS Queen Elizabeth e o HMS Prince of Wales, são as embarcações mais avançadas e grandes já construídas para a Marinha Real. Com 280 metros de comprimento e capacidade para transportar até 40 aeronaves, esses porta-aviões são vistos como ferramentas cruciais para o Reino Unido projetar poder militar globalmente. No entanto, devido ao seu custo astronômico, eles também representam uma das despesas mais altas do governo britânico em termos de defesa.

O The Times revelou que o Tesouro Britânico propôs cortar gastos com equipamentos militares, considerando a possibilidade de reduzir o número de porta-aviões operacionais. O objetivo seria aliviar a pressão sobre as finanças públicas, em um cenário de crescimento das despesas e desafios econômicos internos. Embora a proposta ainda precise passar por discussões e aprovações, ela gerou controvérsia, especialmente entre os oficiais da Marinha Real.

A resposta da Marinha Real

A Marinha Real tem se mostrado inflexível em relação à ideia de operar com apenas um porta-aviões. Em termos bem britânicos, a Marinha “não está aceitando” a proposta, ressaltando que a redução para um único porta-aviões comprometeria seriamente sua capacidade operacional. “Não estamos pensando em reduzir para um só”, afirmou uma fonte da Marinha ao The Times, destacando que isso representaria um retrocesso significativo para as forças navais britânicas.

A resistência da Marinha Real se baseia, em parte, na necessidade de garantir redundância e capacidade de operação global. A retirada de um dos porta-aviões poderia deixar o Reino Unido vulnerável a falhas operacionais, como as que ocorreram no passado recente. Em 2022, o HMS Prince of Wales foi temporariamente afastado devido a problemas com sua hélice, e mais recentemente, o HMS Queen Elizabeth enfrentou dificuldades semelhantes.

Desafios operacionais

A manutenção de dois porta-aviões operacionais é vista como essencial não apenas pela sua importância estratégica, mas também pela complexidade das operações em que eles estão envolvidos. Cada porta-aviões precisa ser acompanhado de uma série de embarcações de escolta para formar uma ala de ataque (Carrier Strike Group, CSG). No entanto, a Marinha Real enfrenta dificuldades logísticas e de pessoal que tornam mais difícil manter essas forças de apoio em números adequados.

De acordo com o The Telegraph, o HMS Prince of Wales foi forçado a contar com apoio estrangeiro durante sua última missão, devido a uma crise de pessoal que afetou a Marinha Real. A falta de navios de apoio suficientes, como os petroleiros e os navios de suprimento, foi um fator crítico. A Marinha Real, tradicionalmente reconhecida por sua capacidade de operar em qualquer parte do mundo, agora depende de parcerias internacionais para garantir a eficácia de suas missões. Durante o deployment de 2021 do HMS Queen Elizabeth no Indo-Pacífico, por exemplo, embarcações da OTAN acompanharam o porta-aviões, fornecendo suporte logístico e operacional.

Crise de pessoal

Outro fator importante para a resistência da Marinha Real à proposta de desativação de um dos porta-aviões é a crise de pessoal que tem afetado a Força Naval Britânica. A falta de recrutas e a sobrecarga de trabalho das equipes em serviço tornam cada vez mais difícil manter a operação das embarcações de grande porte, que exigem tripulações numerosas e especializadas. A manutenção das embarcações também representa um desafio significativo, já que cada porta-aviões depende de combustível, munição e alimentos que precisam ser reabastecidos constantemente durante missões de longa duração.

Contexto geopolítico

Em um cenário global de crescente poder naval, a decisão de desativar um dos porta-aviões britânicos poderia prejudicar a posição estratégica do Reino Unido, especialmente com o aumento da presença militar de países como China e Índia no oceano. Atualmente, tanto a China quanto a Índia operam dois porta-aviões cada uma, com a China em processo de testes de seu terceiro porta-aviões. Para o Reino Unido, a decisão de reduzir sua força de porta-aviões poderia colocar em risco sua capacidade de competir com essas potências emergentes.

A Marinha Real britânica, conhecida historicamente por sua capacidade de “dominar os mares”, enfrenta uma nova realidade em que países como a China já têm três porta-aviões operacionais e a Índia está expandindo sua frota. Diante dessa nova realidade geopolítica, muitos se questionam sobre os impactos de uma possível diminuição da força naval do Reino Unido.

Um dilema financeiro e estratégico

A proposta de desativar um dos porta-aviões é, sem dúvida, um reflexo das difíceis decisões financeiras que o governo britânico enfrenta. Enquanto o Reino Unido busca equilibrar o orçamento e garantir a eficácia de suas forças armadas, a Marinha Real se vê diante de um dilema entre cortes necessários e a manutenção de sua capacidade de projeção de força global.

Embora o desmantelamento de um dos porta-aviões possa resultar em uma economia imediata, ele também traria custos a longo prazo, comprometendo a capacidade da Marinha Real de reagir a crises globais e mantendo a presença naval do Reino Unido em águas estratégicas. Resta saber se a decisão será tomada com base no equilíbrio entre economia e segurança nacional, ou se a pressão política e a necessidade de manter a força naval britânica intacta prevalecerão.

Nota do HMD: Antes que surjam especulações sobre a possibilidade de considerar a desativação de um dos porta-aviões como uma “boa compra de oportunidade”, é importante esclarecer que esses navios têm um custo extremamente alto, tanto na aquisição quanto na manutenção. A realidade financeira atual não permite esse tipo de investimento, dado o orçamento limitado para as Forças Armadas brasileiras.

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