Suriname e a sua importância na Segunda Guerra Mundial

de

Prof. Esp. Pedro Silva Drummond

Introdução

A Segunda Guerra Mundial foi um conflito que aconteceu entre 1939 até 1945, durante esse período diversas Nações e Continentes participaram da guerra. O Continente Americano, foi o único dos Continentes existentes, que não teve batalhas nas suas terras, somente nos litorais dos Países.

Na América do Sul, somente o Brasil participou efetivamente do conflito, enviando militares para um dos Teatros de Operações, isso não significa que as outras Nações do Continente não tiveram nenhuma participação. Muitos países que fazem fronteira com os brasileiros, tiveram sua importância, como a Venezuela, que já foi exposto em outro texto (Operação Neuland).

Nesse artigo será abordado o papel do Suriname no conflito. A questão do Suriname é importante para a Holanda e os Aliados. Em Maio de 1940, a Alemanha tinha conquistado a Holanda e durante o ano de 1942, o Japão domina as Índias Orientais Holandesas, provocando com que, as colônias na América fossem durante a Segunda Guerra Mundial, um dos poucos territórios livres da Holanda.

Suriname na Segunda Guerra Mundial

No primeiro ano de conflitos da Segunda Guerra Mundial, o Suriname era uma dessas colônias holandesas livres, mas, os holandeses, assim como os Aliados, principalmente os EUA, tinham receios que a colônia holandesa na América do Sul, fosse invadida, tanto pela Guiana Francesa, quanto pelo Brasil.

A França durante os primeiros meses de 1940 tinha sido invadida e conquistada pela Alemanha, e mesmo a Guiana Francesa sendo administrada pelo Governo de Vichy, o temor de uma invasão acontecia. Quanto ao Brasil, durante o período da Guerra, o País era governado por Getúlio Vargas, que muitos acreditavam ter uma postura ambígua, podendo a qualquer momento se aliar a Alemanha, o que poderia ser uma grande ameaça à colônia holandesa, visto que, o Brasil tinha um número enorme de descentes de alemães em seu território.

Mapa da América do Sul
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Os outros motivos que preocupavam em relação ao Suriname, era a falta de proteção do território e a relevância do País na produção de bauxita. As minas de bauxita e as refinarias de petróleo eram alvos potenciais para os ataques alemães contra os esforços de guerra dos Aliados.

A pouca proteção do território, era, algo extremamente relevante, no ano de 1940, a colônia holandesa na América do Sul, era defendida por “200 soldados do Exército Real Holandês das Índias Orientais (KNIL) e 180 voluntários locais do Schutterij” (https://en.wikipedia.org/wiki/Suriname_during_World_War_II). No caso da bauxita, o produto era importante para os Aliados, principalmente por ser vital para o esforço de guerra, “entre 1940 e 1943, o Suriname forneceu 65% das importações americanas de bauxita. Cerca de 90% de todo o alumínio foi usado para fins militares” (https://en.wikipedia.org/wiki/Suriname_during_World_War_II).

O Surinaamse Schutterij foi criado em 1939 e tinha como objetivo a complementar as tropas regulares holandesas (TRIS), porém, de acordo com a constituição do País, os Schutterij não tinham permissão para agir fora do território. A obrigação dos Schutterij era proteger as minas em Moengo e Paranam, os navios mercantes de bauxita pelos rios e a costa do País.

Soldados do Schutterij (1943)
https://en.wikipedia.org/wiki/Suriname_during_World_War_II

Após as conquistas alemãs na Segunda Guerra Mundial, principalmente da Europa Ocidental, os EUA que enxergavam na América do Sul, uma das suas zonas de influência, tentaram resolver o problema do Suriname, a partir de “1º de setembro de 1941, três meses antes de Pearl Harbor, o presidente Franklin D. Roosevelt fez uma oferta à rainha Guilhermina para estacionar 3.000 soldados no Suriname. O número de soldados foi posteriormente revisado para 2.000 soldados e eles foram colocados sob o comando do KNIL. A Holanda seria responsável pelos custos financeiros. Tentativas foram feitas para expandir o Schutterij , e em seu auge ele compreendia 5.000 voluntários.” (https://en.wikipedia.org/wiki/Suriname_during_World_War_II).

Soldados dos EUA treinando no Suriname
https://en.wikipedia.org/wiki/Suriname_during_World_War_II

Os soldados norte-americanos chegaram ao Suriname, em novembro de 1941, e pouco tempo depois os militares dos EUA, transformaram a Pista Aérea de Zanderij em um dos maiores aeroportos da América do Sul na época, com o objetivo de proteger o território de ataques de submarinos alemãs. Essa preocupação era relevante, devido aos ataques constantes dos submarinos da Kriegsmarine, que durante o ano de 1942, tinha destruído, “cerca de 22% de bauxita no Caribe” (https://en.wikipedia.org/wiki/Suriname_during_World_War_II).

Outro fator importante para diminuir as tensões no território do Suriname, além das chegadas das tropas norte-americanas, foi o tratado de defesa mútua assinado entre os Estados Unidos, Brasil e Suriname. Em 1943, as tropas americanas foram substituídas por porto-riquenhos.

Notícia de Jornal do Acordo entre Brasil, Suriname e EUA em 18/02/1942
https://www.delpher.nl/nl/kranten/view?query=vliegveld+suriname&facets%
5Bperiode%5D%5B%5D=2%7C20e_eeuw%7C19401949%7C1942%7C&page=1&coll=
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Conclusão

Mesmo não havendo nenhuma batalha no Suriname, a importância que o País ganhou dos Aliados durante a Segunda Guerra Mundial, possibilitou um grande crescimento no País, em diversos aspectos. Na economia, com melhorias no aeroporto e estradas, construções de fábricas de bauxita e em “1941, o Suriname teve um superávit orçamentário pela primeira vez em 75 anos, que permaneceria positivo durante a guerra. Ao final da guerra, a produção de bauxita contribuía com um terço do produto interno bruto do país.” (https://en.wikipedia.org/wiki/Suriname_during_World_War_II)

Imagem de Destaque: https://segundaguerra.org/suriname-na-segunda-guerra-mundial/

Bibliografia

– https://en.wikipedia.org/wiki/Suriname_during_World_War_II

– https://www.trisonline.nl/de-tris/tweede-wereldoorlog/

– https://www.parbode.com/het-prinses-irene-detachement-in-suriname-parbode-sneak-peek/

Especialização em História Militar pela Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL), Graduação em História (Bacharel e Licenciatura) pela Universidade Gama Filho (UGF), autor de Artigos em História Militar.

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